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Capítulo: A escola tradicional ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2º ed. São Paulo: Moderna,1990, pág.: 157 a 162. Neste capítulo (A escola tradicional) Aranha inicia citando Port Royal e Bernard Charlon e ambas as ideias nos permitem refletir quanto as críticas que são direcionadas a escola tradicional. No tópico a “Origem da escola tradicional” a autora nos diz que foi a partir da Revolução Industrial (séc. XVIII) que a rede escolar foi ampliada , devido ao fato de que os operários nas fábricas precisavam aprender a ler, escrever e contar, pois quanto maior era o nível de escolarização maior seria a necessidade de transmissão dos conhecimentos advindos das ciências, bem como o estímulo a novas descobertas, a fim de que a tecnologia se desenvolva ainda mais. Aranha aborda que foi no século XIX que a legislação de diversos países revelou o interesse do Estado em assumir a educação, tornando-a leiga e gratuita. No entanto, nessa época a escola tradicional passa a ser alvo de diversas críticas. Muitas delas resultam das descobertas científicas, sobretudo nas áreas da biologia e das ciências humanas- como a psicologia e a sociologia- que trouxeram subsídios para uma análise mais rigorosa da educação. A partir dessas descobertas, é dada uma maior atenção às diferenças individuais, buscando-se também técnicas mais eficazes de aprendizagem. No tópico” As características gerais’’ Aranha ressalta que a educação tradicional é magistrocêntrica, isto é, focada no professor e na transmissão dos conhecimentos, o mestre detém o saber e a autoridade, dirige o processo de aprendizagem e se apresenta como modelo a ser seguido. Sendo que nessa relação hierárquica gera a passividade do aluno, reduzido a simples receptor da tradição cultural. O conteúdo visa a aquisição de noções, dando ênfase ao esforço intelectual de assimilação dos conhecimentos, daí deriva o caráter abstrato do saber, o verbalismo e a preocupação da transmissão do saber acumulado. Segundo a autora o exagero desses aspectos leva a um distanciamento com relação à vida e aos problemas cotidianos e atuais, com relação a metodologia é valorizada a aula expositiva, centrada no professor e alunos submetidos a horários e currículos rígidos, os alunos são considerados um bloco único e homogêneo.

No tópico “As muitas faces da escola tradicional” de acordo com a autora a escola tradicional é multifacetada e adapta-se às exigências históricas ao longo do tempo, como também tem sido a implantação do liberalismo. Em ‘’ O Ideal Iluminista da Educação’’ Aranha nos recorda que o século XVIII é conhecido como Século das Luzes, Iluminismo, Ilustração ou Aufklurung. Luzes significam nesse contexto o poder da razão humana para interpretar e reorganizar o mundo. Tal otimismo com respeito à razão vinha se revelando desde o Renascimento, no processo de secularização da consciência, antes impregnada de religiosidade. No tópico” A Escola Tradicional do século XIX” a autora retrata que o sucesso da industrialização e o desenvolvimento das ciências trazem algumas preocupações específicas à escola tradicional do século XIX. Por um lado, acentua-se o dualismo escolar, que consiste no fato de existir uma escola para a elite e outra para o segmento popular operário. Surge a necessidade de não privilegiar, na formação dos jovens, apenas as humanidades, mas estimular o estudo das ciências. No que concerne as críticas a escola tradicional, segundo a autora criticar o intelectualismo da escola antiga não significa descuidar da transmissão de conteúdos; negar o enciclopedismo não implica desprezar a aquisição de informação dosada e necessária; recusar o autoritarismo do mestre não é deixar de reconhecer a importância de sua autoridade e a assimetria com relação ao aluno, com isso não se pretende retornar à escola tradicional, mas sim avaliá-la sem preconceitos, a fim de evitar uma abordagem superficial e falsa, incapaz de reconhecer o que ainda interessa conservar....