A nova ordem mundial PDF

Title A nova ordem mundial
Course Geografia
Institution Ensino Médio Regular (Brasil)
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Resumo de Geografia abordando o tema da nova ordem mundial...


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Geografia A nova ordem mundial O que é uma ordem geopolítica mundial? Desde os anos 1990, os estudiosos, os governantes e a imprensa em geral falam em uma nova ordem mundial. O que significa isso? Uma ordem geopolítica mundial significa uma correlação de forças no plano internacional, ou seja, o equilíbrio mundial de poder entre os Estados nacionais. Para entender melhor essa ideia, temos que recordar que existem centenas de Estados na superfície terrestre - pouco mais de duzentos nos dias de hoje -, e cada um deles tem a sua soberania (poder soberano ou supremo sobre um território, o território nacional), o que significa que em tese cada um pode fazer o que bem entender no seu espaço. Mas apenas em tese, pois nenhuma nação atual é autossuficiente; todas dependem das demais, e muitos atos praticados por um Estado ou país podem chocar ou agredir direta ou indiretamente outras sociedades nacionais: explosões de bombas nucleares; grandes queimadas em florestas ou fábricas muito poluidoras, que vão acarretar fumaça e poluição em países vizinhos; a existência de trabalho escravo; a barragem ou a poluição total de um rio que vai fornecer água para um país vizinho; etc. Além disso, os Estados são completamente diferentes entre si. Alguns têm uma população enorme (China, Índia), enquanto outros têm uma população minúscula, muitas vezes até menor do que uma única grande cidade desses Estados muito populosos. Alguns possuem territórios enormes (Rússia, China, Canadá), nos quais há muitas riquezas naturais (minérios, água, solos agricultáveis), ao passo que outros possuem territórios extremamente pequenos e quase sem recursos. Alguns Estados possuem uma economia e um poderio militar vigoroso (Estados Unidos, por exemplo), enquanto dezenas de outros têm economias e poderios militares extremamente frágeis. Isso tudo significa que existe uma hierarquia de Estados, com alguns extremamente poderosos - são as chamadas grandes potências - e outros bastante frágeis do ponto de vista econômico, militar, territorial e às vezes até populacional. É exatamente essa hierarquia dos Estados juntamente com o alinhamento dos Estados mais frágeis com algum mais forte, que constitui a correlação de forças ou a ordem mundial. Mas uma ordem mundial é sempre provisória, mesmo que ela dure um século ou mais, pois com o decorrer do tempo sempre vão ocorrer mudanças nessa correlação de forças em nível internacional, causadas por vários fatores: economias que crescem mais que as

outras, maior modernização militar num país ou numa região do globo, mudanças tecnológicas que modificam o equilíbrio de poder, um novo alinhamento de países, etc. Uma ordem geopolítica mundial, portanto, é essa situação, sempre provisória, de equilíbrio de poder em termos internacionais, no nível das relações - econômicas, diplomáticas e militares - entre os Estados nacionais. Geralmente se define uma ordem mundial pela presença de uma ou várias grandes potências mundiais. Daí se falar em ordem uni ou monopolar (quando há uma única grande potência), bipolar (quando há duas), multipolar (várias), etc. Para entendermos a atual ordem mundial - a chamada nova ordem - temos de compreender a ordem bipolar que existiu na segunda metade do século XX e a sua crise no fim dos anos 1980. Essa ordem bipolar foi resultado da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu entre 1939 e 1945. As ordens multipolar e bipolar No início do século XX, antes da Segunda Guerra Mundial, havia uma ordem mundial multipolar. Isso quer dizer que existiam múltiplas grandes potências mundiais - Reino Unido (principalmente), Alemanha, Japão, Estados Unidos e Rússia (que mais tarde, em 1922, transformou-se na União Soviética) - que disputavam a hegemonia internacional. Contudo havia um equilíbrio entre elas, pois nenhuma era forte o bastante para impor-se às demais. Alguns países europeus possuíam muitas colônias na África e na Ásia, mas continuavam disputando terras nesses continentes. A própria Inglaterra (Reino Unido), que tinha sido a principal potência militar e econômica dos séculos XVIII e XIX, começou a se enfraquecer desde o fim desse período. Por sua vez, os Estados Unidos, a Rússia e a Alemanha cresciam economicamente e ameaçavam a hegemonia mundial da Inglaterra, que ainda tinha na França sua grande adversária no continente europeu. Além disso, o Japão continuava sua investida, iniciada no fim do século XIX, pela supremacia no Extremo Oriente. A partir de 1945, a ordem mundial existente antes da Segunda Guerra desmoronou completamente. Os impérios coloniais das potências europeias pouco a pouco foram ruindo. Ocorreu a descolonização das nações africanas e asiáticas. Os países europeus, principalmente a Alemanha, a França e a Inglaterra, sofreram perdas enormes com a guerra. A Alemanha, a grande perdedora, acabou sendo dividida em duas repúblicas independentes: Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, situação que perdurou até 1989. O Japão também ficou arrasado em 1945, pois foi o único país do mundo a sofrer os efeitos da recém-

