Análise do filme Laranja Mecânica frente a psicologia behaviorista PDF

Title Análise do filme Laranja Mecânica frente a psicologia behaviorista
Course Psicologia da Educação
Institution Universidade Federal de Minas Gerais
Pages 4
File Size 101 KB
File Type PDF
Total Downloads 10
Total Views 147

Summary

Contém uma tarefa obrigatória que foi a análise do filme Laranja Mecânica comparando com a teoria behaviorista...


Description

Universidade Federal de Minas Gerais/FAE Psicologia da Educação Análise do filme Laranja Mecânica frente a psicologia behaviorista O filme Laranja Mecânica, inspirado em livro homônimo do escritor Anthony Burgess, por meio de uma caricatura evidência os valores contemporâneos - o egoísmo, o individualismo e a falta de moralidade - ao máximo, fazendo uma reflexão e uma critica a sociedade capitalista moderna. O diretor Stanley Kubrick, de forma sutil, faz com que cada personagem represente um setor da sociedade, dessa forma efetua criticas direcionadas a instituições governamentais, familiares, religiosas e responsáveis pela ordem publica, como a policia. O principal foco do diretor é a generalização da violência nos tempos modernos e a aparente falta de limites. O filme é divido em duas partes, antes de Alex ser preso e após. Antes da prisão o protagonista e anti-herói Alex, vivia em um mundo de prazeres sem limites, onde a violência era a sua maior paixão. A falta de limites e a imoralidade de Alex chama atenção, fazendo pensar, como ele ficou desse jeito? O seu gosto pela violência é clara, mas só isso bastaria para motivar seus atos? Pensar nessas questões é pensar na origem do comportamento, então é possível fazer uma ligação com o behaviorismo, que coloca o meio e as condições apresentadas por este com responsável pelos atos humanos, que mais para frente será debatido. A ausência dos pais, evidenciada pelo diretor, pode ser evocada na tentativa de explicar os atos de Alex. Concomitantemente Kubrick aproveita-se deste quadro narrativo para, mais uma vez, fazer uma crítica à sociedade capitalista, ao mostrar pais extremamente ocupados com seus trabalhos e afazeres, porém desinteressados de participar ativamente da vida dos filhos. Assim fazendo com que estes tenham sua experiência familiar substituída por outras, o que ira impactar diretamente em suas vidas. Alex desenvolveu apreço pela violência, assim como pela música de Beethoven,

ambos

foram-lhe

apresentados

durante

o

processo

de

amadurecimento do mesmo. Podendo se afirmar que essas preferências não se desenvolveram do nada, estão intimamente ligadas ao processo de

aprendizagem que a personagem vivenciou. Dessa forma muito mais do que um simples deleite pela violência, o gozo que essa lhe traz parece ser o principal motivador de suas ações. A busca de Alex pelo prazer tem consequências graves, uma vez que culmina em um homicídio e em sua prisão, iniciando-se neste ponto a segunda parte do filme. Uma cena curiosa que se passa na prisão, ocorre quando Alex lê a bíblia, apesar de o livro condenar a violência e prever castigos tenebrosos para quem a comete, isso não muda o pensamento do anti-herói, pelo contrário, o único motivo do mesmo lê-la, é para se deliciar com as narrações de violência que essa traz. Ao saber de um novo programa que prometia “curar” os detentos e colocá-los de volta em liberdade em pouco tempo, Alex faz de tudo para ser escolhido, fato que acaba ocorrendo. A partir daí o behaviorismo se mostra claramente, assim como Watson fez com o pequeno Albert em seu experimento1, os cientistas fazem com Alex. São mostradas cenas de agressão ao detento enquanto este tem uma forte sensação de enjoo e dores, causadas por injeção e choques. Os cientistas esperam que o cérebro de Alex associe a sensação do enjoo e das dores à violência e não mais ao prazer. Assim ele não só lembraria, mas também sentiria essas sensações quando pensasse em violência. De fato a teoria de behaviorista de Watson 2 funciona, com apenas um efeito não esperado, a mesma sensação que a violência agora traz a Alex a musica de Beethoven também traz, pois essa tocava enquanto as cenas de violência eram mostradas. Totalmente “curado” Alex sai nos jornais como exemplo positivo de funcionamento do programa de controle do crime instalado pelo governo e então é colocado de novo na sociedade, a partir de então começa a maior crítica do filme.

1 http://www.youtube.com/watch?v=g4gmwQ0vw0A. acesso em 18/09/2013 2 WATSON, John Broadus. O comportamentismo. in HERRNSTEIN, R. J. e BORING, E. G. Textos básicos de história da psicologia. São Paulo: Herder e EDUSP, 1971. p. 626-636

Ao voltar para casa, Alex encontra seus pais e um inquilino para quem foi alugado seu quarto, ele então é impedido de voltar a sua casa, pois esse inquilino tomou o seu lugar não só no quarto, mas também como filho. O diretor mostra de forma acida sua critica: na sociedade todos são descartáveis até os filhos e os sentimentos podem ser substituídos por outros. De volta as ruas, Alex é agredido por um mendigo e por policiais, antigas vitimas e parceiros de crime, tal ação acaba por se configurar como vingativa. Ferido ele busca ajuda na casa de um escritor, mas para seu azar esse também era uma de suas vitimas. O interesse do escritor em Alex não era apenas a vingança, mas também usá-lo para derrubar seu inimigo político, o qual havia instalado o programa que “curou” Alex, alegando que o mesmo, a maior propaganda do governo, era falho. Ao descobrir a sensação que Beethoven causava em Alex o escritor o trancou em um quarto no último andar ao som ensurdecedor da Nona Sinfonia, o sofrimento do ex- detento torna-se motivo para o prazer do escritor. Sem conseguir parar as dores que se tornam insuportáveis, Alex então se vê obrigado a pular pela janela. Alex não morre, mas sai novamente nos jornais, agora como propaganda negativa ao governo, o programa de controle ao crime seria eticamente incorreto e privaria o individuo de ter escolhas, desta forma poderia levar até mesmo a um suicídio, como no caso. O governo não vê outra escolha a não ser reverter o processo em Alex e cancelar o programa. Stanley Kubrick concentra sua maior crítica na parte final do filme. A violência sofrida por Alex foi motivada pela vingança, diferentemente da violência que ele cometia, que era motivado pelo prazer. Mas a vingança não deixa de ser um prazer, como ilustra o caso do escritor, dos policiais e do mendigo. A violência pura causava prazer em Alex, mas ambas tem a mesma origem e o mesmo fim, dessa forma a violência é a mesma. Nada adiantaria “curar” criminosos se a violência esta inserida no meio e não em indivíduo isolado. Nessa analogia das sociedades modernas, que é laranja mecânica, pode-se concluir que a maior critica reside na busca pelos prazeres humanos,

que como ilustra o filme já não era mais dotado de nenhuma consciência moral. Isso é visto não só em Alex e em seus agressores, mas também nos políticos que o usaram como propaganda política, nos pais que rejeitam Alex e muitos outros exemplos. Com isso pode-se dizer que de nada adianta mudar drasticamente uma pessoa sem mudar primeiro o meio em que ela esta inserida....


Similar Free PDFs