Relatório de leitura - Resumo do livro \"A era das Revoluções\" por Eric Hobsbawm. PDF

Title Relatório de leitura - Resumo do livro \"A era das Revoluções\" por Eric Hobsbawm.
Course História Contemporânea
Institution Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo do livro "A era das Revoluções" por Eric Hobsbawm....


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Relatório de leitura Aluna: Isabela Cabral de Melo Dantas Disciplina: História Contemporânea Texto: HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções: Europa 1789-1848. 4ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. P, 23-94

O presente relatório tem por objetivo pontuar, de maneira breve, os principais aspectos apresentados no trecho escolhido. Este compreende os três primeiros capítulos da obra “A era das revoluções Europa 1789-1848” do historiador inglês Eric Hobsbwan. Em primeiro momento, o autor traçara o panorama do mundo na década de 1780, cujo enfoque é, em sua primazia, na Europa Ocidental. Um dos pontos de destaque é o isolamento entre os países europeus, os quais tinham maior contato com nações e colônias d’além mar, que com seus vizinhos fronteiriços. Dessa forma, “estar perto de um porto era estar perto do mundo.”1. Isto não quer dizer, todavia, que o final dos setecentos não tivesse variedade de meios de comunicação. Mesmo antes da revolução das ferrovias, o aperfeiçoamento das estradas e dos veículos de tração animal era perceptível. O grande problema no transporte por terra era a sua vagarosidade e seu alto custo, o que comparado ao transporte marítimo, não consistia numa vantagem. A predominância das atividades de vertente rural também é bastante explorada. Segundo o autor, cerca de 90% a 97% da população era rural, mas os limites que separavam as atividades do campo e as urbanas eram bem marcados. Consistiam em barreiras simbólicas, como os impostos, e barreiras reais, como a velha muralha. É importante também apontar para a ambigüidade da palavra “urbano”, visto que ela abarca tanto as cidades grandes (Londres e Paris), como uma multidão de cidades menores, cidades provincianas. Apesar de pequenos, os burgos provincianos nutriam semelhante desprezo pela e vida e pelos homens do campo. Todavia, sua economia dependia inteiramente das atividades rurais, visto que, os produtos os quais negociavam eram remanescentes dessas atividades. Em seguida, Eric esboçará o problema agrário, especialmente no tocante das relações entre aqueles que cultivavam a terra e aqueles que a possuíam; os produtores da riqueza e os que a acumulavam. Ele percebe que na grande maioria do mundo 1

HOBSBAWN, 1982. P.26

conhecido, o sistema agrário prendia o camponês na terra; seja como escravos (índios e negros das colônias americanas), seja como servos (Europa oriental). Já o senhor de terras, era normalmente, caracterizado como um nobre proprietário ou cultivador ou um explorador de enormes fazendas. Abaixo deles, existia uma classe de cavalheiros rurais, os quais exploravam ainda mais a classe camponesa. É de extrema importância atentar para o valor da terra como garantia do status de nobreza ou de gentil-homem; a partir daí, vinham os privilégios políticos e sociais. Dessa forma, percebe-se como a lógica do sistema e ordem feudal ainda estava muito viva politicamente, embora seu êxito econômico fosse cada vez menor. No campo econômico, principalmente na Inglaterra, pode-se perceber certo avanço agrário rumo ao modelo puramente capitalista. Lá apareceu, de fato, uma classe de empresários agrícolas, os fazendeiros, e um enorme proletariado rural. Contudo, esse cenário não era comum em toda a Europa. Ao contrário, muitas regiões permaneciam em suas tradições e, por conseguinte, ineficientes. Os produtos eram pouco variados e a alimentação era essencialmente regional. Mas o aumento populacional, a crescente urbanização e comércio requisitavam constantes melhorias no setor. Por fim, outro ponto de destaque, é o avanço das ciências rumo ao pensamento político e social progressista; insere-se a ideia de progresso científico e tecnológico. Assim, são lançadas as bases do “iluminismo”, cujo racionalismo, o controle sobre a natureza, e a própria crença no progresso do conhecimento humano vão orientar as ações nos mais diversos campos, especialmente na política e economia. Seu objetivo era “libertar o indivíduo das algemas que o agrilhoavam”2, rompendo, dessa forma, com o tradicionalismo e ignorância da Idade Média. O conflito entre a velha ordem vigente e a nova sociedade “burguesa” era iminente. A rivalidade internacional, especialmente entre França e Inglaterra, também fazem parte do cenário o qual o autor procura montar, para assim, adentrar nas temáticas dos dois capítulos seguintes: o que ele chama de “dupla revolução”, a Revolução Industrial inglesa, e a Revolução Francesa. A primeira de forte impacto econômico mundial, e a segunda, cujo impacto político é tomado até hoje como referência. Eric Hobsbawm inicia o segundo capítulo de sua obra falando do próprio nome “Revolução Industrial”, o qual reflete um impacto relativamente tardio sobre a Europa. O fato existia na Inglaterra antes do termo. A década de 1780 foi, segundo a maioria dos

