Supressão condicionada - Entre a cruz e a caldeirinha PDF

Title Supressão condicionada - Entre a cruz e a caldeirinha
Author Vanessa Martins da Silva
Course Psicologia Comportamental IV
Institution Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
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Summary

Trabalho realizado sobre supressão condicionada utilizando Sidman - Coerção e suas Implicações...


Description

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde Disciplina: Psicologia Comportamental IV Docente: Denigés Neto

Entre a cruz e a caldeirinha Capítulo 13 - “Coerção e suas implicações” (supressão condicionada)

São Paulo Outubro / 2017 Introdução “Algumas das contingências que o mundo nos impõe nos deixam sem escolhas adaptativas. Elas não nos permitem nem desligar nem prevenir choques.” (Pg. 207) Os experimentos acabaram por revelar um poderoso tipo de controle coercitivo: a supressão condicionada. Nela, o sujeito tem um comportamento estabelecido que é reforçado; uma estimulação aversiva, apresentada inicialmente como neutra, surge no ambiente; o sujeito acaba mudando drasticamente seu comportamento, entrando em um estado de ansiedade que o impede de responder como vinha emitindo antes, apenas retomando sua atividade normal ao fim do sinal de aviso e do choque inevitável. Para ilustrarmos melhor, usemos o exemplo experimental dado por Sidman: o sujeito (rato) aprende a obter alimento pressionando a barra, mas não o obtém toda vez que a pressiona. Enquanto ele trabalha por seu alimento, ligamos um sinal, um tom que dura 1 minuto. Assim que o tom cessa, um breve choque, de um décimo de segundo, aparece (ele é inevitável, imprevisível, não é possível dele fugir ou se esquivar). Mesmo assim, o sujeito pode continuar pressionando a barra durante o tom e o alimento virá como antes. A questão é que, como o tom, antes neutro, tornando-se um sinal de aviso para o choque inevitável, coloca o sujeito em pânico, fazendo com que sua atividade normal seja completamente suprimida, perdendo todo o alimento que teria ganho enquanto o sinal está ligado. Ao seu fim, sinaliza um período seguro, liberando o rato do pânico, permitindo que ele recomece seu trabalho produtivo. Notícia 1

Qual a reação a um diagnóstico de câncer? Por: Maria Fernanda Ziegler

18/03/2014 18:29:33 - Atualizado em: 19/03/2014 08:55:33

Pesquisa mostra que 70% pensam em morte e desespero; nervosismo impede esperança na possibilidade de cura “Quando estava grávida de seis meses, Renata Berzoini, 38 anos, descobriu que tinha um tumor na mama. O obstetra que também é mastologista notou algo estranho no seio e pediu exames. “Fui ver como estava o bebê e recebi uma notícia destas. Pânico total. Só pensava que precisava cuidar dos meus filhos e que não podia morrer”, disse Renata.” “Descobri da pior maneira possível, numa sexta-feira, ao ler a palavra metástase no exame. Fiquei completamente desesperada”

“A reação de Renata- que segue em tratamento- ilustra o resultado de um estudo que perguntou a 443 pessoas com câncer qual foi o primeiro pensamento ao serem informados do diagnóstico da doença. Medo, desespero e morte são as palavras que vêm à cabeça de pacientes quando é dada a fatídica notícia de que há um câncer no corpo. Especialistas afirmam que em geral o paciente pouco consegue atentar às informações passadas, muito menos aos próximos procedimentos. O raciocínio fica apenas na palavra maldita que buzina sem parar” Contingência 1 Para iniciar a análise de nossa contingência, formulamos uma hipótese que pudesse explicar como a descoberta do câncer se tornou um estímulo tão aversivo e tão rapidamente relacionado à morte.

Nesta contingência, vemos que ao descobrir uma doença (estímulo discriminativo), nossa resposta de se tratar é reforçada, pois, geralmente, nos curamos ou ao menos temos um alívio dos sintomas, isto é, nosso comportamento de tomar os remédios e atentar aos conselhos do médico é reforçado por esta cura. Entretanto, levantamos a hipótese de que, em um determinado momento da vida de Renata, ela tenha observado alguém que descobriu um câncer, se tratou e não obteve sucesso, o que levou a sua morte. Geralmente, é algo deste tipo que faz com que a maioria de nós associe câncer à morte, seja por observar alguém com a doença morrendo ou ouvindo alguém nos descrever esta contingência. Esta história levou à supressão condicionada da resposta “tratar-se” quando Renata descobriu que ela mesma estaria com câncer, isto está sendo representado na contingência abaixo:

Podemos ver que a descoberta do câncer atuou como um estímulo aversivo condicionado, que desencadeou respostas de sudorese, tremor e coração acelerado, o que costumamos chamar de ansiedade e desespero. A descoberta não só desencadeou estas respostas em Renata como também suprimiu momentaneamente o comportamento de se engajar no tratamento, o que impediu a melhora da doença. A presença da doença tornou-se então o que seria o tom para o rato (sinal) e a morte se tornou o choque inevitável. Entretanto, no caso de Renata, não se tratava de um câncer terminal e sem cura, ela poderia realizar a atividade produtiva de se tratar, se engajar no tratamento, mas devido a sua história, ela associou o câncer à morte e isto impediu que, à princípio, se engajasse no tratamento e obtivesse melhora, isto é, o comportamento que seria produtivo foi suprimido. Os trechos abaixo do capítulo 13 “Entre a cruz e a caldeirinha” nos ajudam a entender o que ocorreu com Renata, justificando nossa hipótese: “A reação do sujeito ao sinal de aviso de choque inevitável é tão desadaptada quanto qualquer comportamento visto no laboratório. A ansiedade - pânico e a cessação de todo comportamento produtivo - é contraproducente, levando o sujeito a perder todo o alimento que teria ganho se continuasse a trabalhar durante o sinal de aviso” Pg. 211 “Podemos descobrir que temos uma doença fatal, ou que alguém que amamos vai morrer em breve. A depressão usualmente acompanha sinais de morte iminente. Tornamo-nos incapazes de funcionar efetivamente, algumas vezes negligenciando até mesmo pequenas necessidades de sobrevivência”. Pg. 211

Notícia 2 Foco na relação aluno-professor Por: Priscila Cruz

11/10/2017 | 04h00

“As pessoas que convivem comigo devem estar cansadas de me ouvir dizer que o professor é o principal profissional do país – brinco que é o "PPPP". Apesar de todas as evidências nessa direção, o docente ainda não é visto nem valorizado na dimensão equivalente ao seu papel na sociedade, sendo que um professor pode mudar a vida de um aluno para sempre, garantindo aprendizagens , apontando novas possibilidades, melhorando sua autoestima e apoiando seu projeto de vida.” “Não faltam pesquisas que assegurem essa ideia e revelem os efeitos positivos de um bom relacionamento entre estudantes e docentes” “Determinadas características do professor potencializam a aprendizagem de suas turmas. Um exemplo: quanto mais ajuda individual ele dá aos seus alunos, menor o nível de ansiedade deles. O contrário também é verdadeiro: quanto mais o docente subestima o estudante, mais ansiedade ele traz para a vida escolar desse jovem. A consequência desse quadro também aparece no levantamento: os países com os alunos mais ansiosos tiveram o menor desempenho no

Pisa(Programa Internacional de Avaliação de Alunos)”

Contingência 2 Para iniciar a análise de nossa contingência, formulamos uma hipótese que pudesse explicar como professores podem vir a se tornarem estímulos aversivos:

Com essas duas contingências podemos ver o processo pelo qual os professores ganham caráter aversivo. Na primeira, o professor, ainda como estímulo neutro, é uma fonte de reforçamento para o aluno, já que é este que lhe possibilita receber notas boas conforme a realização das atividades. A segunda contingência mostra os professores de tornando estímulos aversivos quando, mesmo com a realização dos alunos de suas tarefas e atividades, estes recebem cobranças ou broncas de seus educadores. Isso corresponde a um sinal de aviso (professor) para um "choque" inevitável (bronca) sobre uma linha de base estável e positivamente reforçada (primeira contingência/realização das atividades), o que caracteriza as pré-condições para uma supressão condicionada. A contingência dessa supressão está representada abaixo:

Nessa contingência, mostra-se que, como estímulo aversivo condicionado, o professor passa a eliciar respostas respondentes de palpitações, sudorese e tremores nos alunos, o que corresponde ao que popularmente chamamos de ansiedade. A presença do professor passa agora a suprimir a resposta, antes reforçada, de fazer as atividades solicitadas pelo docente. Se continuassem a realizar as tarefas mesmo com a iminência

do "choque", continuariam a ser reforçados, porém o histórico de punição dos alunos os impedem de prosseguir suas atividades, independente do que sejam, quando há a iminência de punição, ou seja, passam por supressão condicionada. Os trechos abaixo podem ajudar a entender nossa hipótese: "...O sujeito para de pressionar a barra durante os sinais; como no experimento original, vemos a completa supressão da atividade produtiva.” Pág.219 “Então, em qualquer momento que uma punição inevitável seja iminente, seus sinais de aviso podem produzir incapacitação completa ou parcial, preocupação inútil e sofrimento físico. Frequentemente consideradas como uma forma de ansiedade...”. Pág. 219

