Nomenclatura em cirurgia PDF

Title Nomenclatura em cirurgia
Author Morgana Trojahn
Course Técnica cirúrgica
Institution Universidade de Santa Cruz do Sul
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Resumo sobre nomenclaturas em cirurgia...


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TÉCNICA CIRÚRGICA Morgana Trojahn Conceituação e nomenclatura em cirurgia A técnica operatória compreende duas partes: a básica/geral e a específica/especializada. A fundamental estuda o ambiente cirúrgico, os instrumentos e seu manuseio e a manipulação geral dos tecidos. Já a especial compreende a ordenação do conjunto de manobras executadas para um tratamento operatório em determinada região anatômica. Os atos operatórios podem ser classificados de diversas formas:  Classificação do ato operatório quanto ao porte  Pequeno porte: ato operatório mais simples, sendo um procedimento que geralmente afeta a superfície corpórea ou pequenas profundidades. Esses atos são de curta duração e podem ser realizados em regime ambulatorial. Ex: procedimentos para lesões de pele, biópsia de linfonodos, dissecções venosas, traqueostomia e punção sobre órgãos ou cavidades naturais.  Médio porte: ato operatório que demanda tempo maior que os de pequeno porte, mas restrito a uma ou duas horas. Alguns procedimentos podem ser feitos em regime ambulatorial, enquanto outros exigem sua realização no centro cirúrgico, com internação hospitalar do paciente. Ex: tumores profundos na parede corpórea, hérnias abdominais, colelitíase, mioma uterino, correções estéticas e partos.

 Grande porte: ato operatório com duração de várias horas ou com duração indeterminada, decorrente de enfermidades benignas ou malignas relacionadas, por exemplo, ao estômago, pâncreas, fígado, coração, rins etc. Em muitos casos, são procedimentos combinados, quando duas ou mais enfermidades são tratadas em um mesmo ato operatório. Ex: transplante de órgãos e operações em vísceras.

 Quanto ao tempo decorrido após sua indicação  Operações em caráter de emergência: deve ser realizada tão logo se determine a indicação cirúrgica, por se tratar de um problema que ameaça a vida do paciente. Ex: ruptura traumática de vísceras maciças, gravidez tubária rota, aneurisma dissecante de aorta e ferimentos cardíacos.

 Operações em caráter de urgência: deve ser realizada nas próximas horas ou dias após a indicação cirúrgica. Ex: câncer de estômago (deve ser analisado o estadiamento para programar o ato operatório) e obstrução intestinal (requer reposição hidroeletrolítica).

 Operação eletiva: embora esteja indicada sua realização, não precisa ser praticada naquele momento. Ela pode ser programada para uma data que leve em consideração o desejo e comodidade do paciente. Ex: hérnias abdominais, colelitíase assintomática.

 Quanto à presença de microorganismos: O número de microrganismos presentes no

tecido a ser operado determina o potencial de contaminação de cada tipo de cirurgia.  Cirurgia limpa (1-5%): Sítio operatório estéril sem inflamação e sem contato com os tratos respiratório, digestório, genital ou urinário. Feridas são fechadas primariamente e, se necessário, drenadas com drenos fechados. Feridas operatórias após trauma fechado devem ser incluídas nessa categoria. São cirurgias eletivas e não traumáticas. Ex: safenectomia, tireoidectomia, hérnias, cirurgias cardíacas e neurológicas, maioria das cirurgias plásticas, cirurgias na epiderme, tecido subcutâneo e no sistema músculo-esquelético.  Cirurgia potencialmente contaminada (3-11%): procedimentos realizados em tecidos colonizados por microbiota residente pouco numerosa, com acesso à vísceras ocas dos tratos respiratório, digestório, genital ou urinário sob condições controladas. Ex: gastrectomia, colecistectomia eletiva e histerectomia abdominal.  Cirurgia contaminada (10-17%): procedimentos realizados em tecidos colonizados com abundante microbiota, representadas por feridas abertas, recentes ou traumáticas. São operações com quebras grosseiras da técnica estéril ou extravasamento do conteúdo gastrointestinal, além de drenagem de conteúdo inflamatório não purulento.Ex: colecistectomia de urgência, cirurgia bucal, cirurgia de cólon, paciente com obstrução intestinal e apendicectomia.  Cirurgia infectada (>27%): Ferimentos traumáticos velhos (ferida aberta supurativa) com tecido desvitalizado (necrose) e aqueles que envolvem infecção clínica ativa ou víscera perfurada. Essa definição sugere que os microorganismos causadores da infecção já estavam presentes antes da cirurgia. Ex: apendicectomia supurada, debridamento de úlceras perfuradas e nefrectomia com infecção.

