Trabalho - Tragédia da Gameleira, 1971 PDF

Title Trabalho - Tragédia da Gameleira, 1971
Course Segurança Industrial I
Institution Universidade Federal da Paraíba
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Trabalho - Tragédia da Gameleira, 1971...


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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA RELATÓRIO DE ACIDENTES

TRAGÉDIA DA GAMELEIRA

JOÃO PESSOA - PB

Aluno:

Trabalho apresentado como requisito avaliativo da

disciplina

Segurança

Industrial

do

Departamento de Engenharia Química da UFPB pela Prof

JOÃO PESSOA - PB

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Sumário 1.

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 4

2.

O ACIDENTE...................................................................................................................... 5

3.

2.1.

LAUDO PERICIAL ...................................................................................................... 6

2.2.

INDENIZAÇÕES.......................................................................................................... 7

2.3.

INFLUÊNCIAS EXTERNAS ....................................................................................... 7

CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 9

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1. INTRODUÇÃO O bairro da Gameleira, o qual é localizado na zona oeste de Belo Horizonte, Minas Gerais, é uma área bem desenvolvida em sua infraestrutura e economia. Essa parte da cidade recebe esse nome em referência as árvores de nome Gameleira que ocupavam essa área no passado. Hoje o bairro da Gameleira é uma área com grande concentração de prédios e instituições públicas, tomando o lugar das árvores. O desenvolvimento do bairro ocorreu em parte na época da ditadura militar. No auge da ditadura, no governo do presidente Emílio Garrastazu Médici, o então prefeito da cidade de Belo Horizonte, Israel Pinheiro, trabalhava para entregar uma obra que marcaria seu nome na história da cidade. O Pavilhão de Exposições da Gameleira teria mais de seis mil metros quadrados de área coberta e capacidade para três mil lugares. A obra foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo engenheiro Joaquim Moreira Cardozo. Oscar Niemeyer estava exilado durante a execução da obra devido ao regime militar. O projeto foi executado pela construtora de Serviços Gerais de Engenharia S.A., Sergen. A inauguração da obra estava marcada para o dia 31 de março de 1971.

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2. O ACIDENTE O desabamento da Gameleira ocorreu no dia 04 de fevereiro de 2017, em uma quinta-feira, por volta das 11:30 da manhã. Os operários estavam no horário do almoço, mas muitos já estavam de volta ao trabalho. A laje que desabou tinha 85 metros de altura. Sessenta e nove operários de 512 que trabalhavam na obra morreram no local, enquanto 119 foram soterrados e tiveram que ser levados ao hospital. O governador Israel Pinheiro estava no final do seu mandato e tinha pressa para entregar a obra. Ele queria ser reconhecido pela entrega da obra, a qual era de grande importância para o estado de Minas Gerais. Desta forma, os funcionários da obra eram obrigados a trabalhar febrilmente, com horários de almoço e descanso reduzidos ao mínimo. Os operários eram ameaçados de serem demitidos sumariamente caso questionassem ordens dadas pelos responsáveis da obra. Alguns funcionários relataram aos seus superiores fissuras nos alicerces e afundamentos na obra. Por volta de 15 dias antes do acidente ocorrer foi relatado afundamento do piso em alguns locais da estrutura, onde o piso cedeu em até 50 centímetros. "Há muitos dias que a estrutura da construção estava estalando", relatou o carpinteiro Antônio Miranda ao jornal de Minas um dia após o ocorrido. Mesmo com todos os indícios de que a obra não estava totalmente consolidada e de que algumas investigações deveriam ser feitas, ordens foram dadas para que se retirasse as vigas de sustentação. O senhor Milton Alves Pereira, que trabalhou como pedreiro nas obras relatou: “Foi uma loucura aquela correria. De longe a gente ouvia os estalos na fundação. Foi a conta certa de correr e ver meus amigos esmagados debaixo da laje”. Ele também falou do que ocorreu após o acidente: “Era muita gente. Quando a poeira baixou, muitos trabalhadores gritavam debaixo dos escombros com um braço preso ou uma perna esmagada. Tinha vários amigos meus lá em baixo. Não tive como ajudá-los ”. Vários operários que ficaram presos nos escombros tiveram que ter membros amputados no local do acidente. Os trabalhadores que não se envolveram no acidente tiveram que limpar a área logo após os resgates dos feridos e recolhimento dos corpos. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Construção civil de Belo Horizonte, o senhor Osmir Venuto, relatou que o governador e os representantes da empresa responsável pela execução da obra não se preocuparam com os mortos e feridos, mas com a preservação do restante da obra. 5

