"Centros Interpretativos: técnicas, espaços, conceitos e discursos" | "Interpretive Centres: techniques, spaces, concepts and discourses" PDF

Title "Centros Interpretativos: técnicas, espaços, conceitos e discursos" | "Interpretive Centres: techniques, spaces, concepts and discourses"
Author DRCN Patrimonio a Norte
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F ICH A T ÉCN I C A Coleção Património a Norte N.º 03 Título “CENTROS INTERPRETATIVOS: TÉCNICAS, ESPAÇOS, CONCEITOS E DISCURSOS ” Autores António Manuel Lima ; Catarina Pereira ; David Ferreira ; Fortunato Carvalhido da Silva ; Francisco Providência ; Gabriela Casella ; Hernâni Dinis Venâncio Dias ...


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FICH A T ÉCNIC A

Coleção Património a Norte N.º 03 Título “CENTROS INTERPRETATIVOS: TÉCNICAS, ESPAÇOS, CONCEITOS E DISCURSOS ” Autores António Manuel Lima ; Catarina Pereira ; David Ferreira ; Fortunato Carvalhido da Silva ; Francisco Providência ; Gabriela Casella ; Hernâni Dinis Venâncio Dias ; Jorge Araújo ; Luís Carlos Amaral ; Luís Sebastian ; Manuel Sarmento Pizarro ; Mário Jorge Barroca ; Miguel Palmeiro ; Paulo Mendes Pinto ; Pedro Azevedo ; Rosário Correia Machado ; Susana Milão ; Susana Rosmaninho Edição Direção Regional de Cultura do Norte – Ministério da Cultura Local de edição Porto Data de edição 2019 novembro ISBN 978-989-54450-4-2 Direção António Ponte Coordenação editorial Luís Sebastian Revisão Luís Sebastian Fotografia António Manuel Lima ; Catarina Pereira ; Egídio Santos ; Jorge Araújo ; José Carlos Melo Dias ; Luís Ferreira Alves ; Miguel Oliveira ; Miguel Sousa ; Paula Pinto ; Paulo Pacheco ; Pedro Martins Ilustração António Manuel Lima ; Luís Sebastian ; Miguel Tomé ; Rafael Marques Design gráfico Companhia das Cores, Lda.

Disponível online em www.culturanorte.gov.pt

Parceria DETALHAR,(www.detalhar.pt) ARQUITETURA360 (www.arquitetura360.pt)

Os conteúdos dos textos e eventuais direitos das imagens utilizadas são da exclusiva responsabilidade do(s) respetivo(s) autor(es), quando aplicável.

