Psicanálise kleiniana - Psicanálise da família PDF

Title Psicanálise kleiniana - Psicanálise da família
Course Teorias psicol ii: psicanalise
Institution Universidade de Fortaleza
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Summary

Texto sobre as funções familiares sob um ponto de vista kleiniano....


Description

PSICANÁLISE DA FAMÍLIA (continuação do caderno) - psicanálise kleiniana: o Os estudos psicanalistas com famílias dentro do referencial kleiniano, tendo como matriz central as vicissitudes das relações intersubjetivas, privilegiaram a observação de como os grupos familiares podem oferecer continência ou não aos diversos estados emocionais de seus membros, e de como permitem intercâmbios retificadores ou, ao invés, perpetuam certos arranjos psíquicos que são impossibilitadores de percepções mais diversificadas da realidade. Na família, tudo isso de dá de forma intensa e contínua, dada a proximidade e permanência dos laços que a mantêm. o Do ponto de vista psicanalítico, uma das funções fundamentais da família é a de ser espaço para a contenção das ansiedades de seus membros. Cada um deles é alvo de projeções, fantasias e expectativas intensas dos outros, e será decisivo para o desenvolvimento de todos o destino que darão a essas projeções. oSe dá continuamente no interior da família um verdadeiro processo de aprendizagem de discriminação de estados internos e de buscas de respostas possíveis para eles, para a sua eventual modificação. o Da maneira como se distribuem na família as projeções de cada um dos membros, podemos depreender a maneira como o grupo se organiza no sentido de conter suas ansiedades, pensar sobre elas, ou, ao contrário, promover a formação de arranjos defensivos no sentido de evitar o contato com o sofrimento, que tende a ficar cristalizado num dos membros. o A psicanálise agrega aos estudos psicológicos uma teoria do sujeito que desvenda aspectos da intimidade familiar, subvertendo, como dissemos, as aparências da organização da família. A teoria psicanalítica, contribuiu para que concepções estabelecidas sobre o sujeito, a família e as instituições sociais fossem ampliadas, ao revelar aspectos da realidade psíquica que são diversos do imediato das aparências. Dessa forma, a psicanálise tem um impacto transformador na cultura de modo geral. oNo interior da família, não apenas afetos, mas aspectos da personalidade difíceis de conter por cada um dos membros circulam com maior ou menor liberdade, alocando-se a cada vez em diferentes membros. Em grande parte das famílias, no entanto, esta circulação é unidirecional e rígida. Isto quer dizer que a família tende a localizar certos aspectos em membros determinados que, por sua forma de ser, pela estrutura de sua personalidade, mostram-se bons continentes para esses aspectos projetados. o Ocorrem na família fenômenos de complementaridade entre cada um dos membros e os outros, uma espécie de casamento entre as necessidades pessoais e as do grupo. Cada membro é convocado a desempenhar um papel em uma estrutura, ou, em linguagem kleiniana, os objetos – que contem aspectos psicoafetivos de pessoas ou partes de pessoas – são distribuídos entre os familiares para o equilíbrio do grupo. oA família pode necessitar que algum de seus membros abrigue a loucura, a agressividade, a delinquência, um transtorno de caráter, o desvio sexual etc. Se um dos membros porta esse aspecto, os outros ficam liberados: “ele é louco” subtende “eu não sou”. Daí o esforço da família para, inconscientemente, cristalizar certos aspectos em determinados membros. o E daí a dificuldade da terapia familiar, se um dos objetivos é tirar o foco do membro trazido como paciente para fazer circular o conflito ou sofrimento entre os outros membros ou tirar o foco do indivíduo quando se convida o grupo a pensar-se como grupo. o Dizer que a terapia familiar visa o desenvolvimento psíquico significa ter como projeto terapêutico a descristalização de seus arranjos defensivos, gerando a possibilidade de circulação

