Oração aos moços - FICHAMENTO, RESUMO DA OBRA DE RUY BARBOSA PDF

Title Oração aos moços - FICHAMENTO, RESUMO DA OBRA DE RUY BARBOSA
Course Direito civil
Institution Centro Universitário UniFTC
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FICHAMENTO, RESUMO DA OBRA DE RUY BARBOSA...


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“Oração aos moços”, do eminente jurista Rui Barbosa. A obra trata-se de uma carta que tem como tema central a ética profissional. Nela se vê uma espécie de pedido insistente e humilde extremamente bem arquitetado. trata-se de um discurso dirigido à turma de bacharelandos da Faculdade de Direito de São Paulo, da qual Barbosa fora escolhido paraninfo, em ocasião da cerimônia

de

formatura

da

classe

de

1920.

Impedido de comparecer, por motivos de ordem médica, e tendo seu discurso lido pelo professor Reinaldo Porchat, Rui Barbosa se pronuncia, logo no começo

de

sua

obra,

acerca

de

sua

ausência:

Mas, recusando-me o privilégio de um dia tão grande, ainda me consentiu o encanto de vos falar, de conversar convosco, presente entre vós em espírito; o que é, também, estar presente em verdade. Assim que não me ides ouvir de longe, como a quem se sente arredado por centenas de quilômetros, mas de ao pé, de em meio a vós, como a quem está debaixo do mesmo teto [...] (p.27). Não escolhendo uma religião e sendo contra as outras, mais falando de um modo Único, Deus de cada um, uma forma geral. Barbosa ainda faz um balanço de sua atuação como advogado e cidadão ativo. A sua intenção é transmitir suas experiências positivas e negativas, ideias, reflexões e conselhos àqueles que estavam iniciando a prática jurídica. Barbosa tenta passar em sua obra um conselho entre paraninfo e alunos, ou como ele mesmo destaca, entre pais e filhos. Formado em direito, profissional com 50 anos de carreira, tem muito o que falar, e alertar a seus acadêmicos. Rui Barbosa defendia a ideia de que o pior não é que um advogado erre, mais sim aquele que erra e não reconhece seu erro.

“Não quis Deus que os meus cinqüenta anos de consagração ao direito viessem receber no templo do seu ensino em São Paulo o selo de uma grande bênção, associando-se hoje com a vossa admissão ao nosso sacerdócio, na solenidade

imponente

dos

votos

em

que

o

ides

esposar.”

Rui Barbosa expressa de maneira extremamente humilde toda a sua sabedoria, experiência, o amadurecimento que adquiriu ao longo de sua vida.

Vale lembrar que ele mesmo convalescendo não esquece dos miseráveis daquela época.

O autor então prossegue em uma reflexão sobre o papel dos inimigos e das adversidades em sua vida, contrapondo-os ao papel dos amigos. Para o autor, os dissabores que malquerentes e malfazentes proporcionam lhe é mais favorável, muitas vezes, ao seu crescimento pessoal do que a fortuna propícia ou

a

verdadeira

amizade.

Amigos e inimigo sestão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal. Não poucas vezes, pois, razão é lastimar o zelo dos amigos, e agradecer a malevolência dos opositores. Estes nos salvam, quando aqueles nos extraviam. (p.36)

Profere uma crítica ferrenha à legislação vigente no país, pelo fato de serem privilegiadas as vontades de uma minoria."[...] num país onde a lei absolutamente não exprime o consentimento da maioria, onde são as minorias, as oligarquias mais acanhadas, mais impopulares e menos respeitáveis, as que põem, e dispõem, as que mandam e desmandam em tudo;" (p.42).Tece elogios a respeito das Democracias cujo eixo é a justiça, citando a norte-americana. “Soberania tamanha só nas federações de molde norte-americano cabe ao poder judiciário, subordinado aos outros poderes nas demais formas de governo, mas, nesta superior a todos.” (p.43)

Expõe a respeito dos “dois braços”, das duas instituições que mantêm de pé a lei: a advocacia e a magistratura. Explicita a necessidade dos bacharéis se encorajarem num caminho dedicado a Deus, à pátria e ao trabalho. “Deus, pátria e trabalho. Metei no regaço essas três fés, esses três amores, esses três signos santos. E segui com o coração puro.” (p. 44)

