Trabalho - Análise – Vidas Secas Capítulo 11 PDF

Title Trabalho - Análise – Vidas Secas Capítulo 11
Author Rayane Morais
Course Teoria da Literatura III
Institution Universidade Federal Rural de Pernambuco
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Summary

Trabalho para obtenção de nota em Teoria da Literatura, utilizando o livro Vidas Secas de Graciliano Ramos e a Crítica Sociológica de Mariasa Côrrea Silva para uma análise literária....


Description

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO LETRAS/ESPANHOL – 3º PERÍODO PROFESSORA: LÍLIAN BARBOSA TEORIA DA LITERATURA III

ANÁLISE – VIDAS SECAS: CAPÍTULO 11

RAYANE MORAIS

NAZARÉ DA MATA 01/12/2017 A obra literária, Vidas Secas, de Graciliano Ramos, retrada a vida conturbada de retirantes sertanejos que se veem obrigados, por conta da Seca, a se deslocarem em busca de uma melhor qualidade de vida. O livro consegue fazer jus a triste realidade por

qual está passando aquela região com base na descrição fiel das características apontadas pelo autor, como: tempo, espaço, personagens, etc. No capítulo 11, intitulado, O soldado amarelo, Fabiano – o protagonista – estava à procura de sua égua, em meio a este evento, ele encontra com o soldado amarelo, símbolo de autoridade daquela região, e lembra-se de quando foi preso há um ano, na cidade, mesmo sem ter culpa alguma, e que foi humilhado pelo homem que agora está a sua frente. Por isso, tem vontade de atacá-lo com o facão, mas em meio á reflexões, resolve ceder à velha lógica de que “Governo é governo” e decide ensinar o caminho ao soldado, por este, estar perdido. De acordo com as definições de crítica sociológica, procura-se analisar a literatura de acordo com seu contexto social. Afirmando assim, que a obra é criada, não por inspiração, mas por ser determinada pelo contexto em que se encontra (o lugar, o momento, a época), não apenas para um individuo, mas para um grupo, também pressupondo que o autor esteja incluído em um. Como fazendo parte da geração de 30, período da 2º fase do modernismo, Graciliano Ramos procurava, assim como outros escritores nordestinos, retratar a realidade do sertão. Como já explicado, por termos usados pelo autor, como: “Ia desembocar na lagoa seca”, “a caatinga deserta”, “ a terra se cobria de palmas espinhosas” e elementos linguísticos como “um cabra”, “o sarapatel” e “da alpercata”, sugerem que a história se passa no sertão e ainda na época da Seca. Segundo Barberis, a crítica sociológica deve-se ater ao fato da obra relatar tanto as diferenças pelo qual determinada sociedade esteja passando, de forma crítica, tanto como a de reforçar seus valores. De acordo com esse pensamento, o capitulo 11 da obra, solta traços de uma crítica á forma como as autoridades agem, como em: “a ideia de ter sido, insultado, preso, moído por uma criatura mofina era insuportável” e “aquilo ganhava dinheiro maltratando as criaturas inofensivas”, o que mostra como a policia agia de forma errada, abusando do poder. Em determinados momentos também é mostrado como Fabiano dá valor ao jeito como foi criado, o que pode ser visto em: “realmente não quisera matar um cristão” e “tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensinou o caminho ao soldado amarelo”, mostrando símbolos de religião e respeito as autoridades, como lhe foi ensinado, mesmo que o soldado tenha cometido injustiça com ele e que no momento seja desfavorecido tanto por seu tamanho: “o soldado, magrinho, enfezadinho, tremia” quanto por onde ele estava, perdido, o que favorecia Fabiano caso

este quisesse se vingar, mas ainda sim, obedeceu aos ensinamentos que teve e ajudou o homem. Assim como determinado por Bakthin, todo ato de linguagem é um diálogo, pois leva em conta um receptor, ainda que imaginário, mas alguém tende a receber as ações determinantes, mesmo que sejam em caso de autores monológicos, que expressam apenas uma verdade, fechada as questões, onde os personagens não discordam do narrador e o leitor tende a aceitar e refletir acerca daquela realidade. Graciliano optou por escolher um foco narrativo em terceira pessoa, refletindo dessa forma, as adversidades naturais e sociais que afligem os personagens do romance. Interpolando as falas ao discurso do narrador, ou seja, dando voz aos personagens e ao cotexto em que estão. Já que segundo Benveniste “o enunciado é considerado em função das suas condições de produção”, ou seja, a realidade em que vive Fabiano e sua família e o modo como ele usa as palavras e até mesmo pensa depende de todo o contexto em que ele se encontra (na caatinga, com um facão, remoendo as feridas do passado, tendo que lidar com o soldado), etc. Antonio Candido subdivide a obra literária em dois grupos, a arte da agregação e a da segregação, Vidas Secas consegue se encaixar mais em agregação, pois procura compreender o maior número de pessoas e toma cuidado para não inovar demais de modo que não torne a realidade confusa e não sendo clara aos leitores sobre a problematização principal da obra. Como prega a crítica sociológica, não é tão importante que o romance seja autobiográfico, mas sim verificar através da leitura, a ligação entre a realidade social e representação artística. Mesmo que vindo de um autor tão qualificado como Graciliano Ramos, sua obra não é boa por ser dele, mas sim por conseguir representar a estrutura, os mecanismos de uma determinada região que está passando por problemas que também afetam a população. Assim, de forma dialética, onde a sociedade, o meio, o contexto influencia a obra, que desse modo, influencia a sociedade, mantendo o equilíbrio, Vidas Secas consegue ser inserida desta forma como um romance que inspira a reflexão acerca dos problemas de regiões mais pobres e sua população e o modo como precisamos lidar com isso. Como Antonio Candido também explica, devemos nos ater a forma como a sociologia está ligada a obras como essa, mas sem nos fecharmos para outras tendências, sempre deixando em aberto reflexões que podem não ser ligadas a um determinado grupo e sim, dependendo da intenção passada pelo autor.

Referências Bibliográficas SILVA, Marisa Corrêa. Crítica Sociológica. BONNICI, Thomas. ZOLIN, Lúcia Osana. (Orgs.). Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. 3. ed. rev. e ampl. Maringá: Eduem, 2009. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 23. ed. São Paulo: Martins, 1969....


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