Resenha crítica do filme “V de Vingança” PDF

Title Resenha crítica do filme “V de Vingança”
Author Isabelle de Castro Rocha Sampaio
Course Teorias E Praticas Em Psicologia Social Ii
Institution Universidade Federal do Ceará
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Resenha crítica do filme V de Vingança e suas interfaces com a Psicologia das Massas....


Description

Resenha crítica do filme “V de Vingança” Alunos: Isabelle de Castro Rocha Sampaio Sarah Rabelo Pedro Henrique Capaverde Nathália Sena

Semestre: 3°

Tem algo de errado com o sistema? O filme retrata um cenário distópico em que a Inglaterra é comandada pelo Alto Chanceler Adam Sutler, a retratação de um ditador fascista que usa todos os meios necessários para garantir a soberania do seu poder. Esta garantia ocorria por via do Alto Comando do Partido, constituído por homens que trabalhavam em funções estratégicas para vigiar, controlar e punir as pessoas, seja através da polícia política, seja através da manipulação de informações. Por consequência dessa manipulação das informações transmitidas pelas mídias, altera-se a percepção que as pessoas têm da realidade. Elas não mais são capazes de perceber as diversas formas como são oprimidas por este Estado, pois consideram que medidas como toque de recolher e a vigia constante dos Homens-Dedo existem para protegê-las do “grande inimigo”. Este Estado opressor, violento e ditatorial é o responsável por criar o personagem que o fará ruir. O V. se mostra, assim como os ditos “vilões” que busca combater, uma pessoa violenta, sem limites, que fará de tudo para alcançar seu objetivo – destruir o sistema que o destruiu e vingar-se por todo o sofrimento vivido na prisão. Ele até mesmo chega ao ponto de torturar a Evey para que ela seja capaz de realizar o seu plano final – explodir o parlamento. Para isso, o V. precisava destruir o instinto básico dela de sobrevivência, o medo de morrer, o medo de ser torturada, o medo de sentir medo. Ela precisava colocar suas necessidades e suas vontades em segundo plano, em prol de manter viva a crença no que o V. pensava em construir – uma sociedade anárquica. Para conseguir alcançar seus objetivos, V. combate o Estado com as mesmas armas utilizadas por ele. V. usa a mídia para desvelar a verdadeira imagem do Chanceler e, também, para criar um “exército” com os cidadãos, além de usar os policiais e os membros do Alto Parlamento não apenas para trair o Chanceler, mas também para lutarem contra a ideologia vigente. A partir do texto “Multidão”, podemos observar como a “democracia” com a qual estamos acostumados é um sistema falho, além de ser usado de fachada para

mascarar a verdadeira forma de governo que está por trás de tudo. Sob a falsa premissa de que estamos inseridos em um sistema governamental democrático, as pessoas elegem os seus governantes para lhes representar politicamente de acordo com os seus interesses; mas o que ocorre na prática é que o poder de governar e de tomar decisões está concentrado nas mãos de um único indivíduo. No filme, os cidadãos elegem Adam Sutler como Chanceler. Apesar disso, ele age de acordo com os seus interesses próprios, de forma soberana, ou seja, sem responder sobre suas ações a nenhuma pessoa. Hardt e Negri afirmam que “o liberalismo, apesar de toda a sua insistência na pluralidade e na divisão de poderes, em última instância sempre acaba cedendo às necessidades da soberania. Alguém deve governar, alguém deve decidir.’’ (2004, p. 412). É a partir de eleições teoricamente democráticas, que Sutler, aos poucos, mostra a sua face de ditador. Os autores também afirmam que aquele que governa, o faz através do consentimento dos governados e da política do medo para reprimir ações contestatórias de rebeldia civil, utilizando-se, muitas vezes, da força militar, a qual se apresenta como a forma mais débil de poder: dura, porém quebradiça. Isso fica bastante claro no filme através dos Homens-Dedo, uma espécie de polícia, que ficam na rua para fiscalizar e punir o comportamento da população, muitas vezes abusando do seu poder. A dualidade na relação governo/governados está em constante movimento e tensão, pois, a qualquer momento, a massa pode se revoltar e reclamar de volta o poder que antes era dela. Afinal, os governados abdicam do poder para “cedê-lo” ao governante, o que implica que o poder também pertence a eles. No filme, podemos observar isso quando o V. convoca a população a estar presente com ele na explosão do Parlamento, no dia 5 de novembro. Por não estar satisfeito com o governo atual, o povo se une, veste a máscara de Guy Fawkes (sujeito histórico no qual V. se inspirou) e vai até o Parlamento para mostrar, com esse gesto, o apoio às propostas de V. Ao perceber as primeiras movimentações de resistência e de adesão das pessoas às ideias subversivas de V., o Chanceler desvia a atenção dessas pessoas para um inimigo imaginário, que ele próprio criou. Por exemplo, foram realizadas experiências biológicas com presos políticos, como resultado disso desenvolveu-se um vírus, o qual foi usado par contaminar lugares estratégicos da cidade. Estratégico no sentindo de que esses lugares reforçariam imediatamente o temor e a revolta da população, num esforço de convencer a todos que havia um terrorista por trás de tudo isso quando, na verdade, não passava de um plano do governo. Pois,

