Pratica integrativa II PDF

Title Pratica integrativa II
Author Luccas Montenegro
Course Pratica integrativa II
Institution Universidade de Fortaleza
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AS DIFERENTES PERSPECTIVAS SOBRE OS PPBs NOS TRANSTORNOS ALIMENTARES...


Description

Prática integrativa II Curso de Psicologia - CCS Universidade de Fortaleza Mês e ano

AS DIFERENTES PERSPECTIVAS SOBRE OS PPBs NOS TRANSTORNOS ALIMENTARES Luccas Montenegro

Resumo

Palavras-chave: Transtorno alimentar. Percepção. Emoção. Abordagens. Pesquisa qualitativa. Neste artigo o objetivo foi compreender de que modo os processos psicológicos básicos emoção e percepção estão integrados a prática de profissionais da saúde no contexto dos transtornos alimentares (TAs). Foi constituído com base em uma pesquisa qualitativa e para a coleta de dados a equipe utilizou a entrevista semiaberta. A entrevista foi realizada com uma psicanalista, um psicólogo da Fenomenologia e uma psicóloga da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), a partir do contato com as 3 abordagens foi possível desconstruir a noção inicial rasa e leiga que o grupo apresentava sobre os TAs. Foi possível concluir que a fenomenologia deixa todo conhecimento teórico a priori a fim de ter acesso a experiência do paciente, não focando exclusivamente no diagnóstico. O enfoque da TCC no tratamento é essencialmente nos sintomas, onde é trabalhado a percepção e as emoções a partir da concepção distorcida que o paciente tem de si. A Psicanálise utiliza-se da técnica que o paciente precisa falar para entender a si mesmo e seus desejos.

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Introdução

Este artigo apresenta resultados de um trabalho realizado para a disciplina de Prática Integrativa II, do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor). O objetivo dessa disciplina é analisar e aplicar as técnicas de entrevista e observação em Psicologia, integrando os processos psicológicos básicos (PPBs) à prática profissional e vivenciar processos de supervisão como parte da formação do psicólogo. Esse trabalho contribui para o aluno desenvolver artigos científicos e tem grande importância para o processo de formação do psicólogo, uma vez que somos instigados a ampliar nossos conhecimentos acerca da profissão, desenvolvendo pensamento crítico-reflexo e uma postura ética. Segundo Bock, Texeiras e Furtado (1999) a psicologia utiliza o conhecimento científico na intervenção técnica, dispõe ao profissional instrumentos adequados e cientificamente elaborados para permitir diagnosticar os problemas; possui também um modelo de interpretação e de intervenção. O estudo sobre os processos psicológicos básicos é de grande relevância para a Psicologia e para nosso trabalho, uma vez que nos permite ampliar nosso conhecimento e a compreensão sobre o funcionamento do comportamento e psiquismo humano. Sendo assim, o objetivo geral do nosso trabalho foi compreender de que modo os processos psicológicos básicos emoção e percepção estão integrados a prática de profissionais da saúde no contexto dos TAs. Segundo Michael e Todd (2005), as emoções se referem a sentimentos que envolvem avaliação subjetiva, processos fisiológicos e crenças cognitivas. As emoções não acontecem individualmente. Elas são parte de um sistema psicológico que inclui outras emoções, cognições e comportamentos. A maneira pela qual pensamos sobre um evento, pode contribuir para a intensidade de uma resposta emocional. Segundo Hockenbury (1997), a sensação e a percepção são processos que se sobrepõem, pois não há uma linda divisória clara entre os dois quando vivenciados na prática. A percepção é a integração, organização e interpretação das informações sensoriais. Segundo Melin e Araújo (2002), os transtornos alimentares são caracterizados pro aspectos como medo mórbido de engordar, preocupação extrema com o peso, a

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forma corporal, redução voluntária de calorias com progressiva perda de peso, ingestão compulsiva de alimentos seguida de vômitos e o uso abusivo de laxantes ou diuréticos. A motivação inicial do grupo foi buscar entender os transtornos alimentares juntamente aos PPBs através de diferentes lentes, por esse motivo, entrevistamos profissionais de diferentes abordagens da Psicologia, como a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), a Fenomenologia Existencial e a Psicanálise. Como apresentamos nos resultados e discussões, cada abordagem vai ter sua vantagem e sua limitação, além de mesmo que sejam epistemologicamente divergentes e com métodos e técnicas distintos, há certos pontos em que há uma certa concordância quanto as transtornos.

