Resumo, Byung-Chul Han; Sociedade do cansaço PDF

Title Resumo, Byung-Chul Han; Sociedade do cansaço
Course Oficina de Atividade Filosófica V
Institution Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Pages 6
File Size 85.7 KB
File Type PDF
Total Downloads 26
Total Views 170

Summary

Resumo do livro sociedade do cansaço do bung-chul han com objetivo de dar uma introdução para quem está querendo começar a ler o livro....


Description

DISCENTE: ISIS KAROLAYNE SOARES DE ALMEIDA

Byung-Chul Han é um filósofo sul-coreano que nasceu em Seul, em 1959. Han escreveu vários livros famosos expressando seu pensamento sobre a sociedade atual e seus problemas, um de seus livros importantes é a Sociedade do Cansaço (2010). No início do capítulo 1 do livro Sociedade do Cansaço, intitulada “violência neuronal”, Byung-Chul Han conta que cada época possui suas enfermidades. Chegou ao fim a era bacteriológica com a criação dos antibióticos, e agora entramos numa era neuronal. Apesar de doenças virais, Chul Han conta que não vivemos em uma era viral, ainda que estejamos passando por uma pandemia que matou mais de 300 mil pessoas só no Brasil. Doenças neuronais/patológicas como depressão, TDAH (transtorno de déficit de atenção com síndrome de hiperatividade) entre outros como síndrome

de

Burnout

(SB)

são

as

doenças

mais

comuns

na

contemporaneidade que chegam despercebidas, se instalam e são ignoradas pela sociedade. A sociedade moderna (pós-guerra, 1945-1991) era uma sociedade do controle, existia uma ideia de imunologia, ou seja, considerar que havia um inimigo a ser combatido, esse inimigo possuía uma existência contraria e por isso precisava ser combatido, um exemplo ótimo é o comunismo e socialismo. O problema real é que atualmente não existe um inimigo a ser combatido, o que ocorre é uma positividade saturante e tóxica que faz as pessoas adoecerem. O excesso de positividade no mundo faz surgirem novas formas de violência, e a depressão, ansiedade, síndrome de Burnout, TDAH apontam também para esse excesso de positividade. Essa negação da negatividade é exaustiva; partimos para o segundo capitulo “Além da sociedade disciplinar”. Para Chul Han, não vivemos mais em uma sociedade disciplinar tal qual nos dizia Foucault, aquela sociedade dos hospitais, asilos, presídios, a sociedade vigiada pelo olho do poder e do panóptico do Jeremy Bentham, essa era a sociedade da negatividade. Contrapondo a sociedade disciplinar do

Foucault, vivemos hoje em uma sociedade do desempenho, essa marcada por academias, shopping centers, escritórios, clínicas... que o Chul Han irá chamar de sociedade do desempenho. Do contrário a sociedade disciplinar de Foucault que tinha o poder e fazia sujeitos de obediência, a sociedade do desempenho (atual) faz sujeitos de desempenho, produção e continua ainda com disciplina pois o poder não anula o dever. Na sociedade do desempenho, marcada pela positividade exacerbada, temos projetos, iniciativas, motivação e apenas isso. Chul Han ira dizer que a sociedade disciplinar ainda está dominada pelo não, e que sua negatividade gera loucos e delinquentes, já a sociedade do desempenho, ao contrário, gera depressivos e fracassados. Chul Han nos mostra o ponto de vista de Alain Ehrenberg em relação a depressão, para Alain, a depressão é o sujeito esgotado pelo esforço de ter que ser ele mesmo, a pressão do desempenho faz com que ele se esgote, e até podemos comparar com o super-homem nietzscheano. Para Chul Han, a depressão é o cansaço de fazer e poder, “a depressão é o adoecimento de uma sociedade que sofre pelo excesso de positividade.” Nas pessoas mais velhas podemos notar uma rejeição profunda a tristeza, é raro encontrar alguém com mais de 40 anos que faça terapia por exemplo, essa noção de que depressão, ansiedade e outras doenças neuronais são besteiras e até mesmo não são consideradas doenças, matam gente todos os anos, vemos exemplos de positividade “negativa” direto com alguns “coachs” e outros tipos de violências positivas como aquelas expressões e placas que ficam direto na nossa cara dizendo “We can do it!” ou você pode ser e fazer o que quiser, que incentivam esse desempenho tanto citado pelo Chul Han. Não existe descanso, só existe a labuta todos os dias e a aparição do que você está fazendo e do que você é. Já no capitulo 3 “o tédio profundo” o Chul Han nos conta que o excesso de positividade demanda muito mais da gente, seja produtividade, atenção e etc, o que nos faz ser mais “produtivos” por vezes até sem querer nos forçando a uma técnica de temporal e de atenção chamada “multitasking” (multitarefa), ou seja, forçados a serem produtivos (sendo totalmente o contrário já que nos