a guerra deixou de ser um instrumento da política, a base da disciplina e do controle. Isto não quer dizer que todas as formas de política tenham sido reduzidas a uma questão de força bruta, e sim que o poderio militar tem de levar em conta e lidar não só com questões políticas, mas também com a produção da vida social em sua totalidade. O poder soberano não deve apenas dominar a morte, mas também produzir vida social. (HARDT e NEGRI, 2004, p. 418).

O conteúdo anarquista do filme popularizou a imagem de V. como referência da luta por reforma política entre os jovens, transformando-o em um ícone pop. Consequentemente, em 2013, seu personagem e suas ideias apareceram nos protestos em todo o Brasil, onde muitos jovens saíam as ruas vestindo a máscara do Fawkes. Os motivos por trás dos protestos eram os mais variados possíveis: aumento das passagens de ônibus, os gastos extraordinários com a Copa do Mundo de 2014, a corrupção generalizada, a impunidade dos políticos brasileiros, entre outros. É interessante pensar como em certas situações é possível juntar indivíduos com ideologias diferentes em prol de um objetivo comum. Sobre isso, Freud (1921, p.27) apontou que “as massas são também capazes, sob influência da sugestão, de elevadas provas de renúncia, desinteresse, devoção a um ideal. Enquanto a vantagem pessoal, no indivíduo isolado, é quase que o único móvel de ação, nas massas ela raramente predomina”. Podemos entender que esses protestos, por ser algo pontual, têm o poder de envolver um grande número de pessoas com os mais diferentes pensamentos. Quando se encontra em uma multidão, o indivíduo deixa de lado os seus interesses e desejos para dar lugar aos afetos que movem o coletivo. Certamente, isso é um evento efêmero. Ideias tão diferentes logo começam a entrar em choque umas com as outras, enquanto as pessoas tentam impor o seu pensamento sobre os outros. Justamente por ser composta por indivíduos diferentes, a multidão não pode ser uno, soberana. A massa incontrolável comentada por Freud é objeto de estudo de diversos teóricos que se propõem a compreendê-la em sua manifestação. E esses autores são usados, muitas vezes, para justificar ações repressoras contra as massas, pois elas seriam algo explosivo, destrutivo e acrítico. É também para elas que se volta o mercado capitalista, ao procurar formas de impulsionar seus desejos e direcioná-los para o consumo. Para isso, é necessário que se criem nichos de mercado e categorias sociais para as quais as políticas se voltarão, com o objetivo de administrar o comportamento dos indivíduos. No filme, por exemplo, administra-se o comportamento dos indivíduos não

