Resenha clinica peripatética PDF

Title Resenha clinica peripatética
Author Júlia Araújo Kley
Course Saúde Mental Coletiva
Institution Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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Resenha completo com referencias clinica peripatética...


Description

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE PSICOLOGIA

RESENHA LIVRO “CLÍNICA PERIPATÉTICA” DO AUTOR ANTÔNIO LANCETTI

SÃO LEOPOLDO 2018

RESENHA LIVRO “CLÍNICA PERIPATÉTICA DO AUTOR ANTÔNIO LANCETTI

Trabalho apresentado para disciplina Saúde Mental Coletiva, pelo curso de Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, ministrada pela professora Maria de Fatima Bueno Fischer.

SÃO LEOPOLDO 2018

RESENHA LIVRO “CLÍNICA PERIPATÉTICA” DO AUTOR ANTÔNIO LANCETTI O livro “Clínica Peripatética” do autor Antônio Lancetti, é composto por seis séries de ensaios e recebeu esse título, pois, a palavra peripatética corresponde a: passear, ir e vir conversando. Segundo Lancetti, Conversações e pensamentos que ocorrem durante um passeio, caminhando – peripatetismo – são uma ferramenta para entender uma série de experiências clínicas realizadas fora do consultório, em movimento. Essas estratégias são destinadas a pessoas que não se adaptam aos protocolos clínicos tradicionais. O livro começa contando sobre experimentos no campo de saúde mental, na qual, ele se baseou para desenvolver suas ideias. Nesses experimentos, ele nos traz dois projetos no qual fez parte, o primeiro chamado “A pedagogia da surpresa” e o segundo “Internação invertida”. O primeiro consiste em encontrar jovens morados de ruas em momentos inesperados por eles. Em seguida, os mesmos são levados parar abrigos nos quais eles participavam de projetos e assim, reduzem a chance de fazerem uso de drogas. Já o segundo consiste em levar os meninos mais violentos para acampamentos, sítios ou casas de praia, e os resultados são surpreendentes pois os fazem ver esperanças e possibilidade de melhoras. Ainda nesse primeiro ensaio, o autor nos traz o que é a prática e o objetivo do acompanhamento terapêutico (AT). A prática consiste em transitar pela cidade com o paciente, e assim, com o objetivo criar conexões com pessoas e locais. Lancetti também destaca a importância da conexão da família ao tratamento, sendo assim, intervenções são realizadas juntamente com a família, na qual se destaca a importância da negociação e da relação de afeto e transferência. Com isso, no segundo ensaio, ele conta um pouco sobre os Caps, onde ele explica a razão da mudança da sigla Naps para Caps, e faz algumas críticas ao Caps visando a melhoria do serviço. Primeiramente, ele conta a história do Naps de Santos, e destaca que o secretário de saúde no início do serviço era David Capistrano Filho que, por sua vez, reconhecia a luta anti-

manicomial, e por conta disso, foi posto em prática intervenções para promover saúde mental. Lancetti relata que o Naps era um espaço de convivência grupal, e ainda, fala da transformação dos profissionais que trabalhavam no local, os quais acabaram passando por uma desconstrução de sua formação profissional e subjetiva. Sendo assim, segundo Lancetti,

Os trabalhadores de saúde mental de Santos tornaram-se verdadeiros terapeutas: destemidos, dispostos e apaixonados. Não escolhiam pacientes nem pretendiam que eles se adaptassem a suas corporações, modelos ou grupos de pertinência. Os Naps passam a ser reconhecidos como Caps, mudando a palavra “núcleo” para “centro”. Quanto as críticas, Lancetti diz que melhorias poderiam ser feitas aos Caps, são elas: atender a portas abertas o que era atendido a portas fechadas; priorizar os casos mais graves nas quais hajam risco de morte, maior sofrimento ou maior inconveniência a comunidade; e promoção de saúde mental juntamente com o Programa de Saúde da Família – PSF. Pensando sobre as críticas do Lancetti, não podemos esquecer que o livro foi escrito em 2006, ou seja, 12 anos atrás. Muitas coisas das quais ele criticava, mudaram ou estão em processos de mudança nos Caps. No terceiro ensaio ele traz uma entrevista feita com Domiciano Siqueira, que é um dos principais líderes da ideia de redução de danos no Brasil. Domiciano nos traz um retrato da nossa sociedade baseada na ideia de venda e compra. Ele explica que fazer parte da sociedade é praticar o ato de vender e comprar. Porém, pessoas pobres e miseráveis não tem esse poder, com isso, acabam se envolvendo com drogas afim de poder vender e assim, ter como comprar, para se sentirem parte da sociedade. Com tudo, o pessoal que trabalha no programa de redução de danos, entra nas periferias afim de criar um afeto com aqueles que são excluídos e com isso auxilia-los em programas de intervenção. A ideia de redução de danos não é trabalhar com a abstinência, mas sim dar informações a respeito do uso de drogas e sexualidade – para que haja redução no número de pessoas com doenças sexualmente transmissíveis. Segundo Domiciano,