Metodologia

O presente artigo foi produzido com a importante orientação da professora, da Universidade de Fortaleza, Marcia Frezza, durante o período de agosto a dezembro. Este trabalho foi constituído com base em uma pesquisa qualitativa, tendo em vista que “O objetivo é a compreensão detalhada de como as ppbs integrarem com os transtornos alimentares”. Esta investigação se deu através do método como os de pesquisa bibliográfica e entrevistas semi-abertas. Nas entrevistas que foram feitas para a elaboração do presente artigo contamos com o apoio de três profissionais psicólogos, cada um na sua devida abordagem e especialidade. Nesses casos as entrevistas foram feitas com uma Psicanalista, um Fenomelogo e para finalizar um psicólogo na área comportamental, com tempo um tempo médio de aproximadamente 30 minutos em cada uma das entrevistas. Queremos destacar que as informações coletadas nesse artigo serão divulgadas apenas no meio acadêmico e que em nenhum momento os psicólogos entrevistados serão expostos com seus verdadeiros nomes.

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Resultados e Discussão Para a TCC, o sistema de crenças de um indivíduo exerce um importante papel no desenvolvimento de seus comportamentos e sentimentos. Segundo Duchesne e Almeida (2006, p. 49) “uma das crenças distorcidas centrais nos Transtornos Alimentares é a que equaciona o valor pessoal ao peso e formato corporal, ignorando ou desvalorizando outros parâmetros”. Na entrevista, a psicóloga da TCC explica que trabalha os pensamentos, as crenças e as regras do sujeito como base do comportamento. As técnicas utilizadas são trabalhadas com a reestruturação cognitiva, a identificação dos pensamentos automáticos distorcidos e a identificação de pensamentos disfuncionais, o que correlacionamos diretamente as PPBs, sabendo que a concepção mental patológica do indivíduo está claramente interligada à percepção. Após a aplicação das técnicas e do reparo da percepção do indivíduo, podemos entender que as emoções dele irão apresentar uma melhora significativa. Na entrevista, a psicóloga explica sua visão sobre os TAs: “Às vezes o transtorno alimentar é um sintoma, é o que está no topo. Quando começo a trabalhar, vejo que há outras questões, então deixo um pouco de lado sem esquecer que existe aquele problema emergente, principalmente, quando são problemas que estão causando prejuízos à saúde do paciente. Vamos trabalhar com o que está causando esse problema, porque não adianta focar no que está no topo sem resolver o que está na base” (Psicóloga da TCC)

Dentro da perspectiva fenomenológica, os TAs desenvolvidos por cada pessoa é um fenômeno singular. Devemos olhar para esse sujeito como um ser único, suspender conceitos preestabelecidos, para compreendê-lo a partir de sua experiência. Como explica Heidegger (1988) a fenomenologia exprime as coisas em si mesmas, é deixar e fazer ver por si mesmo aquilo que se mostra, tal como se mostra a partir de si mesmo.” O trabalho da fenomenologia está voltado para a descrição da experiência, busca fazer o paciente com TA compreender o significado dessa experiência para que

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ele entenda o seu modo de experienciar o próprio corpo. De acordo com a teoria, mais especificamente em casos de hiperfagia, é visto que o indivíduo procura aliviar uma certa tensão através do ato. Assim como em outros casos: adicções de álcool, e drogas; e comportamentos cleptomaníacos. No caso de hiperfagia o indivíduo busca aliviar essa ansiedade através da ingestão exagerada de alimentos. Charbonneau e Moreira (2013) observam que o ato adicto é resultado desta tensão e consistirá, justamente, em uma tentativa de sair desta tensão, de abrandá-la. Em contraponto a fala da psicóloga da TCC, o psicólogo da fenomenologia explica como se dá seu processo terapêutico e fala sobre as divergências da TCC: “Eu preciso fazer com que essa pessoa se reaproprie do seu próprio corpo. Se pensarmos por exemplo, em uma paciente com anorexia, a TCC trabalha com as crenças, focando muito no sintoma. A psicoterapia de cunho fenomenológico se volta mais para a experiência e pro significado dela, a partir da descrição buscamos produzir sentidos diferentes e podemos ressignificá-los. Portanto, não se trata apenas de eliminar os sintomas e sim de buscar compreender esse modo de funcionamento e como isso vai se mostrando.” (Psicólogo da Fenomenologia) Como defende Kelner (2004) a psicanálise é imprescindível para a compreensão dos transtornos alimentares por possibilitar um delineamento da singularidade do paciente em suas facetas mais profundas. Como é uma abordagem com conceitos únicos e completamente diferentes da psicologia convencional, torna-se pouco relacionável com os PPBs de forma geral. Acredita-se na teoria que pacientes anoréxicos são afetados por algum tipo de paranoia, onde seus egos são contraídos e veem o alimento como algo ameaçador e persecutório. A psicanálise segue em um rumo completamente oposto das duas abordagens citadas anteriormente, como veremos a seguir na entrevista com a psicanalista: “Enquanto psicanalista não pensamos o sujeito a partir dos sintomas. Não trabalhamos com a nosografia psiquiátrica. Esse modelo é que trabalha no sentido de identificar um quadro clínico a partir dos sintomas e vai propor uma terapêutica para suprimir esse sintoma. Se um sujeito chega até o psicanalista e traz enquanto queixa

