Parasitologia Médica - Enterobiose (Oxiurose) PDF

Title Parasitologia Médica - Enterobiose (Oxiurose)
Author Anna Carolina Pinho
Course Parasitologia
Institution Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
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Summary

Resumo sobre a doença Enterobiose (Oxiurose), onde aborda temas relevantes, como: morfologia, epidemiologia, sintomas etc...


Description

Parasitologia – Anna Carolina Pinho - UNIRO

Enterobiose Nome popular: Oxiuríase Taxonomia O nematódeo agora denominado Enterobius vermiculans Morfologia Embora o E. vermicularis apresente nítido dimorfismo sexual, há caracteres comuns aos dois sexos: cor branca, corpo filiforme e cutícula finamente estriada em sentido transversal. Na extremidade anterior, lateralmente à boca, notam-se expansões vesiculares da cutícula muito típicas, chamadas “asas cefálicas”. A boca é pequena, com três pequenos lábios retráteis. Segue um esôfago também característico, claviforme e relativamente musculoso, o qual termina em um bulbo cardíaco. 

Fêmea - Quando completamente desenvolvida, a fêmea mede cerca de 1 cm de comprimento (0,8 a 1,2 cm) por 0,4 mm de diâmetro. A extremidade posterior é bastante afilada, sendo a cauda longa e pontiaguda. A vulva abre-se no terço médio anterior, a qual é seguida por uma vagina que se comunica com dois úteros; cada ramo uterino se continua com o oviduto e ovário que apresentam aspecto enovelado. A medida que o número de ovos intrauterinos nas fêmeas grávidas de E. vermicularis aumenta, seu corpo gradualmente se distende e é tomado quase em sua totalidade pelos ovos do parasito, cujo total pode ser de até 16 mil em uma única fêmea. Alguns autores usam a metáfora “saco de ovos” para descrever essas fêmeas abarrotadas de ovos



Macho - Significativamente menor que a fêmea, o macho mede entre 0,3 e 0,5 cm de comprimento por 0,3 mm de diâmetro. A cauda é fortemente recurvada em sentido ventral. Há um único testículo, canal deferente e canal ejaculador, o qual alcança a cloaca do verme. Por essa mesma abertura o espículo,

relativamente

longo,

é

projetado

durante

a

cópula.

Não



gubemáculo. 

Ovos - Mede de 50 a 60 µm de comprimento por cerca de 20 µm de largura. Apresenta, grosso modo, o aspecto da letra “D”, pois um dos lados do ovo é

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sensivelmente achatado e o outro é convexo . Possui dupla camada, é liso e translúcido. Quando os ovos de E. vermicularis deixam o corpo da fêmea, já apresentam no seu interior uma larva formada. Na superfície dos ovos se encontra uma substância viscosa de natureza albuminosa que favorece a aderência a outros ovos e substratos Habitat Machos e fêmeas adultos de E. vermicularis têm o ceco do ser humano, incluindo o apêndice cecal, como hábitat natural, onde podem estar livres ou aderidos à mucosa,

alimentando-se

do

conteúdo

intestinal

do

hospedeiro.

Entretanto,

exemplares adultos, em especial jovens, podem também ser observados no íleo, enquanto as formas imaturas ocorrem ao longo de todo intestino delgado. Fêmeas grávidas, abarrotadas de ovos, são frequentemente encontradas no ânus e na região perianal do hospedeiro. Em mulheres, o parasito é mais comumente encontrado em localizações ectópicas, sobretudo na uretra e na vagina. Ciclo Biológico E do tipo monoxênico e apresenta peculiaridades relacionadas principalmente com as características biológicas da fêmea grávida e dos ovos do parasito, as quais fazem que o ciclo de vida do E. vermicularis seja bastante interessante e diferente do de outros helmintos intestinais de importância em parasitologia humana. Depois da cópula, os machos são elim inados com as fezes do hospedeiro e morrem. As fêmeas grávidas de E. vermicularis, em vez de liberar os ovos diretamente no lúmen do tubo digestivo, o que possibilitaria que eles alcançassem o meio exterior junto ao material fecal, desprendem-se do ceco, passam por todo o intestino grosso, pelo esfíncter anal e alcançam o ambiente externo. Em vez de uma migração puramente

ativa,

tal

evento

parece

ser

desencadeado

por

mudanças

morfofisiológicas que naturalmente ocorrem durante a vida das fêmeas do parasito. Alguns

autores

sugerem

a

possibilidade

de

a

grande

quantidade

de

ovos

intrauterinos pressionarem o esôfago da fêmea grávida de modo que ela retraia os seus lábios, afrouxando a sua fixação e se soltando no lúmen cecal. “Essas fêmeas são então expulsas junto com as fezes do hospedeiro como um ‘‘saco de ovos”, ou fixam-se no ânus e em áreas adjacentes. Após a ingestão dos ovos do parasito pelo hospedeiro, larvas do tipo rabditoide eclodem no duodeno, passam pelo jejuno e pelo íleo, alcançando então o ceco. Nesse trajeto, realizam duas novas mudas e transformam-se em vermes adultos. A

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longevidade exata dos machos não é conhecida, entretanto, como mencionado, parece basicamente restrita à realização da cópula, sendo, portanto, curta. Já as fêmeas são encontradas no ânus e na região perianal entre 45 e 60 dias após a infecção. Não havendo reinfecção, o parasitismo extingue-se aí.

