História de Berlim PDF

Title História de Berlim
Author Karina Trojack
Course Historia Urbana
Institution Universidad de Granada
Pages 26
File Size 1.3 MB
File Type PDF
Total Downloads 17
Total Views 142

Summary

Download História de Berlim PDF


Description

1. O URSO: NOTAS HISTÓRICAS DE BERLIM

Como foi possível fundar uma cidade no meio de toda esta areia?1 Henri-Marie Stendhal

1 Nossa tradução do original “What could have possessed people to found a city in the middle of all this sand?”. RICHIE, Alexandra. Faust’s Metropolis. A History of Berlin. New York: Carrol & Graf, p.1.

32

1. O URSO: NOTAS HISTÓRICAS DE BERLIM

Não é intenção desta pesquisa relatar a história de Berlim de modo a nos estendermos demasiadamente no assunto; entretanto, parece-nos imprudente tocar em qualquer questão berlinense sem antes mostrar um panorama de seu rico histórico. Relatar algumas visões sobre a cidade e suas passagens mais importantes enriquecerá a formação da imagem de Berlim enquanto cidade que despontou, foi destruída e reconstruída ao longo das últimas décadas. É curioso o fato de que a cidade teve origem na unificação de duas vilas. Nasceu ao redor do Rio Spree, siamesa de Cölln, cada vila em uma das margens, em meados do século XIII. Por cerca de sessenta anos, permaneceram independentes, cada qual lidando com seus problemas e, em 1307, juntaram-se – mesmo que a união tenha acontecido oficialmente somente em 1432. A partir do início do século XIV as cidades constituíam um só município, Berlim-Cölln, fortalecendo-se conjuntamente. Para proteger a cidade de invasores, Frederico de Hohenzollern foi nomeado o protetor do local, iniciando o longo período em que a região fora dominada pela Casa de Hohenzollern – dinastia que controlou o território da Prússia até o fim da Primeira Guerra Mundial. Em 1486, Berlim-Cölln tornou-se sede do eleitorado de Brandemburgo, uma das principais regiões da Alemanha, indicando sua vocação e importância regionais. Em 1640, Frederico Guilherme de Hohenzollern subiu ao trono de Brandemburgo e impulsionou o crescimento da cidade, que atingiu vinte mil habitantes no final do século XVII. O sucessor de Frederico Guilherme, Frederico III de Hohenzollern, transformou Brandemburgo em Reino, coroando-se Frederico I, Rei da Prússia, nomeando Berlim como a capital prussiana, período no qual a cidade tornou-se culturalmente importante, com a fundação das Academias de Belas Artes e de Ciência, atingindo no final do século XVIII, 150 mil habitantes. Em 1806, Napoleão atacou a Prússia e tomou Berlim, mas seu exército, na continuação de sua marcha, caiu na Rússia e Berlim retornou ao comando do Rei Frederico Wilhelm III, época marcada pelo início da industrialização da cidade2. Quando Balzac visitou Berlim em 1843 ficou decepcionado com seu provincianismo:

2

Em 1837, por exemplo, inaugurou-se uma fábrica de locomotivas e, no ano seguinte, uma linha de trem até a vizinha cidade de Potsdam.

33

‘Imagine Genebra, perdida em um deserto’, ele escreveu, ‘e você terá uma idéia de como é Berlim. A cidade um dia será a capital da Alemanha, mas sempre será a capital do 3

tédio’ .

