Resenha sobre Língua Falada Escrita PDF

Title Resenha sobre Língua Falada Escrita
Course Introdução a Linguística
Institution Universidade do Estado do Pará
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A LINGUA FALADA E LINGUA ESCRITA

Dóris Figueiredo de Souza

O ser humano ao exprimir seus pensamentos, emoções e ao se relacionar, se entender com os outros que os cercava, fez uso da linguagem, adquirindo um modo próprio de se expressar, que o identificasse e o diferenciasse não só dos outros seres, mas também criasse peculiaridades presentes entre os aglomerados de seres humanos. A primeira forma de comunicação fora através da fala, e posteriormente desenvolveu um sistema escrito, no qual poderia registrar sua multiplicidade de pensamentos e enunciados. A fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua. A fala seria uma forma de produção textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade oral, e a escrita para fins comunicativos com certas especificidades, dentre elas sua constituição gráfica. Na presente resenha será abordado as diferentes perspectivas teóricas dos autores: Lyons (1987); Fiorin (2013); Marcuschi (2007, 2005) e Castilho (2004), sendo direcionado o olhar para ambas as línguas mencionadas anteriormente, visando esclarecer diferenças entre elas, e auxiliar a compor, organizar, estruturar pontos de vistas sobre o assunto. A língua, seja na sua modalidade falada ou escrita, reflete, em boa medida, a organização da sociedade. Do ponto de vista cronológico, como já observou detidamente Stubbs (1980), a fala tem uma grande precedência sobre a escrita, mas do ponto de vista do prestígio social, a escrita é vista com mais prestigio do que a fala. Por outro lado, há culturas em que a fala é mais prestigiosa que a escrita. A oralidade sempre será, ao lado da escrita, o grande meio de expressão e de atividade comunicativa. A fala se apresenta como variada e, curiosamente, não nos vem à mente em primeira mão a fala padrão. Ao tratarmos da fala e da escrita, não levamos em conta que uma é superior a outra ou que a escrita é derivada e a fala é primária. Consideramos que são duas formas de realização de um mesmo sistema linguístico: a Língua Portuguesa, mas que acontecem de formas distintas, podendo ambas elaborar textos coesos e coerentes, exposições formais e informais. Dizer que a escrita é formal, complexa, enquanto a fala é informal e simples não é o suficiente, pois, como afirma (Koch 1995, p.689), “há uma escrita informal que se aproxima da fala e uma fala formal que se aproxima da escrita, dependendo da situação comunicativa”. Exemplo disso são as cartas informais, bilhetes, letra de músicas, textos na “internet” que são textos escritos, mas apresentam repetições, gírias, marcadores conversacionais, ou seja, elementos da língua falada (MARCUSCHI, 2007, 2005). A linguagem humana é fundamentalmente dialógica, mesmo em sua modalidade escrita. Uma diferença é que na língua falada os usuários estão em presença. A presença da fala na escrita é possível por meio de “marcadores conversacionais”, pois sem os elementos situacionais, causa a impressão de que o locutor é afásico. O léxico presente

tanto na língua falada como escrita é concebido como um conjunto de itens armazenados em nossa memória. Cada item dispõe de propriedades semânticas e gramaticais, que são igualmente adquiridas ao longo da vida, podendo sofrer alterações em nosso vocabulário, provocando mudanças linguísticas. (CASTILHO, 2004). A linguagem é um instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, sua vontade, seus atos, o instrumento pelo qual ele influencia e é influenciado. A fala é a marca da personalidade, da terra natal e da nação, o título de nobreza da humanidade. Cada língua é uma forma de interpretar a realidade, valores e peculiaridades. Na fala, ocorre uma alternância dos papeis de falante e de ouvinte. O receptor pode interromper o emissor a qualquer momento e tomar a palavra. Esse, por sua vez, usa certas estratégias para manter a palavras (por exemplo, prolongar uma vogal, enquanto procura uma palavra) busca anuência do interlocutor (diz, por exemplo, né?, certo?, cê não acha?), solicita lhe colaboração (por exemplo, como é mesmo que se diz?), etc. As variedades criam uma identidade para o narrador, um efeito de sentido, pois se ajusta a um lugar, a um tempo, a uma situação, a um grupo social. Um bom falante da língua é o que sabe usar a variedade adequada à situação de comunicação. É tão inadequado dizer, em um bate papo de botequim, Fi-lo ao meu alvedrio, quanto, em um depoimento na Câmara dos Deputados, afirmar Fiz pruque me deu na teia (FIORIN, 2013) A língua como maneira de perceber o mundo, diferenciando um modo do outro ver, perceber. Usar uma língua ao invés de outra, é comportar se de uma forma ao invés de outra, a cultura, o meio social irá influenciar no modo de como este verá a realidade. Todas as grandes línguas literárias do mundo derivam, em última estância, da língua falada de certas comunidades. A força do preconceito tradicional em favor a língua padrão em sua forma escrita é tanta, que é muito difícil para os linguistas convencer os leigos de que os dialetos não padrão em geral tem a mesma regularidade ou sistematicidade que as línguas literárias-padrão. A prioridade histórica: Não se sabe de nenhuma sociedade humana que exista, ou que tenha existido, em qualquer época, privada da capacidade da fala. Embora as línguas, tais como são conhecidas hoje em quase todo o mundo, possam ser faladas ou escritas, a grande maioria das sociedades, até pouco tempo, era totalmente ou em grande parte constituída de indivíduos analfabetos. A prioridade estrutural: Deixando de lado por algum momento as diferenças de estilo que possam existir entre as línguas falada e escrita correspondentes, presumindo que toda sentença falada aceitável pode se converter em uma sentença escrita e viceversa, não podemos conceber que, a não ser por uma questão de natureza histórica, uma derive da outra. A prioridade funcional: A língua falada é utilizada em uma gama mais ampla de situações, servindo a escrita como substituta da fala apenas nas ocasiões em que a comunicação vocal-auditiva é impossível. É a invenção do telefone e do gravador que possibilitou o emprego da língua falada em situações onde no passado seria usada a língua escrita. O fato de os textos escritos terem sido utilizados para fins tão importantes ao longo da história, e de serem mais confiáveis, duráveis do que os enunciados falados,

