STS em PC - Resumo Educação Física PDF

Title STS em PC - Resumo Educação Física
Course Educação Física
Institution Universidade de Pernambuco
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paralisia cerebral...


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1 INTRODUÇÃO Desenvolvimento motor é uma área de estudos e pesquisa, mas também é a denominação de um fenômeno que trata das alterações no comportamento motor de um indivíduo ao longo do ciclo vital; a natureza deste fenômeno está intimamente relacionada a fatores biológicos e ambientais (Gallahue et al, 2013). A competência motora, ou a capacidade para executar habilidades motoras com controle e coordenação (Stodden et al, 2008; Cattuzzo et al, 2016) é desenvolvida a partir das experiências de movimento que ocorrem durante toda a vida, sendo que

a

infância

pode

ser

considerada

uma

fase

fundamental

para

o

desenvolvimento motor. As fases de adolescência e adultez podem demonstrar reflexos positivos ou negativos experimentados pelos indivíduos na fase da infância (Ré, 2010), e há uma multiplicidade de fatores que podem afetar o desenvolvimento motor típico. A paralisia cerebral (PC) é comumente definida como uma deficiência neuromotora não progressiva, que compromete áreas cerebrais responsáveis pelo controle do tônus muscular; reflexos e postura corporal. Sua ocorrência se dá nos períodos pré-natais ou neonatais, possuindo manifestações que ocorrem predominantemente de duas formas: espástica (hipertonicidade da musculatura) e atetoíde (hipotonicidade muscular); a PC é classificada de acordo com a região do corpo afetada: quadriplégica, monoplegia, diplegia e hemiplegia (ACSM, 2013). Os indivíduos com PC possuem um atraso de sua idade motora, em relação a sua idade cronológica, principalmente quando comparados com indivíduos que não possuem a deficiência (Martins et al, 2015). A busca pela melhora da compreensão do desenvolvimento motor de indivíduos com algum tipo de desenvolvimento atípico é necessária para a proposição de intervenções que além de contribuir para o desenvolvimento das potencialidades motoras desses indivíduos, auxiliem na aquisição de autonomia para realização de atividades físicas escolhida pelos mesmos (Seaman et al, 2003). A proposição de estudos em busca de análises do processo das habilidades motoras básicas em indivíduos com PC é de essencial importância para

compreender de forma mais ampla seu desempenho motor, qualidade de vida e melhora da proficiência das tarefas motoras fundamentais, na busca de propor intervenções práticas que possam auxiliar o desenvolvimento motor desta população (Hsue et al, 2013; Madereira e Carvalho, 2009). Um dos primeiros marcos do ganho de autonomia experimentado pelos indivíduos está na aquisição das capacidades fundamentais de rastejar, engatinhar, estabilizar o corpo, erguerse em posição bípede e se locomover (Gallahue et al, 2013). A tarefa de “levantar-se da posição deitada no solo” (em inglês supine to stand - STS), é uma habilidade de endireitamento postural ( Haywood; Roberton; Getchell, 2012), que é um importante marco no desenvolvimento motor, assinalando

a independência e locomoção bípede humana (Marsala; Vansant, 1998; Vansant, 1988) e também é um indicador da capacidade funcional em idosos (Alexander, Ulbrich, Raheja, Channer, 1997). Esta tarefa tem sido investigada em crianças, adultos e idosos (Vansant, 1988; Green; Williams, 1992; Alexander et al, 1997) por meio de dois tipos de medidas; orientada ao processo e orientada ao produto. A medida orientada para o produto expressa o resultado do desempenho em termos quantitativos (Hands, 2002); na tarefa STS, a medida de produto é o tempo total necessário para executar a tarefa, ou tempo de movimento. A medida orientada ao processo avalia a forma mecânica de ações motoras (ex.: padrões de movimento); no caso da medida de processo da tarefa STS, ela é feita por meio de uma lista de checagem das sequências de desenvolvimento dos padrões motores, que descreve as ações mecânicas dos componentes corporais tronco, membros superiores e membros inferiores (Vansant, 1988; Mccoy; Vansant, 1993; Marsala; Vansant, 1998). De acordo com o exposto, o presente estudo objetiva fazer uma análise descritiva sobre o desempenho motor de paralisados cerebrais ao executarem a tarefa de endireitamento postural levantar-se da posição deitada no solo. Especificamente, serão feitas análises do processo (qualidade dos padrões de movimento) e do produto (tempo para realização da tarefa.

