Forragicultura - Apostila PDF

Title Forragicultura - Apostila
Author Barbara Leite
Course Bromatologia veterinária
Institution Universidade Tuiuti do Paraná
Pages 73
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1 ÍNDICE ÍNDICE FORRAGICULTURA 1. CONCEITO 2. TRINÔMIO SOLO-FORRAGEM-GADO 2.1. Influência do gado sobre o solo. 2.2. Influência do gado sobre a vegetação 2.3. Inter-relação vegetação-gado 3. PLANTAS FORRAGEIRAS 3.1. Forrageiras nativas em diversas regiões do Brasil 3.2. Escolha da forrageira 3.3. Tolerância de gramíneas forrageiras tropicais ao alumínio e exigência de Cálcio e Fósforo 3.4. A pastagem plantada 3.4.1. Gramíneas 3.4.2. Leguminosas 3.4.3 Cactáceas 3.4.4. Outras culturas 3.4.1.1. Mandioca 3.4.4.2. Cana de açúcar 3.4.4..3. Feijão Guandu 3.4. 4.4. Sorgo 4. MANEJO DE PASTAGENS 4.1. Técnicas de plantio de pastagens 4.1.1. Implantação de forrageiras em solos corrigidos e adubados 4.1.2. A implantação em pastagens existentes 4.1.3. Plantio direto após a limpeza do terreno 4.2. Manejo tradicional do campo 4.3. Manejo Ecológico das pastagens 4.4. Manejo das pastagens nos trópicos úmidos 4.5. Problemas das pastagens plantadas 4.5. 1. Invasoras persistentes 4.6. Limpeza das pastagens 4.6.1. O Fogo 4.6.2. O Fogo controlado 4.7. Compactação do solo 4.8. Recursos pastoris na estação da seca nos trópicos 4.9. Problemas das pastagens plantadas 4.10. Calagem do solo 4.11. Adubação da pastagem 4.11.1. Adubação fosfatada 4.11.2. Adubação nitrogenada 4.12. Avaliação da produtividade de uma pastagem 4.13. Decadência das pastagens e suas razões 4.13.1. Como evitar a decadência das pastagens 4.14. Nutrição mineral e adubação de pastagens e capineiras 4.15. Acidez do solo 4.15.1. Amostragem do solo para análise química 4.15.1.1. Coleta da amostra 4.15.1.2. Profundidade de retirada da amostra simples de solo 4.16. Determinação da necessidade da calagem 4.16.1. Aplicação de calcáreo 4.16.2. Época e profundidade da calagem 4.17. Necessidades e aplicação de macronutrientes em solo destinado ao plantio de forrageiras 4.17.1. Adubação nitrogenada 4.17.1.1. Época de aplicação do nitrogênio 4.18. Adubação fosfatada 4.18.1. Método de aplicação do P 4.19. Adubação Potássica 4.19.1. Aplicação de potássio 4.20. Adubação com enxofre 4.21. Deficiências de macronutrientes 4.21.1. Nitrogênio

1 4 4 4 5 5 6 8 8 9 10 11 12 24 34 35 35 36 36 36 37 37 38 38 38 39 39 40 41 42 43 43 44 44 44 45 46 46 47 47 48 49 49 50 50 50 51 51 51 51 51 51 51 51 52 52 52 52 52 52 52