de diferentes experiências emocionais entre os membros, a diminuição da estereotipia e a abertura para um processo de reflexão sobre o próprio modo de ser e de funcionar familiar. A psicanálise vincular: o O conceito de vínculo incorporou-se à teoria e à técnica psicanalíticas a partir dos anos 80. Desenvolveu-se principalmente a partir dos atendimentos a grupos, famílias e casais, ou seja, situações na qual o foco do psicoterapeuta recai sobre as interações que se dão entre pessoas que, principalmente no caso de famílias e casais, mantêm entre si uma relação estável. o O conceito de vínculo se diferencia de relação objetal, na medida em que este último acabou por indicar, dentro do campo psicanalítico, fundamentalmente as relações intrapsíquicas, que se fazem entre os objetos do mundo interno de uma pessoa ou entre estes e o ego. o É bem verdade que as relações entre o mundo externo estão desde sempre imbicadas e a psicanálise investigou, em suas diversas abordagens teórico-clínicas, os complexos processos psíquicos pelos quais ambos os mundos se constituem reciprocamente. o O psicanalista tem acesso ao mundo interno porque este se manifesta no tratamento psicanalítico, na própria relação com o psicanalista, isto é, na transferência. A psicanálise investiga as vicissitudes de uma relação, mas trabalha para que essa relação transferencial seja constituída pelas características do mundo interno do paciente, só tendo importância como ferramenta de investigação desse mundo. o A clínica vincular contém elementos de repetição e de criação. Ela nasce numa rede de saberes e teorizações que irá enlaçar de formas novas e criativas, a partir das novas demandas colocadas pela clínica psicanalista de crianças, adolescentes, casais, famílias e grupos. o Seus autores sugerem que essa clínica se constituiu como um desenvolvimento da psicanálise necessário frente à limitações colocadas pelas teorias e técnicas que têm como objeto de atenção e intervenção a vida psíquica. o A reflexões desenvolvidas no campo da clínica vincular enfatizam, assim, o caráter multidimensional de constituição do sujeito: não apenas sujeito do próprio inconsciente, mas também sujeito social, sujeito da história, sujeito dos vínculos. O foco de atenção recai aqui sobre o sujeito que ganha existência e se dá a conhecer na presença de outro sujeito, ou de outros sujeitos, com quem estabelece vínculos que não se reduzem à repetição das formas de relação de objeto existentes em seu mundo interno, constituídas ao longo de sua história singular. o Cada encontro com o outro, segundo Berenstein (1994), mobiliza transferências e contratransferências, mas não só: também são produzidas interferências, que dizem respeito ao efeito produzido pela presença de outro e que não podem ser reduzidas ao previamente inscrito. o Angela Piva (2006) aponta 3 destinos possíveis para esta interferência: o golpe catastrófico – dado pelo excesso que a presença do outro pode impor para as nossas capacidades de contenção e compreensão –, a repetição – quando o outro é assimilado ao já conhecido –, ou o inédito. o A psicanálise vincular agilizará essas possibilidades, através da escuta dos sentidos da repetição, em busca da criação do novo. o Os vínculos instituem subjetividades, contêm e propiciam elaborações, fazem sofrer, adoecer e curam. •Sobre a transmissão geracional:

o A rede de relações familiares constitui-se como um emaranhado de vias de transmissão, sendo os sujeitos a um só tempo ativos e passivos no que transmitem e no que recebem. o Somos depositários de mensagens alheias, que recebemos, reproduzimos e reelaboramos a partir de nossas formas singulares de compreensão. O que essas mensagens transmitem? Transmitem a própria linguagem, informações de como devemos ver o mundo, teorias sobre os problemas e sobre as soluções, os fatos e as interpretações sobre eles, e também fantasias, ansiedades e modos psíquicos de defesa. o Transmitem-se também, através de gerações, culpas – na forma de dívidas impagáveis e identificações melancólicas –, ideais – convertidos em mandatos – e formas de subjetivação. o Cada sujeito é herdeiro de experiências anteriores que tanto podem enriquecê-lo, contribuindo para o seu desenvolvimento, quanto atá-lo a histórias e demandas de outros, das quais se torna prisioneiro. o Uma das formas desse aprisionamento é uma configuração psíquica que os autores estudiosos da transmissão psíquica entre as gerações chamam de cripta. O termo é sugestivo para uma configuração psíquica na qual o sujeito fica como depositário, identificado, a partir de um arranjo familiar inconsciente, com um outro membro que foi perdido para a família, seja por morte ou por separação. Em outro do qual o sujeito é depositário ganha existência de um objeto interno morto-vivo que o sujeito é continuamente induzido a representar ou substituir, concretamente. o A via régia dos processos de transmissão psíquica é a identificação. Identificado com o outro ou com o desejo do outro. o Essas interiorizações se fazem por via de introjeção, quando aquilo que recebemos pode ser transformado, elaborado psiquicamente, tornando-se um objeto mental em diálogo com outros objetos do nosso mundo interno, passível de simbolização e pensamento. o É necessária a distinção, nos processos de transmissão psíquica, entre aquilo que pode ser introjetado pelo sujeito – que busca manejar o conteúdo recebido através do jogo, da fantasia e de uma variedade de outros recursos inconscientes ou pré-conscientes, promovendo um encontro progressivo em direção à consciência – e o que é incorporado como coisa, no lugar do objeto perdido. o Nesse processo, evidencia-se a desmetaforização e, ao contrário do que ocorre na introjeção, o sujeito toma ao pé da letra, concretamente, o que deveria ser entendido no sentido figurado. O resultado é a ausência de representações, ou melhor, a presença de representações incomuns, incongruentes, estranhas ao sujeito, patológicas. o Os autores ligados à clínica vincular chamaram de trabalho denegativo à transmissão de conteúdos não representados, experiências muito dolorosas, negadas pelo sujeito a fim de evitar o contato e a consciência delas. o Desdobramentos importantes da clínica vincular e dos trabalhos sobre a transmissão inter e transgeracional têm se feito a partir dos efeitos, nas gerações seguintes, de catástrofes humanitárias que atingem comunidades inteiras. o O trauma costuma permanecer como silêncio, como indizível, em função do que Pierre Benghozi (2000) nomeou de psicoantropologia da vergonha. A vergonha produzida na vítima pelo evento traumático impede que ela possa falar do que aconteceu.

o É apenas o trabalho da análise – ou de autoanálise – que permitirá ao sujeito entrar em contato com esses conteúdos históricos brutos e pensar sobre eles, atribuindo-lhes sentidos que possam iluminar a rede de relações familiares e as formas de estar no mundo que esta rede propõe. TEXTO: MEUS ANTEPASSADOS - O psicanalista húngaro Ivan Boszormenyi-Nagy proporcionou amplitude ao processo transgeracional. Para ele, as relações são um laço muito mais significativo que os modelos transgeracionais da comunicação, relações que devem dar-se conta da justiça e da equidade no seio da família. Através destas relações, é a vida, sua vida, que os antepassados nos legam e que transmitimos para a posteridade. - No seu trabalho fazia com que seus clientes falassem demoradamente de sua vida, porque, para ele, o alvo, a força da intervenção terapêutica seria o restabelecimento de uma ética das relações transgeracionais. - A lealdade se compõe da unidade social que depende da lealdade dos membros do grupo; o grupo conta com a lealdade de seus membros, com os pensamentos e as motivações de cada um dos membros. Daí o conceito de justiça e justiça familial. - Quando não se faz justiça, esta se traduz pela injustiça, a má-fé, a exploração dos membros da família uns pelos outros, às vezes pelo abandono, pela desforra, pela vingança e até pela doença ou pelo infortúnio que se repete. - Quando existe o afeto, as atenções recíprocas e as contas familiares permanecem em dia. É lícito falar em contas familiares e do grande livro das contas da família, onde aparece se existe crédito ou débito, se existem dívidas, obrigações, méritos. o A parentificação: - A parentificação é uma inversão, uma concepção malsã dos méritos e dívidas. - A mais importante dívida da lealdade familiar é a de cada filho frente a frente com seus pais pelo amor, carinho, cuidado, fadigas e desvelos que recebeu desde o nascimento até o momento de se tornar adulto.