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Este projeto faz parte daqueles desenvolvidos junto ao Grupo de Pesquisa em Comportamento Motor Humano e Saúde e também integra os estudos de mestrado e doutorado no Programa Associado de Pós-graduação em Educação Física UPE/UFPB. 2 Material e Métodos 2.1Tipo do estudo O estudo possui um caráter descritivo, observacional, do tipo transversal (Thomas et al, 2009). A pesquisa foi aprovada no comitê de ética da Universidade de Pernambuco (CAAE: 60890116.0.0000.5207 – Anexo 1). 3.2 População e Amostra A população deste estudo tratará com jovens com diagnóstico de paralisia cerebral há pelo menos dez anos, na faixa etária compreendida dos 10 aos 20 anos, residentes da região metropolitana do Recife. Os participantes serão provenientes de uma instituição que atende indivíduos com PC e outras deficiências (Centro de Reabilitação e Valorização da Criança). Assim, a amostra será do tipo não probabilística e intencional, uma vez que todos os adolescentes serão convidados a tomarem parte do estudo, mas só farão parte da amostra aqueles que se enquadrarem nos critérios de inclusão: (a) participação voluntária; (b) possuir o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis;(c) idade entre 10 a 20 anos; (d) possuir diagnóstico de Paralisia Cerebral há no mínimo 10 anos; (e), dominar a habilidade de caminhar com ou sem auxílio de órteses, próteses e outros materiais ou mínimos auxílios do cuidador. Serão excluídos da amostra aqueles que faltarem no dia da coleta de dados ou que desistirem de participar. 3.3 Instrumentos e Procedimentos 3.3.1 Avaliação das medidas antropométricas As

medidas

antropométricas

serão

realizadas

com

o

intuito

de

caracterização da amostra. A massa corporal será medida em balança digital 3

portátil (Glicomed) com precisão de 0,1 gramas e a estatura medida com estadiômetro portátil (GIMI) com precisão de 0,1 milímetros. Também será avaliada a estatura tronco-cefálica (altura sentada). Protocolo: O avaliado deverá estar sentado em um banco de 50 cm de altura, o mais próximo possível do instrumento de medida, com os quadris formando um ângulo de 90°. A cabeça devera estar orientada segundo o plano de Frankfurt (aurículo-orbitário), paralela ao solo. A medida será feita com o avaliado em apneia inspiratória. Deverão ser feita três medidas, considerando-se a media da mesma. Subtrair a altura do banco do resultado encontrado na média da altura sentado. Material: fita métrica fixada à parede, um cursor ou esquadro antropométrico, um banco de 50 cm de altura. Será usado o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS) (Oliveira, Golin, & Cunha, 2010; Palisano, Rosenbaum, Walter, Russell, Wood, & Galuppi, 1997). O sistema GMFCS para paralisia cerebral baseia-se no movimento iniciado voluntariamente, enfatizando particularmente o sentar (controle de tronco) e o andar. A classificação em 5 níveis, do melhor (I) para o pior (V) desempenho funcional, objetivando determinar qual nível melhor representa as habilidades atuais da criança e as limitações na função motora. Enfatiza-se o desempenho habitual da criança em casa, na escola e nos espaços comunitários. É importante, portanto, classificar o desempenho habitual da criança (não o melhor desempenho), sem incluir julgamentos sobre o prognóstico. Devese lembrar que o objetivo é classificar a função motora grossa atual da criança, e não julgar a qualidade do movimento ou o potencial de melhora (Palisano et al., 1997) 3.3.2 Habilidade de endireitamento postural: a tarefa STS. Objetivo: levantar-se da posição de decúbito dorsal no solo para uma posição ereta, em pé, e tocar num alvo colado em uma parede, o mais rápido possível Preparação do local e equipamentos para coleta:

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1. Sala quieta, com piso limpo e plano; necessita que tenha um espaço vazio de aproximadamente oito metros. Em casos de idosos que relatem algum desconforto, usar tapete emborrachado no piso. 2. Marcação do local de posicionamento do sujeito. Com uma fita adesiva de cor contrastante com o chão, marcar uma distância perpendicular de um braço (do próprio participante) até a parede (esta distância não pode ser inferior a 30 cm). Também, duas fitas paralelas, distantes 60 cm entre si devem delimitar um retângulo aberto, orientando o reposicionamento do participante a cada tentativa (Figura 2.1). 3. Marcação do ponto na parede. A colocação do ponto-alvo na parede deve ser definida de acordo com a altura do olhar do sujeito (Figura 2.1). 4. Enquadramento da imagem. Antes da coleta, o participante deverá ficar em pé, na posição sagital para o enquadramento da cena a ser filmada. A câmera deverá estar fixa em um tripé totalmente aberto. A distância da câmera deverá preservar um enquadramento que capte a imagem do indivíduo completamente, porém o mais perto possível. Uma pequena margem de segurança de aproximadamente 20 cm após a marcação do solo (Figura 2.1) é recomendável, evitando cortes na imagem. Execução da Tarefa – Instruções 1. O participante deverá estar descalço; 2. O participante será instruído a deitar-se em decúbito dorsal com os braços repousando no chão, estendidos ao longo do tronco dentro da área demarcada. Deve-se usar a seguinte frase: “- Olá, por favor, você deve deitar dentro desta área demarcada no solo, mantendo os calcanhares na marcação. Deixe os braços repousando ao longo do tronco.” 3. O participante será instruído que, ao sinal do experimentador, ele deverá levantar-se o mais rápido possível e tocar o alvo circular, que estará fixado na parede na altura relativa aos seus olhos. Deve-se usar a seguinte frase em tom