Notícia 3: Cuca diz que ansiedade atrapalhou o Palmeiras contra o Tucumán Ciro Campos, O Estado de S. Paulo - 25 Maio 2017 | 07h00 “Treinador lamenta erros e culpa nervosismo por excesso de chances perdidas em vitória por 3 a 1 na Libertadores”. O técnico Cuca, do Palmeiras, culpou a ansiedade para explicar a vitória difícil sobre o Atlético Tucumán, nesta quarta-feira, pela Copa Libertadores, no Allianz Parque. Mesmo com o placar de 3 a 1, o time perdeu muitas chances e deixou o time argentino, inferior tecnicamente, comandar a partida no segundo tempo porque os jogadores ficaram nervosos demais dentro de campo. “Erramos passes fáceis, por puro nervosismo, por ansiedade. Foi um jogo excelente para narrar, mas para torcer e trabalhar não foi muito bom. Foi frenético demais. Desde o ônibus o time estava ansioso", explicou Cuca, ao enumerar o grande número de finalizações das equipes. “O treinador afirmou que pelo nervosismo, dois palmeirenses chegaram a ir na mesma jogada e se atrapalhavam. "Tivemos contra-ataques incríveis, com mais jogadores do que eles. Mas não definíamos o lance", afirmou.” Contingência 3 Para iniciar a análise de nossa contingência, formulamos uma hipótese que pudesse explicar como o estímulo aversivo condicionado se tornou tal.

Nas contingências acima, a atividade produtiva é o “efetuar passes” e o reforço gerado é o “vencer o jogo” sendo esta nossa linha de base da atividade positivamente reforçada. Nisso, surge o treinador que é o estímulo discriminativo aversivo, anteriormente neutro, e passa a produzir a punição “bronca” enquanto os jogadores efetuam seus passes. Tal pareamento (presença do treinador + broncas inesperadas) ocorreu diversas vezes enquanto os jogadores efetuavam os passes em campo. A presença do treinador tornou-se então o que seria o tom para o rato (sinal) e sua bronca o choque inevitável. Isso levou à supressão condicionada da resposta “efetuar passes” explicada pelas contingências abaixo:

A presença do treinador gera respostas respondentes, tais como palpitação acelerada, sudorese, tremores, paralisação… Todos os sintomas que no senso comum chamamos de ansiedade. Podemos perceber o treinador é o sinal, visto que os jogadores estavam “ansiosos” desde o ônibus conforme a notícia mostra. Em campo, os jogadores erraram diversos passes considerados fáceis, isso demonstra que a resposta anteriormente reforçada (efetuar passes) foi suprimida pela presença do estímulo aversivo condicionado (treinador), ou seja, houve uma diminuição desta resposta, podendo até mesmo ser extinta. Os jogadores poderiam ter continuado a efetuar seus passes, porém não o fizeram mesmo não recebendo punição. Provavelmente, os jogadores receberam “choques” (bronca) durante a partida o que potencializa o pareamento treinador - bronca, porém isso não é explicitado na notícia Os trechos abaixo do capítulo 13 “Entre a cruz e a caldeirinha” nos ajudam a entender o que ocorreu com os jogadores, justificando nossa hipótese: “Depois de algumas e  xperiências com a sequência tom/choque, o sujeito muda drasticamente seu comportamento quando o tom é ligado. Ainda que ele pudesse continuar a obter alimento, ele pára de pressionar a barra assim que ele ouve o sinal. Em vez de trabalhar, ele agora se agacha tensamente, tremendo, defecando, urinando, seu pelo eriçado. Ele mostra todos os sinais que usualmente atribuímos à ansiedade avassaladoramente paralisante”. Pg. 210 “De maneiras semelhantes, muitas pessoas tornam-se supressores condicionados uns dos outros, com suas práticas coercitivas gerando ansiedade, pânico, paralisia e depressão.” Pg. 212

Referências Cuca

diz

que

ansiedade

atrapalhou

o

Palmeiras

contra

o

Tucumán

-

http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,cuca-diz-que-ansiedade-atrapalhou-o-palmeiras-co ntra-o-tucuman,70001812615

Foco na relação aluno-professor https://educacao.uol.com.br/colunas/priscila-cruz/2017/10/11/foco-na-relacao-aluno-professor.htm

Qual a reação a um diagnóstico de câncer? http://saude.ig.com.br/minhasaude/2014-03-18/qual-a-reacao-a-um-diagnostico-de-cancer.html.am p...


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