A Operação atraumática é a habilidade de um cirurgião em evitar causar danos aos tecidos no procedimento operatório, causando traumatismo mínimo. Isso tem o objetivo de minimizar a resposta inflamatória do organismo e reduzir o risco de infecções e complicações. Para isso, alguns aspectos são necessários:  Tranquilidade e habilidade do cirurgião  Boa iluminação do campo  Vias de acesso que permitam exposição adequada do órgão que se pretende atingir  Bisturis e tesouras apresentando corte perfeito  Instrumentos adequados ao procedimento  Hemostasia completa e cuidadosa  Dissecção, secção e ressecção somente do necessário para a cura da enfermidade  Síntese delicada e precisa Os atos operatórios dependem do adestramento, estratégia e tática cirúrgicos. O adestramento é a pratica constante dos profissionais, seja em cadáveres ou bonecos. A estratégia é o planejamento do ato inteiro, incluindo os aspectos pré e pós-operatórios. Já a tática cirúrgica é a execução prática da estratégia cirúrgica. Todos esses passos são necessários para o sucesso do ato operatório.

A Nomenclatura cirúrgica é a denominação para órgãos, tecidos, manobras, procedimentos e instrumentos com procedência etimológica diversa, provindo geralmente do latim ou grego. Em geral, a estrutura dos nomes é feita dessa forma: RADICAL (órgão) + SUFIXO (manobra/procedimento)

Os sufixos notadamente mais utilizados em cirurgia são: o o o

Tomia = corte, incisão, secção (Ex: laparotomia) Stomia = criação de uma abertura ou comunicação entre dois órgãos (Ex: traqueostomia) Ectomia = ressecção, retirada, excisão (Ex: gastrectomia)

Existem algumas impropriedades na terminologia cirúrgica pelo emprego errôneo de sufixação. Alguns exemplos são:  Laparotomia = laparo é flanco, mas o termo é usado para incisões em qualquer região do abdome  Litotomia = significa cortar a pedras, mas o termo é usado para a retirada de pedras  Ovariotomia = é usado para retiradas dos ovários (que deveria ser ovariectomia) A nomenclatura das aberturas ou incisões (omias) é feita conforme o local da incisão, podendo existir vários tipos: o o o o o o o o

Artrotomia - abertura da articulação Broncotomia - abertura do brônquio Cardiotomia - abertura do cárdia (transição esôfago-gástrica) Coledocotomia - abertura e exploração do colédoco Duodenotomia - abertura do duodeno Flebotornia - dissecção (individualização e cateterismo) de veia Papilotomia - abertura da papila duodenal Toracotomia - abertura da parede torácica

As aberturas para a superfície externa (ostomias) podem ser provisórias ou definitivas. A ostomia mais comum na área cirúrgica é a colostomia. As principais complicações relacionadas com esse tipo de procedimento são: formação de hérnias, necrose, retração e infecção. A união de órgãos, conhecida como anastomose, pode ser total (envolvendo todas as camadas) ou parcial (exclui uma camada) e pode ser feita em plano único ou em dois planos. Ela deve ser bem vascularizada e bem fixada para evitar complicações, que podem ser: extravasamento do líquido intestinal, necrose, deiscência da linha anastomótica, fistulação e estenose. Além da nomenclatura específica das estruturas e procedimentos, existem termos específicos utilizados no perioperatório que devem ser conhecidos por todos os profissionais envolvidos no ato cirúrgico: o

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Apresentação: manobras executadas para exposição adequada dos teidos e órgãos sore os quais o cirurgião vai empreender o procedimento. Essa é a função do primeiro auxiliar. Reparar: cirurgião solicita esse ato quando deseja que uma ou as duas extremidades de um fio de sutura ou determinado tecido sejam seguros e evidenciados com o auxílio de instrumentos, facilitando sua intervenção. O reparo pode ser feito pelo cirurgião ou por seus auxiliares.

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Descolar: sinônimo de dissecar

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Gaze montada: confeccionar um chumaço de gaze e prendê-lo na extremidade ativa de uma pinça para posterior limpeza do campo operatório.

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Campo operatório: local onde se realiza o procedimento cirúrgico, englobando tanto a via de acesso quanto à área específica em que se vai atuar. O termo também é utilizado no plural para denominar as cobertas ou panos cirúrgicos.

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Plano anatômico: plano correto para dissecção de determinado tecido ou órgão sobre o qual se está trabalhando. Seguindo o plano correto, há menos sangramento....


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