Resenha do filme - Um sonho intenso PDF

Title Resenha do filme - Um sonho intenso
Course Estado e Desenvolvimento Econômico no Brasil Contemporâneo
Institution Universidade Federal do ABC
Pages 5
File Size 86.3 KB
File Type PDF
Total Downloads 59
Total Views 143

Summary

Resenha do filme - Um sonho intenso ...


Description

O filme “Um sonho intenso” (disponível em: https://www.youtube.com/watch? v=2JwOKMup2rw ) narra o processo contraditório e complexo da industrialização no Brasil, dos anos 1930 ao início do século 21. Anote, em tópicos, itens que você considera relevantes (porque reforçam o estudado ou porque agregam novas informações ao estudado) que aparecem no filme sobre o nacional-desenvolvimentismo e sobre o processo de industrialização nacional. Nas notas, use as suas palavras e, quando mencionar diretamente falas do filme, coloque-as entre aspas. Depois das notas gerais, redija ao menos um parágrafo com a sua percepção (como você enxerga e descreve) o processo de industrialização brasileiro. No total, a atividade deve apresentar o mínimo de 3 e máximo de 4 páginas (= duas folhas, frente e verso).  O complexo cafeeiro da década de 30 era financiado com 100% do capital nacional: tanto donos das terras quanto os donos das empresas que financiavam a produção do café eram brasileiros. As ferrovias haviam sido construídas com o capital de SP. O porto de Santos era operado por uma companhia brasileira. “O complexo cafeeiro nos condenava à condição de primário exportador, mas não nos condenava à situação de banana república, nem de enclave de capital estrangeiro” (Carlos Lessa);  O Estado pré 1930 era um Estado antissocial, pois não era voltado para o bem estar social, uma vez que a burguesia agrária se via como “dona do Estado”.  A partir do ano de 1930, Vargas começa a investir na indústria pesada (aço, eletricidade, petróleo), isto é, naquela que havia se desenvolvido na Europa no período conhecido como Segunda revolução industrial. Sob este contexto, o antigo complexo cafeeiro de São Paulo começou a dar lugar a bancos, comércio e à indústria leve. Construía-se aqui, uma nova estrutura social que permitiu o início do processo de industrialização brasileiro, assim como a formação de um mercado interno (que ainda não era de massas);  Em 1937, Vargas dissolve o Congresso, mas apresenta, em contrapartida, um projeto nacionalista de desenvolvimento muito forte que representava os sonhos e as expectativas dos trabalhadores da época. “Nós temos muita dificuldade para falar de Vargas, por que ele foi ditador. Entretanto, Vargas é o grande construtor do Estado brasileiro” (Francisco de Oliveira).  No contexto do Estado Novo, o Brasil e os Estados Unidos assinam os acordos de Washington que estabeleciam a manutenção dos preços das matérias primas

brasileiras, em troca da garantia norte-americana da construção da siderúrgica de Volta Redonda, a qual na verdade, foi montada apenas no pós segunda guerra. Além disso, Roosevelt também exigia a instalação de uma base militar norteamericana em Natal;  Maria da Conceição Tavares destaca um breve período liberal após o primeiro mandato de Vargas com a entrada de Dutra na presidência. Após isso, Vargas é reeleito pelo povo e assume um segundo mandato. Neste segundo mandato, inicia-se o processo do desenvolvimento da indústria de química pesada, o monopólio do petróleo com a criação da Petrobrás e o início do modelo rodoviário brasileiro para integração nacional. É criado neste momento também o BNDE;  Algo que se destaca deste período é o pacto horizontal entre a oligarquia tradicional brasileira (PSD) e as classes de setores mais modernos (PTB), corroborando para o projeto desenvolvimentista brasileiro. Neste período, a ala mais conservadora do exército brasileiro era completamente antivarguista;  “O suicídio de Vargas é um golpe magistral de política” (Francisco de Oliveira). O suicídio de Vargas mudou o jogo de forças do Estado brasileiro. Ainda que houvesse contradições e defeitos em suas políticas, Vargas foi muito aplaudido após sua morte, dando credibilidade e margem para que seu projeto de desenvolvimento fosse continuado por outros governos;  Durante o governo de J.K, o capital externo e a conciliação dos diversos jogos de força política deram continuidade à política varguista. Maria da Conceição Tavares destaca que Darcy Ribeiro tinha a expectativa de que a democracia e a civilização original chegariam aos trópicos. A industrialização pesada é completada. Chegam as multinacionais. Era o grande projeto das elites urbanas sendo implantado. Este projeto não tinha caráter social e só foi possível devido ao arcabouço construído no governo Vargas.  Jânio Quadros entra com uma política que pretendia acalmar os conservadores ortodoxos preocupados com o aumento da inflação e os progressistas através de sua política externa independente. Assim, Jânio desvaloriza o câmbio brasileiro e aumenta a inflação. Deste modo, não conseguindo agradar aos dois lados, ele renuncia.  Naquele mesmo ano de 1961, entra João Goulart, propondo as reformas de base, tais como a reforma agrária, a chegada da CLT ao campo e as reformas urbanas,

