Criação de uma reportagem a respeito do caso Eloá PDF

Title Criação de uma reportagem a respeito do caso Eloá
Course Oficina de Leitura e Produção de Textos I
Institution Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
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Como assunto para analisar os gêneros jornalísticos e a influência das mídias escolhemos o caso Eloá: um sequestro que ocorreu de 13 a 17 de outubro de 2008 e que impactou completamente o país. O sequestro que superou as 100 horas de duração teve como vítimas as adolescentes Eloá Cristina Pimentel –...


Description

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS Letras – Tecnologias de edição - 2º período Disciplina: Oficina de leitura e produção de textos Docente: Drª. Mirian Sousa

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20 10 Caso Eloá – Reportagem resume o caso do sequestro em Santo André. Podomatic, 2008. Disponível em: < https://www.podomatic.com/podcasts/radiovozesdacidade/episodes/2008-1114T11_12_07-08_00>. Acesso em: 04 de abril de 2019. BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificações e interações.2011. SP: Cortez. BRECHT, Bertolt. O rádio como aparato de comunicação: Discurso sobre a função do rádio. Disponível em: . Acesso em 04 de abril de 2019. CASO Eloá (2008) – O desfecho. Youtube, 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GJuRJysBG0s>. Acesso em: 04 de abril de 2019.

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DIANA, Daniela. Gênero Textual Reportagem. Toda matéria, 2019. Disponível em: . Acesso em: 04 de abril de 2019. JESPERS, Jean-Jacques. Jornalismo Televisivo.1998. Coimbra-Portugal: Minerva QUEM matou Eloá?: a mídia e a violência contra a mulher. CartaCapital, 2016. Disponível em: . Acesso em: 04 de abril de 2019. SEQÜESTRO de Eloá e Nayara: cobertura completa. G1, 2008. Disponível em: . Acesso em: 04 de abril de 2019. Como assunto para analisar os gêneros jornalísticos e a influência das mídias escolhemos o caso Eloá: um sequestro que ocorreu de 13 a 17 de outubro de 2008 e que impactou completamente o país. O sequestro que superou as 100 horas de duração teve como vítimas as adolescentes Eloá Cristina Pimentel – morta por tiros efetuados pelo exnamorado e sequestrador Lindemberg Fernandes Alves, e sua amiga Nayara Rodrigues da Silva também mantida refém mas que sofreu ferimentos leves. Após o incidente e com a abertura das investigações, gerou-se um debate fervoroso sobre como a mídia influenciou e “espetacularizou” o crime, e como a polícia não se manifestou rapidamente para a sua resolução – sendo hoje considerado um dos sequestros com maior tempo no Brasil. Observando agora da perspectiva que é o foco deste trabalho, analisaremos como eram as maneiras e obstáculos de três veículos da época para transmitir tais informações, identificando suas características como gêneros jornalísticos.

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1. O rádio como veículo. Pensar nos gêneros jornalísticos é desenvolver um raciocínio que extrapola os limites da manchete. Cada um assume suas próprias características, todavia é essencial atentar-se ao contexto em que se inserem. Ou seja, compreender o modelo de um texto jornalístico requer um trabalho de análise minuciosa, considerando muitos aspectos, como a causa do acontecimento, o local e a própria presença da mídia – sendo está muito presente no Caso Eloá. O acontecido chocou o país à medida que se desenrolava. O rádio, extremamente consumido na época, é um dos componentes que devemos considerar para levantar questões sobre o assassinato de Eloá. Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão, ofereceu reflexões importantes acerca da atividade radiofônica. Em relação ao surgimento do rádio, o autor retrata: “No começo, o homem contentou-se com a ausência de reflexão em torno do assunto. Ele olhava em torno de si, procurando por algum lugar onde algo era dito a alguém, e buscava imiscuir-se ali e, concorrencialmente, dizer algo a alguém. Foi esse papel de representante que o rádio desempenhou em sua primeira fase – representante do teatro, da ópera, da audição musical, de palestras, do caféconcerto, da imprensa local etc.” (1920)

De acordo com o teórico, o rádio tem seu surgimento e disseminação de forma inicialmente intimista, aliando-se ao entretenimento da época. Posteriormente, visualizando a necessidade de expansão, o veículo em questão começa a demonstrar os primeiros sinais de um aparato de distribuição. Ademais, o autor propõe uma nova fase para o rádio: “O rádio seria o mais admirável aparato de comunicação que se poderia conceber na vida pública, um enorme sistema de canais; quer dizer, seria, caso ele se propusesse não somente a emitir, mas também a receber; ou, não apenas deixar o ouvinte escutar, mas fazê-lo falar; e não isolá-lo, mas colocá-lo numa relação.”

