Os dogmatismos sexuais - Naumi Vasconcelos PDF

Title Os dogmatismos sexuais - Naumi Vasconcelos
Author Izabele Pizzo
Course Filosofia E Ética
Institution Universidade Estadual Paulista
Pages 3
File Size 55.1 KB
File Type PDF
Total Downloads 55
Total Views 137

Summary

Resumo baseado na obra: VASCONCELOS, Naumi. Os Dogmatismos Sexuais. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 1971. 118 p....


Description

Resenha do livro Os Dogmatismos Sexuais Ivanize Sério Pizzo Ferreira

VASCONCELOS, Naumi. Os Dogmatismos Sexuais. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 1971. 118 p. O leitor tem a oportunidade de conhecer o pensamento de Naumi Vasconcelos sobre os dogmatismos sexuais que, na sua obra, revela uma análise de caráter polêmico, de denúncias filosóficas quanto às estruturas dogmáticas da vida sexual e suas implicações. Logo na introdução do livro fica evidente a preocupação da autora em torno do peso da sexualidade na atualidade. Por causa disso desenvolve em sua obra uma análise crítica dos dogmatismos sexuais que, através do tempo e da cultura, foram se acumulando em torno desse assunto. Durante anos, ou seja, desde quando passamos a refletir sobre a sexualidade, fomos educados a pensar e a agir como nossos pais, pensamentos, modos, costumes e cultura e sua época. É exatamente nesse ponto que Naumi chama-nos a atenção explicitando que se um indivíduo quer entender a sua sexualidade, ele precisa antes se conhecer como indivíduo que carrega toda uma bagagem sócio-cultural. Assim, a autora afirma que “antes de sermos antidogmáticos, devemos descobrir-nos dogmáticos.” A partir desse auto-conhecimento, o indivíduo tem condições de conceber a sexualidade de forma ampla, não como uma parte do corpo, mas como uma “descoberta do corpo, uma dimensão de sua afetividade.” A partir dessa descoberta, ele poderá elaborar sua sexualidade de forma pessoal e criativa, pois ela não “nasce” com a pessoa, não é uma coisa pré-determinada. Muitas foram as tentativas para auxiliar o homem no reconhecimento da sua sexualidade, porém enquanto tratadas por clínicas psiquiátricas ou por padres, em seus confessionários, essas tentativas tiveram uma interpretação psicológica e moral. Somente quando “os filósofos da fenomenologia e do existencialismo puseram-se a refletir sobre a corporeidade e sobre a sexualidade é que alargou-se o horizonte desse domínio.” Nesse contexto também deverão ser levados em conta os dados apresentados por outros ramos do conhecimento. Para entender os dogmatismos sexuais, não se deve apenas analisar o ângulo episódico, negligenciando toda a estrutura significativa. É fato que existem as evidências de comportamento, mas se deve colher o verdadeiro sentido, desde o dogmatismo ingênuo até suas formas mais complexas. Nesse contexto a autora inicia a análise das evidências espontâneas e ocultas dos dogmatismos sexuais, propondo a compreensão das evidências de comportamento “modo-de-ser e modos-de-aparição (sintomatologia)”. No primeiro capítulo, intitulado Evidências Espontâneas dos Dogmatismos Sexuais, a autora coloca que o homem admite as coisas como já constituídas, e faz uma análise sobre o Gosto pelo Solene, o Gosto pelo Mau Gosto, o Gosto do Paradoxo, o Gosto da Simpatia Consoladora e o Gosto e Contragosto. Gosto pelo Solene: é uma estrutura que confirma algo já estabelecido, portanto inquestionável, alguma coisa que se radica em um valor estabelecido. Gosto pelo Mau Gosto: é a ausência da criatividade onde se aceita a pornografia. Gosto do Paradoxo: é todo um contra sentido, indica parada do conhecimento no absoluto de um impasse. Na sexualidade indica muitas vezes o desconhecimento da própria sexualidade. Gosto da Simpatia Consoladora: é caracterizada por uma simpatia consoladora, porém sem se comprometer efetivamente com o outro. Gosto e Contragosto: é o medo de não ser normal, devido a isso, age de maneira diferente do seu “eu” para se enquadrar nos modelos da “normalidade”. No capítulo seguinte se faz uma reflexão sobre as Evidências Ocultas dos Dogmatismos Sexuais, através da Oposição Sujeito-Objeto no Conhecimento, da Recusa da Significação e o Abuso da Simbolização, a Ausência de Horizonte, a Sexualidade como um Fato da Natureza, a Diferenciação Sexual como Diferenciação Pessoal, a Complementaridade Sexual como Complementaridade Pessoal e as Ciências Humanas e a Sexologia. Oposição Sujeito-Objeto no Conhecimento: na estrutura clássica do conhecimento, as noções de sujeito e de objeto que antigamente eram estabelecidas como dois pólos distintos, passam atualmente a ser compreendida não mais como uma oposição, mas como uma interação.

