Ficha de Leitura Martius, Carl F PDF

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8ª Ficha de Leitura (Aula 15 - 28/06): MARTIUS, Carl F. P. von. Como se deve escrever a História do Brasil. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, 24, pp. 389-411, 1845. Tema: A escrita da História do Brasil 1. Ideias gerais sobre a História do Brasil e o papel do historiógrafo: O autor aponta que para a escrita da História do Brasil, é necessário compreendê-la dentro de um contexto maior que acompanha o desenvolvimento do homem, tendo como base para a formação do homem brasileiro a junção das três raças. O português conquistador foi quem deu as condições necessárias para que o país se tornasse independente, entretanto os indígenas e os negros também foram determinantes para a formação da sociedade atual. Ainda para ele, a História do Brasil e de suas localidades deve ser pensada em conjunto com a História universal, fazendo parte de um grande contexto único. Por fim, afirma que o historiógrafo/historiador tem a função de difundir os pensamentos contemporâneos de patriotismo, sendo de sua responsabilidade reconhecer e reanimar as virtudes cívicas. 2. O papel do índio da História do Brasil: O autor parte do princípio de que para compreender a história indígena, o historiador deve ir além do momento da colonização, pesquisando, pois, momentos anteriores a esse acontecimento. Isso faz-se necessário, uma vez que tais estudos possibilitariam compreender a formação do estado moral e civil dos povos. Para uma boa análise, Martius afirma ser necessário compará-los com outros grupos de mesma raça, estudar a língua dos índios, sobretudo a tupi - considerada uma língua geral -, seus mitos e superstições e suas relações sociais e jurídicas. Martius reconhece que há poucas fontes para pesquisar sobre os indígenas, por isso o autor afirma que deve ser feito todo o esforço possível para que sejam descobertos novos vestígios, desde o financiamento para pesquisadores até a derrubada de grandes florestas inacessíveis. 3. O papel do negro na História do Brasil: O autor brevemente aborda nesse trecho de sua tese que o papel do negro só pode ser compreendido através do estudo das condições dos negros escravizados quanto a costumes, opiniões, preconceitos, conhecimentos, defeitos e virtudes. Ademais, o autor afirma ser de suma importância estudar a influência da colonização portuguesa na África, visto que esses colonizadores entraram em contato com os negros africanos escravizados antes de chegarem ao Novo Mundo. 4. O papel do português na História do Brasil: Para a compreensão do papel do português, é preciso também pensar no papel da metrópole na História do Brasil, sendo que essa só foi desenvolvida devido àquela, pois sofreu influências políticas (sobretudo nas câmaras municipais),

econômicas e culturais (como o elemento cruzadista/militar apontado pelo autor). As ciências e as artes brasileiras, as escolas e o ensino da mãe-pátria também são apontadas como reflexos da vida europeia. O autor foca seu texto na apresentação de métodos de abordagem e de escrita da História do Brasil. Ele afirma que, para se escrever uma história fidedigna a realidade, é necessário que seja pensado na junção das três raças como algo positivo. Tal construção da identidade do brasileiro deve ser interpretada através da análise dos papéis desempenhados por cada uma das raças dentro da sociedade brasileira até então, sobretudo durante o período da colônia. Para isso, o autor apresenta como cada uma das raças deve ser analisada, focando sempre naquilo que acredita ser reflexo de uma História universal sobre a História do Brasil. Questão: Como o modo de escrever a História apresentados por Carl von Martius influenciaram na historiografia das décadas seguintes, sobretudo até a década de 1930? R: A historiografia que se seguiu após o lançamento da tese de von Martius pelo IHGB seguiu a ideia de uma junção das três raças para a formação do povo. Dois exemplos claros são Gilberto Freyre, que defendia uma importância no papel do negro e do indígena na formação do povo brasileiro, apontando a miscigenação das raças como algo benéfico, e Sérgio Buarque de Holanda, o qual acredita que tal miscigenação apenas trouxe fatores negativos para o povo brasileiro....