PA RC E R I A

IN D ÍC E

PATRIMÓNIO A NORTE

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EDITORIAL

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OS CENTROS INTERPRETATIVOS ENQUANTO UNIDADES

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PATRIMONIAIS

CENTRO INTERPRETATIVO DO CASTELO DE GUIMARÃES

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OS ESPAÇOS DE INTERPRETAÇÃO NA REDE DE MONUMENTOS

43

VALE DO VAROSA

CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO ROMÂNICO

93

CENTRO INTERPRETATIVO DE TONGOBRIGA

113

CENTRO INTERPRETATIVO DO VALE DO TUA

135

CASA DA MEMÓRIA DE GUIMARÃES

161

CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA CULTURA SEFARDITA DO

177

NORDESTE TRANSMONTANO

PAT R I M Ó N I O A N O R T E

As novas dinâmicas culturais, os novos modelos de interpretação e a perceção da necessidade de se encontrarem novas formas de mediação cultural e patrimonial têm suscitado, nos últimos anos, o aparecimento de um novo conjunto de estruturas culturais que visam a apropriação pela(s) comunidade(s) dos valores da cultura e do património, posicionando estes dois fatores no centro de novos modelos de desenvolvimento local, regional e nacional. Entendendo-se a cultura como uma produção da atividade humana que resulta de um contexto económico e do mundo envolvente, processando-se através da criação e transmissão de conhecimentos, costumes, usos e outras práticas materiais e imateriais que devem perdurar no tempo, tornando-se a individualidade cultural de cada grupo ou comunidade cada vez mais importante quanto mais o mundo se torna globalizado, decorre desta afirmação que o património cultural inclui todos os elementos representativos da identidade coletiva, ultrapassando a conceção patrimonial limitada relacionada unicamente com objetos artísticos. A evolução dos conceitos leva, hoje, à aceitação de uma noção de património mais global, observando também os fenómenos sociais e culturais da sociedade, fruto das mutações intelectuais vividas nos últimos tempos. Com a densificação do termo património, com grande reconhecimento e valorização a partir das décadas de 70 e 80 do século XX, de imediato se pensa em visitas a monumentos, sítios monumentais, património arquitetónico de diversas tipologias, enfim, um conjunto de bens móveis e imóveis, tangíveis e intangíveis que permitem o contacto com outras culturas e com outros tempos da vivência do Homem, os quais contribuem para a criação de uma imagem e identidade de um local ou grupo, contribuindo hoje, cada vez mais, para o enriquecimento sociocultural das comunidades, reconhecendo-se os benefícios económicos que tem permitido, fomentando um desenvolvimento local mais sustentável. Com vista a constituir-se como verdadeiro produto cultural, o património tem vindo a ser alvo de atenção especial, sendo trabalhado, através de uma planificação estratégica com vista à sua disponibilização integrada, articulado na forma de rotas, itinerários, percursos ou

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outro tipo de programa, por forma a incorporar diversos elementos, como espetáculos, contactos com tradições e comunidades locais, os quais potenciam as atividades de “marketing”, facilitando a sua promoção que destacará a autenticidade, qualidade e esforço despendido na sua conservação, permitindo uma comunicação mais adequada com a criação de brochuras, catálogos, mapas e outros instrumentos de comunicação desenvolvidos de forma a aumentar a eficácia na promoção do produto. O estudo, interpretação e comunicação do património cultural serão determinantes na avaliação da qualidade da oferta e no enriquecimento da experiência vivida, no sentido de ser facilitada a compreensão dos locais visitados.

Reconhecendo a importância e a diversidade do Património Cultural é essencial criar condições para que este património seja requalificado, interpretado e comunicado a todos os cidadãos, facilitando-se a sua valorização, fomentando a sua visitação a diferentes níveis, sendo o turismo cultural um dos veículos que atualmente facilitam a difusão e o intercâmbio cultural.

A valorização do património deverá permitir às comunidades de acolhimento, assim como aos turistas, a possibilidade de experimentar e compreender o património e a cultura das diferentes comunidades. Dificilmente, nos dias hoje, imaginamos um mundo sem instituições culturais (museus, galerias, centros de interpretação, entre outras). As últimas gerações assistiram ao surgimento de um número de museus sem paralelo, assim como a uma expansão e diversificação das suas atividades. Depois dos anos de 1970-80, verificou-se um verdadeiro “boom “museológico. De acordo com Manuel Pizarro* “A aparição de centros de interpretação dedicados à vida urbana constitui uma etapa essencial na introdução de equipamentos culturais representativos de uma maneira de pensar a instituição museal de forma diferente, com o objetivo primordial de fornecer chaves de compreensão do espaço urbano em que se encontra e de incitar o visitante a descobri-lo por si mesmo, considerando-se que estes equipamentos se inscrevem plenamente no processo de experiências de musealização das cidades”.

