A história da riqueza do homem fichamento PDF

Title A história da riqueza do homem fichamento
Course História do Brasil Colônia
Institution Universidade Federal de Pernambuco
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Resumo e resenha do livro "A história da riqueza do homem" de Leo Huberman....


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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Filosofia e Ciências Humanas Departamento de História Brasil Colônia

A história da riqueza do homem Leo Huberman

Aluna: Isabela Cabral de Melo Período: 1º Professora: Ana Maria

Recife 2014

1. Sacerdotes, Guerreiros e Trabalhadores.

Neste primeiro capítulo o autor delineia os aspectos gerais e sociais da Idade Média. A sociedade feudal estava dividida entre pregadores (sacerdotes), lutadores (guerreiros) e trabalhadores. Sendo os últimos os responsáveis por produzir e fornecer vestuário, alimentação e tudo aquilo que as classes eclesiásticas e militares necessitavam. Estava, portanto, muito claro que o papel desempenhado pelo camponês nesse período era o de atender às classes superiores. Contudo as fábricas e usinas ainda não existiam; então a forma de trabalho realizado por eles era o trabalho agrícola, retirando da terra aquilo que precisavam para sobreviver. Essas terras estavam divididas em áreas chamadas de “feudos”. Eles, por sua vez, variavam de tamanho, organização, constituindo uma unidade autossuficiente. Cada propriedade feudal tinha um senhor, que podia possuir vários feudos, e vivia em uma moradia fortificada. A organização espacial do feudo era bem simples. Os prados, bosques e ermos localizados na propriedade eram usados em comum, mas a terra cultivável era dividida em duas partes: uma parte pertencente ao senhor (seus domínios); e a outra ficava sob o comando dos arrendatários. Além disso, as terras aráveis não sem encontravam em campos contínuos, mas sim em faixas espalhadas. Com o passar do tempo esse sistema foi posto de lado por ser bastante dispendioso. Sendo assim, a tendência foi de formar um único bloco. Outra característica tipicamente feudal foi a rotatividade de culturas. Ou seja, para que não ocorresse o esgotamento do solo, enquanto dois campos eram utilizados, o terceiro estava em descanso. Havia também outro aspecto importante: o fato de que os arrendatários deviam trabalhar não apenas a sua terra, como também a do senhor. Sendo assim, no caso de alguma praga, ou tempestade, a prioridade seria sempre a terra e a colheita do senhor. Caso o camponês desejasse utilizar o moinho ou a prensa do senhor, deveria pegar pelo seu uso. Isso tudo fazia com que o camponês se limitasse aquela vida miserável de servidão. Mesmo assim, ele não poderia chegar ao ponto de ser considerado escravo, pois o servo não pertencia ao senhor feudal, não era propriedade dele. Ele estava atrelado a terra. Ou seja, se o seu senhor transferisse a posse da terra a outro, o servo permanecia nela. Isso de certa forma garantia uma espécie de segurança a ele, já que não poderia ser separado de sua família e possuía um lar, situação essa que era completamente diferente

do sistema escravista. Contudo o servo não poderia, em hipótese alguma, abandonar a terra. Sendo severamente punido caso fugisse. Alguns tipos de servos podem ser observados ao longo desse período. Havia os “servos de domínio”, que trabalhavam exclusivamente nas terras e na casa do senhor. Havia “os “fronteiriços”, que mantinham pequenos arrendamentos à orla da aldeia, e os “aldeães”, que não possuíam arrendamentos e trabalhavam como braços contratados em troca de comida. Os “vilãos” eram servos que gozavam de privilégios pessoais e econômicos. Eles possuíam tarefas bem específicas e alguns não desempenhavam qualquer tarefa, a não ser pagar uma parcela de sua produção ao senhor, ou mesmo realizar o pagamento em dinheiro. Alguns deles chegavam até a alugar parte da propriedade do senhor. As leis no período feudal eram “de acordo com o costume do feudo”. Portanto, todos, fossem servos ou senhores, tinham obrigações e deveres. No caso de transgressões tribunais específicos mediavam os casos. Por exemplo, numa briga entre servos, o tribunal do senhor ficaria encarregado de resolver. Já uma questão entre servo e senhor, geralmente era favorável ao senhor. Contudo havia casos em que os camponeses podiam ser ouvidos no tribunal real. Outro ponto interessante do período é o fato de que o próprio senhor feudal também era arrendatário da terra. Em outras palavras, o senhor feudal arrendava a terra de um conde, que já a arrendará de um duque e assim por diante. Havia casos de arrendamento de terras entre reis. Essa doação era firmada mediante um compromisso entre o arrendatário (vassalo) e o senhor (suserano). Quanto mais vassalos um senhor possuísse mais chances tinha de vencer as guerras. Não era de se espantar que na Idade Média houvesse tantas guerras, considerando que a terra era a fonte de toda a riqueza do homem. E por isso, era necessário contratar guerreiros, cujo pagamento era feito por meio da concessão da própria terra. Os vassalos em troca da terra e proteção que recebiam, tinham alguns deveres a cumprir. Como por exemplo, o pagamento de certos impostos caso quisessem transferir a posse da terra a outro, ajudar no pagamento da libertação do senhor caso fosse capturado, entre outros. A igreja teve um papel fundamental nesse período. Tanto no âmbito social quanto no econômico. Ela foi a maior proprietária de terras da época feudal. Isso fica claro quando