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estudiosos, o ponto de “partida” para a Revolução, a qual não se pode dizer completa, visto que ainda prossegue. O avanço britânico não se deveu à superioridade tecnológica e científica, mesmo porque os franceses é que estavam à frente nesse quesito (produziam, por exemplo, melhores navios e o mais completo tear). As condições adequadas estavam visivelmente presentes na Grã-Bretanha: mais de um século se passara desde que o primeiro rei fora julgado e condenado; o lucro privado e o desenvolvimento econômico eram os supremos objetivos da política governamental; já não se falava em um “campesinato britânico”,

pois,

como



apontado,

as

atividades

agrícolas



estavam

predominantemente dirigidas para o mercado. Além disso, a Grã-Bretanha possuía uma indústria admiravelmente ajustada à revolução industrial pioneira, em condições de se lançar à indústria algodoeira e à expansão colonial. O autor prossegue falando do comércio colonial, que criara a indústria algodoeira e continuava a alimentá-la. As plantações das Índias Ocidentais forneciam o grosso do algodão para a indústria britânica e, em troca, os plantadores compravam tecidos de algodão em apreciáveis quantidades. Entre 1750 e 1769, a exportação britânica de tecidos de algodão aumentou mais de dez vezes. Por volta de 1840, a Europa adquiriu 200 milhões de jardas de tecidos de algodão, enquanto as áreas “subdesenvolvidas” adquiriram 529 milhões; merecendo destaque a América Latina – já separada de Portugal e Espanha – e as Índias Orientais. O algodão, portanto, fornecia possibilidades para os empresários privados se lançarem na aventura da revolução industrial. Com relação à expansão da indústria no século XVIII, fala-se do sistema “doméstico”, no qual se trabalhava a matéria-prima nas casas, recebendo-a e entregando-a aos mercadores que estavam a caminho de se tornar patrões. Em seguida, Hobsbawm diz que, em 1830, a “indústria” e a “fábrica” no sentido moderno ainda significavam quase que exclusivamente as áreas algodoeiras do Reino Unido. Se o algodão florescia, a economia florescia, se ele caía, também caía a economia. Só a agricultura tinha um poder comparável, embora estivesse em visível declínio. O progresso da indústria algodoeira, entretanto, gerava, entre 1830 e 1840, acentuada desaceleração no crescimento e até um declínio da renda nacional britânica nesse período, o que gerou descontentamento social. As crises periódicas da economia, que levavam ao desemprego, quedas na produção, bancarrotas, etc., eram bem conhecidas.

Dando prosseguimento, fala-se da metalurgia, especialmente a do ferro, que permanecia modesta. Em 1790, a produção britânica suplantou a da França em somente 40%. Na verdade, a produção britânica de ferro, comparada à produção mundial, tendeu a afundar nas décadas seguintes. Já a mineração era forte no período: em 1800, a Grã-Bretanha deve ter produzido cerca de 10 milhões de toneladas de carvão, ou aproximadamente 90% da produção mundial. Essa imensa indústria estimulou a invenção básica que iria transformar as indústrias de bens de capital: a ferrovia. Sua construção foi promovida em diversos lugares do mundo. Eric Hobsbawm dá continuidade dizendo que uma economia industrial significa um brusco declínio proporcional da produção agrícola e um brusco aumento da população urbana, e, quase certamente, um rápido aumento geral da população, o que, portanto, implica, em primeira instância, um brusco crescimento no fornecimento de alimentos, ou seja, uma “revolução agrícola”. Também é apontado o problema do fornecimento de mão de obra. Com efeito, conseguir um número suficiente de trabalhadores com as necessárias qualificações e habilidades era tarefa difícil. Todo operário tinha que aprender a trabalhar de uma maneira adequada à indústria: ritmo diário ininterrupto, por exemplo, diferente do trabalhador agrícola ou do artesão independente. Instaurava-se a disciplina do operariado, a fim de estabelecerem-se mecanismos de controle, bem como uma nova ordem social do trabalho. O autor finaliza dizendo que: Tanto a Grã-Bretanha quanto o mundo sabiam que a revolução industrial lançada nestas ilhas, não só pelos comerciantes e empresários como através deles, cuja única lei era comprar no mercado mais barato e vender sem restrição no mais caro, estava transformando o mundo. Nada poderia detê-la. Os deuses e os reis do passado eram impotentes diante dos homens de negócios e das máquinas a vapor do presente. (HOBSBAWN, 1982, p. 70)

