[Fichamento] Norma Culta Brasileira - Desatando Alguns Nós PDF

Title [Fichamento] Norma Culta Brasileira - Desatando Alguns Nós
Course Língua Portuguesa I
Institution Universidade Federal do Rio de Janeiro
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Fichamento das páginas 77-93 do livro Norma Culta Brasileira: Desatando Alguns Nós, de Carlos Alberto Faraco, para a disciplina Língua Portuguesa I....


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMUNICAÇÃO SOCIAL LÍNGUA PORTUGUESA I PROF. MANUELLA CARNAVAL – EC3

LUCAS SANTOS AGUIAR

FICHAMENTO – NORMA CULTA BRASILEIRA: DESATANDO ALGUNS NÓS Síntese da obra de Carlos Alberto Faraco

RIO DE JANEIRO 2018

Tipo: Livro Assunto: Sociolinguística – Língua portuguesa Referência bibliográfica: FARACO, Carlos Alberto. Norma Culta Brasileira: Desatando alguns nós (pp. 73 – 93). São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 















Para o autor, a norma culta/comum é um conjunto de fenômenos linguísticos, em situações de monitoramento, com valor social positivo. Assim, ela se tornou grande objeto de estudo e adquiriu status de superioridade perante as demais variedades existentes. Essa representação levou a interpretações equivocadas a respeito da norma culta, como considerarem a norma e a língua como uma unidade única. Faraco diz que o alarme causado pelas mudanças não é sustentado porque as alterações não alteram a estrutura da língua; além disso, a mesma é heterogenia, sendo ela um conjunto de variedades, como por exemplo a norma culta citada. A diferenciação das normas não se dá pelo ponto de vista gramatical – que consideram equivalentes todas as variedades – e sim pelos valores atribuídos a elas por grupos sociais distintos; assim, o prestígio que os letrados deram a norma culta/comum foi o que a tornou idealizada como “o modo correto de se comunicar”. Nesta parte do texto é introduzida a formação do conceito da norma-padrão, desde a origem das sociedades feudais, as mudanças de urbanização e mercantilização na Europa até a criação dos Estados Centrais no final do século XV; o formato de padronização da língua serviu para diminuir a diversidade linguística existentes nesses Estados – facilitando assim a unificação – e é esse artifício que chamamos de normapadrão. Isto mostra que a norma padrão é uma construção socio-histórica com o fim de uniformização da língua, diferentemente da norma culta, que é a expressão social dos falantes. Utilizando a Europa como base, se é notado que a referência para a construção da norma padrão foi justamente a variedade praticada pelas classes mais abastadas da época. Com a contextualização histórica, é possível perceber que as gramáticas e dicionários são instrumentos de padronização de comportamento dos falantes e que, consequentemente, se tornaram objetos de coerção. Isso vai impactar até mesmo no significado de palavras, como ‘norma’, que “tem, no uso contemporâneo, dois sentidos. No primeiro, se correlaciona com normalidade [...] no segundo, se correlaciona com normatividade.” (FARACO, 2008). Relacionando-se sobre a norma-padrão, diversos autores (como Suzanne Romaine e James Milroy) coincidem no mesmo ponto: de que o conceito dessa norma é totalmente europeu, baseado em línguas e valores europeus e que existem influências ideológicas na construção dessa norma. Observada essa influência, é notório a dificuldade de separação entre o trato cientifico e emocional da língua e sua relação com as normas; uma das razões para a dificuldade citada é a forma simplista com a qual a questão da norma-padrão é abordada em vários países - inclusive no Brasil.



















O foco principal dos linguistas brasileiros – de certa forma favoráveis ao ensino da norma-padrão – é no combate a artificialidade deste padrão, que é excludente e gera preconceitos. O padrão linguístico possui grande utilidade e importância quando utilizado como catalisador para alcançar certos níveis de uniformidade e unificação, porém ele nunca conseguirá alcançar a homogeneidade completa, pois para isso seria necessário eliminar a diversidade da sociedade, o que é impossível. A norma culta/comum e a padrão possuem uma relação paradoxal: enquanto elas são mais próximas do que as outras normas – devido a relação em que os que defendem o padrão serem falantes da norma culta – elas também possuem um grande afastamento que deriva do movimento natural da história, que gera uma grande distante e torna a norma padrão cada vez mais artificial, se a mesma não é reajustada. O aspecto da norma-padrão brasileira é curioso, devido ao formato com a qual ela foi construída. A base definida para obter uma padronização da língua não foi a norma culta/comum utilizada no país nem a língua de Portugal, e sim um modelo construído pela elite letrada conservadora brasileira inspirado em escritores portugueses no romantismo – sendo assim um formato totalmente artificial. A padronização brasileira não teve como objetivo a unificação do território, como na Europa; ela foi imposta com o objetivo de combater as variedades existentes no português popular, que era considerado pela elite como sinônimo de degeneração da língua. Porém, por modificar excessivamente o formato dos falantes, este projeto falhou e nunca conseguiu alterar a face linguística do Brasil. A resistência a norma-padrão, além das críticas dos escritores modernistas, fez com que nossa literatura, e posteriormente as gramáticas, tivesse uma flexibilização, e assim o conservadorismo excessivo da norma-padrão foi diminuído – esta flexibilização foi denominada norma gramatical. Com a grande distância entre a norma culta/comum e a norma-padrão, foram desenvolvidos métodos para condenar qualquer variação que fugisse as normas estabelecidas – mesmo que condenasse fenômenos amplamente utilizados pelos falantes – tornando a língua um enorme fator de discriminação e exclusão. Existe um movimento em que se sugere a adequação da norma padrão as variedades da norma culta/comum; em contrapartida, existe a dúvida da necessidade de existir uma norma-padrão definida. Diante desses fatores, é avaliado a ideia da difusão das variedades cultas/comum aliada ao combate de conceitos da norma padrão que tentam desqualificar os falantes da língua portuguesa brasileira – transformar o normal culto em normativo. As normas existentes possuem conflitos entre si, como a limitação que a norma gramatical impõe a aqueles que a utilizam e a adequação da norma culta/comum a essa gramática. Por a língua ser heterogenia e mutante, os seus usos são distintos e se alteram com devida frequência, a ponto de evitar que a norma-padrão conseguisse modifica-la. O conflito citado pode ser exemplificado em diversas construções do português brasileiro, como formas verbais e a relação com os pronomes. Como solução desses conflitos, é considerado a adequação da norma gramatical a norma



culta/comum – já se pode ver isso ocorrer na escrita literária, jornalística e até mesmo acadêmica. Porém, ainda vemos defensores da norma-padrão criticarem e julgarem a utilização de elementos da norma culta/comum, mesmo que não se tenha base para tal ação, a não ser seus próprios preconceitos. E são essas atitudes excludentes que encontramos na sociedade brasileira, que servem tão somente para constranger e humilhar pessoas que utilizam uma forma que não possui fundamentos linguísticos para ser considerada equivocada....


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