apenas através da repressão policial, mas sobretudo através do entretenimento, da Indústria Cultural. Nesse aspecto, o filme aparenta ser um espelho da realidade. Na atualidade, as mídias produzem informações cujo propósito não é noticiar as pessoas da verdade acerca dos fatos, mas simular a visão da realidade a partir da manipulação dos fatos para influenciar a opinião das pessoas. Além disso, as notícias são passadas como se elas fossem parte de um grande espetáculo, esse espetáculo absurdo da hiperrealidade, onde o impacto da imagem é mais valorizada que o conteúdo. Não há mais preocupação em informar conteúdo crítico às pessoas, o que importa aqui é comovê-las, afetá-las, fazê-las reagir de maneira rápida e intensa ao que é mostrado. Como Debord (2002, p. 138) comenta, “O espetáculo é a ideologia por excelência, porque expõe e manifesta em sua plenitude a essência de todo sistema ideológico: o empobrecimento, a sujeição e a negação da vida real”. No filme, há a ideia de que, se as pessoas tiverem acesso à informação crítica, elas seriam capazes de enxergar a realidade como de fato ela é e rebelar-se-iam contra o sistema que tenta repreendê-las para dominá-las. Jean Baudrillard afirma o contrário: as massas resistem escandalosamente a esse imperativo da comunicação racional. O que se lhes dá é sentido e elas querem espetáculo. Nenhuma força pôde convertê-las à seriedade dos conteúdos, nem mesmo à seriedade do código. O que se lhes dá são mensagens, elas querem apenas signos, elas idolatram o jogo de signos e de estereótipos, idolatram todos os conteúdos desde que eles se transformem numa seqüência espetacular. O que elas rejeitam é a ‘dialética’ do sentido. (1985, p.8-9)

Além disso, o autor expõe que sempre se espera da massa uma atitude reativa e explosiva, na direção de promover mudança. A massa é praticamente considerada uma criatura mística em que se depositam sonhos e esperanças de uma futura revolução no momento em que ela despertar e tomar consciência do seu poder. Foi o que aconteceu nas manifestações de Junho de 2013, no Brasil, em que o aglomerado de pessoas protestando foram consideradas tanto pelas mídias tradicionais quanto pelas mídias alternativas o “Gigante Que Acordou”. E, de certa maneira, o próprio V., no filme, também pode ser considerado uma figura fantástica, o símbolo máximo de uma revolução que não possui um rosto nem ideais bem definidos. O V. pode ser qualquer pessoa, é exatamente por isso que ele não tem passado nem futuro, ele é algo que se mostrado no momento em que as pessoas precisam de um símbolo para se espelhar, acreditar e ter forças para resistir. O V. é, por isso, todas as pessoas, a grande massa que ameaça explodir. Apesar de mostrar os motivos pela qual se rebelar, o V. não apresenta outras formas de gerir a população, de reverter a opressão e construir de fato uma

sociedade melhor. Ele é completamente explosivo e destrutivo, exatamente como a fantasia da massa revolucionária que temos. Parece que não é possível existir resistência, manifestação, no silêncio e na indiferença das massas em resposta a qualquer informação que tenta preencher de sentindo a realidade e as demandas delas. A massa, contudo, recusa qualquer sentido. No filme, a massa de pessoas resiste por meio de sua inércia, ela não se rebela contra o poder ditatorial do Chanceler, mas também não se reconhece nele, muito menos no sistema de governo que ele diz construir para melhorar as condições de vida dela. O cenário político se configura a partir da lógica de que o político existe em função da representação das pessoas. Contudo, na época contemporânea, ocorreu o enfraquecimento do político e a diluição do seu significado na necessidade de generalizar o social, de forma que o político não mais tem o que representar de fato. “Não há significado social para dar força a um significante político” (BAUDRILLARD, 1985). Não existe a representação da realidade, mas a simulação de um modelo de realidade criado pelas instituições. Muitas vezes, tenta-se falar em nome das massas, uma tentativa vã, em vista de que as massas não cabem nas categorias criadas. Também se tenta simular suas características através de pesquisas quantitativas, as quais resultam em estatísticas que são sempre aproximações e manipulações da realidade. É justamente no seu silêncio (do qual não se sabe jamais o que esperar) que está o seu poder, o seu potencial de implosão e de rebelião. Tanto no filme “V de Vingança” quanto nas manifestações de Junho de 2013 não era possível prever a proporção da rebeldia civil. Outra característica em comum entre o filme e os protestos brasileiros de 2013 é o local onde ocorrem as revoltas: as ruas de grandes cidades são usadas como palcos para demonstrar a insatisfação popular. “O urbano funciona como um espaço importante de ação e revolta política. As características atuais de cada lugar são importantes, e a reengenharia física e social e a organização territorial desses lugares são armas nas luta políticas” (HARVEY, 2014, p.213). Foi exatamente assim que, tanto no Brasil quanto na Londres do filme, as características das cidades foram utilizadas por seus habitantes. Em Brasília, por exemplo, as pessoas utilizaram-se da proximidade territorial com os governantes para marcharem em direção ao palácio do planalto e ocupá-lo. São Paulo, por sua enorme influência em outras regiões do país, chamou outras capitais a também irem para a rua ao ter suas largas avenidas ocupadas, mostrando assim a potência da força dos protestos.

