Nascimento da medicina social PDF

Title Nascimento da medicina social
Author Eduardo Ferreira
Course Saúde Coletiva
Institution Ensino Médio Regular (Brasil)
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Resumo de saúde coletiva - UFPE - MEDICINA...


Description

Nascim ento Medicina Nasci ment o da Med icina SSocial ocial A medicina moderna e científica nasceu no fim do século XVIII é ou não individual? Certos críticos da medicina atual defendem a ideia de que a medicina antiga – grega e egípcia – ou as formas de medicina das sociedades primitivas são sociais, coletivas, não centradas sobre o indivíduo. Foucault diz que, com o pouco conhecimento que tem sobre história grega, fica perplexo, pois não vê como a medicina grega possa ser coletiva/social. Diz ainda que a medicina medieval era de tipo individualista e as dimensões coletivas eram discretas. O contraponto é: a medicina moderna é uma medicina social. Com o capitalismo, deu-se passagem de uma medicina individual para uma medicina coletiva. O capitalismo socializou o corpo enquanto força de produção. O controle da sociedade começa no corpo, com o corpo – este é uma realidade biopolítica. A medicina moderna é, portanto, uma estratégia biopolítica. A formação da medicina social pode ser dividida em três etapas: Medi cin do Medicin cinaa de Esta Estado do: Se desenvolveu sobretudo na Alemanha, no séc. XVIII. Desde o final do século XVI e início do XVII, todas as nações do mundo europeu se preocuparam com o estado de saúde de sua população, devido ao contexto do mercantilismo. A política mercantilista consiste em majorar a produção da população, a quantidade de população ativa e a produção de cada indivíduo. Desde o final do século XVI, com a política mercantilista, as nações europeias se preocupavam com o estado de saúde da população, estabelecendo-se as estatísticas de nascimento e mortalidade e contabilidades da população. No entanto, não havia intervenção efetiva ou organizada para elevar o nível de saúde, como houve na Alemanha, onde se desenvolveu uma prática médica centrada na melhoria do nível de saúde da população. Na Alemanha, houve a formulação do que se chamou pela primeira de política médica de um Estado, que trata de algo diferente de simples contabilidade de mortalidade ou natalidade. A chamada polícia médica alemã consistia em: (1) sistema muito mais completo de observação da morbidade, levando em conta fenômenos epi/endêmicos; (2) normalização da prática e do saber médicos, com controle, por parte do Estado, dos programas de ensino e atribuição de diplomas (o médico foi o 1º indivíduo normatizado na Alemanha); (3) subordinação da prática médica a um poder administrativo superior que controlava a atividade dos médicos; (4) criação de funcionários médicos nomeados pelo governo com responsabilidade sob uma região – sendo o embrião do médico como administrador de saúde. OBS1: a medicina de Estado não tem por objeto a formação de uma força de trabalho adaptada às necessidades das indústrias. A consciência de cuidar do corpo aqui não é no sentido da força do trabalho, mas da força estatal – aquela do Estado em seus conflitos, que a medicina deve aperfeiçoar/desenvolver. Medi cin bana Medicin cinaa Ur Urbana bana:representada pelo exemplo da França em meados do século XVIII Essa medicina não tem como suporte a estrutura do Estado, mas sim o fenômeno da urbanização. Nesse contexto, sentiu-se a necessidade de constituir a cidade como uma unidade, de organizar o meio urbano dependente de poder único e bem regulamentado, diferente dos antigos poderes heterogêneos e rivais. Isso se deu por duas razões. Primeiro, à medida em que a cidade se torna um importante lugar de mercado, a multiplicidade de poder torna-se intolerável. A segunda razão é política, pois as revoltas urbanas tornam-se frequentes e é necessário um poder para esquadrilhar esta tensão entre a população. Para dominar esses fenômenos que inquietavam a população das cidades, a burguesia lança mão de um modelo parecido com o modelo médico e político de quarentena, que desde o fim da Idade Média existia em todos os países da Europa quando uma doença epidêmica violenta aparecesse. Consistia em: (1) cada família em sua casa, para serem localizados num único lugar; (2) cidade dividida em bairros com autoridades para vigilância generalizada, para verificar se alguém saía de seu local; (3) vigias deviam fazer diariamente um relatório preciso ao prefeito; (4) inspetores deviam, diariamente, fazer revista em todos os habitantes; (5) desinfecção de casa por casa. Resumindo: consiste em distribuir os indivíduos e isolá-los, vigiá-los um a um, constatar o estado de saúde de cada um, ver se está vivo ou morto e fixar, assim, a sociedade em um espaço esquadrinhado, dividido, inspecionado, percorrido por um olhar controlado por registro. A medicina urbana é, então, um aperfeiçoamento do esquema de quarentena e apresenta 3 objetivos: (1) Análise das regiões de amontoamento e perigo: Analisar os locais de acúmulo de tudo que, no espaço urbano, possa causar doença. É nessa época que aparece o cemitério individualizado, não por razões tecnológico-religiosas de respeito ao cadáver, mas de político-sanitárias de respeito aos vivos. (2) Controle e estabelecimento de uma boa circulação de água e ar: O ar era considerado um dos grandes patógenos porque veiculava miasmas. Assim, surge a necessidade de abertura de longas avenidas para circulação do ar e reorganização das construções nas cidades. Criaram-se também corredores de ar. (3) Organização de distribuições e sequências: onde colocar os diferentes elementos necessários a vida comum nas cidades. Exemplo: como evitar que se aspire água de esgoto nas fontes onde se vai buscar água de beber? Daí surgiu o primeiro plano hidrográfico de Paris. Medi cin ça d e Tr abal ho Medicin cinaa da For Força de Trabal abalho ho:analisada através do exemplo da Inglaterra – foi o último alvo da medicina social. Ela foi o último alvo pois os pobres não foram considerados claramente como fonte de perigo médico (assim como os cemitérios e matadouros) porque o amontoamento ainda não era tão grande e também porque eles eram vistos como parte da instrumentalização da cidade; ou seja, objetos. No entanto, começam a aparecer como perigo no final do século XIX, quando se tornam uma força política capaz de se revoltar, perdem o emprego com o surgimento de serviços postais e ocorre a divisão entre os espaços pobres e ricos. Com a "Lei dos Pobres" que a medicina inglesa começa a se tornar social, na medida que essa legislação se comportava como um controle médico dos pobres, com a ideia de assistência controlada, sendo a intervenção médica tanto uma maneira de ajudar os mais pobres e satisfazer suas necessidades de saúde, quanto um controle que garantia a proteção das classes ricas. Sistemas complementavam a Lei dos Pobres, como o Health Service (healthofficers), criados em 1875, que tinham como função o acompanhamento e obrigação vacinal da população; registro organizado das epidemias; localização e destruição dos locais insalubres. Um cordão sanitário é estendido no interior das cidades entre os ricos e pobres, de modo que os ricos garantiam não serem vítimas de fenômenos epidêmicos originários da classe pobre. Esse contexto suscitou uma série de reações violentas da população. Reaparecem grupos contra a medicalização, reivindicando o direito das pessoas de não passarem pela medicina social. Assim, diferentemente da Alemanha e da França, na Inglaterra surge uma medicina essencialmente de controle da saúde e do corpo das classes mais pobres para torná-las aptas ao trabalho e menos perigosas para os ricos....


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