João Escoto de Erígena - Resumo Filosofia e Ética PDF

Title João Escoto de Erígena - Resumo Filosofia e Ética
Course Filosofia e Ética
Institution Universidade Federal de São João Del Rei
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Trabalho completo sobre João Escoto de Erígena- Filosofia Medieval...


Description

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E MÉTODOS Igor Corrêa de Barros 160400027

João Escoto de Erígena

Trabalho apresentado para obtenção parcial de créditos na unidade curricular Filosofia Medieval do curso de Filosofia e Métodos da Universidade Federal de São João del-Rei, campus Dom Bosco. Docente: Prof. Dr. João Bosco

São João del-Rei 2017

João Escoto Erígena (810-877) foi um importante filósofo do renascimento carolíngio. Pouco ou nada se sabe sobre a sua origem, exceto que era irlandês. Não podemos considerá-lo racionalista ou panteísta, sua obra está dentro da fé a qual foi instruído, fazendo um importante estudo no campo da teologia natural. Influenciado por Dionísio e Plotino, o autor soube conciliar neopatonismo com o cristianismo. Deus para João Escoto de Erígena está além da compreensão humana e não pode ser interpretado, sendo algo inefável. Aristóteles afirmou que existem dez categorias para o ser, entretanto para Santo Agostinho essas categorias não se aplicam ao campo da Teologia. Escoto de Eriúgena compartilha do mesmo pensamento em sua obra, sendo Deus superior, transcendendo a essa ou qualquer outra categorização. Deus é incognoscível, supera todo o entendimento. A nossa verdadeira sabedoria advém da falta de entendimento que temos sobre ele. Deus manifesta-se na criação (teofania). O mundo é Deus, mas Deus é muito mais do que o mundo, portanto o criador está sempre para além do “objecto criado”. Está acima das coisas e em todas as coisas. É tudo em tudo, está no Cosmos por inteiro, nas suas várias partes, porque é o todo e a parte e não é nem o todo nem a parte. O autor desenvolveu tanto uma teologia afirmativa, quanto uma teologia negativa. Na teologia afirmativa, podemos atribuir adjetivos a Deus, mas somente de forma metafórica, como dizer que Deus é a verdade e a vida. A teologia negativa se resume em negar que Deus tenha essas qualidades fora do campo metafórico, pois é impróprio atribuir enunciados a Deus, pois ele é um ser inefável do qual não podemos descrever sua essência. Essa dialética negativa é atribuída por muitos estudiosos à influência que o filósofo teve de seu mestre Dionísio, do qual Escoto foi além, considerando o "não ser" tão importante quanto o ser. Pelo "não ser" se entende o nada, mas as várias negações possíveis do ser. No que diz relação à liberdade e a influência de Deus nas ações humanas, o filósofo sustenta que a liberdade humana não é possível de ser atribuída a Deus, como uma predestinação dos seres humanos, pois em Deus não existe uma pré ou uma pós destinação. Deus é o princípio, o meio e o fim, ele é a razão de tudo que dele se origina, ou seja, é a razão de tudo. O mal não é em si uma realidade, mas uma recusa da realidade e Deus não conhece o mal. Se Deus conhecesse o mal o mal seria algo real no mundo. Mas o mal não é algo real, é uma recusa da realidade, o mal é o pecado que é uma carência ou uma