contribuiu para que a língua escrita gozasse de mais prestigio e formalidade em muitas culturas. A prioridade biológica: Há muitas indicações que o homem seja geneticamente pré-programado, não só para adquirir a linguagem, mas também como parte do processo, para produzir, reconhecer os sons da fala. No decurso natural dos acontecimentos, as crianças adquirem um comando da língua falada de forma natural (ou seja, em virtude de um dom biológico próprio e sem treinamento especial), ao passo que a leitura e a escrita são habilidades especiais, para as quais é dado um tipo especial de instrução baseado no conhecimento prévio que tem da língua falada. (LYONS, 1987) Assim como no texto de Castilho (2004), em que retrata a língua falada demarcada pelos marcadores conversacionais, no texto de Fiorin (2013) há uma relação entre esses marcadores que servem como estratégias para manter a atenção do outro, seja prolongando uma vogal, buscando uma anuência ou colaboração do interlocutor. Acrescenta que cada língua terá uma forma de interpretar a realidade, cada pessoa tem uma maneira própria de se expressar, cada ambiente sociocultural determina o nível da linguagem a ser utilizada, cada região possui marcas linguísticas, cada sociedade irá ter uma cultura peculiar, com valores que serão repassados pela língua. Ter um domínio sobre a linguagem é necessário não só para os docentes, mas também para os próprios falantes da língua, para que saibam usar a variedade adequadamente em diferentes situações. Correlacionando o texto de Marcuschi (2007,2005) ao texto anterior, esse também traz a ideia da língua como meio de organização da sociedade e insere o termo prestigio social, a importância que é dada a língua falada e a escrita no meio social, em que o prestigio varia de cultura para cultura. Agrega que é mais valorizado socialmente a língua padrão, entretanto na língua falada não é a fala padrão que nos vem à mente primeiro, principalmente se o meio em que o indivíduo está inserido permite com que este fale de múltiplos modos. Diz que a escrita é formal, complexa, enquanto a fala é informal e simples, mas há uma escrita informal que se aproxima da fala e uma fala formal que se aproxima da escrita, dependendo da situação comunicativa, e usa exemplo como as cartas informais, bilhetes, letra de músicas, textos na “internet” que são textos escritos, mas apresentam repetições, gírias, marcadores conversacionais, ou seja, elementos da língua falada. Retoma a ideia da língua estando presente e influenciando no meio social e na maneira de perceber o mundo. Traz a ideia de preconceito tradicional citado anteriormente, ao se referir a língua padrão na forma escrita como essa sendo mais valorizada do que os dialetos não padrão pelos leigos, visto que ambos possuem a mesma regularidade e sistematicidade. Aborda a prioridade histórica relacionando que o ser humano já falava antes da escrita e que não se sabe de nenhuma sociedade humana que exista, ou que tenha existido, em qualquer época, privada da capacidade da fala, apesar de ainda haver indivíduos analfabetos, a gramatica internalizada nasce com este e se desenvolve no contato com o todo, a prioridade estrutural se refere a fala poder se converter a escrita e vice-versa, assim como a relação de conversão que Marcuschi faz entre a língua falada ser informal e a escrita ser formal; a prioridade funcional discute sobre as ocasiões em que a língua falada e a escrita servem e serviram como instrumento para a humanidade, e acrescenta ao dizer que a escrita seria mais durável do que enunciados falados contribuindo para que essa ganhasse um prestigio e formalidade em muitas culturas; a prioridade biológica expõe

que todos naturalmente nascem com a capacidade de falar, mas o desenvolvimento depende do meio, da língua que esse meio utiliza e sugere que o homem seja geneticamente pré programado, não só para adquirir a linguagem mas também para produzir, reconhecer os sons da fala, carecendo de interação.

REFERÊNCIAS

FIORIN, José Luiz (org.). Linguística? Que é isso? São Paulo: Contexto, 2013. A linguagem humana: do mito à ciência. LYONS, John. Linguística e linguagem: uma introdução. Rio de Janeiro, RJ: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, 1987, capítulo 1. MARCUSCHI, Luiz. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 6ed. São Paulo: Cortez, 2005. MARCUSCHI, Luiz; DIONISIO, Angela. Fala e Escrita. 1 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. 208 p. CASTILHO, Ataliba. A língua falada no ensino do português. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2004....


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