No discurso, Rui Barbosa infere que a missão do advogado e a magistratura se confundem, pois, o advogado quando no exercício da sua função, também estará de certo modo a exercer uma espécie de magistratura, uma vez que a

justiça, tanto para o advogado como para o magistrado, sempre terá o mesmo objetivo a ser perseguido. Em carta, Rui Barbosa chama atenção para a questão da igualdade, onde deixa claro que a verdadeira igualdade está em tratar igualmente os desiguais na medida de suas desigualdades para que se possa alcançar a igualdade justa e plena. A mensagem mais direta aos formandos foi no sentido de que eles deveriam ter a lei como um instrumento em que visasse alcançar a justiça social, tendo em vista que as desigualdades sociais e a falta de conhecimento por parte da população com relação aos seus próprios direitos, devem-se ao caráter antidemocrático em que a lei e a justiça se apresentam para a sociedade, onde apenas poucos se beneficiam dos resultados finalísticos desses dois instrumentos de ordem social. Rui Barbosa, também dedica boa parte dessa carta, para alertar os formandos, das características de cada ser. Lembra o notável, não há nada igual nesse mundo. Cada elemento tem suas próprias características. Propriedades exclusivas de cada um, e o Advogado precisa respeitar tal fato, sob pena de não conseguir defender os interesses de seus clientes, deixando assim uma sensação de desamparo. Perceber tais singularidades é de extrema importância, pois como se sabe, o que é bom e agradável para uns, não são para outros. É nessas particularidades, que consiste deixar a agradável aparência

de

satisfação.

“A parte da natureza varia ao infinito. Não há, no universo, duas coisas iguais. Muitas se parecem umas às outras. Mas todas entre si diversificam. Os ramos de uma só árvore, as folhas da mesma planta, os traços da polpa de um dedo humano, as gotas do mesmo fluido, os argueiros do mesmo pó, as raias do espectro de um só raio solar ou estelar. Tudo assim, desde os astros, no céu, até os micróbios no sangue, desde as nebulosas no espaço, até aos aljôfares do

rocio

na

relva

dos

prados”.

O nobre jurista não perde a oportunidade, de deixar uma palavra de animo, recomendando que sejam perseverantes, ante os desafios, que eles com certeza iriam encontrar, em suas jornadas. Com certeza o Dr. Rui Barbosa, falava de si próprio, de seus inúmeros obstáculos, das enormes dificuldades que ele com certamente enfrentou. Entretanto a modéstia não deixou que ele

citasse a si próprio como exemplo, passando essa honra a outra pessoa. Ninguém chega aonde ele chegou, sem lagrimas, muitas lagrimas, “mãos calejadas” da batalha. Esse brasileiro pode descasar em paz, com a consciência tranqüila, pois dedicou toda sua vida, a cultura brasileira. “Já vedes que ao trabalho nada é impossível. Dele não há extremos, que não sejam de esperar. Com ele nada pode haver, de que desesperar.” Na ocasião em escreveu essa carta, ele já estava com a saúde debilitada e já próximo de sua morte, o Dr. Rui Barbosa ensinou, sobretudo como efetuar com perfeição qualquer incumbência assumida. Exortou que ninguém deve começar uma jornada sem estar em condições de executa-la, com o mínimo de profissionalismo, dedicação integral e amor. Sábios conselhos de humildade, mansidão, temperança e dedicação a cada tarefa assumida com a sociedade. Nesse mesma carta ele atribui, que o seu notável saber intelectual as madrugadas em passou em claro estudando com tenacidade e dedicação, um sinal de alerta para todos que milita nessa vida, sem esforço não se consegue absolutamente

nada

digno

de

ser

inesquecível.

“Há estudar, e estudar. Há trabalhar, e trabalhar. Desde que o mundo é mundo, se vem dizendo que o homem nasce para o trabalho: “Homo nascitur ad laborem”. Mas o trabalhar é como o semear, onde tudo vai muito das sazões, dos dias e das horas. O cérebro, cansado e seco do laborar diurno, não acolhe bem a semente: não a recebe fresco e de bom grado, como a terra orvalhada. Nem a colheita acode tão suave às mãos do lavrador, quando o torrão já lhe não está sorrindo entre o sereno da noite e os alvores do dia”. Só assim Oração aos Moços, terá alcançado êxito em seus objetivos. Pois o que ele deixa para todos os acadêmicos, é que o destino de nossa nação esta em nossas mãos; no amanhã seremos os governantes de hoje, seremos os legisladores de hoje. Chama ele atenção para o fato que, o destino da nação é responsabilidade

de

todos

nós.