inexistência de vontade. A vontade livre é o livre arbítrio em que o homem se encontra e nele o homem pode se decidir pelo bem ou pelo mal. O homem comete pecado quando desvia a sua vontade de escolher o mal em lugar de escolher o bem. O homem é, portanto livre para pecar ou não pecar. A principal contribuição de Erígena encontra-se em sua principal obra, o livro "Periphyseon", em que o autor divide em a natureza em uma estrutura quartanária para explicar o ciclo vital do ser divino. Faz parte dessas quatro espécies de natureza não só tudo o que é, mas também tudo que não é. Este ciclo, pelo qual a vida divina procede a constituir-se constituindo as coisas e com elas retorna a si própria fundamenta o pensamento de Erígena. A é natureza é dividida em quatro partes: a primeira cria e não é criada, cria e é incriada, é a primeira causa;a segunda é criada, mas também cria. Cria e é criado. São as ideias subsistentes em Deus. O próprio Verbo divino, o Logos através do qual tudo foi criado; a terceira é criada e não cria. É o mundo. O conjunto de todas as coisas distribuídas pela acção do Espírito Santo; a quarta não cria, nem é criada, ou seja, Deus, aqui entendido como fim último da criação. Deus é singularmente visto, não como criador, mas fim e destino de tudo, de todas as coisas. Tudo o que emana de Deus procura retornar-lhe, o fim igualando assim o começo. A divisão apresentada, ainda que determinada por circunstâncias históricofilosóficas antecedentes aparece de um modo originário no pensamento de Eriúgena. Trata-se de reflectir a oposição entre Criador e criatura, dando maior importância à relação do que aos termos relacionados, permitindo desta maneira que a relação se desdobre em dois sentidos complementares: criador-criatura, que se combinam a esses dois níveis. A divisão quaternária proposta por Erígena é apenas especulativa e forma um par de opostos: a terceira é oposta a primeira e a quarta a segunda. A primeira natureza cria e não é criada e por isso é contraria a terceira; que é criada e não cria a segunda à quarta, pois a segunda é criada e cria e contraria completamente a quarta, que não é criada e nada cria. A primeira natureza é criadora e não criada representa Deus como o princípio criador de todas as coisas. Deus é incriado, no sentido em que não é criado por outro e como tal não pode ser compreendido e definido adequadamente. É unidade, mas unidade inefável articula-se em três substâncias: Pai, Filho e Espírito Santo.

Erígena utiliza a palavra criação em seu catolicismo, tão profissionalmente quanto um ortodoxo; mas em sentido diferente, que não deve ser confundido. Criação com Erígena é emanação. Seus argumentos perdem seu significado no momento em que se esquece disso. Emanação é a chave que une o criado com o não-criado: a ligação que faz Criador e criatura um. Esse pensamento constitui a segunda das quatro divisões, no qual diz: “O que cria e é criado.” A segunda natureza representa os ideais com os quais são constituídas as realidades de todas as coisas criadas, que os gregos chamavam protótipos, espécies ou formas eternas de acordo com eles, e neles, o universo visível foi criado. Esses ideais são os pensamentos de Deus – sua concepção das coisas antes do começo do tempo. Elas são idênticas com seu espírito e sua vontade. Deus não pode existir sem criação, a criação é seu trabalho necessário. Os atributos divinos de ser, sabedoria, bondade e verdade requerem que Deus crie. A terceira natureza é a que é criada e não cria. Como a essência de Deus é a única substância de todos os seres, como o Logos é a unidade de todas as causas primordiais, o homem é o ponto mediador das oposições e diferenças do mundo fenomenal. Seu ser contém todas as naturezas criadas em si mesmas; desde o espírito e razão do homem, Deus tem criado o invisível e inteligível mundo; e em seu corpo, o visível e o sensível. O homem está contido na causa original oculto de acordo com o que ele criou; e nele está contida toda a criação, então que ele seja chamado, não impropriamente, “o trabalho de todas as outras criaturas.” A quarta divisão da natureza é: “Aquele que não cria e que não foi criado.” Isso, como se sabe, é Deus, ele próprio. A diferença é que, primeiro, Deus é o criador e a palavra, o ser da qual a criação emana. Nisso, ele é o ser no qual toda a criação retorna. Isso é Deus em nossa maior concepção dele; Deus sem atributos; Deus em sua essência, nem criativo nem criado. Assim Erígena compõe seu pensamento ao propor a divisão da natureza numa estrutura quartanária, que vai desde a primeira natureza que representa Deus como o criador, até a quarta natureza em que relata o retorno a Deus como algo necessário para o homem se salvar. Essa salvação seria nosso retorno a Deus, o Logos qual ficou encarnado em Jesus de Nazaré, que por sua morte, ressurreição e ascensão, completaram a salvação dos homens e dos anjos. A salvação na verdade não pode ser marcada no tempo nem falada como um evento é algo verdadeiro que é eternamente realizado....


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