-inventada bomba atômica, lançada pelos Estados Unidos, em agosto de 1945, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Com o fim da guerra, os Estados Unidos e a União Soviética surgiram como os grandes vencedores. A atividade industrial dos Estados Unidos se desenvolveu muito, e o dólar - moeda estadunidense passou a ser a moeda mais usada no comércio internacional, em substituição à libra esterlina, moeda inglesa. Por sua vez, a União Soviética, apesar de ter sofrido violentas perdas com a guerra, saiu fortalecida: o exército soviético - o mais poderoso do mundo naquele momento - ocupava quase a metade do continente europeu. Nascia, assim, uma nova ordem mundial, a ordem bipolar. A bipolaridade ou ordem bipolar, portanto, significou um mundo dominado por duas grandes potências mundiais - ou superpotências, termo criado nesse período para se referir ao enorme poderio militar representado pelo desenvolvimento dos armamentos nucleares. A guerra fria Surgiu então o chamado bloco socialista. A Rússia foi o primeiro país do mundo a adotar o socialismo, em 1917; a Mongólia fez o mesmo em 1924. Até 1945, apenas esses dois países adotavam o socialismo ou economia planificada2. Com a guerra, e depois dela, vários outros países seguiram o exemplo soviético: antiga Iugoslávia, Albânia, Alemanha Oriental e Bulgária, em 1945; Polônia e Romênia, em 1947; Tchecoslováquia e Coreia do Norte, em 1948; China e Hungria, em 1949; e, mais tarde, Cuba, Vietnã, Laos, Camboja e outros. Com isso, o mundo passou a ser dividido em dois blocos políticomilitares: o bloco ocidental ou capitalista, liderado pelos Estados Unidos; e o bloco comunista ou socialista, liderado pela União Soviética. Essas duas superpotências - Estados Unidos e União Soviética cada qual com os seus aliados e as suas periferias, passaram a exercer uma grande influência em todo o mundo. Isso originou uma constante tensão entre elas, conhecida como guerra fria. A guerra fria consistiu, em primeiro lugar, numa grande rivalidade entre as duas superpotências, numa disputa pela hegemonia mundial. Mas não houve um conflito militar direto, uma guerra “quente” ou mortífera, e sim uma disputa econômica, política e até psicológica, na qual cada superpotência procurava mostrar a sua superioridade, na tentativa de conseguir mais aliados. Veja no mapa a seguir como ficou a divisão do mundo nesse período. Assim, desde 1945 até o fim dos anos 1980, a União Soviética procurou enfraquecer os governos aliados aos Estados Unidos. Para isso, sustentava os movimentos guerrilheiros ou os grupos que eram