A maneira de estar quite com suas dívidas é transgeracional, vale dizer que aquilo que se recebeu dos pais se deve devolver a seus filhos. A parentificação, contudo, é a inversão dos valores, isto é, aquela situação em que os filhos, ainda com pouca idade, se tornam pais de seus próprios pais. Ocorrendo um desequilíbrio relacional significativo. Cada família tem sua maneira própria de definir a lealdade familial e a justiça. Para melhor compreender, seria preciso fazer um estudo transgeracional ou longitudinal da família, estendido pelo menos por 3 gerações, 5 de preferência, de modo a determinar o funcionamento dos sistemas in loco. É necessário inteirar-se da informação retrospectiva, vale dizer, das lembranças dos vivos em relação aos mortos, o que as pessoas atuais conhecem de suas famílias e o que as move. oO mito familial ou a saga da família:

Um mito familial que só se esclarece quando se compreende o sistema, este conjunto de unidades mutuamente interdependentes. Para Boszormenyi-Nagy, o indivíduo é uma entidade biológica e psicológica – acrescentaria psicossocial –, cujas reações se determinam tanto por sua própria psicologia como pelas regras do sistema familial.

Em um sistema familial, as funções psíquicas de um membro condicionam as funções psíquicas do outro membro: há uma regulagem recíproca contínua, com regras implícitas e explícitas. E delas não são conscientes os membros da família. O mito familial torna-se manifesto, através do pattern (modelo estruturado, padrão, traçado) de funcionamento. Alguns se organizam segundo os pattern que julgaria “malsãos”, - mas não sei como qualificar de outra forma a traição, o assassínio, a defesa sã ou malsã da “hora da família”. Esses ritos formam um conjunto relacional que se estrutura inconscientemente e que envolve todos os membros da família. Cada um desses ritos contribui para “equilibrar as contas familiares”, a posição ou a “atitude exploratória” que se equilibra ou não por uma “atitude generosa”. Há ocasiões em que exploramos nossa família e a situação. o A “contabilidade” familial. A injustiça:

Há uma contabilidade familial implícita. Existem injustiças sofridas que prejudicam. As pessoas não chegam a perdoar a injustiça sofrida. Liga-se isto àquela “contabilidade” tão complexa do grande livro das contas da família. A distancia geográfica ou a fuga do indivíduo não o libera, de fato, daquilo que ele próprio chamaria de suas dívidas perante sua família. Não se pode evitar a tirania de suas obrigações, evitando o credor. Boszormenyi-Nagy se pergunta se há uma “realidade objetiva” pode existir nas relações. A palavra “objetiva” implicaria em uma ausência de informações falsas ou inexatas, bem como numa ausência de distorção dos fatos pelos viés emocional. Para ele, a objetividade só tem sentido na relação entre duas pessoas, se acompanhada de uma tomada de consciência simultânea. Para bem compreender uma pessoa ou indivíduo, deve-se defini-lo a partir da extensão de suas necessidades, obrigações, compromissos e de suas atitudes responsáveis no seu campo relacional familial, por diversas gerações. O que pode fazer a terapia transgeracional ou o genossociograma é fornecer um instrumento e uma ajuda que permita ao indivíduo ter “a coragem de encarar as obrigações e culpabilidade perante as dívidas emocionais não pagas”. Em um sistema familial onde as funções estão fixadas, interdependentes, bloqueia-se a solução das contas, que fica repetitiva e constantemente deixada para mais tarde: é assim que persistem as neuroses ou outros sintomas. o O ressentimento:

O ressentimento liga-se a um conceito próximo ao de Boszormenyi-Nagy, aquele da não-justiça, da injustiça sofrida. Alguma vez, não se fez justiça às pessoas; existe uma injustiça, seja de ordem familial, conjugal ou profissional, à vezes de ordem nacional (guerras, genocídios, opressões). As pessoas guardam ressentimento que as atormenta e corrói até na saúde, levando ao câncer e, algumas vezes, à morte. A body mind connection: o vínculo entre psiquismo e corpo. o Vínculos transgeracionais e contabilidade das dívidas e dos méritos. A injustiça vivida:

As estruturas da família não são mais imutáveis: regulando as antigas contas, encontra-se o que devia ser a justiça no sistema daquela família, cada membro se inscrevendo em um novo equilíbrio do crédito e do débito. Todos os acontecimentos relacionais psicológicos se estruturam por uma dupla motivação: a “estrutura comportamental manifesta” e a “estruturação obrigacional oculta”. Por conseguinte, devem-se conceber as relações como ligadas a 2 sistemas de contabilidade, o das motivações manifestas determinadas pelo “poder” e o da hierarquia das “obrigações”. Há diferentes sistemas de contabilidade conforme cada cultura e até cada família; mas, agora, onde é que se vai colocar preeminência? Isto faz com que se veja, muitas vezes, criar-se uma “vítima” ou um “bode expiatório” ou um doente para assumir a troca e resolver o problema da família. O esforço terapêutico seria reestabelecer a justiça e remediar os danos sofridos pelo bode expiatório, porém, isto não bastaria, seria preciso incluir, na estratégia terapêutica, a dimensão da culpabilidade ligada ao poder, ou seja, utilizar o sentimento de culpa dos que se beneficiaram da situação injusta. A injustiça vivida nas famílias é, inúmeras vezes, consequência de um fato aparentemente banal. Seja o beneficiado ou o lesado, isso é lembrado e passado à memória de seus filhos, frequentemente por várias gerações. A lealdade familial vai além das noções simples de comportamentos respeitosos das leis, da ordem e das tradições familiares. Fica o indivíduo sujeito às injunções simultâneas das expectativas externas e das obrigações interiorizadas, que podem ser as mesmas ou diferentes. Por vezes, as obrigações são o superego em nós ou, se usarmos a terminologia de Éric Berne, são o parente, o pai ou a mãe, em nós. A teoria da dissonância cognitiva de Leon Festinger: quando as coisas são dissonantes ou discordantes, temos necessidade de as tornar consoantes, por exigência da harmonia interior. Esta necessidade consonância é individual. Isto se faz, fechando-se inconscientemente às informações, percepções e sentimentos, relativos a um dos elementos, para favorecer aquilo que combina com o outro, em virtude da decisão tomada, isto é, a não mais considerar a “opção corneliana” e a “reduzir a dissonância”. O sistema de lealdade não está regulado unicamente na culpabilidade, a estruturação da lealdade determinando-se pela história do grupo, pela justiça interna desse grupo familial, pelos mitos familiares, pela extensão da obrigação de cada um dos indivíduos e sua posição de mérito. A lealdade em uma família dependerá da posição de cada indivíduo, em relação à justiça de seu mundo, o que, por seu turno, constitui uma parcela das contas familiares e interessa também aos méritos. Para compreender as funções de um grupo, é importante saber quem está ligado a quem pela lealdade e como está ligado; é importante saber ainda o sentido que cada um dá à lealdade, pois este é muito diferente conforme os indivíduos. Cada qual possui uma contabilidade subjetiva daquilo que deu e recebeu no passado e no presente, e do que receberá e dará no futuro. o “Dádivas com dentes”:

Essas “dádivas” podem ser troca de dons ritualizados como no Potlach (costume de troca de presente em festas e banquetes). Há pessoas que presenteiam o outro, oferecem banquetes, contando com a reciprocidade. E o que seria um ato gratuito, um impulso do coração, torna-se uma obrigação. Segundo Françoise Dolto (1985) lembra: “Todo filho é obrigado a suportar o ambiente em que cresceu, bem como os efeitos patogênicos, deixados como sequelas do passado patológico de sua mãe e de seu pai”. “É o filho portador desta dívida, contraída no seu princípio de fusão pré-natal seguidas de dependências pós-natais, dívidas que o estruturaram”. A noção de dívida de lealdade liga-se estreitamente ao conceito de “delegação”, e...


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