Fichamento- A Guerra não tem Rosto de Mulher PDF

Title Fichamento- A Guerra não tem Rosto de Mulher
Course História Contemporânea
Institution Universidade do Estado do Amazonas
Pages 3
File Size 85.2 KB
File Type PDF
Total Downloads 75
Total Views 117

Summary

Fichamento- A Guerra não tem Rosto de Mulher de Svetlana Aleksiévitch (versão digital)...


Description

Fichamento- A Guerra não tem Rosto de Mulher de Svetlana Aleksiévitch (versão digital) Disponível em: https://lelivros.love/book/baixar-livro-a-guerra-nao-tem-rosto-de-mulher-svetlanaaleksievitch-em-pdf-epub-e-mobi-ou-ler-online/ Tento me lembrar da pessoa que eu era quando escrevi o livro. Aquela pessoa já não existe, assim como não existe o país em que vivíamos naquela época. O país que defendíamos e em nome do qual morríamos entre 1941 e 1945 (p.20). Assim eu fui capturada. No último dia antes de me prenderem ainda quebrei minhas duas pernas… Ficava deitada e me urinava. Não sei com que forças me arrastei para a floresta de noite. Os partisans me encontraram por acaso… Tenho pena de quem vai ler esse livro, e também de quem não vai ler (p.22). inos, vocês são jovens’. E ele mesmo se matou com um tiro… Isso já foi em 1943… O Exército soviético estava avançando. Marchávamos pela Bielorrússia. Lembro de um menino pequeno. Ele saiu correndo de algum lugar debaixo da terra, de uma adega, na nossa direção, e gritava: ‘Matem minha mãe… Matem! Ela amava um alemão’. Os olhos dele estavam arregalados de medo (p.27). Sabe, como é difícil matar uma pessoa. Estive na resistência por seis meses. Depois disso, recebi uma tarefa: arrumar um emprego de garçonete no refeitório dos oficiais… Era jovem, bonita… Me aceitaram. Eu devia pôr veneno no caldeirão de sopa e naquele dia mesmo ir ao encontro dos partisans. Já estava acostumada com eles, eram inimigos, mas você os vê todo dia, eles falam com você: ‘Danke schön (p.30). No lugar onde ficava o meu povoado natal, Diákovskoie, há agora o bairro Proletárski em Moscou. Quando a guerra começou eu ainda não tinha completado dezoito anos. Usava umas tranças longas que só vendo, iam até o joelho… Ninguém acreditava que a guerra duraria muito, todos esperavam que logo logo terminaria. Expulsaríamos o inimigo (p.34). Quando chegamos, começamos a contar no pelotão o que tinha acontecido comigo, fizemos uma reunião. Nossa chefe do Komsomol era Klava Ivánova, ela me convencia: ‘Não é para ter pena deles, é para ter ódio’. Os fascistas tinham matado o pai dela. Às vezes cantávamos, e ela pedia: ‘Meninas, parem; quando vencermos esses desgraçados, cantamos’ (p.37). Alguns dias antes da guerra, eu e uma amiga conversamos sobre o assunto; tínhamos certeza de que não haveria guerra nenhuma. Fui com ela ao cinema, antes do filme passaram as notícias: Ribbentrop e Mólotov estavam apertando as mãos. Ficaram gravadas na minha consciência as palavras do locutor, de que a Alemanha era amiga fiel da União Soviética (p.46). Os chefes da fábrica foram se despedir de nós na estação. Era verão. Lembro que todos os vagões estavam cheios de verde, de flores. Davam-nos presentes. Fiquei com uns

biscoitos caseiros muito gostosos e um casaquinho bonito. Com que animação dancei o gopak ucraniano na plataforma (p.51). Em 1942… Me alistei como voluntária no hospital de evacuação e triagem no 3201. Era um grande hospital da linha de frente, que integrava os fronts da Transcaucásia e do Cáucaso do Norte, e o Exército costeiro especial. As batalhas eram cruéis, havia muitos feridos (p.55). Quando nos cercaram e vimos que não íamos conseguir, então eu e a auxiliar de enfermagem Dacha nos levantamos da vala, já sem nos escondermos, e ficamos em pé: melhor levar uma bala na cabeça que ser feita prisioneira, nos humilharem. Os feridos, quem conseguia levantar, levantou também (p.61). No trem, um jovem capitão se apaixonou por mim. Passou toda a noite em pé no nosso vagão. Ele já estava marcado pela guerra, fora ferido algumas vezes. Olhava, olhava para mim e dizia: ‘Vérotchka, só não fique para baixo, não se transforme numa pessoa triste. Você é tão terna… Eu já vi de tudo!’. E depois disse algo no sentido de que é difícil sair puro da guerra. Do inferno (p.73). Também conto para onde estou viajando e por quê. Dois dos meus companheiros de viagem tinham lutado — um foi até Berlim como comandante de um batalhão de sapadores, o segundo foi partisan nas florestas da Bielorrússia por três anos. Logo começamos a falar sobre a guerra (p.84). Não tínhamos preparo para chamar as pessoas pela patente — não entendíamos —, e o subtenente nos ensinava o tempo todo que agora éramos soldados de verdade, devíamos saudar todos os nossos superiores com a patente, andar aprumadas, de capote afivelado (p.92). A cidade estava absolutamente sitiada. O front estava bem próximo. Com o bonde número 3 era possível chegar até a fábrica Kírov, onde começava a linha de frente. Quando o tempo estava bom havia tiroteio da artilharia. E, ainda por cima, abriam fogo sobre o alvo. Atacavam, atacavam, atacavam… Havia navios grandes no cais; claro, eles tinham sido camuflados, mas mesmo assim não se descartava a possibilidade de sofrerem algum dano (p.99). Passamos dois meses num vagão de carga adaptado. Duas mil meninas, um trem inteiro. O trem da Sibéria. O que vimos quando chegamos perto da linha de frente? Eu me lembro de um momento… Nunca vou me esquecer: uma estação de trem destruída, e na plataforma uns marinheiros saltavam com as mãos (p.108). No Dia da Vitória, eu estava na Prússia Oriental. Já estava tudo mais calmo havia uns dois dias, ninguém atirava, e no meio da noite, de repente, soou o sinal: ‘Ataque aéreo!’. Todos saltamos. E então gritaram: ‘Vitória! Capitulação!’. A ‘capitulação’ não pegamos, mas ‘vitória’, isso nos chegou (p.112). No sétimo andar, no quarto 52, se reuniu o hospital 5257. Quem comanda a mesa é Aleksandra Ivánovna Záitseva, médica militar, capitã. Ficou feliz em me ver e com gosto

me apresentou a todos, como se já nos conhecêssemos havia muito tempo. Vim bater nessa porta por absoluto acaso. Estava a esmo (p.119). Lá mesmo, em Moscou, no Dia da Vitória, me encontrei com Olga Iákovlevna Oméltchenko. Todas as mulheres usavam vestidos de primavera, lenços claros, e ela estava de farda militar e boina. Era alta, forte (p.132). Por muito tempo a vida me jogou por vários lugares, e no fim fui parar na cidade de Tambov, arrumei emprego num hospital. A vida ali não era má, me recuperei dos tempos de fome, até fiquei rechonchudinha. Uma vez, quando completei dezesseis anos, me disseram que, como todas as enfermeiras, eu poderia doar sangue. Comecei a doar sangue todo mês (p.134). Ele foi embora alguns dias mais tarde, enviado para o front de Vorônej. Quando veio se despedir, abri a janela e acenei para ele. Não me deram folga: tínhamos recebido muitos feridos....


Similar Free PDFs