Barroco E Arcadismo PDF

Title Barroco E Arcadismo
Course Literatura Portuguesa e Brasileira
Institution Ensino Médio Regular (Brasil)
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aula sobre barroco e arcadismo...


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BARROCO E ARCADISMO O Barroco no Brasil: No Brasil, o Barroco resultou especialmente do confronto entra a realidade histórica vivida pelos senhores de engenho com uma absoluta ausência de moralidade, num desregramento sexual completo, entrando em choque com os ensinamentos da contrarreforma que os padres ministravam nos colégios destinados aos filhos dos latifundiários do açúcar. Assim, o homem barroco se encontra dividido: por um lado os valores terrenos do Renascimento; por outro, os valores espirituais herdados da Idade Média. O apogeu literário do Barroco deu-se em fins do século XVII, na Bahia durante o ciclo da cana, e alguns a consideram como primeira obra do movimento Prosopopéia, de Bento Teixeira. Medíocre poema épico, dedicado ao segundo donatário da capitania de Pernambuco, tem um valor meramente referencial. importante ressaltar que, na escola barroca, o sistema literário ainda não está plenamente formado. Em um século temos apenas duas manifestações que chegam a nossos dias com força claro que muitas outras existiram, mas se perderam no caminho. No caso de uma delas, Pe. Antônio Vieira, estamos falando de um pregador português. Em Gregório de Matos, temos muitos problemas de autoria, já que seus poemas eram, em sua maioria, orais. Portanto, o sistema literário genuinamente brasileiro só vai começar a surgir no século seguinte com os autores árcades. As palavras-chaves desse período são dualidade, carpe diem, bifrontismo e instabilidade. Características: A Arte da CONTRARREFORMA Homem dividido: conflito entre Corpo e Alma, Fé e Razão, Homem e Deus. Tema da Passagem do Tempo (Carpe Diem) Forma Tumultuosa e Linguagem Ornamental Conceptismo: ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada PADRE ANTONIO VIEIRA Cultismo: caracteriza-se pelo uso de linguagem como a metáfora e a hipérbole. GREGORIO DE MATOS é rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de linguagem, GUERRA GREGÓRIO DE MATOS GUERRA (1636-1696) Deixou uma obra poética vasta, muitas vezes de duvidosa autoria - já que muitos poemas eram orais e o autor não registrou, e foram escritos apenas após sua morte, por amigos e pela comunidade baiana. Estudioso de sua obra, Afrânio Peixoto fez uma edição crítica de seus poemas, mas não conseguiu recolher uma série deles, dispersos ou conservados pela tradição popular. Com os poemas disponíveis, podemos apontar três núcleos básicos em sua produção: Poesia Religiosa: Como lírico religioso, Gregório de Matos revela um poeta que se ajoelha diante de Deus, com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e que promete redimir-se. Trata-se de uma imagem constante: o homem ajoelhado, implorando perdão por seus erros, conforme podemos verificar no Soneto a Nosso Senhor.

Poesia Satírica: Filho de um universo decadente, o autor vingou-se realizando uma poesia mordaz. Tece uma feroz crítica social, tendo como principais algozes os homens públicos, os vícios coloniais e a economia da Bahia. Ninguém escapava de sua fúria corrosiva: fidalgos, militares, padres, senhores de engenho, escravos, mulatos. Daí a alcunha de Boca do Inferno que Lhe deram. Poesia Lirica: O lirismo do autor se define ora por um erotismo grosseiro, ora por um tom mais delicado, em que o sentimento vincula-se à ideia de passagem do tempo, de efemeridade de todas as coisas humanas. PADRE ANTÔNIO VIEIRA (1608 1697) É considerado o maior orador sacro da nossa história. Vinculado, por sua formação jesuítica, à ideologia da Contrarreforma, Vieira representa tipicamente o espirito barroco. Seus famosos Sermões apresentam um aspecto de ensinamento aliado a uma função moralizadora, além de um tom apocalíptico dos criadores mais radicais do período. Defendeu os indios, defendeu os cristãos-novos, combateu os holandeses e sonhou com um grande império, português e católico, cuja sede seria o Brasil. Usou a Bíblia para fazer observações contínuas sobre cotidiano do Brasil colonial. E fez isso numa linguagem vibrátil, conceptista", em que a eloquência decorre do uso de ricas imagens, da frequência de comparações e antíteses, do continuo jogo de ideias. Produziu mais de 200 Sermões. Apesar de ser português, sua obra pertence conjuntamente ao Brasil e a Portugal. O Arcadismo no Brasil: Surgindo em Minas Gerais, no apogeu do ouro, durante o séc. XVII (inclusive tendo vinculações com a Inconfidência Mineira), o Arcadismo brasileiro tornou-se responsável pelo surgimento de um sistema literário, isto é, uma relação regular permanente envolvendo autores, obras e público e leitor. Até então, nos primeiros séculos da colonização portuguesa, a ausência de um público regular e continuo impede o funcionamento deste sistema, sem o qual não existe a literatura como definidora de uma nação. Contexto Sociocultural: O Arcadismo é a primeira escola cujo sistema literário é integralmente brasileiro, sendo um importante movimento tanto para a formação da literatura nacional quanto para a construção de uma identidade brasileira. O Brasil dos anos 1700 já se configurava bastante distinto daquele que vimos no Quinhentismo no Barroco. O grande centro econômico que anteriormente era a Bahia - e, em extensão, o Nordeste - passa a ser Minas Gerais, local em que muitas riquezas são descobertas. Entre as agitações políticas próprias da época está a Inconfidência Mineira, na qual alguns poetas participaram ao lado de Tiradentes. Vinculação com o Iluminismo: As manifestações artísticas do século XVIII (Arcadismo ou Neoclassicismo) refletem a ideologia da classe aristocrática em decadência e da alta burguesia, insatisfeitas com o absolutismo real e do iluminismo, em seu primeiro momento conciliando os interesses da burguesia com certas parcelas da nobreza através de um fenômeno típico do século XVIII, o despotismo esclarecido com a pesada solenidade do Barroco. A filosofia e afirmando que todas as coisas podem ser compreendidas e decididas pelo poder da razão, assenta um golpe definitivo na visão barroca, baseada mais no sensitivo do que no racional. Imitação da Natureza: Para os árcades, a natureza adquire um sentimento de simplicidade, harmonia e verdade."Fugere urbem" (fugir da cidade) torna-se oprincípio da época. Cultua-se o "homem

