Spivak. Pode o subalterno falar PDF

Title Spivak. Pode o subalterno falar
Course História da África
Institution Universidade Federal de Minas Gerais
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Fichamento de uma das leituras complementares do curso....


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Pode o subalterno falar¿ Gayatri Spivak Prefácio: Spivak recupera o termo subalterno de Gramsci, cuja a definição é “aquele cuja a voz não pode ser ouvida” (p13) mas propriamente para Spivak significa “as camadas mais baixas da sociedade constituídas pelos modos específicos de exclusão dos mercados, de representação política e legal, e da possibilidade de se tornarem membros plenos no estrato social dominante” (p. 13/14)” Esse artigo procura questionar a posição do intelectual pós-colonial. Sendo que esse no falar sobre o subalterno ou representa-lo dentro de um discurso de resistência, estaria, na realidade, falando por ele ou inserindo-os dentro da estrutura de poder. Não é que o subalterno não possa falar, mas Spivak chama a atenção para o fato deste estar sempre intermediada por outro. Sendo assim, o papel do intelectual pós-colonial deve ser o de criar espaços por meios dos quais o subalterno possa falar e ser ouvido, então o intelectual deve trabalhar contra na subalternidade. Texto parte I: Spivak parte do pressuposto de que a crítica produzidas no ocidente a situação colonial, na realidade camuflam o desejo interessado de manter o suspeito no ocidente ou o ocidente com sujeito. Spivak trabalha com a noção de desejo, poder e interesse aplicado ao discurso. Spivak passa então a analisar a obra de Michel Foucault e Gilles Deleuze, chamado “os intelectuais e o poder”, que apesar de teoricamente tecer críticas ao sujeito soberano, apresenta apenas sujeitos em revolução monolíticos e anônimos. Com isso eles acabam ignorando as singularidades locais e a divisão do trabalho internacional, ao falar da Ásia por exemplo, deixando ela transparente. O vínculo com a luta dos trabalhadores é para Foucault e Gilles Deleuze, o desejo de acabar com o poder. O que deixa a analise pobre, já que ao deixar de considerar as relações entre desejo, poder e subjetividade, os autores ficam incapacitados de articular um teoria dos interesses. Spivak argumenta que Foucault chega a negar o papel da ideologia nas relações sociais de produção econômica e manutenção do poder. Além disto, impõem padrões europeus a outros povos. Spivak diz que a ideia de que o subalterno não pode falar está presente em Marx. Ele teria afirmado isso ao falar dos pequenos camponeses “não podem representar a si mesmo: devem ser representados” Spivak sintetiza sua crítica a obra de Foucault e Deleuze da seguinte forma: “A relação entre capitalismo global (exploração econômica) e as alianças dos estados-nação ( dominação geopolítica) é tão macrológica que não pode se compreender tal responsabilidade deve-se procurar entender as teorias da ideologia de formação de sujeito, que, micrológica e, muitas vezes, erraticamente, operam os interesses que solidificam as macrologias. Tais teorias não

