Naturalismo E O Cortiço PDF

Title Naturalismo E O Cortiço
Course Literatura Portuguesa e Brasileira
Institution Ensino Médio Regular (Brasil)
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introdução sobre o naturalismo e resumo do livro O cortiço...


Description

NATURALISMO E O CORTIÇO Naturalismo: Todas as características do Realismo + cientificismo. Cientificismo: Determinismo do meio Determinismo do momento histórico Determinismo da herança dos temperamentos Determinismo da raça Zola, um dos mais célebres naturalistas, nos conta: Em Teresa Raquin, quis estudar temperamentos, e não caracteres. Escolhi personagens dominados ao máximo por seus nervos e por seu sangue, desprovidos de livre-arbitrio, arrastados a cada ato de sua vida pela fatalidade da carne. Teresa e Lourenço são brutos humanos, nada mais. Tratei de seguir, passo a passo, em tais selvagens, o trabalho surdo das paixões, as pressões do instinto, as alterações cerebrais, produtos de uma crise nervosa. Que se leia o romance com cuidado e se verá que cada capítulo é um estudo de um curioso caso fisiológico. O homem como produto do meio é a tese central do movimento. Determinismo do meio: O indivíduo não passa de uma projeção do seu cenário, com o qual se confunde e do qual não consegue escapar. O ambiente degradado gera seres degradados, a imundície do cenário se transfere para as almas humanas. Descrições detalhadas do meio. O cortiço como personagem principal. Não há um personagem que concentra a ação do romance. Outras características: Determinismo da raça: "diferenças naturais" entre as raças, privilegiando o homem ariano. Rita Baiana (mulata); Jerônimo (português). Personagens mórbidos, anormais, doentes e periféricos. Bêbados, incestuosos, devassos, prostitutas, lésbicas, etc. Crítica social pessimista - ser humano como fantoche do meio ou da raça. Descrição. Descrições coletivas melhores e mais animalizadas. O autor e a obra: Aluísio Azevedo (1857-1913), maranhense. Autor também de O Mulato e Casa de Pensão. O Cortiço (1890) é sua principal obra; o último dos seus romances. XXII capítulos regulares narrado em terceira pessoa. Narrador onisciente e distante. Desenvolvimento industrial e urbano no Rio de Janeiro na década de 1860; formação dos cortiços. Cortiços: aglomeração de pessoas, sem conforto nem higiene. - RETRATO DAS ESFERAS POPULARES - Multiplicidade étnica. O enredo João Romão é um português ambicioso e sovina que recebe uma herança e abre uma venda. Une-se à Bertoleza e os dois constroem o cortiço.

O cortiço prospera e incomoda o vizinho, Miranda, que mora com sua família num sobrado ao lado. No cortiço, o que impera é o coletivo. Há diversos conflitos que interessam a todos, que vivem ali como bichos Jerônimo muda-se para o cortiço para trabalhar na pedreira, mas acaba se apaixonando por Rita Baiana e abrasileirando-se. Miranda recebe o título de Barão do Freixal, e Romão sente inveja. Decide mudar sua vida social, mas precisa livrar-se de Bertoleza. Depois de um incêndio no cortiço, Romão implanta uma reforma que o deixa mais aristocrata, assim como seu dono. Decide casar com Zulmira, e, para isso, entrega Bertoleza de volta ao seu antigo dono. Ela, porém, ao perceber seu destino, se mata.

A animalização Reducionismo biológico transforma o ser humano em animal. Tendência em reduzir a vida ao sexo e à nutrição. Necessidades primárias. Narrador: distante e enojado. Trechos As mulheres despejavam crianças com uma regularidade de gado procriador. Um verminar constante de formigueiro assanhado. Olhos luxuriantes de macaca Gozou loucamente com a verdadeira satisfação de animal no cio. Aquele bafo quente e sensual que o embebedava com seu fartum de bestas no cio. E o mugido lúgubre daquela pobre criatura abandonada antepunha à rude agitação do cortiço uma nota lamentosa e tristonha de uma vaca chamando ao longe. O sexo É onde o autor consegue mostrar mais plenamente o ser humano dotado de instinto. Está na obra, portanto, para mostrar o lado irracional do homem. É esse lado animal, instintivo, que o movimenta e o determina. Também cantou. E cada verso que vinha da sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. Eo Firmo, bêbedo de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrar até ao tutano com linguas finíssimas de cobra. João Romão É o único vencedor do romance. É o dono do Cortiço. Não sucumbe às tentações do meio. Foge de qualquer aproximação com a sensualidade e a desordem do ambiente, sob pena de perder a chance da escalada econômica.

