Title | Trichomonas parasitologia |
---|---|
Author | lai |
Course | Parasitologia Humana |
Institution | Universidade do Estado da Bahia |
Pages | 3 |
File Size | 52.9 KB |
File Type | |
Total Downloads | 68 |
Total Views | 188 |
Download Trichomonas parasitologia PDF
TRICHOMONAS VAGINALIS As quatro espécies de tricomonas encontradas no homem são Trichomonas vaginalis, Trichomonas tenax, Trichomonas hominis e Trichomitus fecalis. A espécie T. vaginalis, patogênica, foi descrita pela primeira vez, em 1836, por Donné21, que a isolou de uma mulher com vaginite. Marchand, em 1894 (58), e, independentemente, Miura65 e Dock20 observaram esse flagelado na uretrite de um homem. O T. tenax, comensal, vive na cavidade bucal humana, e também de chimpanzés e macacos. O T. hominis, comensal, habita o trato intestinal humano. O T. fecalis foi encontrado em uma única pessoa, não existindo certeza se o homem seria seu hospedeiro primário O T. vaginalis é diagnosticado na secreção urogenital do homem e da mulher. O T. vaginalis é um dos patógenos mais freqüentemente encontrados nas doenças sexualmente transmissíveis. Estima-se que 3 milhões de mulheres nos EUA e 180 milhões no mundo são infectadas anualmente37,39, o que corresponde a 1/3 de todas as vaginites diagnosticadas. Apesar de ter sido a doença caracterizada e o protozoário descrito em 1836 por Donné, o diagnóstico clínico e laboratorial da tricomoníase, especialmente no homem, continua apresentando inúmeras dificuldades31,46. Um diagnóstico clínico diferencial dessa doença, tanto no homem como na mulher, dificilmente poderá ser realizado através de sintomas e sinais específicos. A investigação laboratorial é essencial na diagnose dessa patogenia, permitindo, também, diferenciar a tricomoníase de outras doenças sexualmente transmissíveis. O tratamento da tricomoníase é específico e eficiente. Por isso, torna-se importante a identificação e o tratamento das pessoas infectadas, evitando assim a transmissão sexual do parasito. AMOSTRA Homem Secreção uretral, primeira urina matinal (sedimento centrifugado da urina matinal), secreção prostática, sêmen, raspado da mucosa uretral e lavado prepucial (material subprepucial). Mulher Secreção vaginal e primeira urina matinal. Quando houver sinais clínicos deverão ser examinadas a uretra, as grandes glândulas vestibulares e as parauretrais. COLHEITA DA AMOSTRA Homem Para que os procedimentos de diagnóstico tenham sucesso, os homens deverão comparecer ao local da colheita, pela manhã, sem terem urinado no dia e nem tomado qualquer medicamento tricomonicida há mais de 15 dias.
TRICHOMONAS VAGINALIS O Trichomonas vaginalis é uma célula polimorfa, tanto no hospedeiro natural como em meios de cultura. Os espécimes vivos são elipsóides ou ovais e
algumas vezes esféricos. O protozoário é muito plástico, tendo a capacidade de formar pseudópodes, os quais são usados para capturar os alimentos e se fixar em partículas sólidas. Em preparações fixadas e coradas, ele é tipicamente elipsóide, piriforme ou oval, medindo em média 9,7km de comprimento (variando entre 4,5 e 19mm) por 7,Opm de largura (variando entre 2,5 e 12,5pm). Os organismos vivos são um terço maiores. Como todos os iricomonadídeos, não possui a forma cística, somente a trofozoítica. A forma é variável, tanto nas preparações a fresco e como nas coradas. As condições fisico-químicas (por exemplo, pH, temperatura, tensão de oxigênio e força iônica) afetam o aspecto dos tricomonas; entretanto, a forma tende a se tornar uniforme entre os flagelados que crescem nos meios de cultura do que entre aqueles observados na secreção vaginal e na urina. Esta espécie possui quatro flagelos anteriores livres, desiguais em tamanho e se originam no complexo granular basal anterior, também chamado de complexo citossomal. A membrana ondulante e a costa nascem no complexo granular basal. A margem livre da membrana consiste em um filamento acessório fixado ao flagelo recorrente. A extremidade posterior da costa é usualmente encoberta pelo segmento terminal da membrana ondulante. O axóstilo é uma estrutura rígida e hialina que se projeta através do centro do organismo, prolongando-se até a extremidade posterior e conecta-se anteriormente a uma pequena estrutura em forma de crescente, a pelta. O aparelho parabasal consiste num corpo em forma de "V", associado a dois filamentos parabasais, ao longo dos quais se dispõe o aparelho de Golgi composto por vesículas paralelas achatadas. O blefaroplasto está situado antes do axóstilo, sobre o qual se inserem os