Recusa da Significação e o Abuso da Simbolização: recusa-se a necessidade de compreender a significação real da simbolização, que é abusiva. Ausência de Horizonte: é a falta de horizontes de significações; o homem desconhece a possibilidade de interrogar e de questionar sobre qualquer questão. Sexualidade como um Fato da Natureza: é quando o homem age através de manifestações sexuais de forma instintiva, como a dos animais, pautando essa maneira de expressão como forma de ser “natural”. Diferenciação Sexual como Diferenciação Pessoal: é quando a diferença sexual ocupa lugar privilegiado em relação aos outros valores corporais (agilidade, força muscular etc.). Complementaridade Sexual como Complementaridade Pessoal: é a necessidade de admitir a existência e importância de ambas para a vida do ser humano. Ciências Humanas e a Sexologia: é a necessidade de uma nova compreensão a novos procedimentos metodológicos para se estudar a sexualidade humana. Após a reflexão sobre tais dogmatismos, a autora nos remete a uma nova etapa: a Sexualidade e Educação. O questionamento feito em torno da Sexualidade e da Educação é desenvolvido a partir de necessidade ou não da educação sexual, sua forma de aplicação e quem ensinar. É fato que a educação sexual já é feita a todo momento, seja na conversa com os amigos, no cotidiano familiar, no cinema, pela televisão etc. Com esse reconhecimento, a questão passa a ser de que forma deverá ocorrer uma educação sexual, pois se essa tiver como objetivo simplesmente “ensinar a sexualidade” através de noções sexuais correntes, não conseguirá despertar condições de elaboração pessoal nem uma perspectiva crítica e criativa, e não alcançará a meta de um sentido criador. Afinal, “a sexualidade é um modo de expressão, liga-se estreitamente à sensibilidade, constituindo, com ela, essa atividade essencialmente humana que é o erotismo”, o qual deverá ser entendido num contexto simbólico-significativo, uma sinalização, uma mensagem, um chamado e uma conquista, enfim, numa valorização e dignificação do corpo. A educação sexual, portanto, também poderia ser estudada no campo da estética, possibilitando condições para uma “sexualidade fecunda, criativa, sem traumas morais”. Isto só ocorrerá com o estudo voltado para informações sobre o aspecto fisiológico da sexualidade, suas interpretações culturais, suas possibilidades significativas, permitindo-se uma tomada lúcida de consciência, o que possibilitará o desenvolvimento contínuo de uma sensibilidade criativa em seu relacionamento pessoal. Enfim, a educação sexual precisa deixar de ser somente noções de biologia, de psicologia e de moral. É preciso ir além. Deve-se dar-lhe um significado e vivência autêntica, procurando a beleza interpessoal e a criação de um erotismo significativo do amor. Ao término da leitura é possível ver que a autora teve a intenção de mostrar que a sexualidade humana é muito complexa, que toda pessoa interessada em dar aulas sobre educação sexual e/ou descobrir a sua sexualidade, precisa ter mais do que noções fisiológicas, biológicas, moral e interpretações culturais. É preciso ter sensibilidade, criatividade e, principalmente, estar aberto para conhecer o novo, ampliar seus horizontes, para que possa ter um desenvolvimento contínuo sobre o assunto....


Similar Free PDFs