Resenha Diferença, Diversidade E Diferenciação PDF

Title Resenha Diferença, Diversidade E Diferenciação
Course Etnicidade, Minorias e Políticas Públicas
Institution Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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Summary

Resenha de um dos capítulos de Cartographies of Diaspora: Contesting Identities, intitulado Difference, diversity, differentiation, traduzido nos Cadernos Pagu em 2006. ...


Description

Avtar Brah é uma professora aposentada de sociologia, especialista em questões de raça, gênero e identidade étnica. Nascida na Índia, e criada em Uganda, estudou nos Estados Unidos e morou na Inglaterra, local aonde se envolveu nas militâncias feminista e antirracista. As noções de interseccionalidade e articulação entre gênero, raça, etnicidade e sexualidade e se fazem presentes no trabalho professora, que publicou livros sobre as temáticas que pesquisou ao longo da carreira, entre eles: Cartographies of Diaspora: Contesting Identities; Hybridity and Its Discontents: Politics, Science, Culture; Thinking Identities; Racism, Ethnicity and Culture and Global Futures: Migration, Environment and Globalization. Um dos capítulos de Cartographies of Diaspora: Contesting Identities, Difference, diversity, differentiation, foi traduzido nos Cadernos Pagu em 2006 e será analisado nessa resenha. Nele, a autora afirma que diferença, diversidade, pluralismo, hibridismo são alguns dos termos mais debatidos e contestados do nosso tempo. Questões de diferença, segundo ela, são centrais em diversas discussões dentro dos feminismos contemporâneos. Inicialmente, argumenta que um problema recorrente nos estudos da sua área é o do essencialismo, ou seja, a crença de que há uma essência que transcende limites históricos e culturais. Ao argumentar contra o conceito essencialista de diferença, questiona a noção do essencialismo. É neste sentido que Avtar Brah propõe uma macroanálise, que busque considerar subjetividade e identidade, na intenção de compreender as dinâmicas de poder que se fazem presentes na diferenciação social. A professora afirma que busca por interconexões entre racismo, gênero e classe tem sido academicamente pouco produtiva. Para ela, essas interconexões devem ser compreendidas como relações contextuais e dependentes conforme seus enquadramentos históricos. Ela considera que analisar tais interconexões requer levar em conta a posição dos racismos um em relação ao outro. Em cenário de racialização, todas as sexualidades se situam em matrizes racializadas de poder. Ao tratar de poder, também levanta o fato de que o racismo é frequentemente relacionado como problema inerente às pessoas negras. A autora argumenta que tanto negros como brancos vivenciam seus gêneros, classes e sexualidades através da raça. A racialização não costuma ser, no entanto, nítida para os grupos brancos. Isto porque, dentro das relações de poder materializadas, branco costuma ser significante de dominância. Portanto a sua proposta seria trabalhar com “diferença”

como categoria analítica, o que pode remeter à análise da diferença enquanto relação social, como subjetividade e como identidade. Ao tratar sobre essas diferenças, aponta que certos discursos trazem diferenças que apresentam limites fixos, como o racismo. Há, no entanto, diferenças que podem ser consideradas contingentes. Como a diferença não é sempre um marcador de hierarquia nem de opressão, sugere-se o questionamento de se a diferença estudada remete à desigualdade, opressão, exploração ou a igualitarismo, diversidade e afins. Avtar Brah acredita que toda formação discursiva é um lugar de poder, sendo ele constituído performaticamente nas práticas econômicas, políticas e culturais. É através delas, que se constroem, também, as subjetividades de dominantes e dominados, a partir das intersecções entre múltiplos lugares de poder. Sendo assim, as relações sociais continuarão problemáticas se o enfraquecimento de uma forma de opressão levar ao fortalecimento de outra. O desafio, portanto, não seria o compartilhamento de opressões, e sim, “formular estratégias para enfrentar todas elas na base de um entendimento de como se interconectam e articulam” (BRAH, 2006, p. 376). A abordagem interseccional proposta por Brah vai, portanto, além da ideia de que as diferenças se adicionam, somando ou retirando vantagens às vidas das pessoas. Seu objetivo é compreender que o estudo das diferenças precisa levar em conta como marcadores como raça, gênero, classe e sexualidades se articulam ao produzirem diferenciações que irão impactar nos cotidianos de cada um. A visão exposta no capítulo é a de que estes marcadores só são compreensíveis ao serem observados contextualmente. Somente no diálogo entre as diferenças é que são evidenciados os alcances de opressões.

REFERÊNCIAS BRAH, Avtar. Diferença, diversidade e diferenciação. Cadernos Pagu (26), jan./junho, 2006, p. 329-376....


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