Trabalho Análise do filme A Onda PDF

Title Trabalho Análise do filme A Onda
Course PSICOLOGIA SOCIAL
Institution Universidade Estadual do Ceará
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Trabalho Análise do filme A Onda e suas relações com a psicologia das massas....


Description

ANÁLISE DO FILME “A ONDA” Disciplina: Psicologia Social “Martin, diga-me, certo? Contra o que realmente se deve rebelar, hoje em dia? Hoje não tem mais importância, certo? Todos já tem só os seus...seus prazeres na cabeça. O que falta à nossa geração... é um objetivo comum, que nos una a todos.” O início do filme procura nos apresentar os alunos antes do projeto semanal. A fala citada acima, dita por um dos alunos, nos mostra de forma direta a necessidade de preenchimento de vazios existente entre alguns dos jovens que irão participar do curso de autocracia. Essa necessidade é também mostrada de forma indireta: Tim, outro aluno, aparece a procura de um grupo, desejo que não é alcançado até a formação d’A Onda. Mais tarde, Marco também irá demonstrar essa necessidade de fazer parte de uma comunidade por, principalmente, não ter uma família bem estruturada. Além disso, nos é mostrado a falta de unificação entre os alunos em dois ambientes principais: nos ensaios de um peça de teatro, bem como nos treinamentos de pólo aquático. Mostrar esse contexto é de extrema importância, pois assim podemos observar duas coisas: 1.

Para que as pessoas formem um grupo, é preciso que esses indivíduos tenham algo em comum uns com os outros, uma certa inclinação emocional parecida. De acordo com Freud, “Quanto mais alto o grau dessa ‘homogeneidade mental’, mais prontamente os indivíduos constituem um grupo psicológico e mais notáveis são as manifestações da mente grupal.” (1921). Esse fato poderia explicar não só a propensão desses jovens a se reunirem em um grupo como também a rapidez com que isso ocorreu.

2.

Em indivíduos isolados, o interesse pessoal é predominante, o que faz com que os indivíduos não se comportem de forma uniforme, ao passo que, como veremos, em um grupo, o chamado narcisismo torna-se limitado e a intolerância desaparece dentro dele. Dessa forma, seus membros passam a se comportar de forma unificada.

Segunda-feira: Poder pela disciplina “Autocracia é quando um indivíduo ou um grupo domina sobre uma massa.”

No primeiro contato que o professor Rainer tem com os alunos, ao ministrar o curso de autocracia, ele percebe que, para aqueles jovens, uma outra ditadura não seria possível na Alemanha, o que faz com que surja uma ideia para uma experiência. Após um breve intervalo, Rainer pergunta aos alunos qual seria o princípio básico para o desenvolvimento uma ditadura e, após várias tentativas, como ideologia e descontentamento (também muito importantes), um dos alunos responde “uma figura de liderança”. Aqui se chega a um ponto central debatido com bastante frequência no texto: a importância do líder. De acordo com Freud, em um grupo, o indivíduo abandona seu ideal do ego e o substitui pelo ideal de grupo, o qual, por sua vez, é corporificado no líder. Assim, a “figura modelo”, a quem os membros do grupo estão ligados por laços libidinais, torna-se aquele que eles gostariam de ser (identificação) por ser colocado como substituto de algum ideal inatingido do ego. Para decidir quem ocuparia essa posição de “modelo”, foi realizada uma votação na qual é escolhido o professor, o qual passa a exigir que os alunos o chamem de “Sr. Wegner”. Além disso, ele passa a disciplinar os estudantes, exigindo que estes se sentem direito e se levantem ao falarem, afirmando que “disciplina é poder”. Nesse momento, ao ser indagado se não está exagerando, ele responde que quem não quisesse participar não seria obrigado, contanto que saísse da sala. Aqui já começamos a perceber a natureza dominadora do líder eleito, bem como a exclusão daqueles que estão contra suas ideias. Terça-feira: Poder da comunidade Nesse segundo dia, o Sr. Weigner, propõe que todos comecem a marchar na sala até que seus passos estejam sincronizados a fim de mostrar o poder da união e a força do grupo, bem como para atrapalhar a aula sobre anarquia (os “inimigos”), que estava acontecendo no andar de baixo. O interessante sobre esse fato é que Rainer realmente tinha um rixa com o professor que estava dando o curso de anarquia (o qual ele próprio queria ministrar) e após esse dia, os seus alunos passaram a também possuir uma intolerância aos “anarquistas”, o que nos mostra o enorme poder de sugestão que o líder tem sobre o grupo, que passa a direcionar os membros a uma ideia idêntica. Outro acontecimento importante desse dia é que passa a ser exigido pelo líder que os alunos possuam uma homogeneidade visual a fim de eliminar as diferenças