natural", isto é, o homem que "imita" a natureza em sua ordenação, em sua serenidade e no seu equilíbrio. O bucolismo (integração harmônica do homem com a natureza) se torna um imperativo social. Esta aproximação com o natural se dá por intermédio de uma literatura de caráter pastoril. O Arcadismo representa, portanto, a existência de pastores na paz do campo. Imitação dos Clássicos: No Arcadismo, processa-se um retorno às requisitos exigia-se a imitação dos autores da Antiguidade, preferencialmente os pastores. Horácio, Virgilio e Teócrito são os mais imitados, mas Camões também não é esquecido. Estabelece-se assim uma convenção poética (uma verdadeira arte poética) que todos deveriam obrigatoriamente seguir. Entretanto, misturadas a essas convenções, os poetas buscavam retratar algum traço de brasilidade em suas obras para o indio, por exemplo, é conferido o "mito do bom selvagem" de Rousseau que afirma que todo homem nasce, por essência, bom - assim como o sentimento e o comportamento são mais espontâneos e menos eruditos do que os clássicos. Amor Galante: O amor perde o conteúdo passional e a impulsividade dissolvidos em pura que são galanteria, isto é, o amor se transforma num jogo de galanteios. Quando o poeta declara seu amor à pastora, ele faz de uma maneira elegante e discreta, exatamente porque as regras desse jogo exigem o comedimento, as maneiras recatadas, e porque o seu "amor" pode ser apenas o fingimento do próprio amor. Outras Características: • Combate aos exageros barrocos • Exaltação da simplicidade vivida no campo • Verossimilhança • Combate às riquezas materiais . Linguagem simples, direta e em versos sem rima (brancos). CLAUDIO MANUEL DA COSTA (1729-1789) Cláudio Manuel da Costa foi um caso curioso de poeta de transição. Em termos de escolha, ele se filia aos principios estéticos do Arcadismo, mas, em termos instintivos, não consegue superar as fortes influências barrocas e camonianas que marcaram a sua juventude intelectual. Racionalmente é um árcade, emotivamente, um barroco. Se os poemas de Cláudio Manuel da Costa estão cheios de pastores, o que indica o projeto de literatura árcade, os seus temas são quase sempre barrocos. Claudio Manuel da Costa também possuía um pseudônimo, Glauceste Satúrnio. Além disso, opoeta tinha uma preferência pelos sonetos de influência camoniana. Sua musa, pastora inacessível, é Nise. É considerado o inaugurador do movimento árcade. Também tentou a epopeia, num poema chamado Vila Rica, sem grande sucesso crítico. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (1744-1810) Em sua única obra lírica, Marília de Dirceu, mostra-se o árcade por excelência do início ao fim. O pastoralismo, a galanteria, a clareza, a recusa em intensificar subjetividade, racionalismo neoclássico, eis os elementos estruturadores do a poema de Gonzaga. Marília de Dirceu é autobiográfico dentro dos limites que as regras árcades impunham à confissão pessoal. O poeta estava ligado às concepções rígidas do Arcadismo e isto explica em parte o seu comedimento amoroso. Apesar de seus defeitos, sobra em Gonzaga um encanto que é a maneira graciosa e singela com que ele se expressa.

Mesmo a frivolidade reveste-se de uma forma simples e envolvente. Alguns enxergam em sua obra traços pré-românticos. Um dos momentos mais famosos de sua lírica é quando afirma a Marília o seu ideal doméstico (aurea mediocritas). BASÍLIO DA GAMA (1741-1795) A obra O Uraguai faz apologia à expedição imperial enviada ao Sete Povos das Missões, depois do Tratado de Madrid de 1750, para desalojar os indios e os jesuítas. Basílio da Gama dispunha-se a valorizar, acima de tudo, o Marquês de Pombal, responsável pela medida. Paralelamente, desejava mostrar o conflito entre o racionalismo europeu e o primitivismo indígena. O projeto de Basílio acaba se tomando paradoxal em termos racionais, ele coloca ao lado dos europeus, mas, em termos sentimentais, simpatiza-se com os indios. (Vale lembrar aqui que o mesmo conflito está presente na novela A Fonte, capítulo que integra o livro O Continente, de Erico Verissimo). As razões dos indios são muito mais convincentes que as dos soldados imperiais, de tal forma que sentimos a grandeza épica não nos europeus e sim nos indígenas. A perigosa contradição em que se envolve Basílio da Gama, glorificando tanto o conquistador europeu como o indio colonizado, é equacionada pela crítica feroz a um terceiro elemento: o jesuíta. São eles os "vilões" da obra. Já no poema, o único jesuíta que aparece, padre Balda, é ambicioso e pérfido. Não satisfeito, o autor se vale de notas explicativas em profusão, nas quais acusa os padres como responsáveis pelo conflito. Além disso, a obra é considerada uma inovação em termos formais, já que o estilo marcado por versos brancos e pela estrofação livre não era comum na época. Por fim, o tom dado ao poema já se aproxima da Geração Romântica Indianista....


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