contrários a esses governos e que apoiavam a política soviética. Da mesma forma, os Estados Unidos mantinham uma política semelhante em relação aos governos aliados à União Soviética. Cada uma das superpotências usava argumentos mais ou menos parecidos para justificar suas atitudes: a União Soviética dizia representar o socialismo e defender o mundo contra a exploração capitalista e a agressividade estadunidense; os Estados Unidos, por sua vez, afirmavam que batalhavam pela democracia e pela liberdade e que defendiam o mundo contra o totalitarismo soviético. Na realidade, porém, nenhuma das duas superpotências estava preocupada com os povos em geral, com as suas aspirações, necessidades e valores. O que elas buscavam de fato era a hegemonia, a supremacia internacional. Assim, pode-se afirmar que a guerra fria também foi uma conivência ou uma cooperação tácita entre as duas superpotências, uma forma de elas controlarem - ou tentarem controlar, pois isso nunca foi totalmente conseguido - o restante do mundo. Tanto os Estados Unidos como a União Soviética usavam o “perigo” representado pelo opositor como desculpa para interferir na política dos países que se encontravam sob a sua influência. Crise do mundo bipolar Esse mundo bipolar - o das duas superpotências e da guerra fria entrou em colapso na década de 1980, sobretudo entre 1989 e 1991. Esse colapso da bipolaridade foi o resultado, principalmente, de dois fatores conjugados: o esgotamento das economias planificadas - ou a crise do mundo socialista - e o surgimento de novos polos mundiais de poder: a União Europeia, o Japão e, mais recentemente, a China. ■ Esgotamento das economias planificadas As economias planificadas - que constituíam o principal alicerce do socialismo - se esgotaram ou ingressaram em uma profunda crise nos anos 1980 por vários motivos. Em primeiro lugar, elas não conseguiram acompanhar a Terceira Revolução Industrial, que se iniciou em meados dos anos 1970. Eram economias muito centralizadas e burocratizadas, e essa nova revolução técnico-científica exige empresas flexíveis, com rápidas tomadas de decisões e descentralização. É por isso que no lugar da forma piramidal de empresas - a matriz ditando as regras para as filiais - o que predomina hoje são as redes de empresas coligadas, cada uma com relativa autonomia. Em segundo lugar, a planificação centralizada nunca foi muito eficiente, pois ela determinava de cima para baixo tudo o que cada empresa deveria fazer num período de cinco anos - durante a

vigência dos famosos planos quinquenais -, e, muitas vezes, fatos inesperados ocorriam e atrapalhavam a realização desses planos. Em terceiro lugar, havia uma falta de motivação para a inovação tecnológica das empresas: todas eram estatais, e portanto não existia concorrência entre elas. E por fim a relativa homogeneização salarial quase todos os trabalhadores ganhavam salários idênticos, moravam em residências semelhantes, etc. - não motivava as pessoas a aprimorar o seu serviço. Como todos tinham mais ou menos uma renda equivalente - quer se esforçassem mais ou não, quer trabalhassem direito ou não -, não existia a possibilidade de subir na carreira por competência. A única forma de se diferenciar nessas sociedades socialistas, de dispor de uma casa de campo ou de praia, de poder comprar nas lojas especiais (nas quais não existiam filas nem falta de produtos, algo que era muito comum nas lojas normais), de obter um passaporte ou um automóvel com motorista, era ter um alto cargo de direção no partido único e oficial, o partido comunista. Essa situação se tornou intolerável nessas mencionadas décadas, em especial no fim dos anos 1980, ocasião em que inúmeras economias planificadas ou socialistas voltaram a adotar o capitalismo ou a economia de mercado. E o fim da União Soviética, em dezembro de 1991 - quando as antigas quinze Repúblicas dessa superpotência se tornaram países independentes -, foi o golpe final nesse mundo socialista. A partir daí praticamente todo o mundo vive sob o sistema capitalista, embora existam neste algumas áreas ricas ou desenvolvidas - os países centrais ou do Norte - e inúmeras regiões pobres ou subdesenvolvidas - os países periféricos ou do Sul. ■ Novos polos mundiais de poder Um outro motivo da crise da bipolaridade e do nascimento da nova ordem mundial foi o advento de novas potências econômicas no globo. No auge da ordem bipolar, nos anos 1950 e 1960, o PNB4 dos Estados Unidos era maior do que o de todas as economias da Europa ocidental somadas à do Japão. E o PNB da União Soviética era maior do que a soma de todas as demais economias planificadas. Mas nos anos 1970 e 1980 isso foi mudando, com maior crescimento do Japão, da Alemanha, da França e, mais recentemente - nos anos 1990 e no início do século XXI -, da China. Como o poderio militar geralmente está associado ao econômico, mais cedo ou mais tarde essa bipolaridade, a existência de apenas duas grandes potências econômicas e tecnológicas mundiais, teria de ceder lugar a uma multipolaridade, isto é, à existência de vários polos mundiais de