sociais e a individualidade. Para isso, fica decidido um uniforme que todos do grupo devem usar: uma blusa branca. Isso é essencial para o início da identificação dos indivíduos não só com o líder mas também com os outros membros do grupo, que passam a se tolerar e a criar laços libidinais entre si. Quarta-feira: Poder pela ação “De que servem boas ideias se se fica sentado e não age?” Nessa aula, acontece a definição do nome do grupo (“A Onda”) e a criação de uma logo para o movimento, bem como podemos perceber o desejo do líder de fazer com que todos do grupo sintam-se incluídos ao passo que há uma tendência cada vez maior à exclusão daqueles que não se encaixam nele, como acontece com uma das alunas, Karo, que decide não usar uma blusa branca para ir ao curso e, portanto, passa a ter suas ideias ignoradas. Depois da aula, Tim é abordado por dois alunos, que o agridem e insultam. No entanto, dois colegas d’A Onda vem em sua defesa, nos mostrando o abandono da distintividade e a defesa dos iguais tão comuns em um grupo. De noite, parte dos se reúnem para espalhar, com adesivos e pichações, o novo símbolo do grupo nas ruas da cidade. Algo importante a ser notado é que Tim se oferece para pichar o topo de um prédio muito alto, arriscando sua vida em nome do grupo. Percebe-se, então, como o indivíduo de um grupo sacrifica seu interesse pessoal ao interesse coletivo, perdendo sua vontade, bem como há uma tendência a transformar as ideias sugeridas, não só do líder como dos demais membros (reciprocidade), em atos. Quinta-feira: Regressão da atividade mental a um estágio anterior “Ontem fiquei com raiva de um camisa branca porque disse que se eu não me alistasse eu perderia todos os meus amigos, pois todos eles estariam participando. Disse simplesmente que me considerem. E ele, todo agressivo, ‘se não fosse tarde demais’”. Aqui a alienação dos membros d’A Onda começa a ficar bem mais evidente. A exclusão dos diferentes passa a se tornar bem mais agressiva e extremista, com constantes brigas com outros grupos. Além disso, os alunos passam a se fechar entre si, fazendo festas privadas e não deixando membros de outros grupos entrarem em determinados lugares.

É também nos mostrado a falta de controle emocional, principalmente na figura de Tim, que chega a comprar uma pistola e a ameaçar seus “inimigos” em uma briga. Isso nos mostra, também,

um sentimento de invencibilidade, muito

comum em um grupo, que permite o sujeito render-se a instintos que, se ele estivesse sozinho, teria repreendido. Sexta-feira: Descontrole “Eu amo a Karo e ainda assim bati nela” Nesse última dia, o professor percebe que A Onda está perdendo o controle. No entanto, é interessante notar que ele mesmo assim prossegue com seu experimento ao invés de dar um fim imediato a ele. Isso nos mostra uma natureza narcisista do líder, bem como uma paixão pela autoridade e uma autoconfiança extrema. Aqui uma série de acontecimentos irão nos mostrar certa agressividade, irracionalidade e intolerância cada vez maior entre os integrantes d’A Onda. Um grande exemplo dessas características acontece no campeonato de polo aquático, onde ocorre uma comoção onde as pessoas começam a agir por impulso emocional e a agredirem uns aos outros por motivos de intolerância a divergências e de puro extremismo. É só nesse momento - e após uma briga com a sua esposa - que o professor percebe que seu experimento precisa parar. Sábado: O fim d’A Onda “A Onda era minha vida!” Nesse último dia, o professor convoca uma reunião com os membros d’A Onda e decide fazer uma última encenação para ver até que ponto os membros do grupo iriam seguir suas ordens. ele, então, começa a ler partes das redações escritas pelos alunos no dia anterior, contando sobre duas experiências com A Onda, bem como a afirmar que o movimento não pode acabar e que é a solução para o país. Nesse momento, todos aplaudem, menos Marco, que passa a ser chamado de traidor pelo líder, o qual ordena que alguns alunos o levem a força para a frente do auditório. No entanto, quando o professor pergunta o que eles devem fazer com o “traidor”, os alunos ficam sem reação e afirmam que só o levaram até lá porque ele ordenou, o que nos mostra, mais uma vez, o incrível poder de manipulação e

sugestão que o líder tem sobre um grupo, bem como uma inibição coletiva do funcionamento intelectual e uma intensificação da emoção dentro de um grupo. No final, com a proclamação pelo líder do fim do movimento, um dos alunos, Tim, perde o controle. Quando o grupo se desintegra e os laços mútuos desaparecem, ele passa a ser controlado pelo medo e pela insensatez, chegando a atirar em um colega e, por fim, se matar.

REFERÊNCIAS FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (19201923). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 352 p....


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