2 4.21.2. Fósforo 4.21.3. Potássio 4.21.4. Enxofre 4.21.5. Cálcio 4.21.6. Magnésio 4.22. Necessidades e aplicação de micronutirnetes em solos destinados ao cultivo e exploração de forrageiras 4.22.1. Molibideno 4.22.2. Boro 4.22.3. Cobre 4.22.4. Zinco 4.22.5. Ferro 4.22.6. Manganês 4.22.7. Cloro 4.23. Correção e adubação de solos destinados a exploração de forrageiras 5. USO DE LEGUMINOSAS NA RECUPERAÇÃO DAS PASTAGENS 6. CONSERVAÇÃO DE FORRAGEM 6.1. Fenação 6.1.1. Conceito 6.1.2. Produção de feno por hectare 6.1.3. Época de fenar 6.1.4. Processo da fenação 6.1.5. Corte da forragem para fenar 6.1.6. Desidratação da forragem 6.1.7. Armazenamento do feno 6.1.7.1. Armazenamento solto 6.1. 7.1.1. Vantagens do sistema 6.1. 7.1.2. Desvantagens 6.1. 7.1.3. Perdas por lavagem e fermentação. 7. SILAGEM 7.1. Conceito 7.2. Uso da silagem 7.3. Enchimento do silo trincheira 8. SAFRA E ENTRESAFRA 9. ASPECTOS DE MANEJO EM RELAÇÃO ÀS ESTAÇÕES DE PRODUÇÃO DE FORRAGENS 10. SISTEMAS DE PASTEJO 10.1. Pastejo contínuo 10.2. Pastejo protelado 10. 3. Pastejo estacional ou deferido 10.4. Pastejo rotacionado em faixas 10.5. Pastejo rotacionado ou rotativo 11. DIRETRIZES UTILIZADAS NO SISTEMA DE PASTEJO ROTACIONADO OU ROTATIVO 12. DIVISÃO DE ESTÂNCIAS GRANDES EM RETIROS 12.1. Subdivisão dos piquetes 12.2. Cochos para sal mineralizado 12.3. Tamanhos dos piquetes ou potreiros 12.4. Forma dos Piquetes 12.5. Época adequada de pastejo 12.6. Distribuição adequada do gado sobre as pastagens 12.7. Escolha da pastagem para a atividade pecuária 12.8. Seleção do gado para a pastagem 12.9. Relação entre o número de animais na área e a forragem disponível 12.9.1. Taxa de lotação 12.9.2. Pressão ou Intensidade de pastejo 12.9.3. Super-Pastejo 12.9.4. Pastejo Ótimo 12.9.5. Sub-Pastejo 12.10. Capacidade de suporte 13. DISTÚRBIOS DE FERTILIDADE NO GADO BOVINO 14. PARASITAS ANIMAIS 15. MANEJO DOS ANIMAIS 15.1 Suplementação alimentar durante o período seco

52 53 53 53 53 53 53 53 53 53 53 53 54 54 54 55 55 55 56 56 56 56 56 57 57 57 57 57 57 57 58 58 59 60 61 61 61 61 61 61 61 62 62 62 65 66 68 69 69 70 70 70 70 70 71 71 71 71 71 72 72

3 16. BIBLIOGRAFIA

72

4 Forragicultura 1. Conceito Forragicultura é a ciência que cuida ou trata do plantio de forrageiras para serem levadas ao cocho ou para serem ensiladas e/ou fenadas. Geralmente usam-se forrageiras de porte alto como sorgo, milheto, capim napier e outras, consorciadas com leguminosas volumosas de crescimento rápido. Essas forrageiras destinam-se à alimentação do gado leiteiro ou à ensilagem e podem ser chamadas de forragens. Forragem é tudo o que serve para o gado pastar, se nutrir, se desenvolver e produzir. Quando na época da seca as plantas forrageiras secam, o gado se alimenta com as plantas nativas. No manejo ecológico do rebanho e das pastagens valem todas as medidas capazes de proporcionar alimentação para o gado, nutrindo-o, mantendo a produtividade dos recursos forrageiros e conservando a fertilidade do solo. Não podemos sacrificar o pasto ao gado, nem o gado ao pasto. A avaliação deve tomar por base os seguintes itens: Animal Peso ganho por hectare ou Kg/ha. ou leite produzido (ou de lã) % de parições % de desmamados Estado e vigor dos animais Cuidados especiais necessários

Solo-planta Produtividade das plantas Variação na composição vegetal Variação no solo (físico e químico) Quantidade de matéria orgânica no solo e de massa verde produzida Erosão