faz improdutivos também), a fazer várias coisas ao mesmo tempo e sendo uma técnica nada saudável já que ela acaba por fazer você perder a atenção também. Nessa multitasking, a atenção profunda é deslocada visto que não dá pra ser produtivo apenas fazendo várias coisas ao mesmo tempo e a sociedade também nega essa atenção, se tem um saber de muitas coisas, mas nunca um saber profundo de alguma coisa, e assim nega o tédio, sendo que o tédio profundo é necessário para o processo criativo. O tédio profundo é para nós um descanso espiritual assim como o sono é um descanso físico para o corpo, e com ele estamos dispostos a fazer algo novo para poder se entediar menos. No capítulo 4 “vida activa”, Chul Han pega esse conceito da Hannah Arendt que é o nome do capitulo e nos diz que, para ela, a sociedade degrada o homem a um “animal laborans”, um animal trabalhador que chegaria a uma passividade mortal. Mas Chul Han deixa claro que essa passividade se perde ao longo dos tempos, o animal laborans pós-moderno não se desprende da sua individualidade e nem do seu ego, é hiperativo, hiper neurótico, e tudo menos passivo. O homem pós moderno acaba por viver uma vida do trabalho, uma vida activa, sendo um animal trabalhador, vivendo nessa sociedade do desempenho que não é livre e na qual somos senhores e escravos, vítima e agressor, e prisioneiro e vigia; apenas a vida contemplativa torna o homem naquilo que ele deve ser, diz Chul Han, o homem deve viver a solidão de uma vida contemplativa. Mais pro final do livro, em seus anexos como chama, o Byung-Chul Han nos apresenta conceitos importantes de grandes filósofos como Freud e Giorgio Agamben, nos introduz um pouco sobre temas como melancolia e luto. O sujeito da sociedade do desempenho está esgotado, exausto e cansado de si mesmo, e os meios de comunicação e as mídias sociais irão contribuir diretamente com esse esgotamento próprio destruindo qualquer oportunidade de contato com o outro; o sujeito do desempenho depressivo também é incapaz de estabelecer qualquer tipo de relação intensa, existindo assim uma

