O Jornalista e o Assassino PDF

Title O Jornalista e o Assassino
Author Martina Pozzebon
Course Ética No Jornalismo
Institution Universidade Federal de Santa Maria
Pages 2
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Summary

Resenha do livro O Jornalista e o Assassino, de Janet Malcolm....


Description

Resenha crítica O Jornalista e o Assassino (Janet Malcolm) Martina Pozzebon “Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para perceber o que está acontecendo sabe que o que ele faz é moralmente indefensável”. É assim que Janet Malcolm inicia seu livro. Com um tapa na cara figurativo, a autora introduz O Jornalista e o Assassino”, e vem, por meio deste, dizer - sem, de fato, dizer - que ao jornalista faltam escrúpulos. No verão de 1984, um entrevistado que cumpria prisão perpétua pelo assassinato da esposa e filhas iniciou um processo contra um jornalista. A história contada pelo entrevistado foi tão convincente que, no julgamento, cinco dos seis jurados se mostraram mais “simpáticos” ao prisioneiro do que ao escritor. Jeffrey MacDonald acusou o jornalista Joe McGinnis de ter se aproveitado de sua posição “privilegiada” (por ter acesso a documento e recursos quaisquer sobre o caso e por ter uma relação com o entrevistado) e ter “sensacionalizado” uma/sua história. MacDonald, após ser acusado dos crimes já mencionados, nunca havia se declarado culpado, apesar de por fim ter sido condenado, e por isso o mesmo, anteriormente médico e financeiramente estável, resolveu contratar alguém que, a seu ver, poderia fornecer a sua versão dos fatos. Entrou então em cena Joe McGinniss, o jornalista, que acabou por escrever uma versão que na verdade muito o “esfaqueou pelas costas”, visto que ambos acabam por estabelecer um vínculo, ou assim aparentaram, durante as entrevistas. Este movimento por si só, visto sua posição como jornalista e sua suposta priorização a imparcialidade, é arriscado, e se torna ainda mais ao se perceber que McGinnis supostamente poderia estar atuando parcialmente em frente a MacDonald, de certa forma o ludibriando enquanto escreve de forma completamente diferente. Não cabe a Malcolm, e nem a nós, julgar o caso; não nos interessa a verdade e nem as conclusões. O que nos interessa é analisar a relação entre jornalista e fonte, juntamente com a autora, sem de fato nos apoiarmos inteiramente em seus apontamentos. Janet Malcolm novamente faz um movimento de crítica da própria área e faz com que de certa forma nos questionemos até mesmo sobre o que estamos lendo, principalmente se tratando de uma terceira história; as duas primeiras são do jornalista e do entrevistado. A autora faz o movimento como se

dissesse “leia o que escrevo, analise, faça comigo o que estou fazendo com meu objeto, questione”, e assim o faço. Novamente Malcolm traça um caminho, a meu ver, levemente parcial, escolhendo certas fontes e destacando certos relatos; gosto que a mesma não o tenta esconder. Mesmo assim, sua discussão é extremamente pertinente, visto que foge do padrão analítico sobre o Jornalismo e a ética de isenção ou de compromisso com a verdade e imparcialidade; temos nesta obra uma reflexão muito mais profunda sobre uma ética moral imersiva, da conquista da confiança, do envolvimento afetivo, sobre uma suposta atuação, ou não, e da “traição”. Faz sentido e faz emergir um senso de justiça quando as consequências para uma atitude distante e fria de um jornalista se tornam públicas ou de grande magnitude desfavorecendo um terceiro, afinal, é quase da natureza humana estabelecer um vilão e um mocinho. Todavia, creio que o que Janet Malcolm tenta ressaltar é que todo e qualquer jornalista tem em mãos um poder, e a este momento lhe cabe a ética, a responsabilidade, de saber como utilizá-lo; assim como a cada leitor cabe a dúvida e a crítica....


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