Resenha Crítica do filme Sociedade dos Poetas Mortos PDF

Title Resenha Crítica do filme Sociedade dos Poetas Mortos
Course INTERVENCOES EM GRUPOS I
Institution Universidade Estadual do Ceará
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Resenha Crítica do filme Sociedade dos Poetas Mortos e suas relações com as dinâmicas de grupo....


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ANÁLISE D O FILME SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS E SUAS RELAÇÕES COM AS DINÂMICA DE GRUPO Disciplina: Dinâmicas de Grupo “Sociedade dos Poetas Mortos” é um drama dirigido por Peter Weir que levanta críticas aos padrões de vida e ensino tradicionais. O filme se passa na década de 50 em uma escola preparatória só para garotos onde os valores ortodoxos são rigidamente ensinados. A formação de indivíduo prezada pela academia era a de homens vitoriosos, mas reprodutores dos padrões sociais da época, adotando, para isso, um sistema autoritário que não permitia que os alunos pensassem por si só, muito menos sobre o que querem e o que gostam. Lá, muitos meninos eram colocados contra a sua vontade pelos pais e viviam em constante pressão para obterem sucesso, o que significava entrar em uma faculdade de prestígio, como Harvard ou Yale, e tornarem-se médicos, advogados, etc., seguindo, assim, os planos que os seus pais, e não eles mesmos, haviam feito para o futuro. No entanto, um novo professor inglês e ex-aluno da escolha chamado John Keating, entra para mostrar aos seus alunos uma nova visão de mundo, fugindo dos métodos de ensino rígidos e ortodoxos seguidos pelos demais professores. Assim, as aulas do Sr. Keating começam a inspirar alguns alunos a se juntarem e irem em busca de seu eu, formando a Sociedade dos Poetas Mortos. Através de uma análise desse enredo é possível retirar diversas questões interessantes acerca dos fenômenos grupais mostrados no filme, bem como das dinâmicas de grupo que são empregadas pelo Sr. Keating para que o grupo possa “ser e fluir em um constante processo de conscientização” (RIBEIRO, 1994, p. 79 apud MACÊDO, 1998, p. 48), sendo esse um dos propósitos da utilização das táticas grupais. Para Ribeiro (1994), o grupo é um organismo vivo que possui leis e movimentos próprios característicos dos membros que o integra, possuindo, assim, a sua própria identidade (apud MACÊDO, 1998, p. 46). A singularidade de cada grupo não se dá somente em razão da subjetividade de cada participante, mas também devido às necessidades e objetivos que unem os sujeitos, a sua organização, atribuição de papéis, etc. A Sociedade dos Poetas Mortos, por exemplo, a qual era formada por 7 alunos inspirados pelas aulas do professor Keating, surgiu da demanda de criar um espaço em que os membros podiam ser

livres, podendo expressar suas opiniões e vontades, fugindo do autoritarismo, regras e repressões que sofriam não só da academia mas também de seus pais. A partir dessa demanda, o objetivo do grupo era o de aproveitar o dia, seguindo o lema Carpe Diem. Esse termo foi trazido pelo Sr. Keating, o qual constantemente instigava seus alunos a refletirem sobre a fragilidade da vida e sobre a existência humana, o que tornava importante que os meninos se libertassem do que era imposto a eles e a sua vida. Para chegar a essas reflexões e envolver os meninos no processo de aprendizagem, o professor fazia uso de algumas dinâmicas de grupo, funcionando mais como um facilitador do que um professor (entendido aqui em seu sentido tradicional de um mero “repassador” de conhecimento, o qual não permite que o aluno processe criticamente as informações que estão sendo ensinadas). Como exemplo dessas “táticas” grupais que o professor utiliza, temos o dia em que ele convida seus alunos a subirem em sua mesa para mostrar que devemos constantemente olhar para as coisas de um jeito diferente, pois existem várias formas de ver e entender o mundo, não sendo as coisas aquilo que parecem ser. Outro momento importante é quando Keating leva os alunos para fora da sala de aula e pede para que eles caminhem da maneira que lhes convém, traçando seu próprio caminho e possibilitando, assim, que os meninos reflitam sobre a questão da autonomia sobre suas vidas. O interessante sobre a forma de intervir do Sr. Keating é que todas as reflexões levantadas por ele não são impostas, ele apenas cria uma oportunidade para as coisas se auto-revelarem naturalmente. Em relação a isso, Fonseca (1983) defende que é necessária criação de um espaço como esse para que os membros de um grupo realizem, em conjunto, uma livre busca, permitindo, assim, a construção e a tomada de consciência da realidade pelo todo (apud MACÊDO, 1998, p. 47). Portanto, o Sr. Keating apenas teve a sensibilidade de enxergar as necessidades daqueles alunos, bem como a habilidade para conduzir a conscientização dos alunos sobre a própria realidade, mas foram os meninos que chegaram a suas conclusões e tiveram a autonomia para, por exemplo, (re)formarem a Sociedade dos Poetas Mortos, construindo suas próprias regras, demandas, objetivos, organização, etc. Outra questão interessante a ser comentada é que de início a atmosfera, que diz respeito ao estado de espírito, o modelo de sentir e de agir que permeia o grupo

