Gluckman, Max - Análise de uma situação social na Zululândia moderna PDF

Title Gluckman, Max - Análise de uma situação social na Zululândia moderna
Course Antropologia Cultural
Institution Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
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Summary

Max Gluckman, neste ensaio, trata da África do Sul, que é considerada por ele, “uma comunidade homogênea porque o estado basicamente está constituído por sua divisão em grupos raciais de vários status” ...


Description

Rafael Junio Xavier Antropologia da África e da afro-américa Fichamento - Gluckman, Max - Análise de uma situação social na Zululândia moderna Max Gluckman, neste ensaio, trata da África do Sul, que é considerada por ele, “uma comunidade homogênea porque o estado basicamente está constituído por sua divisão em grupos raciais de vários status” (p. 227) As relações naquele local se dão entre vários grupos enquanto grupos raciais. O autor foca a sua pesquisa nas relações entre os africanos e os brancos que se encontram no norte da Zululândia. Em sua pesquisa, Gluckman constatou que cerca de 2/5 dos africanos presentes naquela região moram em áreas reservadas que estão distribuídas por toda a África do Sul, pouquíssimos brancos, segundo o autor, também vivem nestas reservas, se limitando a administradores, técnicos do governo, missionários, comerciantes e recrutadores. A comunidade africana que se encontra nas reservas mantém relações econômicas, políticas e outras relações com o resto da comunidade presente no país. Mesmo os africanos que ficavam nas reservas, não se limitavam a ela, e comumente saiam “por curtos períodos de tempo, a fim de trabalhar para fazendeiros brancos, industriais ou se empregar como criados domésticos. Findo o trabalho, retornam às suas casas.” (p. 228). Max Gluckman, a partir de então faz uma descrição densa dos acontecimentos que ocorreram enquanto estava no local, segundo ele: Descrevo uma série de eventos conforme foram registrados por mim num único dia. As situações sociais constituem uma grande parte da matéria-prima do antropólogo, pois são os eventos que observa. A partir das situações sociais e de suas inter-relações numa sociedade particular, podem-se abstrair a estrutura social, as relações sociais, as instituições, etc. daquela sociedade. Através destas e de novas situações, o antropólogo deve verificar a validade de suas generalizações. (p. 228) O autor então faz a prometida descrição, desde seu início, descrevendo a sua ida e todos os seus desdobramentos até a inauguração da ponte no qual fez várias observações. Dentre elas a forma como foram feitos os discursos, a sua língua e até de sua relevância que, no caso do Adams, um velho zulu, que fez um

discurso em inglês e em Zulu o autor apontou como sendo “não disse nada de relevante” (p. 234) Também foi descrito alguns discursos feitos na inauguração da ponte, onde o regente Mshiyeni, em Zulu, agradece o governo por aquela ponte e de suas possibilidades mas também apontou que também era necessário construir uma outra ponte na estrada principal. O regente também disse que o governo estava doando uma cabeça de gado a população e que era necessário, como é o costume zulu, “derramar a bílis nos pés da ponte, para dar boa sorte e segurança às crianças quando a atravessassem” (p. 234). Após a inauguração da ponte, houve um momento em que os europeus “entraram na barraca para tomar chá com bolo” (p. 235). Aconteceram também alguns eventos, onde os gados presenteados ao regente foram mortos, para que eles pudessem ser esfolados e cortados para distribuição. Gluckman também descreve o momento em que O regente enviou quatro potes de cerveja, carregados por garotas, ao comissário-chefe dos Nativos. Este bebeu de um pote que reservou para si, dizendo às carregadoras para beber dos outros potes e então distribuí-los entre o povo. De acordo com a etiqueta zulu, este procedimento é o apropriado (p. 235) Gluckman então descreve que, logo após o almoço, ele e o veterinário do governo foram a uma reunião onde estavam reunidos mais de 200 zulus, nos quais chefes, indunas e plebeus. A reunião consistiu, primeiramente, a tratar de assuntos gerais sobre o distrito, como por exemplo os leilões e a reprodução de animais. Logo após a discussão se estendeu a assuntos de rivalidade entre as tribos que haviam ali no distrito. Para o autor, mesmo os zulus e os europeus se organizarem para celebrar algo de comum interesse, como foi no caso da inauguração da ponte, Gluckman conseguiu observar que o comportamento de um grupo para com o outro não é totalmente confortável, sendo que as relações entre os grupos são frequentemente caracterizadas por hostilidade e conflito. O seu trabalho como observador chegado ao fim, Gluckman então tenta demonstrar como “a estrutura social da Zululândia pode ser analisada como uma unidade funcional, em equilíbrio temporário” (p. 260). Ele constata que a presença de dois grupos diferentes naquela área, em que claramente conseguiu constatar, além da hostilidade entre eles, que, nas atividades em que os grupos dos africanos

cooperam com os branco ou vice-versa, “O grupo branco domina o grupo zulu em todas as atividades nas quais cooperam, sendo que, embora afete todas as instituições sociais, esta dominação somente se expressa em algumas delas.” (p. 260). Gluckman ainda observa que mesmo dentro dos próprios grupos, pode se observar sub-grupos que se diferenciam através de suas crenças, valores, poder aquisitivo e outras características. Assim, as influências de valores e grupos diferentes produzem fortes conflitos na personalidade do indivíduo zulu e na estrutura social da Zululândia. Esses conflitos fazem parte da estrutura social, cujo equilíbrio atual está marcado por aquilo que costumamos normalmente chamar de desajustamentos. (p. 261) Para o autor, toda essa complexidade de conflitos presentes na estrutura social da Zululândia “irão desencadear seu futuro desenvolvimento” (p. 261)....


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