Cidade Negra Pensamento PDF

Title Cidade Negra Pensamento
Course filosofia
Institution Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
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Summary

Redação relacionando a música "Pensamento" da banda "Cidade Negra" com o pensamento filosófico....


Description

Os Filósofos pré-socráticos Pensamento Você precisa saber O que passa aqui dentro Eu vou falar pra você Você vai entender A força de um pensamento Pra nunca mais esquecer Estou sem lenço e o documento Meu passaporte é visto em todo lugar Acorda meu Brasil com o lado bom de pensar Detone o pesadelo pois o bom Ainda virá O tempo voa rapaz. Pegue seu sonho rapaz A melhor hora e o momento É você quem faz (Cidade Negra)

“Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida” (Heráclito de Éfeso)

“As coisas que se pode ver, ouvir e conhecer são as que eu prefiro” (Heráclito de Éfeso)

Qual o objetivo de realizarmos estudos sobre a filosofia pré-socrática? O que nós, jovens do século XXI, podemos aprender com filósofos do século VI a.C.? A primeira resposta para tais questões parece não ser tão óbvia. Alguns podem e talvez até continuem pensando que não nos interessa em nada o que afirmaram e investigaram tais filósofos. Isso ocorre e não é apenas com um ou dois jovens na nossa realidade. É um problema generalizado. É fruto de um processo histórico que coloca a possibilidade de pensar sobre como nos tornamos o que somos apenas para alguns seres “especiais”, “escolhidos”, “iluminados”. Somos marcados por uma dicotomia (oposição) entre pensamento e ação. Difundimos a ideia de que a prática pela prática é possível. A prática só se realiza pela contemplação, pela teoria, que ela mesma é provocada pela prática e se transforma constantemente. Aqueles que acreditam e querem que a prática prevaleça é necessariamente apenas um instrumento de execução de um contemplador, de um sujeito teórico. Isso não quer dizer que quem contempla apenas medite sobre as coisas. A teoria só é possível advinda de alguma prática, e é por isso que prática só é possível com teoria e a teoria com a prática. Assim, todo conhecimento é teórico e prático. Os conceitos das teorias adentram nas práticas humanas, seja na construção de um instrumento, seja em um comportamento, uma ação social ou sentimento diante do mundo. É muito difícil agir de acordo com o pensamento, mas não é impossível. Fomos cultivados para agir de acordo com o que os outros pensam e pensaram, espiando o modo de ser, sentir e pensar. Olhar o mundo como que pela primeira vez e buscar as próprias respostas é algo considerado lunático, despropósito. O melhor a fazer é reproduzir estereótipos, é tornar vigente a repetição do mesmo. “Os analfabetos do século XXI, não são os que não sabem ler, mas sim, os que não sabem desaprender e reaprender de novo”. De acordo com Nietzsche em “A Filosofia na era trágica dos gregos” (2012, p. 32), o filósofo não é um caminhante solitário, entregue ao acaso em meio a um ambiente hostil, passando – ou às furtadelas (esquivando-se) ou abrindo caminho com os punhos crispados (contraído) – através da multidão. A tarefa que o filósofo deve realizar dentro de uma cultura tem relação com a alegria da descoberta, sendo ele o solene mensageiro dessa cultura. A filosofia pré-socrática, surgida na Grécia por volta do século VI a.C., é considerada o berço da filosofia e da ciência ocidental. E, nesse sentido, é o berço de nosso conhecimento aqui no Brasil. Isso porque nela está contido o primeiro indício de uma tentativa de explicação da vida, do mundo e seus fenômenos, sem recorrer às narrativas míticas. De outro modo, esses amantes do conhecimento, desbravadores de Sophia , encararam a natureza como algo em si, carregada de sentido, o que eles denominavam physis. Quer dizer, a única forma de conhecer o mundo é conhecer a natureza, ou seja, a realidade das coisas, não aquela pronta e acabada, mas a que se encontra em movimento e transformação, a que nasce e se

desenvolve, o fundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo brota e para onde tudo retorna. Pela primeira vez os seres humanos não procuram a realidade das coisas no disfarce, na metamorfose escondida ou fora da totalidade que é a natureza. Esses primeiros filósofos são filósofos da imanência. A explicação sobre a transformação da realidade, a ordenação do cosmo, é dada pela busca de um princípio material, a arché, que seria um princípio que deveria estar presente em todos os momentos da existência de todas as coisas, no início, no desenvolvimento e no fim de tudo. Princípio pelo qual tudo vem a ser. Princípio que não transcendia o cosmo, o universo, mas que se encontrava nele e poderia ser conhecido pela contemplação, pela teoria, pelo logos, isto é, pela capacidade de através da fala e da escrita encontrar racionalmente as respostas. Isso, vocês percebem, se contrapõe totalmente das explicações proposta pelos mitos. Os mitos narravam o sentido do mundo através do discurso da origem das coisas e dos fenômenos através de realidades divinas, realidades antropomorfizadas. Dessa forma, Tales de Mileto (aprox. 625-547 a.C.) foi o primeiro filósofo, pois, encarou o mundo e não viu ali deuses, mas – a água como arché da physis, do cosmo. Com esses pensadores não aprendemos somente teoria do conhecimento. A maneira como guiaram suas vidas, unindo pensamento e ação, é também um marco Ético. Ao conceberem a explicação e entendimento do mundo a partir do próprio mundo, se depararam com a necessidade de criar um conjunto de relações com o mesmo. É nesse sentido que os pré-socráticos, investigadores da ordem natural, foram também legisladores de suas cidades, políticos preocupados com a organização da sua sociedade e modelos de uma experiência de vida que exigia um grande conhecimento da natureza, não para dominá-la e controlá-la, mas, sobretudo, para garantir harmonia entre as forças desconhecidas e o humano. Esses pensadores e criadores de significados possuíam esse entendimento devido olhar o ser humano não como algo fora da physis, mas como a própria manifestação da physis. Uma vez que esta era ordenada e dotada de sentido, o humano só poderia conhecê-la devido também ser dotado de sentido e ordenação. Porém, isso se diferencia do que chamamos de Ciência moderna. A ciência moderna com seu ímpeto de tudo conhecer para prever e controlar criou nos tempos atuais uma “desarmonia” com a totalidade, a natureza. Com a falsa ideia de progresso, que só se realiza para poucos (poucos indivíduos, poucas nações), domestica a natureza e procura extrair dela a todo custo lucro e bem-estar (lucro e bem-estar também para poucos indivíduos e poucas nações). O que fica de original e significativo do ensinamento dos pré-socráticos é a compreensão de que tudo pode ser explicado pela natureza e que podemos entendê-la porque também somos natureza, physis em um cosmo infinito. E o mais importante, talvez não seja conhecer para controlar e domesticar, e sim procurar o sentido da vida na cidade, é procurar o sentido da liberdade na sociedade. É legislar com os outros sobre o melhor para todos, para a totalidade, tanto da natureza, quanto humana. Portanto, esses pensadores nos ensinam a tarefa da filosofia atual, qual seja, realizar a crítica da cultura de nosso tempo, proceder com análises e investigações sobre como se organiza nossa relação com o mundo e com os outros, e avaliar os valores que norteiam a experiência de vida e o sentido da nossa ação no mundo....


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