O Brasil é um país com uma vasta extensão territorial e um clima privilegiado para o crescimento de plantas herbáceas, cujas condições são excelentes para um bom desenvolvimento da pecuária. Assim, a formação de boas pastagens assume real importância, tornando-se a melhor opção para a alimentação do rebanho nacional, já que além de constituir-se no alimento mais barato disponível, oferece todos os nutrientes necessários para um bom desempenho dos animais. Sabe-se também que os animais criados a pasto são mais saudáveis e resistentes. A mentalidade de destinar os piores terrenos, na maioria das vezes com declive, pedregosos e pobres para a formação de pastagens, está sendo substituída por outra, muito mais atual e tecnificada, onde a escolha das glebas (terras aptas para culturas) e forrageiras, adubações, combatem a pragas e plantas invasoras e, principalmente, um bom manejo, são práticas que vêm recebendo a atenção dos pecuaristas. Não podemos aceitar a pecuária em campos nativos, pouco produtivos, como nossos antepassados o fizeram. Há necessidade de melhorar esses campos, de implantar pastagens artificiais ou cultivadas e de elevada produtividade. Isto se prende ao fato de que o animal é apenas uma máquina de transformação e a forragem a matéria prima. Da qualidade da matéria prima, teremos um bom ou mau produto final, precocidade, produtividade, etc. 2. TRINÔMIO SOLO-FORRAGEM-GADO Em cada área pastada, podendo ser: pampa, campo limpo, campo sujo, cerrado, caatinga ou pastagem plantada, há uma relação estreita entre o solo, o gado e a vegetação destinada à alimentação dos animais. Todos os solos não são capazes de nutrir os animais novos ou vacas leiteiras. Há pastagens em que as novilhas não ficam de maneira alguma. Elas arrebentam as cercas para poder sair. Quando são forçadas a ficar aí, tornam-se irritadas e não conseguem um bom desenvolvimento, no entanto, para a engorda dão resultados excelentes. Existem regiões, por exemplo, que o indivíduo de raça pura (Nelore) dificilmente se mantém nas pastagens nativas, o que obriga os criadores a exploração de terras mais ricas para a manutenção das matrizes e para os cruzamentos. Temos um exemplo na Serra da Lua (Roraima). Também há regiões que apresentam solos tão pobres e ácidos que impedem a sua utilização para a cria. Encontramos também forragens ótimas para a engorda, mas fracas para a cria. É claro e evidente que nem todo solo serve para qualquer idade e tipo de gado e se o clima é um fator de restrição, o solo o é também. Segundo VOISIN: “o gado é o vivo retrato do solo” e há um adágio brasileiro que diz: “pela boca se faz à raça”. A deficiência mineral é um dos problemas mais sérios no solo, o que se agrava com a monocultura de forrageiras exóticas, pelo clima inadequado para as raças importadas e pelo uso predatório do solo, manejo do gado, em que temos como exemplo: por o gado novo em qualquer pastagem e reservar os melhores pastos para os bois de

5 engorda. Para os eqüinos não é diferente, as pastagens com predominância de sapé ( Imperata exaltata) podem manter éguas prenhes em bom estado, mas podem prejudicar seriamente as crias que aos três meses de idade apresentam sinais de uma profunda deficiência de cálcio e fósforo. Nestes casos não adianta tratamento. Necessário se faz a colocação das éguas prenhes em pastagens diferentes. Já os ovinos são sensíveis a solos úmidos e muito pobres em cobre. 2.1. Influência do gado sobre o solo. O pisoteio direto do gado influi diretamente sobre o solo, sendo altamente prejudicial nos dois extremos: épocas úmidas e durante a estação da seca. Influi também indiretamente, através do pastejo seletivo, expondo manchas de chão onde se instala a erosão, e pelo pastejo freqüente que diminui o tamanho das raízes contribuindo para o adensamento do solo e finalmente age pelo modo de coleta das plantas. O pastejo bovino é menos prejudicial que o do ovino e eqüino, pois estes últimos pegam as plantas no colo da raiz, descobrindo facilmente o solo. O pisoteio do ovino, por outro lado, é mais leve que o do bovino e eqüino. PRESSÃO DO PASTOREIO Pressão em Kg/cm2 3,5 2,1 0,21 a 0,56 5,97 0,35 a 1,12

Espécie Animal/outros Bovino de 400 Kg. Ovino de 60 Kg. Trator de esteira Caminhão Homem

A compactação do solo depende da umidade deste, da cobertura vegetal existente (plantas com raízes profundas sofrem menos) e da vegetação viva ou morta. Em épocas de seca o pisoteio é tão prejudicial que, em épocas muito chuvosas, ocorrendo a compactação. O solo compactado empobrece, e com ele a vegetação, o que dá margem a uma decadência química e física do solo. Perdas em nutrientes devido à extração animal, equivalente em Kg/ha de adubo CLASSES Leite - 5.500 Kg/ha/ano

Sulfato de Amônia

Superfosfato

Carbonato de Cálcio

Sais de Potássio (30%)

179,0

67,0

33,0

23,0

61,9

40,0

2,9 Sem importância

21,1

49,0 39,0

21,0 -

21,0 20,8

10,0 -

Gado de cria 1,2UA/ ha Gado de engorda Ovinos (5/ha) criados e engorda. Lã - 27Kg./há/ano