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O visitante atual deixou de se satisfazer somente com olhar os objetos nas vitrinas, conhecendo apenas o seu lado estético. Quer interagir com os objetos e os seus contextos, quer estar envolvido, participar na descoberta e deseja experimentar. Pretende, hoje, mais respostas por parte das instituições que visita. Os museus e centros de interpretação são, muitas vezes, os únicos locais onde os turistas conseguem estabelecer algum contacto com a localidade e não menos frequentemente o único local visitado numa cidade. Este momento pode ser determinante para a criação de uma imagem do lugar. Manuel Pizarro refere que “As definições de centros de interpretação são múltiplas: uns consideram tratar-se de instituições para a disseminação do conhecimento do património cultural ou natural; um espaço onde confluem linhas argumentais de um discurso interpretativo pensado num território determinado, onde se dá uma ideia de conjunto, apresentando propostas culturais, educativas e turísticas; outros defendem tratar-se de espaços sem coleção criados com o objetivo de valorizar e difundir o património e destinados a um público vasto, e outros afirmam tratar-se de um tipo especifico de novo museu, muitas vezes associados com centros de visitantes ou ecomuseus e localizados próximos a sítios culturais, históricos ou naturais, recorrendo a diferentes meios de comunicação de modo a facilitar a compreensão de um determinado património”. Os centros de interpretação utilizam diferentes meios de comunicação para melhorar a compreensão do património. De forma a auxiliar e estimular o processo de conexão emocional e intelectual do visitante ao património, a principal estratégia de apresentação tende a ser mais amigável e interativa, usando muitas vezes cenografia, exposições e programas multimédia. Muitos centros de interpretação têm exposições temporárias relacionadas com um aspeto específico do local onde estão instalados. Reconhecendo a importância desta tipologia de instituições, a Direção Regional de Cultura do Norte entendeu promover esta edição, suscitando o debate teórico sobre a mesma, bem como a apresentação de diferentes organizações que se situam neste domínio da ação cultural.

António Ponte Diretor Regional de Cultura do Norte

* Pizarro, Manuel Morais Sarmento – Desafios de um centro interpretativo enquanto possível sala de visitas de rede museológica. In Território e Comunidade: da Fábrica Pátria à Casa da Memória de Guimarães. Guimarães: A Oficina, 2017. pp. 125-131.

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EDITORIAL

A iniciativa editorial PATRIMÓNIO A NORTE teve a sua primeira expressão pública com o lançamento em maio de 2019 do seu N.º 01, intitulado “10 anos de reflexão sobre Casas-Museu em Portugal”, contando com a participação de vários autores, nacionais e estrangeiros, e a parceria do ICOM - International Council of Museums – Portugal e o DEMHIST – International committee for historic house museums. Ainda em julho do mesmo ano, em Guimarães, no Museu de Alberto Sampaio, deu-se o lançamento do seu N.º 02, dedicado ao tema “A pintura mural no Museu de Alberto Sampaio”, desta feita pela mão da investigadora Paula Bessa. Cumprindo a ambição de desenvolver uma coleção editorial dinâmica, versátil e multitemática, este seu N.º 03, intitulado “Centros Interpretativos: técnicas, espaços, conceitos e discursos”, volta agora ao formato multiautoral, reunindo textos de apresentação de alguns dos mais significativos centros interpretativos do Norte de Portugal, abordados enquanto espaços estruturados de apoio à interpretação, mediando objetos tão diversificados como monumentos, territórios, vivências, tradições, fenómenos socioculturais, acontecimentos históricos ou personalidades. Desejando reunir perspetivas diferentes, numa lógica de partilha e debate, os centros interpretativos abordados são aqui explicados na “primeira pessoa” pelos decisores e equipas técnicas responsáveis pela sua conceptualização, desenho e materialização, disponibilizando numa só publicação uma síntese de saberes e experiências, tão pertinente quanto necessária, num período em que este tipo de espaço de interpretação se impôs já como modelo privilegiado nas mais diversas temáticas na área da Cultura, Património, Artes e Turismo-cultural.