Em 1861, Otto von Bismarck tornou-se Chanceler e instaurou, três anos depois, uma política de expansão prussiana a fim de controlar todos os Estados de língua alemã. Para tal, declarou guerra à Áustria, Dinamarca e França, fundando a Confederação da Alemanha do Norte, associação de 22 Estados e cidades livres e das províncias de Lorena e Alsácia. Em 1871, von Bismarck proclamou o Império Alemão com o Imperador Guilherme da Prússia e a capital, Berlim. Por perder a guerra, a França por algum tempo pagou indenizações e teve de conviver com o fim das barreiras comerciais, impulsionando grande crescimento industrial de Berlim e melhorias na infra-estrutura urbana, como o novo sistema de esgotos de 1876, iluminação elétrica de 1879 e a instalação de telefones e da primeira linha férrea urbana, em 1881. No início do século XX, Berlim atingiu 1,9 milhão de habitantes.4 As condições de vida da população berlinense com o aumento de moradores na cidade são retratadas por diversos autores. O índice demográfico passou de 1,6 milhão em 1890 para aproximadamente 2,1 milhões em 1910. Muitas construções sofreram alterações neste período, a fim de abrigarem a grande quantidade de operários que passaram a residir na cidade. Antigas casernas são adaptadas para moradia e alugadas aos operários. Maior concentração de trabalhadores da Alemanha, Berlim era também a cidade que apresentava maiores contrastes sociais. A expansão industrial trouxe, além de operários, toda sorte de pessoas que aí pretendiam se fixar e ganhar dinheiro. Estes irão ocupar o lado ocidental, que começa a crescer com bairros criados pelos novos-ricos. Na época, a divisão da cidade fica patente: do lado antigo, oriental, as indústrias e seus operários; na parte ocidental, os novos-ricos e afortunados.5

As condições sanitárias de Berlim no final do século XIX e a precariedade das instalações e infra-estruturas das residências berlinenses, por sua vez, podem ser avaliadas quando se tem 3

Nossa tradução do original “When Balzac visited Berlin in 1843 he was disgusted by this provincialism: “Imagine Geneva, lost in a desert”, he wrote, “and you have an idea of Berlin. It will one day be the capital of Germany, but it will always remain the capital of boredom”. RICHIE, Alexandra. Faust’s Metropolis. A History of Berlin. New York: Carrol & Graf, p.180. 4 Friedrich, em obra que retrata as condições de Berlim nos anos vinte, revela o crescimento vertiginoso da cidade a partir de meados do século XIX, destacando sua industrialização, a importância das estradas de ferro e os triunfos políticos de von Bismarck como fatores determinantes para este crescimento, “a ponto de converter-se na grande metrópole da Europa Central”. FRIEDRICH, Otto. Antes do Dilúvio. Um retrato da Berlim nos anos 20. Rio de Janeiro: Record, 1997, p.21. 5 MOURA, Éride. Revista Arquitetura e Urbanismo. Ano 11, abril/maio 1996, número 65, p.31.

34

registro de que apenas 8% dos domicílios eram equipados com instalações sanitárias.6 Conforme cálculos do pioneiro do planejamento britânico T.C. Horsfall em 1903, enquanto em Londres a média de habitantes por edifício era de 7,6, em Berlim chegava a 52,6, e embora já estivéssemos em 1916, nada menos que 79% de todas as moradias só dispunham de um ou dois quartos aquecíveis.7

A partir do início do século XX, a história de Berlim confunde-se com a alemã, tornando-se indissociáveis desde então. A Primeira Guerra Mundial, “a mãe das guerras dos séculos XX e XXI”8, foi o primeiro capítulo dessa história conjunta, por desencadear fatos que marcaram a vida da cidade – e do país. Sobre guerras, assunto intimamente ligado às condições alemã e berlinense, Magnoli afirma que, na tradição européia, os combates não são desvios patológicos, mas sim uma etapa do fluxo incessante das relações internacionais. Na Europa, “guerra é história, guerra é cultura”9. Foram inúmeras as modificações territoriais ocorridas na Europa com o fim da Primeira Guerra através do Tratado de Versalhes de 1919, pelo qual a Alemanha perdeu um sétimo de seu território e 10% de sua população para França, Bélgica, Polônia, Japão e Grã-Bretanha. As conseqüências alemãs, como é próprio de períodos pós-guerras, foram marcadas por dificuldade econômica e destruição.

A ASCENSÃO DA TORMENTA

O capítulo da ascensão do nazismo pode ser considerado dos mais tristes da história recente. Tomou forma durante o período de pós-Primeira Guerra, quando o governo alemão ficou conhecido por República de Weimar, de modelo parlamentarista – o Presidente nomeava um Chanceler para governar junto com o Parlamento. A chegada ao poder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães – Nationalsozialismus –, começou a ganhar força a partir

6

RICHIE, Alexandra. Faust’s Metropolis. A History of Berlin. New York: Carrol & Graf, p.164. HALL, Peter. Cidades do Amanhã. São Paulo: Perspectiva, 2005, p.34. 8 ARARIPE, Luiz de Alencar. Primeira Guerra Mundial. In: MAGNOLI, Demétrio (org.) História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2006, p.319. 9 MAGNOLI, Demétrio (org.) História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2006, p.11. 7