como um todo (BEAL, et al, 1970, p. 61), era autoritária, cabendo à Academia (professores, coordenador, etc) a responsabilidade e não permitindo ninguém iniciar ou participar de qualquer debate sem a ordem do mesmo. Consequentemente, essa atmosfera de medo resultava em um grupo mais fraco, sem identidade evidente, que se reunia em um grupo de estudos. No entanto, a partir das aulas de Keating, essa atmosfera foi se transformando em democrática e a liderança passa a ser compartilhada por todos, criando condições para que o grupo de tornasse mais forte e estabelecesse sua identidade e seus objetivos. Além disso, a participação, que consiste no empenho pessoal e psicológico dos indivíduos nos negócios grupais (BEAL, et al, 1970, p. 67), de início, não era ativa. Os alunos só ficavam sentados escutando o professor lecionar e participavam apenas quando eram solicitados. Ou seja, o grupo não possuía um espaço para participar e ser escutado. Entretanto, com a entra do professor Keating, os membros da Sociedade não foram só se fortalecendo enquanto grupo como também foram se tornando cada vez mais participativos, escrevendo e lendo suas próprias poesias na caverna, espaço que eles encontraram para se expressarem. Um terceiro princípio grupal a ser observado é o padrão do grupo, que são os níveis de execução considerados aceitáveis pelo próprio grupo, servindo para fixar o que o grupo espera de seus membros e o que os membros esperam do grupo (BEAL, et al, p. 68). Os indivíduos que não seguem os padrões estabelecidos costumam ser rejeitados. Assim, a própria criação do grupo Sociedade dos Poetas Mortos já não entra em conformidade com os padrões estabelecidos pela Academia Welton, uma vez que nela predominam valores tradicionais, de extrema disciplina. Já a Sociedade prega aproveitar ao máximo o dia, realizando as verdadeiras vontades de seus membros. Assim, os indivíduos “fogem” dos quartos durante a noite para os encontros do grupo, rasgam folhas dos livros a pedido do professor – que também não segue os padrões da instituição – participam de aulas ao ar livre e vão além do conteúdo presente dos livros, entre outras atitudes. Podemos observar também o “sentimento de nós” ou identidade presente na Sociedade dos Poetas Mortos, que consiste na consciência de que existe união dentro do grupo (BEAL, et al, 1970, p. 72). Aqueles indivíduos apresentam um interesse em comum, o Carpe Diem, aproveitar ao máximo o dia, o que os faz se sentir pertencentes àquele grupo. A todo momento os membros da sociedade usam a primeira pessoa do plural, como “sentimos” e “nosso”. Além disso, os membros

ficam muito felizes com a realização pessoal de outros membros, como quando Knox se declarou para a menina que ele gostava e com a peça de Neil. Outro aspecto observado é a função geral, que consiste na expectativa geral dentro do grupo sobre o papel dos membros e dos subgrupos (BEAL, et al, 1970, p. 74). Assim, ocorre quando, por exemplo, Neil discute com seu amigo Todd quando ele não quer ir à noite ao encontro da Sociedade dos Poetas Mortos e quando ele não escreve a poesia que o professor Keating propõe. Ainda, vale observar alguns papéis desempenhados pelos membros do grupo. Nuwanda, por exemplo, pode ser visto como o elaborador, aquele que apresenta sugestões com exemplos e dissertações, desenvolvendo raciocínios sobre sugestões já feitas. Já Neil pode ser visto como o iniciador-contribuinte, aquele que sugere ou propõe ao grupo novas ideias ou diferentes maneiras de abordar os problemas e finalidades do grupo. Por último, podemos notar a presença de heterogeneidade e homogeneidade presente no grupo. Cada membro apresenta seus interesses e suas potencialidades (heterogeneidade). Temos como exemplo Neil que descobre sua pixão pela dramatização e Knox que quer conquistar sua amada. Porém, os membros apresentam também suas semelhanças (homogeneidade), que é justamente o Carpe Diem. Os meninos conseguem pacificamente membros equilibrar a heterogeneidade com a homogeneidade presentes. REFERÊNCIAS MACEDO, S.M. Grupo e instituição: relações de poder na dialética de um processo grupal de aprendizagem. Estudos de Psicologia, 15(2), p. 45-57, 1998. BEAL, G.G. BOHLEN, J.M. RAUDABAUGH, J. N. Liderança e dinâmica de grupo. Rio de Janeiro: Zahar, 1972, cap. 6, p. 59-90....


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