No filme, V. se utiliza de todos os simbolismos presentes nos monumentos de Londres, uma cidade que historicamente foi palco de revoluções e protestos (como no próprio 5 de novembro de 1605) para chocar e atrair as pessoas. Mas não apenas os símbolos como as características físicas da cidade são usadas. Ele usa os alto-falantes instalados pelo governo por toda a cidade para convocar as pessoas, além de reformar e aproveitar os antigos túneis de metrô para atacar o parlamento por uma direção inesperada. Contudo, apenas a cidade por si mesma não é capaz de gerar uma revolução. Segundo Harvey (2014), “é graças a ideia de cidadania que as relações conflituosas nos locais de trabalho e nos espaços de moradia se transformam em uma poderosa forma de solidariedade social” (p. 266). Sem um sentimento de pertencimento, sem algo que impulsione a luta, as revoluções não acontecem; é preciso um motivo para que elas ocorram e é preciso o apoio das pessoas. Em “V de Vingança”, a importância desse pertencimento é ilustrada em dois aspectos marcantes. O primeiro é o fato de que todas as pessoas que são mostradas assistindo televisão estão em grupos. A revolta de uma pessoa é a revolta da outra; os “atentados”, as mentiras, as situações cômicas são compartilhadas entre o grupo, enquanto um pacto silencioso para escutar o chamado de V. é selado entre os participantes do grupo. Outro aspecto é o sentimento de comunidade que aquelas pessoas têm, mostrado na cena em que a garotinha de óculos é assassinada por um Homem-Dedo. Nesse momento, a comunidade mesmo temendo seu Estado, escolhe reagir àquela situação e vingar a morte da menina. A arbitrariedade do Chanceler incomodava, mas ela existia e persistia “pela segurança nacional”, porém, no momento em que um deles, ainda mais uma criança, morre pelo “bem da nação”, nada mais daquilo faz sentido e as pessoas se rebelam. A violência do Estado fez com que as pessoas perdessem a fé na figura do Alto Chanceler e isso, talvez mais do que as ações do V., foi responsável pela queda do governo. Segundo Giddens (1991, p. 122), “com o desenvolvimento dos sistemas abstratos, a confiança em princípios impessoais, bem como em outros anônimos, tornase indispensável à existência social”, e foi essa confiança que o Chanceler quebrou quando em nome da segurança nacional ameaçou seus próprios cidadãos. “Somos aquilo que o nosso mundo nos convida a ser”, com esta máxima, José Ortega y Gasset (1930) nos propõe analisar as massas, e os sujeitos nestas, como

