AUTO DA Visitação gil vicente PDF

Title AUTO DA Visitação gil vicente
Author Gabriela Gomes
Course português
Institution Faculdade Regional de Filosofia, Ciências e Letras de Candeias
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Summary

Resumo de auto da visitação de gil vicente. retirado de um blogue e adaptado para estudo da obra de gil vicente...


Description

AUTO DA VISITAÇÃO O Auto da Visitação trata do Poder, do controlo e perpetuação do Poder no início do século XVI, na aparência do Poder em Portugal e na Península Ibérica, mas acima de tudo trata do Poder numa Espanha em formação, dominada por Castela, a nação que já naquela época tinha adquirido uma grande hegemonia e se preparava para dominar a Europa. Em Portugal, Manuel I logo após ser aclamado rei, restaura um regime de poder baseado na nobreza senhorial, restaurando os senhorios e criando novos (com os forais novos), oferecendo privilégios a uma nova fidalguia que se multiplica por aderência ao Poder. Uma fidalguia pouco culta e sem grandes princípios éticos, que recebendo as rendas atribuídas sem dar nada em troca se instala ou junto da Corte, ou no sul de França ou em Veneza. O rei Manuel I nascido em Maio de 1469, terá 33 anos. Mas outros figurantes activos neste auto estão também presentes: as figuras da rainha Maria (tem 20 anos acabados de fazer) perto do berço do príncipe recém nascido e do rei; as figuras da avó e duas tias, respectivamente mãe (Beatriz) e irmãs de Manuel, Leonor de 44 anos — a rainha velha, viúva de João II — e Isabel de 43 também viúva, duquesa de Bragança. Perto do berço ou com a criança ao colo estará a sua Ama de leite. Além destes figurantes mais activos a quem a personagem principal se vai dirigir pessoalmente, haverá no mesmo espaço um conjunto de figurantes passivos - a nobreza portuguesa como público - que se distribuem pelo salão de modo a deixar um corredor entre a porta do salão (câmara) e o local onde se encontra a família real. Do lado de fora da porta, talvez semi-coberta com um cortinado, figuram alguns guardas com as respectivas armas. O actor, (Gil Vicente), terá agora uma idade entre 35 ou 36 e 44 anos, pois pode ter uma idade muito próxima ou igual à de Leonor, vai provocar algazarra e forçar a entrada. Entra com firmeza mas sentese ferido na sua dignidade. Prólogo O prólogo constitui a parte mais extensa da acção da peça, porque tendo apenas um actor, a sua intervenção será a de expor e caracterizar a acção dramática que se vai desenrolar... Sobre o sentido e significado desta acção dramática

Vejamos como se realiza e constrói conscientemente a acção do auto. Gil Vicente define com todo o primor (um termo do seu agrado), o espaço ou lugar, o tempo e a acção. A acção trata da perpetuação, sustentação do Poder no início do século xvi em Portugal, uma das potências europeias que protagoniza a expansão europeia para além do território estritamente europeu, a primeira nação a atingir e navegar no hemisfério sul, criando a tecnologia necessária e resolvendo cientificamente, questões fundamentais das ciências náuticas da época que desde sempre afugentara o homem de ir mais além. Lembramos que até ao regresso da expedição de Fernão de Magalhães (1522), da volta ao mundo, Portugal era desde 1470/71, a única Nação a navegar - de facto - a sul da linha do equador.

Em verdade a lei das três unidades, não existiria na época, segundo podemos ler no prefácio de Maria Helena Pereira à Poética de Aristóteles, Ed. Gulbenkian, 2004, só a partir da tradução de Castelvetro (de 1570), se consagrou erradamente tal lei nas leituras de Aristóteles. A Arte Poética de Horácio e depois a tradução de Castelvetro, sedimentou o erro durante séculos. Hoje, pensa-se que apenas a unidade da acção constitui, para Aristóteles uma regra. Contudo, resumindo ao essencial, ainda assim, verificamos aqui nesta primeira obra de Gil Vicente a unidade da acção, lugar e tempo:

- a unidade da acção, uma Visitação, a sustentação e perpetuação do poder; - o lugar, Portugal, o Palácio Real, no Salão do trono da Corte Portuguesa; - o tempo, a duração da sessão de Visitação, muito específica, no ano de 1502 (parte de um dia), onde se assiste à perpetuação do poder nas mãos das famílias mais poderosas, e aceite pelas cidades pelos seus representantes nas Cortes. Para construir a sua peça, Gil Vicente coloca a Corte na acção, no palco, com a presença dos principais familiares do príncipe recémnascido aí reunidos, não ocasionalmente, mas porque se vai realizar uma acção de Visitação. Os membros da Corte estão preparados para receber os representantes nomeados ou eleitos pelas populações das cidades, que lhes vem prestar a devida obediência, trazendo ofertas em géneros ao seu Senhor; ou para receber os inspectores da Cabaña Real de Castela. Como em muitos outros autos, as várias mensagens

fundem-se numa mesma forma multiplicando-se em aspectos específicos no conteúdo da peça. Podemos supor — afinal o que temos lido sobre Gil Vicente não tem passado de suposições, e o que vamos apresentar não interfere com a obra, nem com a sua leitura ou interpretação — portanto, conjecturando, que a nobreza já terá prestado a vassalagem devida, que terá realizado o beija-mão momentos antes, e que depois disso teremos a Visitação, uma surpresa preparada para a nobreza, o público. O acontecimento real, o que vai acontecer de facto em Julho de 1502, ao autor, Gil Vicente, pouco importa, porque ao criar a trama para a sua obra, o importante é o que vai ficar no seu auto, a acção, o mythos, aquilo que ele, autor, vai construir como realidade de facto da acção dramática: o mythos da acção de visitação, o acontecimento posto como âmago da sua peça. E é aí que está o novo Teatro, nesta invenção do acontecimento está a criação artística. Esta invenção apenas na sua forma aparente, a fantasia criada, se confunde com a realidade, mas de facto, configura no seu conteúdo a realidade histórica da época. Universo mythológico de Gil Vicente: da (1) burra que representa a Igreja, deriva o (2) burro que representa o Estado Pontifício; a continuidade (de contínuo) do fornecimento do alimento, a (3) Graça, pelo pão e vinho; o pai de todos que tem a cargo a burra, (4) Deus, pastor de pastores; etc.....


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