No quadro podemos constatar que o gado de corte empobrece o solo muito menos que o de cria, de leite e lã. Se compararmos a pastagem com a agricultura pode-se dizer que uma colheita de trigo não remove mais nutrientes do que uma de capim. O solo suporta a vegetação segundo as suas condições químicas, biológicas e físicas. Assim, a vegetação forma e mantêm o gado segundo suas riquezas minerais, seu teor de proteína, carboidratos, fibra, vitaminas e outros nutrientes, necessitando de boa digestibilidade. 2.2. Influência do gado sobre a vegetação Ocorre modificação da vegetação pelo pisoteio, pelo pastejo preferencial ou a rejeição de plantas, pelo modo de colher as plantas, pela freqüência com que as procura e por sus excreções. Observa-se assim, que geralmente predominam as plantas que melhor suportam o pisoteio e aos cortes freqüentes, e desaparecem as que necessitam de maior tempo para sua recuperação. Nos estados do sul do país aparecem gramas estoloníferas e desaparecem os capins entouceirados quando submetidos a intenso pastoreio. Quando a grama forquilha ( Paspalum notatum) cede lugar ao capim colchão ou pasto-negro (Paspalum plicatulum) é sinal de lotação muito baixa ou ausência de pastejo. Em estados de clima tropical, com predominância de grandes áreas de capim-gordura (Melinis minutiflora) e capim Jaraguá (Hyparrhenia rufa), ou onde se planta capim colonião ( Panicum maximum), as pastagens com carga animal fraca tornam-se muito ralas e mais altas. É importante lembrar que a densidade da vegetação então dependerá do pastejo. O aparecimento de “gramão”, batatais ou grama mato grosso, variações da grama forquilha, ou de grama seda ou grama-de-burro (Cynodium dactylum), não é sinal de um pastejo intenso, mas sim da decadência do solo

6 pastoril. O aparecimento de determinadas invasoras, normalmente destruídas pelo pisoteio do gado, também é sinal de baixa carga animal. É bom que se saiba que pelo uso permanente, intenso ou fraco, a pastagem se deteriora. Então a decadência da pastagem ocorre da seguinte forma: 1.

O gado pasta sempre as mesmas plantas. Primeiramente por serem mais palatáveis e depois por estas terem rebrota nova. Assim, enfraquecem as raízes profundas, permanecendo somente as superficiais. 2. Instalam-se plantas com raízes superficiais, que fazem concorrência às forrageiras e plantas com raízes profundas, porém evitadas pelo gado, podendo proliferar livremente. Tais plantas são muitas vezes apresentam porte robusto. 3. Desaparecem as forrageiras finas e palatáveis por exaustão. O campo torna-se grosseiro e “sujo”.