podem deixar de considerar os dois sentidos de categoria da representação. Devem observar como a encenação do mundo em representação sua cena de escrita, sua dartellung dissimula a escolha e a necessidade de “heróis”, procuradores paternos e agente de podernertretung”(p.54) Não é que o subalterno não fala, o que acontece é que ele não é ouvido. E o intelectual não tem uma função institucional do crítico e de representar o outro. Caso faça, o intelectual se torna transparente, ou seja, supostamente apenas transferindo a fala do outro. O desejo é diferente do interesse. O desejo no sentido psicanalítico pode contrariar o interesse (desejo de morte). O interesse político, que surge por intermédio da socialização e não reflexo de um desejo primitivo. O subalterno é aquele que não pode se representar institucionalmente. Sendo que por causa disto, eles são contrários aos interesses institucional por causa disto, todos as vontades institucionais de inserir o subalterno passa por um filtro das elites. Toda a mediação política já é uma representação política, o vertretung. Não há transparência da fala do outro, sempre existe mediação, o interesse do subalterno não transparece. A categoria do subalterno não existe empiricamente não é possível estudar processo de mediação de interesses. Então existiria uma hierarquia classificatória, e a subalternidade é móvel e depende de quem está na dialética e da situação. Encontro A ajuntamento do subalterno não promove a fala e a escuta deste. Dar voz é diferente de ouvir, para spivak, Foucault e Deleuze produzem o apagamento do outro. “teoria da vontade geral de Rousseau” que é na realidade produzida politicamente crítica de “koseleck” então o liberalismo nacional produziria a vontade geral esse é o vertretung Darstellung: conotação linguística ou estética que representa ou apresenta um objeto. Parte II Spivak esclarece que uma nostalgia por origens perdidas pode agir em detrimento da exploração das realidades sociais na crítica ao imperialismo. As preocupações substancial com a política dos oprimidos, que é frequentemente responsável pelo apelo de Foucault, pode ocultar um privilégio do intelectual e do sujeito “concreto” da opressão que, na verdade, agrava o apelo. Spivak em seguida faz uma crítica do trabalho de Derrida, que faz o esforço de buscar o outro no espaço intelectual europeu. Ele acredita que existe um espaço em branco onde estaria o outro, rodeado por textos eurocêntricos Derrida se preocupa então com a assimilação do outro. Spivak considera útil esse trabalho sustentado e desenvolvido sobre a mecânica da constituição do outro. O temor de Spivak é que a cumplicidade do sujeito fosse disfarçada como uma forma de transparência.

Parte IV Spivak fala sobre a formação da consciência de classe da mulher subalterna, que esta na ordem do dia, mas é complexa. Sendo que o tal trabalho de recuperação da consciência antropológica pode se unir ao longo prazo ao trabalho de constituição imperialista, mesclando a violência epistêmica com o avanço do conhecimento e da civilização. A mulher subalterna continua muda. Spivak fala sobre a teorização do feminismo em que mesmo com ela, a posição do investigador continua não sendo questionada. Ele faz uma crítica do uso teórico de Freud que faz da mulher um sujeito da histeria e da visão imperialista que passa a ideia de “homens brancos estão salvando mulheres de pela escura de homens de pele escura” Spivak então usa com exemplo a imolação de viúvas na índia, que flutua na relação dialética do argumento imperialista “homens brancos estão salvando mulheres de pele escura de homens de pele escura” a “as mulheres queriam morrer” que é o argumento nacionalista. Ambos serviam para silenciar as mulheres. O argumento imperialista vinha com a retórica de estabelecedor da boa sociedade, sendo marcada a mulher com objeto de proteção da espécie, ou seja, está coberta de argumentos patriarcais. Spivak argumenta que o suicídio, dentro da cultura hindu, não se trata de um suicídio e que a auto-imolação constitui uma complexa construção do sujeito feminino em vida é o lugar do diferente. A mulher do terceiro mundo é traduzida pelos intelectuais, políticos e poderosos. Sendo que nessa tradução ela mesma se perde. Seus reais objetivos são mediados por um discurso hegemônico de quem tem o poder. Encontro O caminho que a Spivak propõem é estudar as formas de silenciamento e os caminhos pela qual a repressão aos subalternos agem. O problema é epistemológico e não metodológico. O problema é epistemológico e não metodológico. Na afirmativa “homens branco estão salvando mulheres de cor de homens de cor” Spivak liga a ideia freudiana de criança espancada em que uma imagem na terceira pessoa e na verdade projeção de todos os meus desejos, então o “eu” é o verdadeiro sujeito dos três agentes da frase. Mesmo as mulheres não teriam o privilegio de falar em nome da mulher, o texto não fala em nome do subalterno. Em vez de assumir o lugar do outro, deve se assumir o quase outro dentro do eu. O intelectual não fala em nome do subalterno, mas existe uma dialética entre o intelectual e o outro, ou outro transpassa o intelectual.

Discordância: subalterno falou e alterou a realidade, a voz do outro está na história ele alterou a realidade, ele não está no meu texto, mas eu posso estudar os processos históricos e deixar o outro me atravessar....


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