Title | Aula 4 - Pênfigos e penfigoides |
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Course | Dermatologia |
Institution | Universidade Federal da Paraíba |
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Informações de aula + livro...
PÊNFIGOS E PENFIGOIDES 1. DEFINIÇÃO São doenças bolhosas autoimunes (condição de autoanticorpos contra 2 proteínas: a desmogleínas 1 e 3 – proteínas que fazem parte das caderinas, responsáveis pela adesão das células) o 3 fatores influenciam: ambiental, genético e auto-imune Formam-se bolhas intra-epidérmicas Perda de adesão celular pela destruição das proteínas, que levam à acantólise (não há mais coesão entre as células) Anticorpos IgG contra Dsg3/1 2. TIPOS DE PÊNFIGOS Pênfigo vulgar (PV) Mucoso/muco-cutâneo Vegetante Pênfigo foliáceo (PF) Clássico Endêmico (Fogo selvagem) Eritematoso Variantes do pênfigo (são formas raríssimas) Hepertiforme Paraneoplásico Causado por drogas IgA Os que vemos mais frequentemente são o pênfigo vulgar muco-cutâneo e o pênfigo foliáceo. Pênfigo vulgar (PV)
A doença sempre se inicia na mucosa oral → Algumas vezes, a pessoa consulta vários médicos, achando que trata de uma afta ou uma estomatite herpética. Depois de alguns anos, há a formação de bolhas extensas, que deixam erosões ao se romperem (formam-se exulcerações) e atingem o corpo inteiro. Não há mais coesão na epiderme → Acantólise (células acantolíticas) Há o sinal de Nikolsky positivo → Se é feita uma digitopressão perto de uma bolha, temos o deslocamento da epiderme Autoantígenos acometidos: Desmogleínas 1 e 3 (acomete as mucosas)
Caso clínico 1: Paciente masculino, 33 anos, portador de pênfigo vulgar cutâneo mucoso grave. Apresentas lesões mucosas e bolhas extensas.
Terapêutica utilizada Pulsoterapia: Metilprednisolona 1g/dia EV em 5 Ciclos (durante 5 dias consecutivos) + antibioticoterapia sistêmica, pois geralmente há uma infecção cutânea associada Após a pulsoterapia: o Prednisona 80mg/dia
o Azatioprina 100mg/dia → É um imunossupressor (É poupador da corticoterapia) O paciente continuou sem responder ao tratamento e foi adicionado o imunobiológico Rituximab 375mg/m2 e prednisona 60mg/dia. Foram 4 ciclos ciclos semanais e o paciente foi melhorando O paciente teve alta hospitalar e continuou tomando prednisona 60mg e micofenolato de mofetil (é muito bom para lesões na boca) 500mg/dia com a redução de 10mg a cada 3 semanas Complicação da corticoterapia: estrias Pesquisar queda na imunidade celular nesse caso (como HIV)
Rotina laboratorial Hemograma Creatinina Eletrólitos Transaminases, GGT e FA Proteínas totais Albumina Glicemia Sorologia HIV, HB, HC Raio X do tórax
IgA sérico G6pd (glicose-desidrogenase) →Pporque algumas vezes usamos a dapsona Exame oftalmológico Atividade tiopurina metiltransferase PPD Reticulócitos Beta HCG Densitometria óssea
Esses são os exames laboratoriais pedidos aos pacientes internados com pênfigo vulgar. Pênfigo Foliáceo
As bolhas efêmeras que começam pelo couro cabeludo, pela face e vai descendo. São escamas. Há Sinal de Nikolsky positivo O pênfigo foliáceo nunca atinge as mucosas e formam bolhas intra-epidérmicas muito mais extensas e altas Autoantígeno: Desmogleína 1 (não possui o 3, porque não afeta as mucosas)