fenômeno amarrado ao contexto histórico-cultural no qual emergem. As possibilidades dos sujeitos seriam cerceadas pelas possibilidades de seu tempo histórico e de seu espaço geográfico, sendo que estas eram demasiadamente mais limitadas nos períodos da história humana anteriores à modernidade. O homem da Idade Média havia de preocupar-se muito mais com sua sobrevivência imediata do que com seus planejamentos para o futuro, e estes últimos, também, não davam grande margem para fantasiar; o curso da vida era extremamente homogêneo e demarcado. Na contemporaneidade, todavia, há uma inversão dessa conjectura. O homem é lançado em uma realidade de avançado progresso, onde a preocupação com a simples sobrevivência desaparece, e o poder da individuação, portanto heterogeneização dos modos de vida, parece reinar. Nessa nova realidade, imaginamos que, via de regra, o homem buscaria construir uma civilização que acompanhasse os avanços materiais, no entanto, o que Ortega y Gasset observa é que o homem-massa de agora é, na verdade, regido apenas pela conservação de seu direito à diferenciação e à arbitrariedade; “nada de fora a incita a reconhecer em si limites, [...] como a coisa mais natural do mundo, tenderá a afirmar e a dar como bom o que encontra em si: opiniões, apetites, preferências ou gostos” (1926, p. 77). O homem-massa da modernidade é, assim, posto diante uma infinidade de estímulos, mas não se atreve a contestar a realidade que é dada como natural. Sobre isso o autor acrescenta: “Não se trata de o homem-massa ser estúpido. Pelo contrário, o atual é mais esperto, tem mais capacidade intelectiva que o de qualquer outra época, mas essa capacidade não lhe serve de nada; com rigor, a vaga sensação de possuí-la serve-lhe só para encerrar-se em si mesmo e não usá-la” (1926, p. 83). Esse novo homem-massa não está preocupado com a discussão de seus ideais, estima fazer parte de uma cultura onde possa executar o seu direito a não ter razão. Gasset considera isso uma vitória da barbárie. Nessa massa, eles teriam o direto de pensar e formular qualquer coisa, e esta não poderia ser alvo de críticas pois para o homem-massa não há necessidade de comparar-se com os outros. Ignora-se o conhecimento histórico e filosófico, cria-se uma situação onde as ideias “não são autenticamente ideias” (1926, p. 85), legitima-se qualquer tipo de fundamentalismo. O grande problema é quando esses homens-massa desmedidos ganham reconhecimento dentro da massa. Quando seus ideais reacionários e opressores conseguem atrair outros homens-massa como seguidores, empurrando o líder ao poder. A própria situação atual das massas dá abertura para o surgimento dos regimes fascistas

quando elas clamam por um distorcido direito inabalável da liberdade de expressão, onde se incluiu nessa qualquer discurso, até o mais opressor. O Alto Chanceler do filme, por exemplo, manipula num primeiro momento a realidade e as interpretações da população para que esta reconheça e legitime suas propostas e atitudes, levando-o a tal cargo. A valorização da cultura objetiva sobre os princípios éticos carrega essa legião de pessoas fechadas em si mesmas e ignorantes históricas, elegendo “um tipo de homem a quem não interessam os princípios da civilização” (GASSET, 1926, p. 96), mas apenas os seus princípios próprios. V. e Evey são exemplos do que Gasset chama de “homem-de-seleção”, aqueles que não se contentam com o que são, exigem muito de si, buscam compreender e criticar o sistema naturalizado. Porém, para destituir esse sistema é necessário a conscientização dos cidadãos. O objetivo de V. era desmascarar o atual governo e trazer para o seu lado a população, tarefa que não foi tão difícil de realizar, considerando o nível de repressão e consequente desaprovação popular atingido pelo governo. Bastou semear a crítica ao governo na mente das pessoas (no momento em que invade a principal emissora televisiva da nação para exibir seu pronunciamento), que gradualmente, a ideia se disseminou entre as pessoas, convencendo, por fim, a população da necessidade de uma reforma política, ou, melhor, de uma revolução. No entanto, ao observar a cena final do filme atentamente, em que uma massa de pessoas encontra-se diante do parlamento prestes a ser explodido, caracterizados tal qual o V.; fica a dúvida se o fenômeno apresentado naquele momento foi realmente resultado de uma propagação dos ideais defendidos pelo V., a partir de uma percepção crítica a fundo por parte das pessoas dos diversos fatores negativos daquele governo, ou se o que decorreu foi apenas uma identificação com a figura fantástica do V. impulsionada pelo descontentamento com o govern...


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