4. Quando se procede à limpeza do campo com fogo, aparece uma vegetação adaptada ao fogo, como capins entoceirados, plantas lenhosas com casca suberosa ou plantas de ciclo vegetativo muito curto, que se tornam duras e inaproveitáveis, tais como a barba-de-bode, capim-cabeludo, capim-flecha ou capim caninha. Assim, as plantas estoloníferas desaparecem quase que totalmente, e parte do solo fica descoberta (desnudo), o que dá margem às ervas invasoras, como: assa-peixe (Vernonia spp.), mio-mio (Baccharis coridofilia), jurubeba (Solanum spp), palmeiras como o buriti (Mauritia flexirosa), tucumã (Astrocaryum tucuma), etc. Nestas condições o pasto torna-se sujo, grosseiro e pouco nutritivo devido ao manejo inadequado. As invasoras arbustivas e até arbóreas instalam-se pelo pastejo fraco e, como o superpastoreio, desnuda partes do solo, igualmente dando lugar à invasoras, levando a produção de pastagens deficientes em nutrientes minerais. Se o solo nunca permaneceu nu, sem vegetação ou se a forrageira implantada é incapaz de cobri-lo, aparecem invasoras, ocupando o lugar vazio. Isto porque as invasoras sempre são ecotipos, isto é, ecologicamente adaptadas. O aparecimento de invasoras será tanto maior quanto mais inadequada for a forrageira cultivada para o solo e para a região. Também a maneira como foi realizada a formação da pastagem, pode ser a razão do aparecimento de invasoras. Antigamente o capim colonião era plantado por mudas, as quais cresciam, produziam sementes e secavam. No início da época chuvosa queimava-se a vegetação seca, colonião e invasoras. As sementes nasciam e formavam uma cobertura densa do solo. Atualmente o colonião é semeado. As plantas formam moitas que logo são aproveitadas para o pastejo. Se o capim cresce em demasia, cobre todo o chão; porém quando pastado, o solo fica descoberto em cerca de 80%, o que dá lugar ao aparecimento de invasoras, por ter crescimento mais rápido que o capim. Cabe dizer que de nada vale plantar o capim e entregá-lo ao gado, o homem tem que dirigir o pastejo. 2.3. Inter-relação vegetação-gado Há uma afirmação que diz: “O pasto faz o gado e o gado faz o pasto”. Isto significa que de nada adianta escolher uma raça e colocá-la numa pastagem inadequada. Temos que selecionar o gado para a pastagem, ou seja para a forragem que o solo produz. Da mesma forma, o gado deve ser dirigido para que não destrua a pastagem. O pasto deve ser preparado para o gado, sempre procurar a forrageira adequada para a espécie animal. Nossos solos muitas vezes são inadequados para a produção de forrageiras exóticas, desta forma eles têm que ser preparados, ou seja, corrigidos por uma calagem e adubação. As forrageiras são importadas principalmente da África. Isto porque além de possuir regiões de climas tropicais e subtropicais, o gado africano é de grande porte (elefantes, girafas, rinocerontes, etc.). No nosso país o maior animal nativo é a anta (Tapirus anta). O que está errado é o sistema empregado na pecuária: importamos a raça, criamos a pastagem com forrageiras importadas, uma vez que o gado não se dá com nossas pastagens, com isso o solo deve receber calagem e adubação. Se não houver a correção do solo, a pastagem não se torna vigorosa, permitindo a colonização de invasoras, tendo-se que proteger a pastagem com herbicidas. Quando esta é atacada por insetos e fungos, a forragem vira praticamente agricultura. Há, no entanto uma diferença: na agricultura o produto é vendido para o consumo humano e na pecuária é necessária a conversão das substâncias vegetais (carboidratos e proteínas vegetais) em proteína animal. Os animais novos necessitam de 830 g de proteína para a produção de um Kg. de carne. Tendo em vista que a digestibilidade é de apenas de 40 a 60%, o gasto será de 1,160 a 1,330 Kg. de proteína vegetal por cada quilo. Por esta razão, vegetação e gado devem ser sincronizados, isto é, o gado deve ser adaptado à forragem existente e a forragem existente ao gado. Cada região possui as pastagens que seus solos são capazes de produzir e para cada tipo de pastagem criase uma raça; para cada propriedade selecionam-se, desta raça, os animais que melhor se adaptam às condições específicas. Ninguém tenta adaptar s solos às forrageiras, por ser um procedimento muito caro e sem retorno. Cabe lembrar que as pastagens nativas são adaptadas ao meio sendo necessário um bom manejo e cuidados essenciais (adubação, consorciação com leguminosas, etc.).

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Taxa de lotação e ganho de peso vivo por animal/há pelo melhoramento de pastagem nativa em Minas Gerais (SOUSA, D.E., 1977). Tipo de pastagem

Período UA/há

Melhorada Nativa

Ganho de peso animal(Kg)

Ganho

Ganho total

Kg/ha

Kg/ha

Seca

0,60

16,80

25,52

Chuvas

1,31

133,47

299,53

Seca

0,50

-7,16

-9,83

Chuvas

0,90

99,99

186,45

325,05 176,62

Se a forragem for alta, não significa que o gado estará sempre bem nutrido. Isto depende em termos absolutos da espécie forrageira e de sua capacidade de regeneração, o que se expressa geralmente pela “idade fisiológica” da planta. A idade fisiológica indica o estágio de desenvolvimento do capim, ou seja, sua fase vegetativa ou reprodutiva. As plantas mal nutridas podem florescer muito mais cedo que as bem nutridas, permanecer na área menor tempo e fornecem menos massa verde e de qualidade inferior. Uma planta bem nutrida fornece uma forragem farta, tenra e nutritiva. Há variação entre as plantas, no que se refere ao maior valor nutritivo. Algumas delas no período da formação de botões as plantas possuem menos água e mais energia (carboidratos), com um bom nível de proteína. Verifica-se que quanto mais velha a planta, menos proteína contém, gerando menor ganho no gado de corte. Para o gado de leite, o ponto de pastejo é o início da floração, quando o teor de carboidratos é maior. O valor nutritivo de uma forrageira depende: 1. Da riqueza mineral do solo e da adaptação da planta ao solo. 2. Da idade fisiológica da planta. 3. Da espécie, do cultivar e de seu potencial genético. 4. Da capacidade do animal de digeri-la e metabolizar as substâncias existentes. 5. Do clima e da temperatura conforto para o animal. Relaciona-se em primeiro lugar o solo, que deve possibilitar o desenvolvimento total do potencial genético das plantas. A nutrição da planta não depende somente da riqueza do solo, depende da capacidade da planta mobilizar seus nutrientes. Nestas condições seu valor biológico é elevado, ou seja, ela consegue formar todas as sub...


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