se analisa a questão do celibato. Enquanto os nobres dividiam suas terras, a Igreja proibia os padres de se casarem de modo a não perderem-nas mediante herança aos filhos dos seus funcionários. Com o dízimo ela aumentou ainda mais seus domínios. Para alguns historiadores as obras de caridade realizadas pela Igreja tornavam-se ínfimas se comparadas ao que poderia ter feito com tamanha riqueza que possuía. Além disso, colocasse que a opressão feita aos seus servos era por vezes pior que a dos feudatários leigos. Portanto, as classes dominantes (clero e nobreza) controlavam as terras e por consequência detinham todo o poder. Era então, obrigação do servo trabalhar para sustenta-las em troca da proteção, muitas vezes ilusória, que lhes era prometida.

2. Entra em cena o comerciante.

Como o estado feudal retirava da terra tudo aquilo que precisava, fabricava e consumia seus produtos, a vida econômica decorria sem muita utilização de capital. Ficando este inativo, improdutivo. Mas isso não quer dizer que não houvesse intercambio de mercadorias. Essas transações eram feitas por meio da troca daquilo que se tinha pelo objeto que se precisava e elas normalmente eram feitas no mercado semanal, que ficava próximo a um castelo ou mosteiro. Contudo não poderia haver produção de excedentes em larga escala se não havia procura. Assim, o comércio nos mercados semanais não era intenso e era sempre local. Além da baixa procura, as estradas em péssimas condições e cheias de salteadores (bandidos ou senhores feudais que exigiam uma espécie de “pedágio” para travessia), a escassez de moedas e dinheiro e os diferentes pesos e medidas constituíram outros obstáculos para o crescimento do comércio. As Cruzadas foram um grande passo rumo à expansão comercial, pois intensificaram a procura por mercadorias estrangeiras e fizeram com que a Europa retomasse o monopólio da rota do Mediterrâneo. Quando os europeus retornavam de suas jornadas traziam o gosto e o desejo pelas mercadorias que tinham consumido. Isso acaba gerando uma procura e consequentemente um mercado para esses produtos. Cada classe dominante via nas Cruzadas vantagens. Primeiro a Igreja Romana que via a grande

