5ª resenha (Só dez por cento é mentira) PDF

Title 5ª resenha (Só dez por cento é mentira)
Author Paulia Barreto
Course Tópicos de Literatura Brasileira
Institution Universidade Federal do Ceará
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Summary

Parte da primeira avaliação da disciplina, o professor pediu que fizéssemos resenhas de filmes reproduzidos em sala de aula. O nome do filme está no arquivo....


Description

CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE LITERATURA TÓPICOS DE LITERATURA BRASILEIRA RESENHA 5 Análise sobre o filme “Só dez por cento é mentira”, de Pedro Cezar, com base no artigo de Eduardo Peñuela Cañizal: Cinema e poesia. Paulia Rocha Barreto O filme é um documentário sobre a vida de Manoel de Barros (em um gênero bem interessante que é a biografia cinematográfica), embora não siga os “padrões” que esperamos, já que se trata mais de uma “desbiografia”; mas ainda assim não deixa de falar da vida do poeta, mas atrelada à poesia que ele cria. Trata também sobre as pessoas que fizeram parte da vida deste grande poeta que, apesar de não ter nos deixado tão cedo, gostaríamos que tivesse um pouco mais de tempo para continuar produzindo sua poesia de requinte do simples e “inútil”. Primeiro de tudo, é interessante pensarmos sobre o som do violão como trilha sonora para os momentos da filmagem em que aparecem trechos dos poemas de Manoel de Barros. As linhas vão aparecendo de forma gradativa e quando chegamos em um verso em particular, que parece ser o que dá certo clímax ao poema, o dedilhado do violão também se torna mais intenso, como se a pessoa que está tocando batesse a corda com força para dar mais volume e intensidade ao som. O motivo disso pode ser o fato de que o cineasta Pedro Cezar quis mostrar o que acontece em nosso cérebro (e porque não dizer também no coração?) no momento em que lemos um poema de Manoel, começamos uma leitura até bem desinteressada e de repente ele “desenha com as palavras” de uma forma que ficamos apenas estupefatos diante de tanta genialidade. Durante suas três infâncias, Manoel conheceu muitas pessoas (que estão retratadas no documentário) que com certeza contribuíram e o inspiraram a continuar com sua poesia que alguns não consideram assim por falar de coisas pequenas; mas sabemos que toda a poesia que Manoel tem até mesmo ao conversar casualmente é o que torna essas “coisinhas” tão grandiosas e especiais, com as quais muitas vezes nos identificamos e que nos traz muitas reflexões.

Uma dessas figuras é Palmiro, que trabalhou em terras de Manoel, no Pantanal. É um homenzinho simples, mas que também fala de uma forma bastante interessante e, porque não dizer, poética. Dessa forma ele se expressa mesmo sem ter frequentado a faculdade, o que nos leva a relacioná-lo com a própria poesia de Manoel, já que não precisa falar de grandes coisas e das mais importantes para que elas tenham sua grandiosidade e sua importância. Outro fato interessante de se pensar é a divisão que é feita da vida de Manoel em três infâncias, e não três idades, nos fazendo lembrar de que Manoel gostava muito de mostrar figuras infantis em suas obras e talvez isso se deva ao fato de que as crianças normalmente veem coisas simples e bonitas que os adultos não conseguem por causa do ritmo frenético do dia-a-dia. E é basicamente isso que Manoel faz, sendo “poeta vidente” ao ver poesia em tudo; característica dele que é muito bem representada pelas cenas de desenhos vistos a partir de manchas ou buracos na parede (uma mancha pode ser algo bonito se for melhor enxergada e interpretada, como acontece nesse momento). Mais um traço para percebermos esse apreço pela figura das crianças peraltas é a fala de João de Barros, filho do nosso querido poeta, quando diz que o pai adorava pô-lo no colo, perguntar-lhe várias coisas e anotar suas respostas que também tinham muita poesia. Como discorre Alan Bezerra Torres, em sua dissertação de Mestrado Manoel de Barros: a poética da infância e dos espaços, vários dos títulos concebidos por Manoel (principalmente os que se originaram no “lugar de fazer inutilidades”) têm a ver com a infância. O próprio diretor do filme tentou pegar emprestado um pouco do próprio poeta, preocupando-se em mostrar cenas com coisas e pessoas pequenas e, aparentemente, sem importância, mas que na verdade têm um valor inestimável. Em seu texto, Cañizal discorre sobre a relação entre cinema e poesia, fala sobre os “territórios culturais” que podemos percorrer nos quais o cinema e a poesia se encontram, ou seja, há várias maneiras de isso acontecer. As luzes do cinema e as técnicas de fotografia tiram os elementos da poesia de um lugar em que só é motivo de indiferença e os coloca em foco e de uma forma que atrai mais atenção. Mas aqui, porém, cito uma das frases das pessoas que deram depoimento sobre Manoel no filme. “Como teorizar sobre Manoel?”. E mais, como faríamos essas técnicas de cinema com a poesia dele já? Se é que isso seria possível visto que muitas vezes não conseguimos explicar o sentimento bom (e

misturado de outras coisas) que nos acomete ao lermos seus poemas. “O cineasta lida, portanto, com uma pluralidade de linguagens muito mais ampla da que utiliza o poeta da palavra e que, em virtude disso, a conotação fílmica acarreta outros problemas, principalmente no campo da enunciação”....


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