através de uma política de habitação popular. Ainda que não estivesse em jogo uma revolução socialista, houve reação negativa por parte dos militares que sob a ideologia anticomunista norte americana da guerra fria tomaram o poder em 1964;  Castelo Branco entra e adota uma política de controle fiscal e cambial. Aprova a Instrução 63 que deixava de controlar a entrada e saída de capital externo. Costa e Silva retoma a orientação do projeto desenvolvimentista. No governo Médici, o PIB brasileiro aumenta a taxas de quase 11% ao ano: era o chamado “milagre econômico”, cuja lógica de crescimento era baseada no consumo da classe média alta e das elites urbanas. Em 1973 ocorre a crise do petróleo. Seus preços quadruplicam e a inflação chega à casa dos 40%;  Em 1974, Geisel propõe o II PND. O II PND propunha mais ainda expansão da indústria pesada, além de grandes projetos de infraestrutura nacional. Como coloca Luiz Gonzaga Belluzzo: “sem o desenvolvimento nacional, era impossível manter as regras do regime autoritário”. Este período é marcado por uma série de estatizações. Sob este contexto, o setor privado já começava a demonstrar descontentamento com o regime autoritário;  Durante o governo Figueredo, em 1979, ocorre o segundo choque internacional do petróleo, o que acarretou no aumento dos juros internacionais norteamericanos como forma de conter sua inflação. Isso fez com que empresas e bancos brasileiros se endividassem fora do país via banco mundial, inclusive a Eletrobras. Durante o início da década de 80, ocorre o processo de estagnação econômica e os efeitos da crise começam a ficar mais visíveis;  A partir do governo Sarney, inicia-se uma onde de planos de estabilização como forma de conter a hiperinflação. “Neste momento, não se fala mais de desenvolvimento” (Maria da Conceição Tavares). Em 1986, é feito o plano Cruzado que não teve êxito e fez o Brasil perder suas reservas internacionais. Collor propõe o congelamento de preços e índices prefixados, porém os planos de estabilização não conseguiam dar certo;  Apenas em 1994, o plano real consegue eliminar a hiperinflação. Isto permitiu o aumento do poder aquisitivo da população. O câmbio era extremamente valorizado, de modo que as exportações de manufaturas fossem prejudicadas, aumentando os índices de desemprego de operários. O contexto era de uma onda neoliberal em todo o mundo. O Brasil não fica fora desta tendência e começa sua

série de leilões e privatizações. A Vale do Rio Doce, por exemplo, é privatizada, mesmo com sua eficiência;  Ressalta-se que até os dias de hoje os efeitos do neoliberalismo estão presentes na economia brasileira. A produção de soja brasileira, por exemplo, é controlada por um grupo estrangeiro chamado Monsanto. Deste modo, o processo de modernização brasileiro não tem ruptura com a desigualdade social e apenas contribui para o aumento da concentração fundiária;  O governo Lula não se coloca à margem da tendência neoliberal. Não à toa, os lucros dos bancos cresceram mais do que durante o governo FHC. Todavia, seu diferencial foi dar um destino correto às políticas sociais, integrando o mercado de consumo com o crédito às classes menos favorecidas, além do aumento do salário mínimo real e da geração de dez milhões de empregos. Destaca-se também durante este período o fenômeno China que deslocou de forma crescente a curva de produtos primários brasileiros. Com isso, a balança de pagamentos ficou fortalecida, proporcionando o investimento público e o crédito às classes mais baixas. Diante do exposto, é possível afirmar que ainda que fosse grande o desejo brasileiro, a partir da década de 30, de sair de sua condição exclusiva de mercado primário exportador através do processo de industrialização via substituição de importações, em razão de seu “atraso tecnológico”, com o intuito de gerar um mercado de manufaturas autônomo e cada vez menos dependente do mercado internacional, este processo, na prática, não resultou em todos os efeitos pretendidos. A explicação para isso se dá por uma série de fatores. A primeira delas é a ausência de uma burguesia nacional que fosse capaz de liderar um projeto de desenvolvimento nacional, uma vez dada a fragmentação de interesses nas elites políticas. Uma segunda possível explicação é que o processo de industrialização, salvo um pequeno período da era Vargas, pouco se preocupou com questões sociais e com reformas de base, tais como as propostas por Jango, seja pelo “medo do comunismo”, seja por não corresponder aos interesses das classes que ocupavam o poder. Estas características da industrialização provocaram um processo desordenado e desigual de urbanização, assim como um grande aumento do fenômeno da concentração de renda, inviabilizando, pois, o aquecimento do mercado interno brasileiro, o que significou um grande entrave para um processo de industrialização eficiente.

Por fim, destacam-se a continuidade da dependência brasileira do capital externo, assim como uma pequena mudança em nossa posição na DIT, fato este comprovado na crise da década de 80, com o aumento dos juros norte-americanos, além dos baixos incentivos às políticas de inovação que poderiam estimular o aumento da produção de patentes e, por conseguinte, nossa posição na DIT....


Similar Free PDFs