35

da década de vinte. Em 1928 os adeptos de Hitler conquistaram doze cadeiras no Parlamento. Nas eleições de 1930, o partido quase insignificante saltou para 107. Seu eleitorado cresceu de 810 mil para 6,5 milhões. Além deles, os comunistas eram donos de 77 cadeiras e os sociais-democratas de 143 em um total de 57710. Porém, com a cassação dos deputados comunistas, os nazistas conseguiram aumentar proporcionalmente seus representantes. A Alemanha permaneceu até 1933 aparentemente afastada das grandes questões européias. Em janeiro de 1933, Adolf Hitler, líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, chegou ao poder. A partir de então, iniciou-se a implantação de uma política cujo principal objetivo mostrava ser resgatar à Alemanha a potência militar dos “áureos tempos do Império em que o país ditava, em grande parte, as regras na política européia”11. As convicções e ideais de Hitler formam – como já é conhecido – um dos perfis mais monstruosos da história da humanidade e as conseqüências de seus atos serão lembradas para sempre. Com objetivo de expandir o território alemão, garantindo-lhe extensão, matériasprimas e poder político e militar, o nazismo alemão provocou a Segunda Guerra Mundial ao invadir terras vizinhas austríacas em 1938 – onde o movimento nazista era igualmente fervilhante. Em seguida, a Tchecoslováquia teve violada a sua fronteira, causando alerta na Inglaterra, França e Rússia. Quando a Polônia foi tomada, a guerra foi declarada a fim de conter tamanha fome expansionista nazista12 . Marabini retratou esse período da história da cidade ao afirmar que nos anos entre 1933 e 1945, ocorreram conseqüências determinantes para o futuro de Berlim e de sua população: Tudo ou quase tudo desaparece nos campos de ruínas. A desagregação daquilo que deveria ser a capital de um ‘império por mil anos’ é um fato que marca todo o século. Em Berlim e suas cercanias, o rosto do universo vai mudar radicalmente. Nesse cenário perde-se até o nome das ruas. Homens e adolescentes que partiram para a guerra não

10

Ver FRIEDRICH, Otto. Antes do Dilúvio. Um retrato da Berlim nos anos 20. Rio de Janeiro: Record, 1997, p.336. TOTA, Pedro. Segunda Guerra Mundial. In: MAGNOLI, 2006, p.359. 12 A pilhagem européia projetada não foi freada a tempo de impedir invasões à Noruega, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Bulgária, Grécia, Iugoslávia e, principalmente, França. A defesa francesa resistiu pouco mais de vinte dias às ofensivas alemãs, de modo que, como reação, formou-se um trio aliado para enfrentar o declarado inimigo: Inglaterra, Rússia e Estados Unidos. Entraram definitivamente nos combates, com a ajuda de outros tantos países que enviaram tropas para a Europa justamente na passagem da década de trinta para quarenta. 11

36

13

voltarão; logo serão esquecidos. A própria memória torna-se impossível.

O evento tomou grandes proporções e agregou política de superioridade étnica baseada em preconceito e discriminação a todos que não tivessem origem ariana, mas principalmente contra judeus e ciganos, que foram perseguidos, privados de quaisquer direitos, violentados, humilhados e mortos em diversos locais do vasto território controlado pelo nazismo. Durante a década de trinta, a cidade havia se transformado em um verdadeiro pesadelo para judeus e seus descendentes, bem como para homossexuais, ativistas de igrejas, sociais democratas, comunistas e outros grupos que não eram aceitos na imagem da “nova Alemanha” que o nazismo buscava. A forma de perseguição anti-semita, porém, dava-se também por segregação espacial. Perseguir uma etnia, por si só, limita o espaço que a mesma pode ocupar em determinado território, seja pelo medo ou por barreiras físicas, como foi o caso de Varsóvia, capital da Polônia. Os judeus, por serem muitos, foram confinados em um bairro e cercados por muros, de onde só saíam para embarcar para os campos de concentração e extermínio. O “Gueto de Varsóvia”, como ficou conhecido o reduto judeu polonês, tornou-se ilha em meio à ocupação alemã e foi um dos poucos casos – certamente o mais conhecido – de resistência civil armada contra o nazismo. Não que tenham tido sucesso, posto que foram aniquilados depois de três semanas de luta, mas os moradores do gueto preferiram lutar a esperar o fim. “Eram 1500 homens e mulheres entre 18 e 25 anos. Objetivo: opor-se a novas deportações. Resistir até o fim, o mais prolongadamente possível. Ilusão: vinda de uma ajuda de fora, durante a resistência”14 . Os campos de extermínio eram localizados basicamente no território polonês. Para lá seguiam os comboios ferroviários com prisioneiros deportados das regiões ocupadas pelo exército alemão. Os campos de Sobibor, Belzec, Chelmno e Treblinka funcionaram entre 1941 e 1943. Auschwitz-Birkenau e Majdanek eram imensos, construídos ao redor de complexos industriais que também possuíam câmaras de extermínio, mantidas em operação até 1944, meses antes da queda de Berlim.15