Nós não estamos entrando nessas comunidades para fazer campanhas de prevenção ao uso de drogas ou campanhas de combate as drogas. Estamos ali, em primeiro lugar, para nos aproximar dessa camada da população; aproximando aí podemos intervir [...]. No quarto ensaio, Lancetti continua falando sobre a redução de danos a partir das ideias dele. Ele explica que a política de redução de danos é baseada na ideia de minimizar o efeito das drogas. Ainda, ele afirma que a política de redução é totalmente diferente da ideia de combate as drogas. Esse programa de redução tem mostrado resultados, principalmente porque usuários acabam trocando drogas pesadas por drogas mais leves, evitando a geração de diversos problemas de saúde. Segundo Lancetti, O trabalhador de saúde não é a favor do traficante nem do policial. Ele é a favor da vida. Ou seja, quem trabalha e apoia esse tipo de programa é capaz de entender que é necessário haver tolerância e enxergar que programas de abstinência acabam causando sentimento de derrota e impotência no usuário. Chegando ao quinto ensaio, Lancetti dissertar um pouco sobre a questão dos agentes comunitários de saúde do Programa de Saúde da Família, promoção de saúde mental para a população, e entendimento da família. No início do PSF, era possível observar divergências no modo de trabalhar dos profissionais da saúde e dos agentes comunitários. Os profissionais da saúde se baseavam em diagnostico e tratamentos sem pensar o meio que o usuário do serviço vivia. Já os agentes comunitários tentavam fazer melhorias no meio para facilitar o tratamento do usuário. Ainda, os profissionais de saúde, principalmente médicos, se viam como superiores para indicar o tipo de tratamento adequado. Com o tempo as coisas mudaram, e foi visto que o trabalho dos agentes comunitários na promoção de saúde mental é tão importante quanto os médicos. A estratégia de família trabalhada pelos agentes comunitários é distante da ideia de família que conheciam muitos dos profissionais universitários. Segundo Lancetti, A estratégia de família não procura defender um tipo de vida de familiar moralista ou burguesa, mas ativar o comum.

No sexto e último ensaio, Lancetti nos traz a ideias de o que é o amigo terapêutico e o que é clinica cartográfica. Ele diz que ser amigo do analista peripatético é uma relação paradoxal pois ao mesmo tempo que ele é amigo, ele é também um estrategista, dado que está sempre atento passo a passo do percurso feito. Há ainda momentos que amizade passa por uma relação de confiança onde o paciente retrata lembranças e sonhos. Mesmo sendo uma relação paradoxal, Lancetti destaca que é importante ao ser humano experiências de amizade. Por fim, ele nos traz o conceito de clinica cartográfica. Ele diz que a psicanálise tradicional se baseia na ideia de inconsciente à memória, para assim, compreender o que incide sobre as pessoas. Já quando pensamos na cartografia, tempos a ideia de um mapa na qual não se procura a origem das coisas, mas sim o entendimento de deslocamentos e com isso podemos traçar rotas de onde queremos chegar. Segundo Lancentti [...] quando se traça um plano, um mapa, não se almeja um objetivo tosco, como por exemplo, que nosso companheiro paciente deixe imediatamente de usar drogas nem pare de delirar, um mapa, uma sugestão proposta a uma pessoa ou a um grupo, refere a outro mapa. Com isso, ele termina o texto dizendo que o objetivo do livro foi trazer ao meio acadêmico um modo diferente de fazer e entender prática da clínica, e espera que essas ideias escritas por ele possam continuar para que cada vez mais falemos em clínica peripatética....


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