oportunidade de converter outros países ao cristianismo e assim, estender seu poderio. Já a Igreja Bizantina via nelas o meio de restringir o avanço muçulmano ao seu próprio território. Em seguida vinham os nobres e cavaleiros que desejavam saquear e conquistar terras e fortuna. E por último havia as cidades comerciais italianas, Veneza, Gênova e Pisa, que encaravam as cruzadas como uma oportunidade de obter vantagens comerciais, já que por sua proximidade com Constantinopla e com o Oriente seriam responsáveis por transportar as especiarias orientais para a Europa. Se as cidades italianas representavam o comércio ao sul, no norte Bruges, em Flandres, estabelecia contato com o mundo russo-escandinavo. Esses dois centros comerciais precisavam agora de um lugar para realizarem o intercâmbio comercial. Esse lugar foi a planície de Champagne. Foi nesse contexto que surgiram as feiras. Ao contrário dos mercados, elas eram imensas e negociavam mercadorias por atacado que provinham de todos os pontos do mundo conhecido. Além disso, representavam o ponto de encontro dos grandes mercadores. O regulamento de Champagne oferecia aos mercadores visitantes salvo-conduto para ir e voltar e isenção dos impostos e direitos de pedágio. Tudo isso tinha que estar de acordo com o senhor da província em que a feira se realizaria. Fica claro então, que a intenção do senhor era atrair o maior número de mercadores possíveis, porque a feira lhe traria riquezas. É claro que para a participação nas feiras os mercadores deveriam pagar algumas taxas, contudo seus valores já eram conhecidos e não eram muito altos. Porém, as feiras não foram importantes apenas por intensificarem e expandirem o comércio. Os dias finais da feira eram consagrados a negócios em dinheiro. Efetuavam-se transações financeiras, negociavam-se empréstimos, pagavam-se dívidas antigas, letras de crédito e de câmbio circulavam livremente. Com essa maior utilização do dinheiro, há a quebra da antiga necessidade de procurar alguém que esteja disposto a trocar vinho por um casaco de lã, por exemplo. Poupando-se tempo e energia, as trocas de mercadorias se tornam mais fáceis e incentivam ainda mais o comércio. Sendo assim, o crescimento do comércio põe em cheque a antiga economia do feudo autossuficiente, substituindo-a aos poucos por uma economia de dinheiro, auxiliada por esse comércio em expansão.

3. Rumo à cidade

Essa expansão acelerada do comércio leva ao crescimento das cidades. Atentemos para o fato do uso da expressão “crescimento” e não “surgimento”, isso quer dizer que antes já existiam certo tipo de cidades, apesar delas não possuírem privilégios, nem governo que as diferenciassem. As cidades que se expandiram inicialmente foram as italianas e holandesas, pois o comércio nessas regiões era mais intenso. Normalmente elas surgiam no encontro de duas estradas, na embocadura de um rio ou em locais com um declive adequado onde, normalmente, ficava uma igreja, ou um burgo. Segundo o historiador Henri Pirenne, as reuniões de mercadores ao redor dessas muralhas fortificadas fez com que eles mesmos construíssem um “burgo extramural”. Sendo assim, a antiga fortificação foi absolvida pela povoação mais nova. E com o intenso comércio que era realizado nessas novas cidades, novos trabalhos surgiam e com isso um grande contingente de pessoas rumava para elas a fim de obtê-los. Ainda segundo o mesmo historiador o mercador e o habitante da cidade constituíam uma única pessoa, pois logo no início do século XII, a palavra mercator era usada como sinônimo de burgensis. Esses mercadores vão, portanto, começar a exigir certas mudanças na estrutura feudal, visto que a atmosfera do feudalismo era a de prisão e a vida nas cidades requeria maior liberdade para que o comércio pudesse se expandir sem maiores interferências. Desse modo, os comerciantes se unirão em associações chamadas “corporações” ou “ligas”. Além dos pedidos por mais liberdade nas cidades, seus habitantes desejavam o direito de ir e vir; queriam criar tribunais próprios capazes de julgarem e atuarem nas questões de seus interesses; criar sua própria legislação criminal; fixar seus impostos à sua maneira; e por último desejavam a liberdade da terra, ou seja, queriam fazer com ela o que bem entendessem, sem que para isso precisassem solicitar a uma série de proprietários. Contudo essa liberdade não era concedida de uma vez só, e sim aos poucos. E, em muitos casos, os senhores feudais e bispos se negavam a atender as reinvindicações até que se vissem forçados a isso pela violência das populações das cidades. Mesmo assim, essa luta não visava à derrubada de seus senhores, apenas vinha para garantir que as mudanças necessárias à expansão comercial fossem realizadas. Lembrando que os graus de liberdade variavam de cidade para cidade. Por exemplo, as cidades-repúblicas da Itália e Flandres eram totalmente independentes. Já outras cidades que conseguiam arrebatar apenas alguns poucos privilégios. Em relação às corporações de mercadores, percebe-se que estas tinham regras de conduta bastante rígidas, de modo a garantir o monopólio das mercadorias e evitar a concorrência

de estrangeiros. Além disso, eles eram bastantes influentes junto às autoridades. Opinando na escolha dos funcionários e as vezes sendo eles mesmos os funcionários do governo. A posição tomada por esses mercadores nas cidades reflete a posição e a importância da riqueza em capital, em contraste com a riqueza em terras. Esse novo grupo que surgia e que tinha a posse e a habilidade de trabalhar com o dinheiro, trouxe consigo a partilha do governo. Se antes ele era monopolizado pelos senhores das terras, agora teria de ser compartilhado com essa nascente classe média.

