Resenha do filme do luto a luta PDF

Title Resenha do filme do luto a luta
Author Robson José de Oliveira Brito
Course Fundamentos Da Educação Inclusiva
Institution Universidade Federal de Pernambuco
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Summary

A presente resenha trata da análise das deficiências e potencialidades da Síndrome de Down, problema genético que atinge cerca de 8 mil bebês a cada ano no Brasil, abordadas no filme de Evaldo Mocarzel, com duração de 1 hora e 18 minutos e que conta com a participação de diversos atores desconhecido...


Description

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO – CAA CURSO DE PEDAGOGIA – NFD DISCIPLINA: Educação Especial – 2018.1 PROF.: Ana Duarte Alunas (os): Robson José de Oliveira Brito

RESENHA DO FILME “DO LUTO À LUTA”

A presente resenha trata da análise das deficiências e potencialidades da Síndrome de Down, problema genético que atinge cerca de 8 mil bebês a cada ano no Brasil, abordadas no filme de Evaldo Mocarzel, com duração de 1 hora e 18 minutos e que conta com a participação de diversos atores desconhecidos. A Síndrome de Down é sem dúvida um problema, mas as soluções são bem mais simples do que se imagina, principalmente quando são deixados de lado os preconceitos e estigmas sociais. O filme inicia-se com uma encenação bastante tocante na qual as personagens nos fazem refletir sobre a origem do universo e a relação com a humanidade e suas atitudes. Lembra assim o que Glat (2004) diz em relação a natureza humana em construir sua identidade à partir da convivência uns com os outros. Logo após é retratada a família, que por falta de conhecimento sobre a síndrome de down, trata a doença como algo abominável e na hora do nascimento da criança a reação da família denuncia essa falta de informação. Em outra situação familiar, a mãe relata também a falta de preparo dos profissionais da saúde através do medo em revelar à família sobre a síndrome que a criança nasceu, quando sabemos que é algo que precisa ser dito com seriedade, sem alardes. Neste sentido, Glat (2012) fala que: (...)a família, como grupo social primário, desempenha uma função formativa e determinativa no desenvolvimento cognitivo-afetivo do indivíduo e no modo como este se situa e interage na sociedade, mesmo em idade adulta. É através da identificação com os primeiros “outros significativos” --- mãe, pai e demais membros da família -- e das reações destes ao seu comportamento que a criança tem seu primeiro contato com o mundo e aprende a desenvolver os papéis e atitudes essenciais para seu processo de socialização. (GLAT, p. 1, 2012)

Em outro exemplo, fica evidente como a influência primária da família pode se mostrar de diferentes maneiras. Neste outro caso a mãe tem uma reação diferente, na qual ela afirma ter aceitado a síndrome rapidamente e que até chegou a dar um ultimato

no marido pois o mesmo não teve a mesma reação e não estava colaborando na relação familiar. O título do filme é inspirado no momento que a família sabe da notícia que o seu primogênito tem a síndrome de down. Este momento de “luto” quando os parentes choram a morte do sonho de um filho “normal” se depara em uma experiência de vida em constante contato com a diferença, e de como essa nova realidade para a família se desmembra em momentos de luta, em cada aspecto da sociabilidade humana. Esse ponto de vista é abordado por Glat quando a autora expõe o impacto sentido pelas famílias. Diz a autora: Quando nasce um filho especial, com características distintas do padrão culturalmente reconhecido como “normal”, a estrutura de funcionamento familiar básico se rompe, os sentimentos e as representações anteriores se deterioram, e instala-se uma crise de identidade grupal. Por mais harmônica que seja uma família essa crise é inevitável, pois todas as expectativas, planos e sonhos gerados durante a gestação desse filho são destruídos face essa inesperada e desconcertante realidade. (GLAT, p. 1, 2012)

Vemos assim que há outro aspecto a ser compreendido que é o sentimento de frustração por parte das famílias e de como isso os afeta psicologicamente. Abordando agora mais um aspecto, em determinado ponto do filme, é mostrado o dia a dia das crianças na escola. Aqui entra em questão a inclusão escolar e o preconceito tanto da escola quanto de outras famílias de outros alunos da mesma escola. Essas outras crianças não têm tanto preconceito quanto os seus pais. Problematizando essa fala, vemos que as crianças em si não são tão responsáveis pela reprodução do preconceito, mas sim os mais velhos, pessoas de outras gerações e que naquela época não tinham tanta instrução e conhecimento sobre o assunto. Desta, forma entende-se que os maiores reprodutores desse preconceito com a síndrome de down são os pais. Neste sentido, Glat (2012), aponta: (...) devido às dificuldades ainda hoje encontradas para inclusão social da pessoa com deficiências, a marginalização a ela imposta se estende para sua família que, passa a ser estigmatizada “por contaminação” (Glat, 1995). Tal situação acaba provocando o isolamento de muitas famílias, o que, por sua vez, reforça os padrões de superproteção, fazendo com que a condição especial do indivíduo seja hiperdimensionada, em detrimento de suas capacidades e aptidões. Mais grave, ainda, freqüentemente, a família se estrutura de tal forma em torno desse membro dito especial, que todas as necessidades e dificuldades dos outros são minimizadas ou, até mesmo, descuidadas (Glat, 1996). (GLAT, p. 2, 2012)

Portanto, existe a exclusão onde as crianças são postas em salas separadas, o que gera graves consequências no desenvolvimento das crianças. Na verdade o que deveria

ser feito é a construção de espaços da Educação Especial e inclusão nos espaços de convívio social, como parques, shoppings, praças, campos de futebol, postos de trabalho, bibliotecas, museus, restaurantes, etc. Bem como a criação de políticas públicas nas áreas de educação e saúde, onde possibilitasse o acesso a uma educação de qualidade e integração social destes sujeitos e o treinamento adequado dos profissionais que trabalham em escolas, hospitais e demais espaços. (GLAT, 2004) Esse comovente e corajoso longa permite que todos tenhamos um novo olhar em relação a síndrome de Down. Além disso também podemos ter uma noção mínima de como estes sujeitos se incluem na sociedade normativa, que a todo momento os rebaixa a um patamar da inutilidade social, começando a partir da relação familiar, perpassando a escola, trabalho, ambientes públicos, etc. Um longa-metragem recomendadíssimo a todos e todas que não sabem do que se trata a síndrome e que a partir dele podem começar a desconstruir paradigmas estabelecidos sobre a diferença e a reprodução de preconceitos.

Referências

GLAT, R.; PLETSCH, M. D. Orientação familiar como estratégia facilitadora do desenvolvimento e inclusão de pessoas com necessidades especiais. (2004) Disponível em: .

Acesso em:

18/04/2018; GLAT, Rosana. Uma família presente e participativa: o papel da família no desenvolvimento e inclusão social da pessoa com necessidades especiais. (2012) Disponível em: . Acesso em: 18/04/2018....


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