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algo relacionado o que você nomeia de transtornos alimentares esse sujeito será convocado a falar. Essa é a proposta da psicanálise. Convocamos os sujeitos a falar e assim buscar sua verdade”. (Psicanalista) Vimos que as três abordagens possuem métodos de intervenção diferentes e que cada uma tem as suas contribuições e limitações. Na TCC, o enfoque do tratamento é essencialmente nos sintomas, onde é trabalhado a percepção que o paciente tem sobre seu corpo e as emoções que essa concepção distorcida acarreta a ele. Suas vantagens é a rápida resposta no tratamento e a curta duração, sua desvantagem é a difícil integração da família no tratamento. A Fenomenologia deixa todo conhecimento teórico a priori para ter acesso a essa experiência e não foca exclusivamente no diagnóstico. Seu objetivo é que o cliente se reaproprie do seu corpo e entre em contato genuíno consigo mesmo, o que conseguimos relacionar facilmente também aos PPBs abordadas no artigo. Um ponto positivo dessa abordagem é a fácil assimilação do paciente ao tratamento e a desvantagem é o longo tempo de duração. Já a Psicanálise utiliza-se da técnica que o paciente precisa falar para entender a si mesmo. Apesar de ser uma abordagem que destoa os conceitos dos PPBs, vemos que nessa fala onde o paciente expressa todo o seu sofrimento e o psicanalista dá o entendimento a ele, há uma regulação emocional do cliente durante o processo. A Psicanálise tem como vantagem a compreensão diferenciada dos transtornos por possuir um conceito diferente da Psicologia, mas além das sessões serem mais caras do que de uma psicoterapia comum, a análise leva bastante tempo para ser concluída. Antes das entrevistas, nosso conhecimento sobre os TAs era bastante limitado, sendo restrito a um conhecimento raso sobre o assunto. Tínhamos uma visão leiga sobre os TAs, ou seja, acreditávamos que havia causas muito específicas que prescreviam resumidamente os TAs. Adicionalmente, nossa preocupação inicial era definir os sintomas dos TAs. Esses expulsivos iniciais foram descontruídos com as entrevistas com os profissionais. que um transtorno alimentar era causa e efeito e focamos apenas em sintomas, o que nos foi esclarecido ao longo das 3 entrevistas com os profissionais.

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Considerações Finais

No decorrer da presente pesquisa nos deparamos com algumas situações inesperadas que chamaram nossa atenção, como a diferença no meio de tratamento do TA das três abordagens apresentadas, em certos pontos existe uma aproximação da fenomenologia com o TCC, mas a psicanálise apresentada pela profissional da área não consegue se aproximar em diversos aspectos. Existe também uma quebra de paradigmas na nossa maneira de enxergar os TA, pois no início pensávamos que tudo era causa e efeito sempre olhando para os sintomas, mas ao decorre das pesquisas bibliográficas e análise das entrevistas vimos que os sintomas são apenas consequências e entendemos que o TA vai além daquilo que aparece visivelmente. Percebemos no tempo de pesquisa a dificuldade para encontrar profissionais que fossem especialista no assunto, sendo um tema que possui bastante estudo apenas na abordagem comportamental, mas com muito empenho conseguimos encontrar excelentes artigos e profissionais para a construção desse artigo apresentado, nesse caso então vimos a importância da elaboração do artigo apresentado.

Referências

Fenomenologia do transtorno do comportamento alimentar hiperfágico e adicções (MOREIRA, CHARBONNEAU, 2013). Terapia

Cognitivo-Comportamental

para Transtornos Alimentares: A Visão

de

Psicoterapeutas sobre o Tratamento (LANGOIS, PEIXOTO, 2013). Transtornos alimentares – um enfoque psicanalítico (KELNER, 2004).

https://uol.unifor.br/oul/conteudosite/?cdConteudo=6519729 https://www.scielosp.org/scielo.php? pid=S141381232010000200030&script=sci_arttext https://uol.unifor.br/oul/conteudosite/?cdConteudo=6519729 http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v7n3/04.pdf

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