Revoltas messiânicas - Anotações de aula 1 PDF

Title Revoltas messiânicas - Anotações de aula 1
Author Eliezer Ferreira
Course História do Brasil Republicano
Institution Universidade Estácio de Sá
Pages 3
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Summary

Breve anotações a respeito das revoltas ocorridas na República Velha, mais especificamente ao fenômeno denominado "Canudos" ...


Description

Revoltas messiânicas, revoltas na chamada República Velha. Eliezer Ferreira. Após a queda da monarquia brasileira ocorrida em 1889, principalmente pela tomada do poder por dois grupos principais de poder, os militares, guiados pela doutrina positivista, a máxima da “ordem e progresso” e as elites cafeicultoras,

que rompiam com a monarquia, a partir da abolição da

escravidão em 1888, através da chamada lei Áurea, onde estes queriam, indenizações pela perda de escravos, a queda foi protagonizada principalmente por esses dois grupos, e pavimentada pela propaganda republicana. A monarquia cai quando tinha sua maior popularidade (CARVALHO), e com sua queda, somada a ascensão do republicanismo, temos um impacto profundo na lógica governamental, a república, seria a “coisa pública”, a ideia de o poder emanar do povo, o que não acontecia na prática. Tão logo aconteceu a proclamação da República, teremos revoltas, uma das primeiras a Revolta da Armada, questionamento direto ao governo de Marechal Deodoro da Fonseca, levando a sua renúncia, e ascensão do Marechal Floriano Peixoto. Neste cenário, a intervenção republicana em tradicionais relações de poder regional, como, a exemplo das regiões do nordeste brasileiro, traz transformações profundas na realidade da política regional, será com esses elementos que se formarão algumas das grandes revoltas do período da chamada República Velha, essas serão caracterizadas por um tom em geral religioso, messiânico, mas antes de tudo, revelam a precária situação enfrentada por essas regiões desde a transferência do eixo econômico brasileiro com a expulsão dos holandeses, encerando o chamado “ciclo do açúcar”. É neste contexto que acontece o fenômeno chamado “Canudos”, liderado pelo peregrino chamado, Antônio Vicente Maciel Conselheiro, esse episódio da história brasileira é importantíssimo para vislumbrar as mudanças ocasionadas pelo recém implantado republicanismo brasileiro, e entender o processo de consolidação da república brasileira.

O entendimento desse processo deve se pautar em duas vertentes, primeiro um olhar a figura de Conselheiro, líder religioso de Canudos, e por conseguinte, a população que se agrupa e forma Canudos, é proveitoso, também, relacionar como esses dois elementos interferem nas relações de poder regionais, e como essas levam suas reivindicações à esfera federal. Antônio Conselheiro, pode ser visto, ou foi enxergado por muito tempo através da imagem construída por Euclides Cunha, este, que nas palavras de Murilo de Carvalho “descobriu Canudos” para a historiografia e o eternizou, dentro dessa perspectiva, a figura do beato Conselheiro, e tomada como tom de fanatismo, insanidade, que se opunha ao “progresso” republicano, ou mesmo que não ao progresso, mas a república, em si, adotado também do chamado sebastianismo, nessa ótica uma crença louca de que o falecido rei português voltaria para libertar os seus seguidores da tirania republicana. A construção do povo “canudense” feita por Cunha, muda ao longo de sua formação, iniciando com preconceito característico de sua formação, e findando o seu discurso posteriormente para inocentar os “pobres” habitantes de Canudos que seriam manipulados, pelo seu fanático líder religioso e monarquista, tais visões de certa forma distorcidas por seu julgamento, e narrativa própria. Essas visões já sofreram mutações através da construção historiográfica que se seguiu, sobretudo com a obra de José Calasans, grande estudioso do tema, para Calasans, o Santo Conselheiro aparece com uma liderança mais centrada, politizada e equilibrada, Conselheiro aparece aqui, como uma liderança que catalisa, a miséria de precária situação que os nordestinos passavam no momento, na formação de uma comunidade no sentido comunitarismo do termo, religiosa, e “acolhedora”, esse experimento de Canudos, traz uma nova esperança aos miseráveis do sertão, que com isso resolvem seguir o seu “messias”. A partir dessa narrativa Canudos se torna um fenômeno diferente, e uma vergonha ao exército republicano que a destruiu, partindo de um julgamento com olhar que nos é contemporâneo, que, contudo não era na época, Canudos, interfere direto em diversos aspectos do nordeste brasileiro, desde a

consequência de redução da mão-de-obra disponível, ao seu crescimento populacional, causando medo nas lideranças locais, que objetivavam seu fim. Breve texto, buscando exercitar conteúdos lidos durante as aulas de Hist. Do Brasil Contemp. (está incompleto, solicitar versão completa)...


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