Resenha Marc Bloch Apologia da História PDF

Title Resenha Marc Bloch Apologia da História
Author Álvaro Huber
Course Introdução aos Estudos Históricos
Institution Universidade Federal de Santa Catarina
Pages 2
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Resenha Marc Bloch: Apologia da História...


Description

BLOCH, Marc. Introdução. Capítulo I: A história, os homens e o tempo. Capítulo II: A observação histórica. Capítulo III: A crítica. In: _______. Apologia da História ou O Ofício de Historiador. Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2002, p. 41-124. Marc Bloch, historiador francês cofundador da Revue des Annales, escreveu Apologia da História ou O Ofício de Historiador em cativeiro e, devido a seu fuzilamento em 1944, nunca finalizou a obra. Publicado como obra póstuma em 1949 por Lucien Febvre, quem cofundou, junto com Bloch, a escola dos Annales, o livro possui dois títulos pois o autor não havia se decidido qual deles utilizar. Bloch inicia a obra com um questionamento, feito de um garoto para seu pai: “papai, então me explica para que serve a história” (BLOCH, 2002, p. 41). A partir dessa pergunta ele transcorre, por todo o livro, sobre como o historiador deve atuar e o que é a história tal qual a estudamos. Ele apresenta a história como algo enraizado na cultura ocidental ao constatar que tanto os gregos quanto os latinos eram povos historiógrafos, assim como classifica o cristianismo como “religião de historiador” (BLOCH, 2002, p. 42), sendo assim, toda a civilização ocidental interessa-se por essa disciplina. A seguir, Marc Bloch trata da história como uma ciência, tal qual outra qualquer. Para ele, “aos olhos de qualquer um que não seja um tolo completo, […] todas as ciências são interessantes. Mas todo cientista só encontra uma única cuja prática o diverte” (BLOCH, 2002, p. 43). Todo historiador deve encontrar, na história, uma prática divertida, pois é isso que ele chama de vocação. A partir do primeiro capítulo, intitulado “A história, os homens e o tempo”, o autor apresenta a História como uma disciplina e um objeto de estudo, afirmando que a nossa história atual não é a mesma história da antiguidade e criticando o que alguns historiadores do passado consideravam ser a fonte de estudos da História. Para Bloch, o passado, como objeto de estudo, é algo absurdo, sendo errado afirmar que a história é a ciência do passado (BLOCH, 2002, p. 52). Partindo do raciocínio de que o estudo histórico foca nas mudanças provocadas pelos homens, a história é, assim, a ciência “dos homens, no tempo” (BLOCH, 2002, p. 55). Bloch quebra com o paradigma de que se deve estudar a história do início – o que seria o início? A origem das coisas, o começo, ou as causas que levaram a elas? (BLOCH, 2002, p. 56) – pois, segundo ele, “para explicar a tarde, basta conhecer, no máximo, a manhã” (BLOCH, 2002, p. 62). Além disso, crítica o uso que se faz do conceito da palavra presente, cujo significado pode ser interpretado de diversas

maneiras e não possui um conceito único. Para ele, não podemos separar o passado do presente e, assim sendo, a história não deve separar passado de presente, focando seus estudos em um e ignorando o outro; devemos estudar o ontem tendo em vista, também, o hoje. (BLOCH, 2002, p. 67). Com esse pensamento, e com a ajuda da escola dos Annales, Marc Bloch ajudou a mudar o conceito de História. Ele mesmo pensava de forma diferente dos historiadores e professores que vieram antes dele, que possuíam uma visão extremamente positivista da ciência histórica. Por exemplo, ao tratar-se dos documentos usados como fonte, Bloch afirma que os testemunhos involuntários, como os hieróglifos deixados nas pirâmides egípcias, são de maior valor que o testemunho de Heródoto, dado à parcialidade presente ao se escrever especialmente para a posteridade (BLOCH, 2002, p. 77). A fonte dos estudos de todo historiador, porém, continuam sendo os documentos passado, qualquer que seja. Onde Marc Bloch erra, em sua obra, é na linguagem utilizada para se dirigir ao leitor. Considerando que o livro começa como uma forma de explicar ao filho a utilidade da história e, citando o próprio autor, “não imagino, para um escritor, elogio mais belo do que saber falar, no mesmo tom, aos doutos e aos escolares” (BLOCH, 2002, p. 41), Bloch não facilita o entendimento do texto para quem não tem experiência no ramo. Apesar da dificuldade da obra, e da densidade do texto, é inegável reconhecer que Marc Bloch reinventou a História e ajudou a torná-la o que conhecemos na atualidade. Com ideais propostos na sua revista dos Annales – e, também, na escola homônima – foi a geração de historiadores de Bloch, incluindo Lucien Febvre, seu colega de longa data, que quebrou com o que a história antes propunha. O que nos deixa a pensar que, visto a importância de O Ofício de Historiador, mesmo incompleto, qual seria o impacto da obra se Bloch pudesse ter terminado de escrevê-la....


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