Começa extremamente sovina, além de roubar pequenas quantias de sua venda. Assim, acumula um capital considerável e seu cortiço prospera. Tem em Miranda o seu rival. Depois que este consegue o título de Barão, Romão busca outro objetivo social. Com a ajuda de Botelho, decide conquistar a família de Miranda e casar com Zulmirinha. Para isso, no entanto, precisa se ver livre de Bertoleza. Bertoleza É uma negra, escrava. Trabalha numa quitanda e paga ao seu dono uma quantia por mês. Começa o livro tornando-se viúva e aproximando-se de João Romão. Com o dinheiro de ambos, o cortiço é construído. Romão a engana, mostrando-lhe uma falsa alforria. Passa todo o livro trabalhando muito, acordando muito cedo e dormindo muito tarde para dar conta da venda de Romão. De "sócia" e amante, Bertoleza passa a ser um estorvo para Romão por ser negra, já que ele quer casar com Zulmirinha. Apesar de se manter escrava, adquire consciência ao longo do romance. Suicida-se no final, em uma cena antológica. Miranda Português. Oposição do cortiço. Vizinho e rival de João Romão. Mora num grande sobrado ao lado do cortiço com sua familia. Casado com Estela, com quem mantém uma relação de aparências. Sabe que é traido, mas não se separa, pois é a mulher que possui dinheiro. Transa com a esposa por "instinto”. Tem dúvida se Zulmira é sua filha. Ao longo do romance, depois que João Romão muda seus hábitos, aproxima-se do rival e casa sua filha com ele. Pombinha Símbolo da pureza no cortiço, pois passa sua adolescência sem menstruar. Ajuda os moradores escrevendo cartas e fazendo o rol das lavadeiras. Já é noiva, mas precisa menstruar para casar. O casamento é a esperança de sua mãe. Depois que menstrua, começa a ser igualmente influenciada pelo meio. Tem uma estima por Léonie, uma prostituta de luxo que tem parentes no cortiço. Transa com Léonie, muito por força da prostituta. Casa, mas abandona o marido em seguida. Passa a viver com Léonie e se torna prostituta também, sustentando sua mãe. Tem estima pela filha de Piedade, como se a cadeia continuasse. Jerônimo É apresentado posteriormente, no capítulo V, em tom de mistério. Muda-se para o cortiço para trabalhar na pedreira. É um português muito trabalhador, casado com Piedade. Ambos mantêm uma relação pacífica e harmoniosa. Aos poucos, porém, Jerônimo encanta-se pela sensualidade de Rita Baiana. Essa paixão faz o português negligenciar o trabalho e o casamento. Mantém uma desarmonia com Firmo, o amante de Rita. Depois de muitas brigas, abandona Piedade e mata Firmo, passando a viver com Rita Baiana.

Rita Baiana Exemplo de sensualidade, beleza e luxúria, Brasilidade. É uma mulata lavadeira que está sempre envolvida com algum homem. Amiga de todos no cortiço, é extremamente cortês. Samba e dança muito bem, encantando Jerônimo. Cuida de Jerônimo quando ele está doente, oferecendo-lhe café. Sai do cortiço para viver com Jerônimo depois do assassinato de Firmo. Episódios importantes . Traição de Dona Estela com Henrique. Botelho como parasita da família semelhante a José Dias. Jerônimo e Piedade chegam depois para morar no cortiço. Rita Baiana, depois de uma temporada fora, volta em seguida. Roda de samba no domingo - Jerônimo se encanta por Rita Baiana. Traição de Leocádia com Henrique. Bruno e Leocádia se separam, mas voltam mais ao final do livro. Gravidez de Florinda por Domingos, da venda. Miranda ganha o título de Barão. Romão o inveja. Firmo e Jerônimo brigam em uma roda de capoeira. Firmo esfaqueia Jerônimo. Incêndios no cortiço, provocados pela Bruxa. As garrafas de Libório. Abuso sexual de Léonie com Pombinha. Menstruação de Pombinha. São Romão X Cabeça de Gato. Assassinato de Firmo por Jerônimo, que abandona Piedade e passa a viver com a Rita Baiana. Rita Baiana X Piedade Jerônimo X Piedade - o homem não paga mais o colégio da filha. Suicídio de Bertoleza. As transformações; João Romão Capítulo 1 Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delirio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha. A comida arranjava-Lha, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trintona, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora (...). João Romão não saia nunca a passeio, nem ia à missa aos domingos, tudo que rendia a sua venda e mais a quitanda seguia direitinho para a caixa econômica e dai então para o banco. Capítulo XIX João Romão, João Romão, agora sempre de paletó, engravatado, calças brancas, colete e corrente de relógio, já não parava na venda, e só acompanhava as obras na folga das ocupações da rua. Principiava a tomar tino no jogo da Bolsa; comia em hotéis caros e bebia cerveja em larga camaradagem com capitalistas nos cafés do comércio.

