Circulatorio - Doenças do sistema cardiovascular de equinos. PDF

Title Circulatorio - Doenças do sistema cardiovascular de equinos.
Author Ariane Ari
Course Clínica De Grandes Animais I
Institution Universidade do Anhembi Morumbi
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Doenças do sistema cardiovascular de equinos. ...


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Clínica de Grandes Animais I - Equinos SISTEMA CARDIOVASCULAR As doenças do sistema cardiovascular nos equinos são consideradas pouco comuns quando comparadas a outras espécies. Logicamente existem importantes afecções, principalmente nos cavalos atletas que requerem o máximo de desempenho deste sistema. Podemos dizer que os cavalos são naturalmente atletas já que sua reserva cardíaca é notavelmente superior a qualquer espécie animal. Enquanto a frequência cardíaca durante o repouso pode variar de 30 a 40bpm, durante o exercício, a frequência máxima pode chegar a 240bpm, sem qualquer prejuízo à saúde. Em conseqüência a esta reserva, a maioria dos sinais clínicos frequentemente encontrados em outras espécies animais com disfunção cardiovascular podem ser perceptíveis nos cavalos apenas em estágios avançados e que culminem em comprometimento durante o repouso. Atualmente avanços com a utilização de esteiras minimizaram o mau diagnostico de muitas disfunções deste sistema, frente a habilidade em avaliar os animais durante o esforço físico. Não minimizando a importância dos problemas cardiovasculares primários, as disfunções secundárias como: edemas, tromboflebites, distúrbios hidroeletrolíticos e endotoxemia são mais comuns ao veterinário clínico e, portanto merecem atenção.

DOENÇAS VASCULARES GENERALIZADAS Edema é um acúmulo excessivo e anormal de líquido no interstício. Esta alteração é comum nos equinos e pode estar relacionada a uma grande variedade de afecções. Em qualquer que seja a origem da formação do edema, sabe-se que as alterações na pressão hidrostática e na pressão osmótica promovem o movimento de água e solutos cristalóides no espaço intersticial. Normalmente a remoção do líquido presente no interstício é realizada pela drenagem linfática, somada ao movimento muscular e à absorção venular. A alteração em qualquer um destes mecanismos, assim como na integridade do epitélio semipermeável dos pequenos vasos pode causar um extravasamento de água para o interstício, consequentemente forma-se o edema. Desconsiderando a formação de edema que pode ocorrer fisiologicamente nas éguas prenhes no baixo ventre e membros assim como edemas traumáticos existem algumas afecções mais importantes que causam esta entidade. 1. EDEMA DE MEMBROS POR CONFINAMENTO – o pouco movimento dos animais que permanecem muito tempo confinados em baias pode acarretar edema de membros. História – cavalos que permanecem por longos períodos em baia, mas que melhoram os sinais após o trabalho. Sinais clínicos – ao exame físico pode se observar inchaço distal dos membros, normalmente posteriores ou os quatro membros locomotores. Quando se realiza a palpação pode-se notar presença de inchaço frio, ausência de dor e prova de godet positiva. Deve-se realizar uma minuciosa inspeção para verificação da ausência de feridas ou lesões. Tratamento – alteração de manejo deixando o animal mais tempo solto para auxílio da drenagem linfática somada ao movimento muscular que serve como “bomba”. Pode-se utilizar pomadas frias para estimulo da drenagem e inibição da perda de líquidos para o