Ninguém pode escusar-se, como se não tivéssemos nada com isso. O nobre Advogado, não se cansa de chamar a atenção, para a importância de se ter mais interesse pelo destino do país. Um balanço dos seus cinqüenta anos de dedicação, a Advocacia, ao Jornalismo, a Política, como Jurista e como

cidadão combatente, podem ser apreciado, de maneira biográfica. Mostrando o quanto ele tinha interesse pelos diversos assuntos, que delineiam o rumo que o país pode tomar. Quis ele ajudar que esse rumo fosse o melhor para toda a nação. Quis ele que nenhum seguimento da nossa nação fosse excluída, do básico para uma vida digna, das famílias brasileiras, com uma preocupação principalmente

pelas

famílias

menos

favorecidas,

e

também

muitas

preocupação demonstra ele pelos que estão classificados como miseráveis. Uma maneira impressionante, de se fazer isso é ir diretamente onde estava se formando

o

futuro

das

instituições

de

nosso

país.

Devendo assim ter sabedoria para poder usá-la. Barbosa retrata-a de forma otimista, como algo que é essencial para mudar tudo o que há de blasfemo, profano, imoral, corrupto e hipócrita no meio social. Sequencialmente, o ilustre advogado desconstrói outra visão social de que a bondade alheia nos torna melhores, dizendo que a maldade, o mal querer dos nossos inimigos são as verdadeiras fontes do nosso crescimento pessoal.

Em sua obra, Barbosa coloca-se ao inteiro dispor dos apadrinhados, se expondo de maneira categórica e clara, mostrando muito desejo de passar para os jovens bacharéis o peso, a dedicação e a honra com que se deve empenhar na construção de uma pátria mais digna, peso esse que ele também sente sobre seus "ombros". Ele compara sua vida com um livro aberto, totalmente escancarado. Esclarece sobre a importância dos inimigos em nossa jornada, ao benefício que eles podem nos proporcionar e que as verdadeiras amizades não podem nos oferecer.

Discorre a respeito da relevância de se notabilizar as características de cada ser, lembrando que não há nada igual nesse mundo. Cada elemento se limita a caracteres únicos, fato este ao qual o advogado deve respeitar. Manifestase também evidenciando como cruciais para a gênese da moral humana, o trabalho e a oração. O trabalho completa o homem. Relata sobre as noites de sono que perdeu para que alcançasse o seu exímio saber intelectual,

alertando para o fato de que nada digno de memória se consegue nessa vida sem se esforçar.

Mas ressalva de que é necessário não se trocar o dia pela noite. É importante zelar as noites de sono para se ter um dia de trabalho satisfatório. Profere uma crítica ferrenha à legislação vigente no país, pelo fato de serem privilegiadas as vontades de uma minoria. Tece elogios a respeito das Democracias cujo eixo é a justiça, citando a norte-americana. Expõe a respeito dos “dois braços”, das duas instituições que mantêm de pé a lei: a advocacia e a magistratura.

Explicita a necessidade dos bacharéis se encorajarem num caminho dedicado a Deus, à pátria e ao trabalho. Coloca como último conselho, o ensinamento que para ele tenha sido o mais valioso em toda a sua experiência de vida. Barbosa fala sobre duas carreiras que o profissional do Direito pode seguir, a magistratura ou a advocacia. A primeira é mais enfatizada pelo autor, referindo-se a ela como a mais “eminente das profissões”, cabendo assim ao profissional ser justo, ativo, paciente, objetivo, entre outras qualidades que Barbosa acredita que são essenciais para um bom juiz ou juíza. Ele critica os órgãos públicos, o governo, além de afirmar que não há justiça, onde não há Deus.

Assim, ele fala do contexto histórico do período em que se formou e dá mais conselhos e pedindo para que os novos profissionais do Direito não entregassem o Brasil nas mãos dos exploradores, das potências estrangeiras e da injustiça. O autor também reitera a necessidade de se pautar a carreira por vias sempre éticas mediante uma postura cívica, depositando, assim, mais uma vez, sua esperança entusiasta na bancada acadêmica que colara grau

naquele

dia.

Discutindo valores, posturas, princípios, Oração aos Moços torna-se ainda mais atual quando aborda a ética e conclama pela justa aplicação da lei: ”... o direito dos mais miseráveis dos homens, o direito do mendigo, do escravo, do

criminoso, não é menos sagrado, perante a justiça, que o do mais alto dos poderes. Antes, com os mais miseráveis é que a justiça deve ser mais atenta”....


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