poder. Uma das bases ou alicerces da bipolaridade ruiu a partir dos anos 1970 e 1980. A nova ordem mundial Com a crise do mundo socialista e com o advento de novos polos ou centros econômicos mundiais, ingressamos novamente numa era multipolar. No aspecto econômico, os Estados Unidos não têm mais o poder que tinham nos anos 1950 e 1960; a União Europeia hoje tem uma economia maior que a estadunidense - e geralmente cresce em ritmo um pouco mais rápido que esta; e a China pulou do 10º. para o 3º. lugar, em 2007, entre as economias mundiais, alguns consideram que a economia chinesa já é a segunda, pois estaria sendo subvalorizada, em razão do propositalmente fraco valor do yuan, a moeda chinesa. Mas, polêmicas à parte, não há dúvida de que, se a China continuar a crescer no ritmo que vem crescendo há uns vinte anos - entre 9% e 13% ao ano -, nas próximas décadas será a maior economia do mundo. Isso tudo justificaria denominar a nova ordem de multipolar. Mas alguns autores falam numa ordem unipolar, devido à grande força militar sem concorrentes dos Estados Unidos. Outros ainda preferem denominar a nova ordem de unimultipolar, pois no aspecto militar existe apenas uma superpotência atuante nos vários recantos do globo, os Estados Unidos, e no aspecto econômico e tecnológico, que é o mais importante atualmente, existem vários centros mundiais de poder: a União Europeia, os Estados Unidos, o Japão e a China. Do ponto de vista miliar, a Rússia, em tese, ainda é uma superpotência com capacidade para exterminar praticamente toda a humanidade. Mas apenas em tese, pois a crise econômica e social russa foi tão intensa nos anos 1990 e início do século XXI que milhares de cientistas, que garantiam a tecnologia nuclear, emigraram para países onde os salários são maiores; e inúmeros militares tornaram-se traficantes de drogas ou de armas. Manter intacto todo o arsenal nuclear é algo que exige uma manutenção constante e custa muito dinheiro, o que a Rússia até há alguns anos não tinha. Nos últimos anos, a Rússia iniciou uma recuperação econômica graças aos elevados aumentos no preço do petróleo, produto que passou a exportar em grande quantidade. Mas a economia russa ainda é pouco desenvolvida, tendo por base a exportação de uma única matéria-prima (o petróleo) e com pouca tecnologia de ponta. Quanto à China, à primeira vista ela não deveria constar entre esses centros mundiais de poder, pois ainda tem uma enorme massa

populacional que vive na pobreza, além de não dominar tão bem a tecnologia moderna como os Estados Unidos, o Japão e alguns países da Europa ocidental. Todavia, como já vimos, é a economia nacional que mais cresce no mundo atualmente e, junto a isso, o país vem se modernizando rapidamente. Além disso, a China também é uma potência militar, provavelmente a segunda do mundo após a crise russa e a modernização de suas forças armadas, e é o país mais populoso do globo, algo que também conta - embora nem tanto como no passado - numa conceituação de grande potência mundial. Fonte: Geografia: O mundo em transição. por José William Vesentini....


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