13

MARABINI, Jean. Berlim no tempo de Hitler. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.9. MARGULIES, Marcos. Gueto de Varsóvia. Crônica milenar de três semanas de luta. Rio de Janeiro: Editora Documentário, 1973, p.120. 15 Ver GALLI, Samira Mazarin & MORAES, Gabriela Campos. Sobreviventes. Histórias de vida de judeus que resistiram ao Holocausto. Campinas: PUC Campinas, 2005, p.40. 14

37

A entrada das tropas aliadas na Normandia, França, marcou o “Dia D” na história como ofensiva contra o exército alemão. Simultaneamente, à leste, os alemães perdiam batalhas na Rússia, perto de Moscou. Com as baixas do leste e a derrota no oeste francês, o nazismo enfraquecia consideravelmente. Gradativamente, os países conquistados por Hitler foram libertados conforme as tropas aliadas marchavam rumo à Alemanha. Coordenadas pelo General norteamericano Dwight David Eisenhower, foram tomando todos os pontos estratégicos no caminho: portos, cidades importantes e capitais. A corrida por Berlim, porém, ficou marcada nos livros de história por uma divisão dentro das forças aliadas: se, de um lado, o Presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, e o Primeiro Ministro britânico, Winston Churchill, aparentemente “falavam a mesma língua” no que diz respeito aos objetivos do confronto, na outra ponta do triângulo aliado, o russo Josef Stalin procurou de certa maneira esconder seus principais objetivos com relação à queda do nazismo. Mesmo com o exército alemão por um fio, Stalin negou o quanto pôde que seu objetivo maior era chegar a Berlim na frente dos ingleses e norte-americanos que vinham pelo oeste, contendo, desta forma, a velocidade do avanço das tropas de Roosevelt e Churchill16. Eisenhower alterou o principal eixo de avanço das tropas aliadas que vinham do oeste sobre Berlim para a direção das cidades de Leipzig e Dresden: Berlim, por si só, não é mais um objetivo relevante. Sua utilidade para os alemães tem sido amplamente aniquilada e mesmo seus governantes preparam-se para se deslocar para outra área. O que é importante no momento é reunir nossas forças em torno de uma ofensiva única, e isso fará com que ocorram ainda mais rapidamente a queda de Berlim . 17

A verdade é que a tomada de Berlim e sua conquista seriam decisivas para o futuro da cidade pelos próximos cinqüenta anos, como veremos.

16 “Enquanto os exércitos aliados aproximavam-se do coração da Alemanha vindos de ambas as direções, os berlinenses afirmavam que os otimistas estavam ‘aprendendo inglês e os pessimistas, aprendendo russo’. O ministro do Exterior nazista, Joachim von Ribbentrop,que não tinha senso de humor, anunciou num jantar diplomático que ‘a Alemanha perdeu a guerra mas ainda está em seu poder decidir para quem’”. BEEVOR, Antony. Berlim 1945: A Queda. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.251. 17 Palavras de Eisenhower in: RYAN, Cornelius. A Última Batalha. Porto Alegre: L&PM, 2005, p.181.