Caso clínico 2: Masculino, 60 anos, portador de pênfigo foliáceo clássico. Tinha uma lesão parecida com a dermatite seborreica. Foi feita uma digitopressão e vê o descolamento da epiderme (sinal de Nilkoslky), já pensa em um pênfigo. O pênfigo começou pelo couro cabeludo, face e desceu. Tratamento Limpeza do rosto para tirar a crosta + prednisona 1mg/kg + dapsona 100mg (poupador de corticoterapia)
4ª semana: Redução da prednisona de 10mg em 2 em 2 semanas até reduzir o máximo possível Ex: paciente que toma comprimido de 20mg de 2 em 2 meses e está bem Dar em dias alternados diminui as complicações Vitamina D e cálcio Antiparasitários
3. TRATAMENTO DOS PÊNFIGOS 1ª linha Prednisona o Pênfigo vulgar: 0,5 – 1,5mg/kg/dia o Pênfigo foliáceo: prednisona 0,5mg – 1mg/kg/dia (dose menor) Se não houver controle em 2 semanas: aumentar a dose para 2mg/kg/dia ou fazer pulsoterapia com metilprednisolona 1g EV – 5 dias O professor prefere fazer a pulsoterapia, porque se o paciente tiver 70 kg, por exemplo, vai ter que tomar 140mg/dia e cada comprimido tem 20mg, ou seja, o paciente terá que tomar 7 comprimidos (é muito incômodo) Adicionar: Antiparasitários, quando for prescrever corticoterapia, porque pode causar uma oclusão intestinal devido ao Strongyloides Vitamina D e cálcio, porque uma das complicações da corticoterapia é a osteoporose Omeprazol para proteger o estômago Controlar sempre a pressão arterial e a glicemia porque você vai dar uma dose muito alta de corticoide (se for diabético geralmente tem que usar insulina); sempre tratar qualquer infecção antes de iniciar o corticoide 2ª linha: Pode adicionar ou complementar a corticoterapia com as seguintes drogas:
Azatioprina (poupador de corticoide): 1-3mg/kg/dia o Iniciar com 50 mg (dose de 1 comprimido) o Usa nos casos mais complicados Micofenolato de mofetil: 35-45mg/dia → Raramente usa o Iniciar com 500mg Dapsona 100mg/dia → Geralmente usa para os casos mais leves; é mais barata Metotrexato
3ª linha
Rituximab (anti CD20+) → Anticorpo monoclonal o 4 infusões semanais de 375mg/m2 o Geralmente nos pênfigos graves não se faz corticoterapia associada a Rituximab, já se faz logo o imunobiológico Imunoglobulina EV 2g/kg/dia (5 dias) o Excluir deficiência IgA Ciclofosfamida 2mg/kg/dia
Plasmaferese
4. OBSERVAÇÕES O pênfigo foliáceo é sempre mais prático de tratar do que o pênfigo vulgar, pois esse pode deixar sequelas na boca (onde as lesões são persistentes). O micofenolato de mofetil é muito bom para lesões na boca. O pênfigo vulgar é grave e geralmente as pessoas morrem devido a uma infecção generalizada. São bolhas que deixam erosões e, assim, permitem a entrada para bactérias (mais preocupante ainda no hospital, que tem bactérias resistentes). Por isso sempre se utiliza antibioticoterapia associada com a corticoterapia. Geralmente se faz uma pulsoterapia. 90% responde, mas os casos mais difíceis são utilizados os imunobiológicos (anti-CD20). Temos a forma endêmica do pênfigo foliáceo (Fogo Selvagem), em Mato Grosso. Estão achando que um inseto estimula, como um gatilho, o desenvolvimento da doença. As pessoas dessa região têm muito anticorpos anti-Ig4 na imunofluorescência direta e nesse sentido se acha que há uma predisposição genética e ambiental. Onde estamos, ocorrem as formas clássicas. Pergunta: Porque a doença seria mais grave nos indivíduos com AIDS se a doença é autoimune e o uso de corticoide visa diminuir a resposta imunológica? Porque tem relação com o número de linfócitos T CD4. Geralmente se o número de LT CD4 é menor que 200, as formas das doenças são mais graves, seja ela viral, bacteriana ou autoimune....