Transmissão Podem ocorrer em diversas maneiras: 1. Heteroinfecção: quando ovos presentes em alimentos, poeiras ou outros fômites alcançam o novo hospedeiro (também conhecido como primoinfecção). 2. Indireta: quando obos presentes em alimentos, poeira ou outro fômites alcançam o mesmo hospedeiro que os eliminou. 3. Autoinfecção externa ou direta: o próprio indíviduo parasitado, após coçar a região perianal, leva os ovos infectantes até a boca. É mais frequente em crianças do que adultos, sendo o principal mecanismo responsável pelos casos mais duradouros.

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4. Autoinfecção interna: as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram ate o ceco, transformando-se em vermes adultos. É considerado um processo excepcional. 5. Retroinfecção: as larvas eclodidas na região perianal do hospedeiro readentra no sistema digestivo pelo ânus ascendem pelo intestino grosso até chegar o ceco, onde transforma em vermes adultos. Patogenia e Sintomatologia A patogenicidade do E. vermicularis é usualmente baixa, o que é ilustrado pela ausência de sintomatologia ou por manifestações clínicas leves na maior parte das pessoas infectadas. Admite-se que, quando uma quantidade maior de vermes está presente, as consequências negativas para o hospedeiro, bem como quadro clínico, tendem a ser mais significativos, embora a intensidade da infecção pelo parasito tenha sido analisado em poucos estudos. Ao se abordar a patogênese da infecção pelo parasito pode-se, didaticamente, relacionar a características patológicas e clínicas observadas na enterobiose seguintes mecanismos: 1. Alterações causadas pelos vermes dentro do intestino 2. Lesões anais e perianais resultantes da presença das fêmeas grávidas e da deposição de ovos no local 3. Lesões decorrentes do parasitismo ectópico (i.e., extraintestinal) 4. Eventos secundários a esses processos Não há usualmente alterações macroscopias e histológicas no ceco e adjacências associadas a E.vermicularis,

sendo poucas evidências que indicam invasão de

tecidos do hospedeiro pelo oxiurídeo como algo habitual. De fato, além de irritação local, lesões intestinais causadas pelo verme, quando presentes, são mínimas podendo haver erosões e discreta inflamação. Ulcerações de mucosas ou abcessos de submucosas são resultantes, na maioria das vezes, de infecções bacterianas secundárias.

Assim,

efeitos

diretos

do

parasito

sobre

a

mucosa

intestinal,

geralmente, não resultam em sintomatologia importante. Contudo, há casos nos quais o número de oxiurídeos é muito levado e uma inflamação catarral na região ileocecal pode ocorrer, havendo, nessas situações, manifestações gastrointestinais comuns àquelas observadas em outras infecções helmínticas, em especial náusea, vômito,

dores

abdominais

poucos

características,

evacuatória e nas características das fezes.

alterações

na

frequência

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O deslocamento das fêmeas grávidas do parasito pela mucosa anal e pela pele da região perianal do hospedeiro é frequentemente relacionado com a gênese do prurido local, a manifestação clínica mais prevalente na enterobiose , cuja exacerbação observada no período noturno tem sido relacionada com o calor do leito e a consequente maior ativação do nematódeo. Entretanto, há também sugestões de que o contato de antígenos oriundos dos ovos e espécimes adultos de

E. vermicularis, particularmente de fêmeas mortas, com áreas de mucosa e pele tenham relação com o prurido, coexistindo fenômenos de hipersensibilidade que o intensificam.

A

mucosa

pode

revelar-se

edemaciada

congesta,

com

pontos

hemorrágicos e recoberta de muco, às vezes sanguinolento, sendo ovos, fêmeas grávidas inteiras e fragmentos de parasitos observados localmente. A intensidade do prurido é de tal modo intenso que leva o indivíduo infectado a coçar, persistente ente, o próprio ânus e a região perianal. Esse comportamento, além de agravar a irritação anal, pode resultar em ferimentos, inclusive escoriações e sangramento. Sintomas compatíveis com proctite, incluindo tenesmo, podem ser observados, e a associação com infecção bacteriana é relativamente comum pela ocorrência de soluções de continuidade. As alterações neurocomportamentais verificadas na enterobiose têm sido também relacionadas, em boa parte, com o prurido anal que interfere sobremaneira na qualidade do sono. O quadro de insônia também acarreta dificuldades na rotina diurna do indivíduo parasitado, e crianças albergando elevado número de parasitos, em especial, sofrem bastante com o problema. Em função do incômodo noturno, apresentam sono superficial e movem-se excessivamente na cama, havendo relatos de bruxismo. sonilóquios, sonambulismo e pesadelos. Durante o dia estão estafadas, descoradas,

com

olheiras,

apáticas

ou

inquietas,

muitas

vezes

apresentam

rendimento escolar comprometido e ficam angustiadas com a proximidade de mais uma noite de previsível tormento. Outras manifestações associadas ao prurido anal e