38

A IMPORTÂNCIA DA TOMADA DA CAPITAL

Há que se destacar a importância da tomada da capital alemã e o que essa conquista significou em termos militares, políticos e ideológicos. Nunca houve dúvidas, na mente dos líderes nazistas, de que a luta por Berlim seria o clímax da guerra. “Os nacional-socialistas vencerão juntos em Berlim ou morrerão juntos em Berlim”18. A frase dita por Goebbels foi assim comentada por Beevor: Talvez inconsciente de [Goebbels] estar parafraseando Karl Marx, que costumava declarar que ‘quem possui Berlim, possui a Alemanha’. Stalin, por outro lado, conhecia, sem dúvida, o resto da citação de Marx: ‘E quem controla a Alemanha controla a Europa’.

19

Embora afirmasse que “Berlim perdeu a importância estratégica que teve outrora”, Stalin tinha como único objetivo despistar o comando dos aliados dizendo que “o Alto-Comando Soviético, por essa razão, tinha planos de enviar apenas forças secundárias em direção a Berlim”20. Evidente que tomar Berlim, naquele momento, poderia significar o controle sobre a Alemanha no pós-guerra, além de mostrar a competência do Exército Vermelho e sua momentânea superioridade frente aos ingleses e norte-americanos. Em uma manobra das mais inteligentes, Stalin promoveu, internamente, uma corrida por Berlim convocando os marechais Georgij Zhukov do Primeiro Exército bielo-russo e Ivan Koniev do Primeiro Exército ucraniano, inimigos declarados. Incentivando a competição entre os comandantes dos melhores exércitos soviéticos, Stalin perguntou qual dos dois chegaria primeiro na capital alemã21. Dias depois os soviéticos chegaram em Berlim – incríveis dois meses antes dos norte-americanos e ingleses – e invadiram a cidade atravessando a escassa e cansada defesa alemã22 . As condições de Berlim nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial eram sofríveis,

18

GOEBBELS apud BEEVOR, Antony. Berlim 1945: A Queda. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.190. BEEVOR, Antony. Berlim 1945: A Queda. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.190. 20 RYAN, Cornelius. A Última Batalha. Porto Alegre: L&PM, 2005, p.194. 21 No dia 30 de abril de 1945, Georgij Konstantinovitch Zhukov tomou o Reichstag de Berlim, momentos a frente de Ivan Stepanovich Koniev, vencendo a competição interna entre os dois marechais de Stalin. 22 “Não lutamos mais por Hitler, pelo nacional-socialismo nem pelo Terceiro Reich”, escreveu um veterano da Divisão Grossdeutschland, “nem mesmo por nossas noivas, mães ou famílias presas em cidades devastadas pelas bombas. Lutamos por simples medo (...) Lutamos por nós mesmos, para não morrermos em buracos cheios de lama e neve; lutamos como ratos”. BEEVOR, Antony. Berlim 1945: A Queda. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.51. 19

39

semelhantes a uma grande trincheira, pelo fato de ter recebido o impacto da maior concentração de artilharia 23 que houve em todos os tempos: A loucura nazista transformava as casas em casamatas. E assim, de rua em rua, de casa em casa, a cidade foi conquistada, até que os soldados soviéticos desfraldaram a bandeira 24

vermelha no topo do Reichstag.

A infra-estrutura berlinense reduziu-se a um estado primitivo. Três dos quatro postos de bombeiros foram destruídos, as redes de água danificadas em mais de três mil pontos, o que significou o fim do abastecimento de água potável. Além disso, houve destruição de diversas pontes pela cidade e o cancelamento dos serviços de correio e rádio25. O episódio da tomada de Berlim ficou conhecido como a Batalha de Berlim. “Os 19 ataques que caracterizaram a Batalha de Berlim, ocorridos entre agosto de 1943 e março de 1944, mataram 9390 civis e 2690 pilotos. Uma relação assustadora para uma operação que deveria decidir a guerra” 26, relata Friedrich em obra sobre a destruição das cidades alemãs na Segunda Guerra. As palavras do marechal inglês, Sir Arthur Tedder, sobre o cenário que encontrou em Berlim ao entrar na cidade após os conflitos: As ruínas de Berlim deveriam ser preservadas como uma moderna Babilônia ou Cartago, como um memorial contra o militarismo prussiano e o regime nazista. A cidade está...


Similar Free PDFs