Resenha da filme \"A Onda\" PDF

Title Resenha da filme \"A Onda\"
Author GABRIEL GOMES
Course História Das Relações Internacionais
Institution Universidade do Anhembi Morumbi
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Summary

Dissertação sobre o filme "A onda"...


Description

UNIVERSIDADE ANHEMBI-MORUMBI HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS PROF. GUILHERME A. GUIMARÃES FERREIRA ALUNO: GABRIEL SILVA GOMES – RA: 21150171

RESENHA CRÍTICA DO FILME “A ONDA” Die Welle Diretor: Dennis Gansel Alemanha, 2008. “A Onda”, do diretor alemão Dennis Gansel, foi baseada em fatos reais ocorridos no estado norte-americano da Califórnia, em 1967. O filme se passa em uma escola na Alemanha, onde

o professor Rainer é designado a dar aula para alunos de ensino médio de uma escola alemã sobre autocracia. Já em sua primeira aula sobre o assunto, o professor questiona os alunos sobre o surgimento de uma possível ditadura na Alemanha moderna, algo que por parte dos alunos é praticamente impossível. Para exemplificar e tornar a aula dinâmica, o professor então decide por formar um grupo representativo do governo fascista, para que construam seu próprio sistema autocrático. Esse movimento é nomeado de “A Onda” com aceitação do grupo para que o líder seja “Wenger” como se descreve o professor, a partir de sua criação é definido um uniforme e até mesmo uma saudação. Características parecidas com regimes já extintos como, por exemplo, o nazismo. A primeira “oposição” ao movimento é manifestada através de uma das alunas, Karo, vai à aula com uma roupa vermelha, desrespeitando a imposição do uniforme branco. Sendo assim, a mesma passa a ser a ser excluída por todos do movimento, inclusive pelo líder “Wenger”. Nesse trecho do filme podemos analisar e debater sobre a ideologia de “precisamos nos unir para combater o outro, o diferente, que nos oferece certo risco ou que não há identificação conosco”. Cria-se um discurso de ódio e uma exclusão de quem não segue os mesmo ideais. Fica evidente o grau de diferença entre o pertencente do movimento de massa e o isolado, e com isso mostra-se a força de persuasão do movimento, pois o indivíduo pertencente ao mesmo passa a sentir, pensar e agir para “A Onda” abandonando pensamentos e ações individualistas. Nas grandes massas o sentimento é tão potencializado que o indivíduo aceita abrir mão de seu interesse individual pelo interesse coletivo. O filme expõe o quanto é sedutor fazer parte de um grupo, tornando o pensamento individual mais fraco, porém, o coletivo forte e distanciando a relação com quem não o pertence.

Como o passar do tempo, o professor percebe que o movimento já estava passando dos limites e decide por intervir, mas já é tarde, “A Onda” estava se transformando em uma espécie de governo ditatorial e espalhando para além do ambiente escolar e assim, divulgando o movimento para toda a cidade. A gota d’água, e início para a tentativa de acabar com o grupo ocorreu após uma confusão em um jogo de polo aquático com alunos do outro grupo. Reunindo todos os alunos no dia seguinte, o professor procurou estratégias para convencê-los do caos que a situação havia se transformado. Discursou, para a euforia de todos, que “A Onda” não poderia acabar, pois com ela iriam mudar os rumos da Alemanha. Um dos alunos, Tim, aluno que sofria de bullying antes do movimento, mas que ao integrá-lo passou a ser respeitado, não aceitou a idéia pensando que seria novamente excluído, vendo seu mundo desmoronar com o anúncio de que “A Onda” não passava de um experimento que fugiu do controle, com isso, ameaça assassinar o líder com uma arma. O professor rapidamente pergunta-lhe “Sem mim, quem irá liderar a Onda?” Constatando o precipício existencial no qual se encontrava Tim então opta pelo suicídio, disparando a arma contra sua boca. O filme discute que a anomia social não existe apenas em um país derrotado pela guerra, mas também nos dias atuais onde as regras de convivência e ética estão bastante relativizadas. Os alunos do professor Rainer demonstram carência de autoridade, confundindo esse sentimento com a valorização do autoritarismo. Os jovens, ainda em formação intelectual, não possuem uma estrutura necessária para diferenciar o bem do mal e são facilmente manipuláveis; “Eu começo com os jovens. Nós os mais velhos estamos desgastados, mas meus jovens magníficos! Existem melhores que esses em qualquer lugar do mundo? Olhe para todos esses homens e garotos! Que material! Juntos, nós podemos fazer um novo mundo!” – (Adolf Hitler, 1933). É retratada a facilidade em que elementos extremos podem ser apresentados de maneira inofensiva, mas, que em seu conjunto e continuidade, podem transformar em algo realmente perigoso. A eliminação de pequenos grupos, definição de um inimigo comum, aquisição de uniforme e cumprimento secreto aos poucos vão fazendo o grupo acreditar que eles são especiais e por consequência melhores daqueles que não fazem parte. Ao analisar o impacto individual em cada personagem, o filme também acerta ao descrever de maneira crédula seus relacionamentos com a família e a predisposição para aceitar a transformação. Mesmo que para isso seja necessária à utilização de caricaturas e clichês, não nos sentimos ofendidos. A expansão do conceito da “A Onda” para fora da sala de aula também foi desenvolvida de maneira natural, com destaques para a aceitação da Direção da escola, que se satisfaz com a organização, controle e disciplina dos estudantes envolvidos, incluindo a utilização de um evento esportivo para conquistar novos adeptos ao movimento. Outro papel importante, que foi trabalhado de maneira muito boa, foi o envolvimento da mídia, representada através do jornal da escola. Tanto sua natural e esperada oposição a qualquer forma de sistema autocrático e de limitação da liberdade, quanto o próprio esforço