Após o acidente mais de 40 análises foram realizadas para avaliar as causas do acidente, porém encontraram uma grande dificuldade de localizar evidências. Devido ao fato de Belo Horizonte ser uma das mais importantes cidades do Brasil, um escândalo de irresponsabilidade de um gestor seria muito prejudicial para a imagem da ditadura militar, a qual estava no seu auge. Assim, esforços foram deslocados para o abafamento do caso por ordem do presidente Garrastazu Médici, que era amigo e aliado político do governador de Minas Gerais. Anos depois foram instaurados processos criminais e policiais para averiguação dos fatos e provas. O Estado de Minas Gerais, por meio do Departamento de Obras Públicas, foi culpado pela falta de fiscalização e a construtora Sergen foi condenada pela irresponsabilidade referente aos procedimentos técnicos utilizados na obra. O acidente do desabamento do Pavilhão de Exposições da Gameleira foi o maior desastre da construção civil do Brasil. 2.1. LAUDO PERICIAL Os laudos periciais que foram utilizados pela justiça do Estado de Minas Gerais para emitir as sentenças no ano de 2006 relatam que: •

O concreto não atingiu o tempo de cura que era necessário, tornando a estrutura do complexo frágil;



A resistência do concreto não seguiu os parâmetros calculados pelo engenheiro que realizou os cálculos da obra;



Houveram falhas no método utilizado para a retirada das escoras que sustentavam a estrutura durante o tempo de consolidação do concreto;

Foi possível constatar que a obra não tinha um engenheiro responsável presente durante a execução do projeto, o que pode ter agravado os erros cometidos e dificultado a avaliação da estrutura durante o processo de construção como um todo. Esse fato é bastante grave devido ao tamanho e importância da obra. Assim, engenheiros eram responsáveis por diferentes partes da obra e as decisões tomadas não eram discutidas entre eles. A justiça avaliou o projeto desenvolvido pelo engenheiro calculista Joaquim Cardozo e constatou que a causa da tragédia se deu unicamente por erros de execução, não havendo assim erros no projeto. 6

2.2. INDENIZAÇÕES O estado de Minas Gerais e a Sergen se auto isentaram da responsabilidade das indenizações para as vítimas não-fatais e familiares. Em 2014, após 33 anos da tragédia, estes órgãos foram condenados a pagar indenizações para 51 parentes de vítimas fatais e a 7 sobreviventes. A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado e Sergen foram designadas a pagar um montante igual a 5,6 milhões de reais, o que seria proporcional a aproximadamente 175 mil reais por pessoa. Devido à falta de instrução e tentativa de acobertamento do caso, algumas pessoas só se apresentaram para perícia média 30 anos do acidente, assim atrasando todo o processo. 2.3. INFLUÊNCIAS EXTERNAS Após o acidente muitas críticas foram feitas sobre os cuidados que deveriam ser tomados em obras de grande porte com relação a padronizações de ações preventivas e de qualidade de materiais, como o concreto. Com isso foram criadas normas para melhorar os procedimentos organizacionais e de avaliação da qualidade dentro do contexto da obra. A normalização quanto aos cálculos e à fabricação do concreto para estruturas de grande porte foram modificadas de forma a tornarem mais rigorosas as medidas de controle. A NB-01, hoje mais conhecida pelo nome de ABNT NBR 6118, é a principal norma relacionada ao procedimento de fabricação e aplicação de concreto, sendo reconhecida e utilizada internacionalmente. Houveram também mudanças no artigo 256 do código penal que discute acerca das responsabilidades sobre desabamentos e desmoronamentos de obras.

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3. CONCLUSÃO Pode-se concluir que vários fatores influenciaram no desabamento do Pavilhão da Gameleira. Dentre os erros que influenciaram a ocorrência dessa tragédia então: a pressão externa e provável tomada de decisões por parte de pessoas com conhecimento limitado à obra; falta de um engenheiro, ou grupo de engenheiros, que liderasse toda a obra com a finalidade de unificar a tomada de decisões e eliminar possíveis discrepâncias estruturais; pressionamento dos operários com cargas excessivas de trabalho; opressão, por meio de ameaças de demissão, dos questionamento dos funcionários sobre problemas na estrutura da obra. Além dos erros que influenciaram no acidente, houveram erros no tratamento das consequências do acidente. O tratamento da empresa e do governador para com os operários não foi adequado. Os trabalhadores que não sofreram lesões deveriam passar por um processo de tratamento psicológico para eliminar qualquer trauma causado pelo acidente. Ao invés disso, os operários foram obrigados a limpar o ambiente no qual colegas e amigos morreram. A falta de apoio às vítimas foi agravada pela ditadura. A impunidade dos responsáveis e a falta de apoio financeiro às famílias das vítimas se estende até o momento de entrega deste trabalho. Medidas básicas de segurança do trabalho poderiam ser tomadas para evitar essa tragédia, como a criação de regras internas de organização, a facilitação da comunicação entre os operários e os engenheiros, bem como entre os engenheiros. O cumprimento integral dos requerimentos entregados pelo engenheiro Joaquim Cardozo teria evitado qualquer problema estrutural. Por fim, as pressões políticas acabaram por agravar os fatos acima citados, sendo determinantes para a ocorrência do acidente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Site:

. Acesso em: 28 de agosto de 2017. Site:

. Acesso em: 28 de agosto de 2017. Site: < http://www.cimentoitambe.com.br/engenharia-tragedia-da-gameleira/>. Acesso em: 28 de agosto de 2017. Site: < http://www.cimentoitambe.com.br/engenharia-tragedia-da-gameleira/>. Acesso em: 28 de agosto de 2017.

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