As considerações do autor nos fazem refletir sobre o papel social do rádio e como a sua existência é influenciadora para a opinião pública, sendo assim, é necessário considerar e fazer uma análise complexa em relação ao veículo, considerando-o não de forma literal, mas pensando em seu contexto e seus desdobramentos. Em relação aos demais veículos jornalísticos – como a televisão e os textos escritos, o rádio possui diferenças claras. Neste os recursos coesivos estão disponíveis apenas na fala, já que o veículo se ausenta de fotografias, vídeos e textos escritos. Caso compararmos os veículos, é perceptível a potencialidade do rádio de comunicar informações, já que acessa uma quantidade limitada de recursos. No início do áudio, podemos observar a utilização de gritos e outras vozes que não a do radialista. Este uso cria a atmosfera de complexidade do caso, convidando o ouvinte a acompanhar a situação que vai se agravando. Uma outra característica marcante na transmissão da Rádio Vozes da Cidade é a narrativa com frases curtas, exatamente para facilitar a compreensão do ouvinte. Em

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relação a este aspecto, é interessante retomar a ideia de que o rádio não possui outros recursos coesivos além do próprio áudio. Por isto, utilizar a linguagem de forma clara e objetiva é o que possibilita alcançar o objetivo da cobertura. Podemos observar com clareza os períodos curtos em toda a faixa: “A fúria do metalúrgico começou à uma e meia da tarde de segunda-feira. Lindemberg invadiu a casa da ex-namorada Eloá. Ela fazia um trabalho com um grupo de colegas. A polícia chegou sete horas depois e passou a negociar com o sequestrador. Duas horas mais tarde, dois garotos foram libertados.”

A linguagem simples, os períodos curtos e uso de pronomes contribuem para a eficácia da mensagem, evitando abertura para entendimentos equivocados. Em suma, o rádio é um importante veículo de distribuição de informação, já que se comunica com o público da época e não exige exclusividade para ser consumido. Ou seja, o ouvinte pode acompanhar as transmissões sem dedicar-se inteiramente a isto e ainda assim compreender o desenrolar dos fatos, assim como no Caso Eloá.

2. A televisão como veículo. O texto apresentado no vídeo, possui características claras do gênero “Jornalismo expositivo e informativo”, cuja função é, exatamente, expor dados e informar à sociedade acerca de determinado fato. No entanto, encontramos também características do gênero “Jornalismo reportagem”, isto porquê, o texto citado inclui opiniões e interpretações de terceiros, entrevistas e depoimentos, além de análises de dados, causas e consequências. É importante ressaltar que um mesmo gênero pode conter diferentes tipos textuais. Da reportagem televisiva analisada podemos citar, por exemplo os tipos expositivos e descritivos. Uma das principais diferenças observadas, não somente nesse caso específico, mas na forma como os conteúdos televisivos, o que inclui programas jornalísticos, são produzido, está em sua sujeição ao “processo de espetacularização do discurso televisivo, que tende a fazer predominar entre as funções tradicionalmente atribuídas à televisão (informar, formar, divertir), a função do divertimento”. (JESPERS, 1998, p.74). Na transmissão ao vivo, a televisão utiliza-se de uma de suas potencialidades mais relevantes, a instantaneidade, que afere uma aura de urgência à cobertura. Outra estratégia é a utilização de vinhetas visuais e sonoras, que despertam o telespectador, já que geralmente elas estão associadas às informações trágicas. Charles Bazerman sugere que, as pessoas criam realidades e significação, relação e conhecimento, fazendo uso de textos. (BAZERMAN, 2011, p.19). Se formos levar em consideração o apelo utilizado pela tevê, com suas gravações minuciosas e simultâneas, coberturas em tempo integral e novas atualizações a todo momento, como foi no caso do Sequestro de Eloá, haveremos também de concordar com Bazerman quando ele diz que “cada texto se encontra encaixado em atividades sociais estruturadas e depende de textos anteriores que influenciam a atividade e a organização social”. (BAZERMAN, 2011, p.22)