Luís Sebastian Coordenador editorial

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1 CENTROS INTERPRETATIVOS

Manuel Morais Sarmento Pizarro Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória” (CITCEM) - Universidade do Porto [email protected] Manuel Morais Sarmento Pizarro, Museólogo. Licenciado em História, Variante História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Mestre em Museologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Iniciou Doutoramento em Museologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Investigador do Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória” (CITCEM) - Universidade do Porto. Assessor do Pelouro da Cultura e Relações Internacionais da Câmara Municipal de Lisboa, no referente a Museus e Património.

Os centros interpretativos enquanto unidades patrimoniais Conceito, missão, objetivos e problemáticas

INTRODUÇÃO O presente número da coleção PATRIMÓNIO A NORTE reúne diferentes casos de valorização patrimonial através de centros de interpretação dedicados a um património específico, independentemente da sua natureza. Seja uma paisagem, um castelo, uma rota patrimonial, uma cidade no seu cômputo de património diverso quer material quer imaterial, optou-se por esta estrutura ainda pouco teorizada, mas altamente usada, que é o centro de interpretação. Que são, afinal, os centros interpretativos? É esta a grande questão que se aborda nestas páginas e para a qual não parece haver uma resposta unívoca. De facto, a literatura sobre o tema, que os descreva do ponto de vista teórico e de modo cabal, não apenas é escassa como raras vezes é afirmativa. Olhados ora como um novo tipo de museu, ora como meios de comunicação “in situ” de forte atratividade e destinados sobretudo a potenciar o turismo, os autores são maioritariamente concordantes numa leitura de meio termo com as unidades museológicas, embora em muitos casos a diferenciação conceptual não passe disso mesmo, sem alhear disto a possibilidade de preconceitos pro-patrimonialistas, ou o seu contrário. Ao longo do presente artigo considerar-se-á o conceito de centro interpretativo, a sua origem, missão e objetivos, tentando entender o porquê do seu surgimento e as justificações do despoletar do seu número nos finais do século passado e até aos nossos dias. Do mesmo modo, e passando à consideração específica dos centros destinados à interpretação do património cultural, abordar-se-ão os pontos de contacto e distinções possíveis destes equipamentos com os museus, algo que se justifica nesta fase de profunda reflexão relativa à definição destes últimos. A DEFINIÇÃO DE CENTRO INTERPRETATIVO A análise da expressão com que se designam tais equipamentos permite desde logo destrinçar as suas características básicas: - Centro: o equipamento concentra-se num mesmo espaço, normalmente próximo ou integrado geograficamente no património que estuda, não impedindo que possa surgir enquanto parte integrante de estruturas polinucleadas; - De interpretação: para além de outras atividades que possam ter lugar

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no centro, a primordialidade é dada à interpretação no âmbito patrimonial, seja natural ou cultural, sendo uma instituição, por isso, especificamente dedicada a este método de transmissão de conhecimento; Sem pretender fazer um exaustivo estudo da entrada em jogo da interpretação como função própria dos equipamentos patrimoniais, convém entender como ela surge e em que se diferencia da simples transmissão de conhecimentos. Apesar de algumas experiências prévias no âmbito anglo-saxão, só em 1957, com a publicação da obra “Interpreting our Heritage” de Freeman Tilden, se constituem os pilares teóricos da disciplina, primeiramente no domínio dos parques naturais e posteriormente aplicada tendo em conta um conceito integral de património 1. Segundo Tilden 2, a interpretação é uma atividade educativa que pretende revelar significados e inter-relações, mais do que transmitir a simples informação, baseada em seis princípios:

1 - Qualquer interpretação que não relacione o que se mostra ou descreve com algo que se encontre na personalidade ou experiência do visitante será estéril; 2 - A informação, por si só, não é interpretação, senão que esta se baseia na informação e a inclui; 3 - Trata-se de uma arte combinatória de muitas artes, sem necessidade de definir os materiais apresentados como científicos, históricos ou arquitetónicos; 4 - O seu objetivo principal não é a instrução, senão a provocação; 5 - Deve tentar apresentar o todo em vez de uma parte, devendo dirigir-se ao Ser Humano em conjunto, e não a um aspeto concreto; 6 - A interpretação direcionada às crianças não deve ser uma versão “diluída” da apresentação dirigida aos adultos, senão que deve seguir um rumo diferente e ter um programa específico. Como referido, com base nestes conceitos, a interpretação enquanto função própria dos equipamentos patrimoniais foi-se estabelecendo e propagando em grande escala no último quartel do século XX, sobretudo em equipamentos específicos criados para o efeito, tais como os centros de interpretação, mas não só. De facto, a componente interpretativa e as ferramentas que lhe são próprias provaram ser de grande utilidade para o alcance dos objetivos renovados de outras instituições tais como museus, sobretudo após o triunfo da Nova Museologia e da por mais repetida alteração de paradigma nestas centenárias instituições, passando a centrar-se nas pessoas tanto quanto nos objetos que constituem as suas coleções, ou mesmo mais.

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Os motivos e objetivos da criação de um centro interpretativo passam normalmente pela vontade de avaliar o património cultural e/ou natural de um determinado lugar ou área geográfica, com a finalidade de o transformar num produto educacional, cultural e/ou turístico; estes centros são muitas vezes tidos como uma solução de recurso para desenvolver e apresentar o património em pequenas e médias cidades ou áreas rurais, onde não existem meios suficientes para a constituição de museus, e onde o património pode ser visto como fator importante de desenvolvimento turístico e para a autoestima dos habitantes 3, mas também podem ser uma solução adequada diante da dificuldade de transmitir um determinado património que, pelas suas características específicas, não é possível de revelar nos espaços museológicos fechados tradicionais 4, como podem ser os casos de uma paisagem, um território, um sítio, um monumento ou mesmo uma história específica 5. No caso português, que não é muito diferente de outras realidades, os centros interpretativos são maioritariamente promovidos pela administração pública local 6, recorrendo frequentemente a fundos comunitários e criados através de projetos onde, segundo o Manual Hicira para a criação de Centros de interpretação do Património, frequentemente se observa uma “ausência de reflexões teóricas e de premissas práticas”, possível consequência de um certo vazio legal relativamente aos mesmos, que leva a dificuldades à hora de os definir como equipamentos patrimoniais 7. O processo de conceptualização de um centro interpretativo inicia-se normalmente por uma avaliação das mais-valias e fragilidades do projeto, pela análise do conjunto, verificação da existência ou não de coleções relevantes que nele possam ser inseridas, do contexto turístico em que se integram, dos recursos financeiros e humanos disponíveis, dos públicos-alvo a atrair e pela elaboração de um plano expográfico, definindo percursos que seguem uma orientação temática específica. Com esta finalidade, é executado um estudo alargado e pluridisciplinar que tem como objetivo encontrar os fatores essenciais e singulares que poderão ser destacados e dados a conhecer, e a encontrar os modos de os transmitir ao público 8. No referente à museografia e estratégia de apresentação expositiva, os centros de interpretação recorrem normalmente a cenografias marcantes, apoiadas em elementos tecnológicos e audiovisuais, para promover e incentivar a descoberta patrimonial 9, de uma forma intuitiva e interativa, frequentemente associada a programas multimédia 10. A TEORIZAÇÃO RELATIVA AOS CENTROS INTERPRETATIVOS DO PATRIMÓNIO: BREVES NOTAS BIBLIOGRÁFICAS Ao pretender compreender o que são os centros de interpretação, não deixa de ser algo paradoxal o confronto entre o seu elevado número nos nossos dias e a escassa produção teórica relativa aos mesmos. Como já citado, são muitos os centros de interpretação existentes, sem haver uma quantidade elevada de estudos específicos sobre os conceitos que os regem, e mesmo estes são normalmente oriundos da museologia. A referência maior continua a ser o Manual Hicira – Centros de interpretación del Patrimonio, editado em 2005 pela Diputació de Barcelona,

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