flagelos, e coordena os seus movimentos. O núcleo é elipsóide próximo a extremidade anterior, com uma dupla membrana nuclear e frequentemente apresenta um pequeno nucléolo. O retículo endoplasmático está presente ao redor da membrana nuclear. Esse protozoário é desprovido de mitocôndrias, mas apresenta grânulos densos paraxostilares ou hidrogenossomos, dispostos em fileiras Local da Infecção O T vaginalis habita o trato genitourinário do homem e da mulher, onde produz a infecção e não sobrevive fora do sistema urogenital. A multiplicação, como em todos os tricomonadídeos, se dá por divisão binária longitudinal, e a divisão nuclear é do tipo criptopleuromitótica, sendo o cariótipo constituído por seis cromossomos. Contrariando o que ocorre na maioria dos protozoários, não há formação de cistos. Fisiologia O 7: vaginalis é um organismo anaeróbio facultativo. Cresce perfeitamente bem na ausência de oxigênio, em meios de cultura com faixa de pH compreendida entre 5 e 7,5 e em temperaturas entre 20 e 40°C. Como fonte de energia, o flagelado utiliza glicose, frutose, maltose, glicogênio e amido. Alguns carboidratos, como a sacarose e a manose, não são utilizados. Numerosas enzimas são identificadas no parasito, particulamente as enzimas glicolíticas, permitindo a utilização de glicídeos pela via d'Embden-Meyerhof ou pela via das pentoses. O ciclo de Krebs é incompleto e o protozoário não contém citocromo. Sendo desprovido de mitocôndrias, o parasito possui grânulos densos, os hidrogenossomos, portadores da piruvato ferredoxina-oxidorredutase (PFOR), enzima capaz de transformar o pimvato em acetato e de liberar adenosina-trifosfato (ATP) e hidrogênio molecular (H,). O 7: vaginalis é capaz de manter em reserva o glicogênio. Ele pode realizar a síntese de um certo número de aminoácidos, possuindo uma fraca atividade de transaminação
O 7: vaginalis tem se destacado como um dos principais patógenos do trato urogenital humano e está associado a sérias complicações de saúde. Publicações recentes mostraram que 7: vaginalis promove a transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV); é causa de baixo peso, bem como de nascimento prematuro; predispõe mulheres a doença inflamatória pélvica atípica, câncer cervical e infertilidade. Imunologia O estudo imunológico da tricomoníase urogenital foi possível quando o parasito pôde ser cultivado in vitro. A presença de anticorpos locais e sistêmicos é frequentemepte revelada na espécie humana, apesar de não ter sido ainda comprovada a existência da imunidade adquirida contra a tricomoníase humana. A presença de anticorpos protetores foi constatada em camundongos imunizados com soro humano de pacientes infectados, e desafiados com i? vaginalis. Como acontece no homem, essa proteção tende a desaparecer após aproximadamente seis meses. As imunoglobulinas antitricomonas da classe IgG foram encontradas no soro de 90% das mulheres com vaginites. Pelos métodos turbimétricos e de radioimunoensaio, anticorpos da classe IgA antitricomonas foram mostrados na secreção vaginal de mulheres infectadas. Através da imunofluorescência indireta, foi mostrada a existência de IgG antitricomonas na secreção vaginal de 70% das mulheres infectadas por esse flagelado, a IgA em 8% dos casos e a IgM em todas as doentes. Após o tratamento, a IgG permanece estável, a IgA diminui ligeiramente e a IgM passa a ser encontrada em somente 20% das pacientes infectadas. Não foi possível evidenciar anticorpos nas vias urogenitais de homens portadores de i? vaginalis. No aspecto celular, estudos in vitro indicaram que os neutrófilos polimorfonucleares e os monócitos são citotóxicos ao i? vaginalis em condições aeróbicas. Esse experimento dificilmente pode levar a uma correlação com os achados clínicos, pois nas vaginites produzidas por tricomonas, os polimorfonucleares são abundantes, mas o processo citotóxico não se realiza, talvez devido ao meio anaeróbico da vagina ou a uma deficiência de componentes moduladores da resposta imunológica inata. Os processos de hipersensibilidade imediata e tardia foram observados através de reações cutâneas, e a hipersensibilidade tipo I tende a ser inespecífica a certos antígenos, enquanto a hipersensibilidade tipo IV mostra-se mais específica. Conjugando os resultados dessas provas in vivo e in vitro para o diagnóstico da tricomoníase conclui-se que os dados encontrados são muito variáveis e discutíveis. Isso em parte é devido a variabilidade antigênica do parasito e a sua capacidade de evadir o sistema imune do hospedeiro....