do grupo em se proteger de qualquer ataque, mesmo que para isso utilize a censura (extravio e destruição dos artigos) quanto força bruta (limitação de acesso e participação). E o esforço que a aluna “repórter” tem para enfrentar o medo e ir contra sentimentos ou relacionamentos para sustentar sua posição e desejo de exposição e luta contra a ditadura que está sendo formada em sua classe é admirável. Também muito bem apresentada, é a evolução do professor que inicia o filme com o desejo de ensinar Anarquia e mais informal, tanto pelo modo de vestir quanto ao se relacionar com os alunos, os quais ele permite que o chame pelo primeiro nome e não por senhor, mas que ao decorrer do filme se satisfaz com a atenção e respeito que atrai. Mostrando que muitas vezes nós mesmos não vemos até onde o tamanho do problema chegou e somente quando limites são rompidos percebemos que tragédias não podem ser evitadas ou corrigidas. Podemos citar características de um governo fascista que ficaram muito explicitas no filme: Totalitarismo: o sistema é antidemocrático e concentrava poderes totais nas mãos do líder de governo (Wenger). Este líder podia tomar qualquer tipo de decisão ou decretar leis sem consultar políticos ou representantes da sociedade. Ficou claro também que mesmo com o povo acreditando que não, um único individuo, apenas com ideais e carisma, ainda consegue manipular direta e indiretamente muitas pessoas dando-lhes apenas uma ilusão de liberdade. Nacionalismo: a ideologia baseada na ideia de que só o que é do país tem valor, no caso, “A onda”. Valorização extrema da cultura do próprio país em detrimento das outras, que são consideradas inferiores. Militarismo: altos investimentos na produção de armas e equipamentos de guerra. Fortalecimento das forças armadas como forma de ganhar poder entre as outras nações. Objetivo de expansão territorial através de guerras. Tornar-se superiores ao grupo Anarquista da escola. Censura: usavam-se este dispositivo para coibir qualquer tipo de crítica aos seus governos. Nenhuma notícia ou ideia, contrária ao sistema, poderia ser veiculada em jornais, revistas, rádio ou cinema. Aqueles que arriscavam criticar o governo eram presos e até condenados a morte, como por exemplo, a aluna repórter da escola. Diante de todos os elementos apresentados no filme à pergunta central “Será possível o surgimento de uma ditadura, a partir de um regime democrático”, é respondida positivamente. Sim, é possível.

REFERÊNCIAS BECKER, Christian & GANSEL, Dennis. Die Welle. 2008, Alemanha. (1h47min). LUISA, Ingrid. Você sabe o que é fascismo? Entenda o termo. 2 ago 2018. Disponível em: . JUNIOR, G. A. Juventude Hitlerista. Disponível em:...


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