à

insônia

típica

da

enterobiose

são:

alterações

comportamentais

como

irritabilidade, anorexia, vertigem, aumento da frequência de crises convulsivas e enurese. Outro ponto de debate na enterobiose refere-se à possibilidade de o parasitismo estar positivamente associado a ocorrência de apendicite. Há vários registros do achado de E. vermicularis no lúmen de apêndices cecais cirurgicamente removidos, sendo frágeis as evidências relacionando : nematódeo com apendicite aguda. Por outro lado, as prevalências do parasito em indivíduos com apendicite crônica tendem a ser mais elevadas, e em uma série recente de apenfcectomias foi

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sugerido

que

oxiurídeos

Adicionalmente, histológicas

no

observou-se

significativas,

apêndice que

mas

cecal

pacientes contendo

podem com

o

causar

sua

inflamação.

apêndices

sem

alterações

parasito,

podem

desenvolver

apresentação clínica que simula apendicite aguda. Diagnóstico 

Clinico (característica principal: prurido anal noturno)



Método complementar: Fita gomada

Epidemiologia As taxas de prevalência entre diferentes países e também entre regiões de um mesmo país são bastante variadas e de difícil comparação pela falta de padronização

dos

métodos

amostrais

e

diagnósticos

nos

levantamentos

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parasitológicos. O E. vermicularis é o helminto de importância clínica mais prevalente em países da Europa, na Austraiia e nos EUA, onde a prevalência total média foi estimacs: j em 11,4%. Considerando-se apenas a população infam i norte-americana, as prevalências de infecção ainda alcn - 1 çam 30%. Há relatos de até 30 e 89% de positividade enr? escolares da Inglaterra e da Bélgica, respectivamente. N : Brasil, a ausência de estudos atuais com metodologia específica para o diagnóstico do parasito faz a real frequência da enterobiose ser desconhecida. Previamente, prevalências de 22,3 a 65% foram detectadas em crianças. A idade do hospedeiro é um fator que influencia o parasitismo por E. vermicularis, sendo as crianças em idade escolar as mais parasitadas. Estima-se que a prevalência na população infantil como um todo é pelo menos o dobro da observada em adultos. Ademais, a intensidade de infecção média em crianças de até 10 anos de idade mostrou-se cerca de quatro vezes maior que a observada em indivíduos de 11 a 16 anos de idade. No entanto, em um levantamento feito na índia, a prevalência da infecção foi semelhante em todos os grupos etários. O tipo de clima tem também sido relacionado com mudanças no padrão de ocorrência do parasito, sendo reiterado que a prevalência da enterobiose em climas temperados é maior do que nos trópicos, uma diferença incialmente atribuída à menor frequência de banhos e às características do vestuário utilizado em climas mais frios. Mais recentemente, há autores que contestam essa potencial interferência climática, enfatizando inadequações metodológicas em muitos dos levantamentos epidemiológicos realizados. Gênero, etnia e mesmo classe social são variáveis não diretamente associadas à infecção por E. vermicularis. Por outro lado, como o parasito é transmitido de uma pessoa para outra por mãos, roupas e/ou fômites contaminados, t enterobiose é frequente entre indivíduos vivendo em contato próximo, principalmente quando os hábitos de higiene são impróprios. Por esse motivo, tende a acometer toda - família e a maior parte, quando não a totalidade, das pessoas de uma instituição (i.e., asilo, creche,

orfanato,

escola

e

enfermaria

infantis),

sobretudo

em

casos

de

superlotação. Cuidadores de indivíduos parasitados também estão mas sujeitos a infectar-se. Profilaxia Além de impedir reinfecções, buscar a prevenção da ransmissão para outros indivíduos da família ou coletivicude. Dadas as peculiaridades desse helminto, os métodos profiláticos recomendados, mais ou menos específicos, são os seguintes:

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1. Manejo adequado de vestes, roupas íntimas e de cama usadas pelo indivíduo infectado, as quais não devem ser “sacudidas” pela manhã, mas enroladas e lavadas diariamente em água fervente. 2. Corte rente das unhas e lavagem frequente das mãos, sobretudo após o uso do banheiro e antes das refeições. 3. Banho diário, preferencialmente em chuveiro, ao levantar-se. 4. Desestímulo ao ato de coçar a região perianal. 5. Combate ao mau hábito de levar a mão à boca, incluindo onicofagia. 6. Limpeza doméstica com aspirador de pó, quando possível. 7. Tratamento coletividade.

de todas

as pessoas

parasitadas da

família ou outra...


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