Prof. Dr. Neimar Roncati

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Clínica de Grandes Animais I - Equinos interstício (produtos á base de dimetilsulfóxido, mentol, cânfora, salicilato de metila). Também pode-se ligar os membros durante o período noturno com algodão embebido em água vegeto-mineral e liga de descanso. 2. PÚRPURA HEMORRÁGICA (VASCULITE) – Esta é uma reação inflamatória que acomete a parede dos vasos sanguíneos e que esta associada a uma reação de hipersensibilidade frente à formação de reação antígeno anticorpo consequente a infecções prévias, bacterianas ou virais. Frequentemente esta afecção esta relacionada a infecções pelo Streptococcus equi (garrotilho), assim como em consequência a arterite viral, influenza e pneumonias por rhodococcus. História – principalmente casos de garrotilho 2 a 4 semanas antes ou infecções respiratórias por outros agentes. Sinais clínicos – lesões cutâneas e de mucosas, principalmente nas regiões distais dos membros e abdômen ventral. Freqüentemente nota-se eritema e edema (quente e doloroso devido à inflamação), em conseqüência ao extravasamento de líquido e hemáceas para o interstício, podendo progredir para formação de crostas e úlceras. Dependendo da gravidade das lesões os cavalos tendem a ficarem estáticos relutando à movimentação. Outros sintomas sistêmicos podem estar presentes como: febre, taquicardia e taquipnéia, anorexia, depressão e perda de peso. O diagnóstico pode ser fechado frente ao histórico e exame físico, mas havendo necessidade de diagnóstico diferencial pode-se realizar a biópsia de pele, que pode revelar a presença de infiltrado eosinofílico, danos no endotélio vascular e necrose. Tratamento – o mais importante é a remoção da estimulação antigênica e inibição da resposta imune anormal, além da diminuição da inflamação dos vasos e tratamento de suporte. Como a principal causa da púrpura é a infecção prévia por Streptococcus equi, antibioticoterapia a base de penicilina é indicado (20.000 a 40.000UI/kg, IM, BID). A utilização de corticóides é indicada, sendo uma boa escolha a utilização de dexametasona (0,05 – 0,2mg/kg, IV ou IM, SID). O tratamento de suporte pode incluir hidroterapia para diminuição dos edemas, caminhar como forma de fisioterapia e aplicação de bandagens compressivas. 3. BABESIOSE EQUINA (PIROPLASMOSE) – A Babesiose é uma doença transmitida por carrapatos e causada por dois protozoários distintos, a Babesia equi (ou Theileira equi) e a Babesia caballi , sendo que os equídeos podem ser parasitados por ambas as espécies de babesia concomitantemente. A principal forma de transmissão é através de vetores biológicos como algumas espécies de carrapato, mas raras descrições já referem-se a transmissão transplacentária da Theileria equi. Esta doença tem sido considerada endêmica em muitas regiões brasileiras e de diversos outros países. Pelas inúmeras perdas econômicas e diretamente relacionadas ao desempenho atlético dos animais, que inclusive podem vir a óbito, vem sendo considerada a mais importante parasitose dos equinos. História – normalmente a reclamação principal refere-se a perda de desempenho, além de apatia, diminuição do apetite e inchaço dos membros e prepúcio nos machos. Sinais clínicos – os principais sintomas facilmente observados além da apatia e perda de rendimento é o edema frio de membros ou prepúcio, além de icterícia das mucosas oculares principalmente e febre. Esta febre pode variar de média a alta, mas normalmente tem relação com ciclos diários, apresentando, por exemplo, picos febris ao final das tardes. O diagnóstico presuntivo clínico é bastante válido, mas exames complementares ao Prof. Dr. Neimar Roncati

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Clínica de Grandes Animais I - Equinos diagnóstico, como esfregaço sanguineo para observação direta dos protozoários, assim como provas sorológicas como Fixação de Complemento e cELISA podem auxiliar para determinação diagnóstica. Tratamento – o foco do tratamento baseia-se na destruição dos protozoários, portanto a aplicação de antiprotozoáricos como o Dipropionato de Imidocarb é indicado (4,0 mg/kg, SID, IM, por três dias consecutivos). A posologia de aplicação pode ter relação com o tipo de babesia presente, haja visto que infecções por Theileria equi são mais agudas e preocupantes, requerendo doses ou intervalos de aplicações diferentes do que infestações por Babesia caballi. O auxílio na melhoria das condições fisiológicas do animal são importantes, como a utilização de antitérmicos, fluidoterapia e em casos graves, com severa anemia presente até transfusão sanguinea.

DOENÇAS VASCULARES LOCALIZADAS Existe uma grande variedade de afecções que podem acometer os vasos sanguíneos, talvez com mais relevância clínica do que as afecções cardíacas. Dentre importantes achados podem-se destacar problemas como ruptura de grandes vasos, como por exemplo, a ruptura da aorta abdominal relatada em cavalos de corrida. Não só esta afecção como outras de origem neoplásicas, aneurismas, são raramente encontradas nos equinos e na maioria das vezes são achados pós morte e que não permite ao clínico tentativas terapêuticas. 1. TROMBOFLEBITE – esta é uma afecção adquirida, normalmente por processos iatrogênicos como cateterismo ou venopunção repetitiva por agulha causando inflamação e trombose de vasos, mais frequentemente a veia jugular. Histórico – utilização repetitiva da veia para aplicação de medicamentos ou administração de fármacos irritantes. Sinais clínicos – é facilmente perceptível através do exame físico e palpação a tumefação do vaso acometido, além de calor e dor dos tecidos perivasculares. A oclusão da veia por trombose resulta em distensão da mesma e edema da região drenada pela região anatômica da veia. Exames complementares - Laboratorialmente quando se realiza o hemograma pode-se notar hiperfibrinogenemia e leucocitose neutrofílica. Para confirmação da trombose e avaliação da extensão das lesões pode-se requerer um exame ultra-sonográfico. Tratamento – o tratamento local é o mais indicado através da realização de compressas quentes, podendo ser utilizado pomadas antiinflamatórias (dimetilsulfóxido) ou descongestionantes (Reparil®, Gelopan®) além de heparina como, por exemplo, o Trombofob®. Muitas vezes o vaso pode ser comprometido irreversivelmente e ramificações colaterais compensam a lesão.

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