correlação entre esses meios e mídias com a doença que é o mau do século XXI, o mau dessa época neuronal. O luto, pelo contrário da depressão, faz com que o indivíduo tenha essa forte ligação com o objeto (pessoa com a qual tem algum tipo de relação forte). “O luto surge quando se perde um objeto com forte carga de libido. Quem está de luto encontra-se totalmente junto com o outro amado.” Diz Chul Han na página 92. De fato, quando perdemos um ente querido sentimos um pedaço de nós indo embora também, o luto precisa ser sentido e essa necessidade de estar junto ao amado permanece até o luto acabar. A melancolia é pouco comentada popularmente, é um estado emocional que é por muitas vezes confundida com a depressão. Freud irá nos dizer que a melancolia “é concebida a nós como uma relação destrutiva com aquele outro que foi internalizada como parte do si-mesmo. (p.90). Já o sociólogo Alain Ehrenberg que é citado muitas vezes no livro, nos diz que antes a melancolia era própria de uma classe elitista, hoje, ela vai se transformando em depressão (que para ele, é o sujeito esgotado de si mesmo). A melancolia se apresentaria como um fenômeno da negatividade, enquanto a depressão como um excesso de positividade. Chul Han nos conta que o Alain faz sua abordagem sobre a depressão exclusivamente na linha da psicologia do si mesmo, portanto não percebe a influência do contexto econômico. O que é um fator que tem uma influência enorme, não vemos, por exemplo, a depressão sendo abordada em favelas ou em zonas rurais do mesmo jeito que é abordada nas grandes cidades, não é dada importância porque o conhecimento não é chegado até a população, um problema no qual o estado precisa resolver. Outra problemática da sociedade do desempenho é a questão de que o sujeito não tem uma competitividade para com o outro, sua necessidade vai ser sempre a constante vontade de se superar cada vez mais. Essa luta de superação de si trará uma falsa sensação de liberdade que será fatal para o sujeito, desencadeando a síndrome de Burnout, por exemplo. Durante todo esse processo, o sujeito ainda gera pra si mesmo uma autoagressividade que pode se agravar e levar a um suicídio, sendo ele também totalmente

autodestrutivo e nem se dando conta na posição que está por causa da falsa sensação de liberdade que é adquirida por causa da luta diária de se superar cada vez mais. Durante o começo de todas as sociedades, vemos uma desigualdade descomunal, pessoas com privilégios e outras sem que as fazem serem excluídas por algum motivo, Chul Han nos apresenta ao “Homo sacer”, um conceito do filósofo italiano Giorgio Agamben, esses indivíduos privilegiados seriam como um soberano e os que são submetidos a esses soberanos são chamados de Homo Sacer. “Homo sacer é originalmente alguém que é excluído da sociedade por causa de alguma transgressão.” p.102. Por essa transgressão, o sujeito (Homo sacer) pode ser morto sem que o “soberano” seja punido. Então o Homo sacer, que vive uma vida profana e desnuda, uma vida não sagrada, não tem controle sobre sua própria vida. Chul Han diz que o sujeito do desempenho pensa que é soberano de si mesmo, quando na verdade vai estar em posição de Homo sacer, assim como o “soberano”, que também é explorado. Todos nós estamos expostos a um soberano invisível, uma possibilidade de sermos mortos. “Sua vida equipara-se à de mortos-vivos. Estão por demais vivos, para morrer, e por demais mortos para viver.” p.108. O sujeito do desempenho está preso em uma falsa realidade porque está ocupado demais trabalhando, tentando se superar cada dia mais, espalhando sua positividade tóxica onde o tédio e qualquer resquício de negatividade não é bem-vindo, onde ele tem que ser produtivo sempre, sendo autodestrutivo e se encontrando numa posição na qual ele não consegue perceber, que, no fim ele é o inimigo dele mesmo, e assim todo dia, sujeitos esgotados nessa sociedade do esgotamento são “obrigados” por eles mesmos, pelo capitalismo e pela própria sociedade a viver esse looping infinito de trabalho e produtividade constante. Continuando com o último anexo do livro, “Tempo de celebração - a festa numa época sem celebração”, Han nos conta que a sociedade atual (sociedade do cansaço e desempenho), é totalmente desprovida de celebração e festividades, que para Platão é nosso meio de conexão com o divino e de nos

sentirmos como tal, e como vivemos numa época desprovida de celebração e festividades, já não temos mais nenhum tipo de conectividade com o divino, assim o tempo de celebração é pleno, ao contrário do tempo de trabalho que só é provido de tédio e cansaço. Essa é uma grande obra que deveria ser essencial para a leitura de muitos estudantes de vários cursos, a escrita é bem acessível e Han escreve de um jeito único que facilita bastante a compreensão do que ele está querendo passar....


Similar Free PDFs