Antropologia: Resenha do filme A Massai Branca PDF

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Resenha sobre o filme A Massai Branca. Um verdadeiro choque de culturas, no qual um improvável romance se desenvolve entre a Europa ocidental moderna e civilizada e uma parte da África selvagem....

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DISCENTE: LUANE FERNANDES COSTA

Um verdadeiro choque de culturas, no qual um improvável romance se desenvolve entre a Europa ocidental moderna e civilizada e uma parte da África selvagem. Um confronto de realidades: é o que o enredo do filme A Massai Branca narra. A Massai Branca, dirigido por Hermine Huntgeburth, tem seu roteiro adaptado do livro da suíça Corinne Hofmann, baseado em fatos reais que a autora vivenciou. O filme retrata a história de Carola, uma empresária suíça, que em uma viagem para o Quênia com seu noivo, acaba entrando em um envolvimento emocional com um guerreiro Africano da tribo Massai, Lemalian, no qual mais tarde se desenvolve em um romance que logo se torna um casamento. Abandonando seu noivo e sua vida na Suíça, ela entra numa aventura em busca do guerreiro pelo qual se apaixonara em apenas uma noite. Ao encontrá-lo, as diferenças entre ambos são notórias. Um encontro entre dois mundos opostos, as motivações de Carola são apenas a sua paixão e o seu desejo de conhecer a cultura de Lemalian, oposta a sua. Na aldeia do guerreiro não havia tecnologia, água corrente, comida industrializada, nem mesmo camas ou casas, além de que os habitantes não sabiam falar a sua língua. No início, Carola tenta se adaptar ao novo mundo que encontrara, apesar de também tentar uma aproximação de sua cultura com a de Lemalian. Sua primeira tentativa se deu no sexo, no qual o africano não demonstrava nenhum tipo de afeto. Porém, aos poucos, devido as investidas de Carola, ele consegue mudar.

Cenas fortes ocorrem durante o enredo, como Lemalian sugando sangue de animais, ou quando meninas de 15 anos tem seus clitóris mutilados devido a uma antiga tradição. Carola tenta conversar com Lemalian e apontar que aquilo é errado, porém ele discorda e afirma que é uma tradição e que não pode ser alterada. Essa é uma cena impactante que leva o público a refletir: para a cultura de Carola e a forma como ela foi criada, aquela era uma atitude inaceitável, já para Lemalian era uma tradição, algo perfeitamente normal devido aos costumes de seu povo. Portanto, até onde se é permitido interferir nos costumes do outro? Seria aquele costume errado ou só não estamos habituados a ele ainda? Afinal, para outras realidades nossas tradições também podem parecer erradas e abomináveis. Como afirma Laplantine (2006),“presos a uma única cultura ficamos cegos às outras e míopes quando se trata da nossa”. O filme retrata bem o conceito de alteridade, que seria justamente esse confronto, esse estranhamento com o outro. Devido a nossa cultura civilizada, temos diversos estranhamentos ao longo do filme que vão desde as vestimentas do guerreiro a sua culinária. Porém, é necessário respeitar as diferenças socioculturais e saber os limites, até onde o outro nos permite interferir? Carola que, como era de se esperar de uma mulher que viveu toda a sua vida na Europa, um mundo completamente oposto ao de Lemalian, acabou retornando a sua antiga vida com a filha que tivera com ele, nunca mais voltando a vê-lo. O amor que sentiam não foi maior do que as diferenças que afastavam-nos....