O terceiro e último capítulo analisado versa sobre a Revolução Francesa, bem como sua influência política e ideológica para o mundo. Seu pioneirismo, exemplo, conceito e vocabulário para a construção de novas formas políticas, novas sociedades e

novos homens. Para chegar aos parâmetros dessa vasta referência, Eric busca explicar o desenrolar da revolução, suas causas, grupos envolvidos, etc. A França do século XVIII era caracterizada como um país absolutista, onde o rei governava com poderes absolutos, e por descendência divina. Ele controlava a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos seus súditos. A sociedade encontrava-se estratificada e hierarquizada. No topo da pirâmide social, estava o clero, que também tinha o privilégio de não pagar impostos. Em seguida, estava à nobreza, formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres. A base da sociedade era formada pelo Terceiro Estado (trabalhadores, camponeses e burguesia) que, sustentava toda a sociedade com seu trabalho e com o pagamento de altos impostos. Já a burguesia, apesar da prosperidade econômica, não contava com nenhuma participação política, gerando insatisfação entre seus membros. A revolução tem início após uma série de fatos que levaram a um caos econômico e descontentamento geral. A burguesia, abonada, passara a falar em revolução e o primeiro e segundo estado (clero e nobreza, respectivamente) temiam as agitações. Para tentar conter quaisquer revoltas, o rei Luís XVI – por orientação de Necker, seu ministro para assuntos econômicos – então convocou a Assembléia dos Estados Gerais, com representantes dos três estamentos; o monarca objetivava convencer o clero e a nobreza a pagarem impostos, em vista de melhorar a condição financeira da França. Após sucessivas discórdias entre o terceiro estado com o primeiro e o segundo estado, aquele transformou os Estados Gerais em Assembléia Nacional Constituinte, inaugurando o movimento, cujo estopim foi a Queda da Bastilha em 14 de julho de 1789. A Assembléia foi disputada por três grandes “partidos” políticos: os jacobinos, de orientação mais radical, os girondinos mais moderados, e a planície (ou pântano), que ora tendia a um, ora a outro (origem dos conceitos de direita e esquerda: jacobinos, sentavam-se à esquerda na Assembléia; girondinos à direita; e a planície no centro). A monarquia constitucional foi instaurada e o voto censitário oficializado. Em 1792 os jacobinos – desejosos de mais expressão popular – assumiram o poder na chamada Convenção, opondo-se aos girondinos (que até dirigiram a Convenção num primeiro momento), burgueses, que julgavam que as mudanças necessárias já haviam sido incorporadas; porém, a massa popular em geral continuava tão miserável e insignificante quanto antes da revolução. A oposição a Luís XVI aumentava gradativamente. Uma República foi instaurada e em 1793 o rei foi guilhotinado,

inaugurando a fase do terror, que matou milhares de opositores e inimigos da revolução. Após a perda de prestígio e de poder dos lideres jacobinos, foi instaurado o Diretório, mais brando e conservador, que estabilizou a França política e economicamente. O exército assumiu grande prestígio ao sufocar insurreições dentro do próprio território e garantir a segurança da França, alvo de uma coligação de países europeus intencionados em conter a revolução (liderados pela Inglaterra, maior adversária política e econômica da França, e pela Áustria, pátria da rainha Maria Antonieta de França). De dentro do exército, a figura do general Napoleão Bonaparte porá fim – ao menos teoricamente – na Revolução Francesa, ao aliar-se com a burguesia e dar um golpe de estado, instaurando a Era Napoleônica (1799-1815). Dessa maneira, pode-se perceber que a importância dada a Revolução Francesa se dá devido a sua magnitude, e ao fato de não ter-se restringido ao seu território e nem ao período temporal no qual ocorreu. Seus ecos são sentidos não apenas na França, mas no restante da Europa e, sobretudo nas colônias da América Latina....


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