Pombinha Capítulo III A filha era a flor do cortiço. Chamavam-lhe Pombinha. Bonita, posto que enfermiça e nervosa ao último ponto; loura, muito pálida, com uns modos de menina de boa familia. A mãe não lhe permitia lavar, nem engomar, mesmo porque o médico a proibiu expressamente. Tinha o seu noivo, o João da Costa, moço do comércio, estimado do patrão e dos colegas, com muito futuro, e que a adorava e conhecia desde pequenita; mas Dona Isabel não queria que o casamento se fizesse já. É que Pombinha, orçando aliás pelos dezoito anos, não tinha ainda pago à natureza o cruento tributo da puberdade. Capítulo XXII A serpente vencia afinal Pombinha foi pelo seu próprio pé, atraida, meter-se-lhe na boca. (.) Agora, as duas cocotas, amigas inseparáveis, terriveis naquela inquebrantável solidariedade, que fazia delas uma só cobra de duas cabeças, dominavam o alto e o baixo Rio de Janeiro. Eram vistas por toda a parte onde houvesse prazer. Por cima delas duas passara uma geração inteira de devassos. Pombinha, só com três meses de cama franca, fizera-se tão perita no oficio como a outra; a sua infeliz inteligência, nascido e criada no modesto lodo da estalagem, medrou logo admiravelmente na lama forte dos vicios de largo fôlego, fez maravilhas na arte; parecia adivinhar todos os segredos daquela vida; seus lábios não tocavam em ninguém sem tirar sangue; sabia beber, gota a gota, pela boca do homem mais avarento, todo o dinheiro que a vitima pudesse dar de si. Jerônimo Capítulo V Mas não foram só o seu zelo e a sua habilidade o que o pôs assim para a frente; duas outras coisas contribuíram muito para isso: a força de touro que o tornava respeitado e temido por todo o pessoal dos trabalhadores, como ainda, e, talvez, principalmente, a grande seriedade do seu caráter e a pureza austera dos seus costumes. Era homem de uma honestidade a toda prova e de uma primitiva simplicidade no seu modo de viver. Sala de casa para o serviço e do serviço para casa, onde nunca ninguém o vira com a mulher sendo em boa paz, traziam a filhinha sempre limpa e bem alimentada, e, tanto um como o outro, eram sempre os primeiros à hora trabalho. Aos domingos iam às vezes à missa ou, a tarde, ao Passeio Público, nessas ocasiões, ele punha uma camisa engomada, calçava sapatos e enfiava um paletó, ela o seu vestido de ver a Deus, os seus ouros trazidos da terra, que nunca tinham ido ao monte. Capítulos IX-XIX E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-se. A sua casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado que a entristecia; já apareciam por lá alguns companheiros de estalagem, para dar dois dedos de palestra nas horas de descanso, e aos domingos reunio se gente para o jantar. A revolução afinal foi completa: a aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca sucedeu à broa; a carne-seca e o feijão-preto ao bacalhau com batatas e cebolas cozidas, (.) O português abrasileirou-se para sempre, fez-se preguiçoso, amigo das extravagâncias e dos abusos, luxurioso e ciumento; fora-se-lhe de vez o espírito da economia e da ordem, perdeu a esperança de enriquecer, e deu-se todo, todo inteiro, à felicidade de possuir a mulata e ser possuido só por ela, só ela, e mais ninguém. A força do coletivo Predomina no livro o caráter coletivo, pois é aí que o ser humano traz à tona os seus instintos. E o rolo a ferver lá fora, cada vez mais inflamado com um terrível sopro de rivalidade nacional Ouviam-se, um clamor de pragas e gemidos, vivas a Portugal e vivas ao Brasil. De vez em

quando, o povaréu, que continuava a crescer, afastava-se em massa, rugindo de medo, mas tornava logo, como a onda no refluxo dos mares. (...). Mas, no melhor da lata, ouvia-se na rua um coro de vozes que se aproximavam das bandas do "Cabeça-de-Gato". Era o canto de guerra do capoeiras do outro cortiço, que vinham dar batalha aos carapicus, pra vingar com sangue a morte de Firmo, seu chefe de malta. (...) Um só impulso os impelia a todos, já não havia ali brasileiros e portugueses, havia um só partido que ia ser atacado pelo partido contrário; os que se batiam ainda há pouco emprestavam armas uns aos outros, limpando com as costas das mãos o sangue das feridas. O final (..) Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras, no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro. Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calafrio percorreulhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro. Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagar os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou lhe o ombro. - É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. Prendam na! É escrava minha! A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda na lameira de sangue. João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos. Nesse momento para a porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca! trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas....


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