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A sociedade brasileira parou durante aquela fatídica semana para acompanhar cada detalhe do evento, até seu trágico desfecho, influenciando, assim, suas atividades sociais. Porém, antes disso, eles acreditaram em um texto. “Fatos sociais são as coisas que as pessoas acreditam que sejam verdadeiras e, assim, afetam o modo como elas definem uma situação”. (BAZERMAN, 2011, p.23)

Diversas críticas foram levantadas à época da tragédia, posto que a cobertura midiática exacerbada possa ter contribuído de forma negativa, interferindo, inclusive, no trabalho da polícia. Acredita-se ainda que, as reportagens feitas contribuíram para o desfecho trágico. No entanto, o tom sensacionalista, não descaracteriza o texto tele jornalístico de seu caráter expositivo e informativo, principalmente. Em entrevista a CartaCapital, a diretora Lívia Perez, do Documentário “Quem matou Eloá?” disse as seguintes palavras: “Em primeiro lugar, o crime não deveria ter sido noticiado, pois esta é normalmente a conduta em casos de sequestro: o crime só é noticiado após a resolução, a fim de evitar qualquer tipo de interferência.”

A imprensa não só noticiou como explorou intensamente o sequestro na ânsia de conseguir um furo. Praticamente todas as tevês abertas e os principais jornais do estado entrevistaram o sequestrador durante o crime. Alguns deles o fizeram ao vivo com jornalistas e repórteres se posicionando como negociadores. Além disso, houve uma postura muito machista por parte da imprensa que enalteceu a personalidade do criminoso e romantizou o tipo de crime que era praticado naquele momento.” Portanto, o gênero jornalístico apresentado no vídeo, tal como outros gêneros, afeta a vida das pessoas e suas atividades sociais. A televisão, em especial, possui artefatos que chamam muito mais a atenção do telespectador e possibilita uma maior interação com ele, induzindo-o a acreditar ainda mais no texto, além de se envolver com a história exposta ali. 3. A internet como veículo. Se tratando da notícia é preciso um pouco mais de observação. Qual seria a intenção por ela pretendida? Certamente, a de nos informar sobre uma determinada ocorrência. Trata-se de um texto bastante recorrente nos meios de comunicação de uma forma geral, seja impressa em jornais ou revistas, divulgada pela Internet ou retratada pela televisão. Assim sendo, como a notícia pauta-se por relatar fatos condicionados ao interesse do público em geral, a linguagem necessariamente deverá ser clara, objetiva e precisa, isentando-se de quaisquer possibilidades que porventura tenderem a ocasionar múltiplas interpretações por parte do receptor.

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Diante do que foi exposto, uma característica pertinente à linguagem jornalística é exatamente a veracidade em relação aos fatos divulgados, predominando o caráter objetivo preconizado pelo discurso. Ao tratarmos de notícias divulgadas na internet, é preciso levar em consideração as bolhas sócias. Que na exemplificação mais ilustrativa se trata de um algoritmo para que as informações, notícias e outros conteúdos mais semelhantes programados baseados em nossas pesquisas e posts, apareçam para o usuário com mais frequência. Com a internet as sociedades passaram a experimentar recursos e possibilidades infinitas de informação e comunicação, mas até que ponto essas são a tal liberdade de expressão e o conhecimento sem fronteiras ou a manipulação de informações e até mesmo de pessoas? Um dos erros mais comuns que é citado pelos especialistas é o fato do internauta acreditar nos conteúdos compartilhados ou publicados sem nem mesmo verificar a credibilidade da fonte e principalmente acreditar que todos os resultados de pesquisas no Google são corretos....


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