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imperativo: “- Atenção: ao meu sinal você deverá levantar-se o mais rápido possível e tocar o ponto que está à sua frente, na parede, ok?” 4. O sujeito faz um ensaio antes de coletar as tentativas. 5. O experimentador deve falar o nome do sujeito e o número da tentativa antes de dar o comando de: “- Prepara. Já!” 6. Filmar de 3 tentativas consecutivas. O intervalo entre uma tentativa e outra deve durar o tempo necessário para o participante se reposicionar calmante no retângulo marcado. Não há problemas se o participante levar mais tempo entre uma tentativa e outra para voltar à posição inicial. Deve ser preservado o conforto do participante. Observação: todos os comandos dados aos participantes devem ser feitos com gentileza e firmeza; não deve haver qualquer tipo de feedback para o participante entre as tentativas. Decodificação dos dados: Medida de tempo (s): 1. Usar o software de análise do movimento Dartfish 5.5; 2. Copiar os filmes da câmera para uma pasta devidamente nomeada (data da coleta, ex: 02_03_16); 3. Abrir o software Dartifsh 5.5 e clicar “Analyzer” na tela principal; 4. Voltar para o PC e abrir a pasta de vídeos. Selecionar o(s) vídeo(s) a ser(em) analisado(s) e arrastar para o Dartfish, na área do Storyboard; 5. Determinação do tempo de movimento (do início ao final do movimento): a. Rode o vídeo até o momento que se identifica o quadro indicativo da movimentação inicial; b. Clicar no relógio com o botão da direita do mouse e selecionar Time e inserir na tela de vídeo; c. Clicar como botão direito em cima do relógio e selecionar o comando “Set timecode to 00:00”; d. Definir o último momento do movimento (toque no alvo) – com a verificação quadro a quadro; e. Anotar o valor que aparece no relógio (Tempo de Movimento); tempo será contado em segundos (s). Para realizar a análise do desempenho individual na tarefa, das 3 tentativas realizadas pelas crianças, só serão utilizadas as tentativas de melhor desempenho, ou seja que tenha o menor tempo de execução (s). 6

3.4 Variáveis: Variáveis independentes: classificação do nível de PC, idade e sexo Variáveis dependentes: desempenho na tarefa, medido por meio do tempo de movimento (em segundos) e avaliação do processo (qualidade do movimento) por meio de uma lista de checagem da tarefa “levantar da posição deitado no solo para a posição em pé (Quadro 2),modificada de Vansant (1988), que classifica qualitativamente o desempenho de acordo com as ações motoras da extremidade superior, região axial e extremidade inferior. Quadro 2. Lista de checagem da tarefa “levantar da posição deitado para a posição em pé”

Adicionalmente, o processo de movimento será avaliado de acordo com a quantidade de movimentos realizados, usando a identificação de componenteschaves (abaixo descritos), que foram adaptados do estudo de Schwickert et. al. (2015). Observando quadro a quadro da filmagem e usando os comandos do software de análise do movimento, cada uma das 5 tentativas serão decodificadas, por meio da identificação das estratégias de movimento comum e componentes-chave para a tarefa STS., conforme a descrição no Quadro 3, apresentado a seguir. No estudo de Schwickert et al. (2015) os componentes A, B, C e D, apareceram nesta ordem, mas os componentes C e D podem se repetir, antes que ocorram os componentes E e F. Uma vez que este estudo não investigou o desempenho de crianças ou adolescentes, pode-se esperar que ocorra alguma alteração na sequência para estas fases de desenvolvimento, mas início e fim serão invariáveis. Assim, na decodificação serão computados quais e quantos componentes foram usados. Para evitar vieses de observação, inicialmente a decodificação dos dados de imagem deverá ser feita por dois examinadores e as discordâncias serão discutidas até que se chegue a um consenso; um único examinador realizará a

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decodificação total das imagens, mas somente depois que ele tenha alcançado um índice de concordância acima de 80% (Thomas, Nelson & Silverman, 2007). 3.5 Análise dos dados Será realizada uma análise descritiva dos dados, com medidas de tendência central e dispersão para as variáveis numéricas e distribuição de frequência para as variáveis categóricas. Possíveis comparações entre sexos, idade e graus de comprometimento da PC poderão ser utilizadas e, após serem feitos testes de normalidade e homogeneidade na distribuição dos dados, serão usadas análises de variância para dados paramétricos ou não paramétricos. Para todas as análises serão utilizados os pacotes Excell e SPSS. 5 Resultados esperados Espera-se que todos executem a tarefa STS; espera-se que os indivíduos que tenham um grau de lesão maior, possuam maior dificuldade de realização da tarefa em estudo. Espera-se submeter os resultados em revistas indexadas no Qualis, estrato B3 ou superior.

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