4. Surgem novas ideias

Houve uma época em que cobrar juros pelo dinheiro emprestado era proibido pela Igreja. Para ela emprestar a juros era usura, e a usura era pecado. Como ela possuía grande influência nos diversos setores da sociedade essa regra era levada a risca. Chegando inclusive a aprovação de uma “lei contra a usura” na Inglaterra. É necessário levar em conta o fato de que no início do período feudal, onde a possibilidade de se investir capital era praticamente inexistente, não havia motivo ou justificativa para se lucrar com as desventuras daqueles que recorriam aos empréstimos. “O bom cristão ajudava o vizinho sem pensar no lucro”. São Tomás de Aquino condenou a “ambição do ganho” e julgava que os comerciantes não tinham o direito de obter mais do que o justo pelo seu trabalho. E também não era considerado ético acumular mais que o necessário para a manutenção da própria vida. Quem cobrasse juros pelo dinheiro poderia viver sem trabalhar o que aos olhos da sociedade feudal estava errado. Embora os bispos e reis condenassem ferrenhamente a usura, eram os primeiros a violar as leis e o discurso impostos. Essa condenação e perseguição aos usurários tornou-se um verdadeiro obstáculo para os mercadores que desejam ampliar seus lucros e negócios. Portanto, aos poucos a doutrina religiosa foi cedendo espaço para a prática até então condenada. Foi introduzindo casos especiais e a “prática comercial diária” foi usada como justificativa para legitimar uma “usura moderada e aceitável”.

5. O camponês rompe amarras

O camponês que até então se encontrava preso a “uma camisa-de-força econômica”, viu nas mudanças decorrentes da introdução da economia monetária uma forma de romper suas amarras. E com o crescimento das cidades onde seus habitantes se ocupam do comércio e da indústria, a demanda de suprimentos provenientes do campo aumenta significativamente. Há basicamente duas formas de aumentar a produção: uma é o desenvolvimento intensivo, através de um trabalho maior e mais científico; outra é por meio da abertura de novas terras anteriormente não cultivadas. Então, o campesinato europeu voltou seus olhos para as terras incultas e abundantes, como meio de fugir à opressão. Dessa forma a Europa teve a sua “marcha para oeste” cinco séculos antes da marcha americana. A luta foi longa e árdua, mas a vitória significou a liberdade e a possibilidade de possuir um pedaço de terra, livre das taxas e do trabalho compulsório a que eram submetidos nas terras dos senhores feudais. Outro passo importante rumo a liberdade dos servos foi a percepção de que o trabalho servil era menos lucrativo que o trabalho assalariado. Os camponeses perceberam que se trabalhassem mais e produzissem bastante excedentes, esses poderiam ser vendidos e assim, ele poderia pagar as dividas que tinha com o senhor. Já o senhor necessitava cada vez mais de dinheiro e, a partir de então, permitiu que seus servos pagassem anualmente um tanto por hectare, considerando que isso era melhor que possíveis fugas. Contudo, houve senhores feudais que resistiram até onde puderam a essas mudanças. Embora alguns nobres resistissem ao movimento de emancipação, o maior adversário dos camponeses nesse processo foi a Igreja. A peste negra que assolou a Europa em meados do século XIV, teve grande impacto nesse movimento de libertação. Partindo do principio que a doença matou muita gente por todo continente europeu, fica evidente que os que continuavam vivos teriam suas atividades mais valorizadas. E foi exatamente isso o que aconteceu com o trabalho dos camponeses. E eles não estavam alheios a isso. Sua mão-de-obra chegou a valer 50% a mais. Toda essa situação acaba culminando em uma série de levantes e revoltas camponesas contra aqueles senhores que se negavam a atender as suas reinvidicações. Essa mobilidade do campesinato, aliada ao fato de que a terra agora poderia ser vendida, comprada e trocada livremente, determinou o fim das antigas estruturas e consequentemente, o fim do antigo mundo feudal.

6. “E nenhum estrangeiro trabalhará...”

A concepção que se tinha de indústria no início do período feudal era aquela realizada na casa do próprio camponês, apenas para suprir e satisfazer suas necessidades. Mas, o progresso das cidades e o uso do dinheiro deram aos artesãos a oportunidade de largar a agricultura e se dedicarem ao seu ofício. Inicialmente eles de...


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