Title | Roteiro Prático Contagem Diferencial de Leucócitos |
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Author | Júnior Nicomedes |
Course | Hematologia I |
Institution | Universidade FUMEC |
Pages | 4 |
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Aulas Hemato...
ROTEIRO AULA PRÁTICA CONTAGEM DIFERENCIAL DE LEUCÓCITOS Definição É a contagem diferencial de 100 leucócitos diferenciando-os segundo as suas variedades, em um esfregaço sanguíneo devidamente preparado. Objetivo do teste Identificar os tipos celulares e quantificá-los em valores absolutos e em porcentagem. Técnica As células nem sempre se distribuem de maneira uniforme no esfregaço. Por isso, usamos normalmente 2 métodos para contagem diferencial, os quais visam reduzir o erro, devido ao fato citado acima. Os 2 métodos são mostrados no desenho abaixo;
Numa contagem diferencial, devemos desprezar a cabeça e a cauda do esfregaço, utilizando-se apenas o corpo para contagem como mostra abaixo.
Desenho esquemático da técnica de contagem de leucócitos no esfregaço sanguíneo corado. O corpo é a porção mais larga e espessa do esfregaço, local em que as células estão sobrepostas e os leucócitos apresentam-se aglomerados. A cauda do esfregaço corresponde à sua porção final, onde é possível observar leucócitos rompidos, hemácias com perda de palidez central, mas pode ser útil para a detecção de microfilárias, agregados de plaquetas e células grandes incomuns. O local de contagem situa-se entre o corpo e a cauda do esfregaço e caracteriza-se por apresentar uma monocamada de células uniformemente distribuída. Os leucócitos encontram-se achatados com detalhes internos mais evidentes. As hemácias apresentam características morfológicas típicas.
De acordo com o exposto anteriormente, localizar o local do esfregaço para iniciar a contagem. Com a objetiva de 100x (usar óleo de imersão) contar 100 leucócitos, usando um dos métodos citados, fazendo a diferenciação entre os tipos de leucócitos. Anotar os diferentes tipos de leucócitos e os valores encontrados na contagem em %. Baseando-se na contagem global de leucócitos e nos valores percentuais encontrados na contagem diferencial, calcular os valores absolutos para cada tipo de leucócitos. Ex: Contagem diferencial de leucócitos valor absoluto Bastonetes 2%
200/ mm3
Segmentados 60% Eosinófilos 4%
6.0/ mm3 400/ mm3
Basófilo 1% Monócito 5%
100/ mm3 500/ mm3
Linfócito 28%
2.800/ mm3
Total 100% Se em 100 leucócitos
10.0/ mm3 2 bastonetes
Em 10.0 leucócitos
x bastonetes
Contagem global de leucócitos = 10.0 p/ mm3 OBS: terminada a contagem diferencial, é recomendável percorrer a lâmina mais um pouco em busca de alterações das hemácias ou dos leucócitos ou ainda das plaquetas. Resultado É expresso em número relativo e absoluto, conforme já citado anteriormente no exemplo. Valor referência: Adultos Bastonetes
%
Valor absoluto por mm3
0a5
0 a 350
Neutrófilos 40 a 75 Eosinófilo 1a6
2800 a 5250 70 a 400
Basófilo Linfócitos
0 a 70 1400 a 2800
0a1 20 a 40
Monócitos 2 a 8
140 a 560
Interpretação A contagem diferencial de leucócitos assume enorme importância pelos dados diagnósticos ou prognósticos que pode fornecer mediante uma análise criteriosa do esfregaço sanguíneo por um bom analista. Para facilitar a interpretação clínica, é indispensável o cálculo de cada tipo de leucócito. Dependendo deste valor, uma leucocitose relativa, por exemplo, pode não ser absoluta. Neutrofilia: Quando o organismo é invadido por germes, principalmente por cocos: pneumonia, meningite, apendicite, peritonite etc. Quando ocorre destruição de tecidos, como no infarte de miocárdio e em abscesso assépticos. Fisiologicamente pode ser encontrada no recém nascido, após exercícios extenuantes, após vômitos repetidos, convulsões e taquicardia.
Freqüentemente, ocorre o chamado desvio à esquerda quando há neutrofilia, embora o mesmo possa ocorrer sem esta condição. Denomina-se desvio à esquerda, ao aparecimento no sangue circulante, das formas mais jovens que o neutrófilo bastonete. O aparecimento no sangue circulante de elementos mais maduros que o neutrófilo bastonete, configura o chamado desvio à direita, que será tanto maior quanto maior o número de neutrófilos hipersegmentados. Este desvio aprece em processos infecciosos crônicos de longa duração, tais como tuberculose, sífilis, etc. Podem também ser observadas modificações qualitativas dos neutrófilos: granulações tóxicas, vacúolos, modificações da cromatina, corpúsculos de Döhle. Cumpre registrar também as anomalias que acometem os neutrófilos: anomalias de Pelger Huet, de Alder, de May Hegglin e de Chediak Higashi. Neutropenia: Constitui a diminuição do número de neutrófilos em percentagem ou por mm3 de sangue, havendo em conseqüência, linfocitose. A neutropenia relativa por aumento de outro tipo de leucócito é rara. A neutropenia ocorre nas seguintes condições: • Induzida por medicamentos. • Hiperplasia por granulocitopenia ineficaz: anemia megaloblástica, doenças mieloproliferativas, etc. • Aumento da destruição ou aumento da utilização dos neutrófilos da circulação: infecções bacterianas ou virais. • Pseudoneutropenias: induzidas por medicamentos. Eosinofilia Aumento absoluto ou relativo dos neutrófilos. Ocorre nas seguintes condições: • Eosinofilia fisiológica da infância. • Moléstias alérgicas: asma, urticária, dermatites, etc. • Nas infecções parasitárias: Áscaris, Enterobius, Schistosoma, Taenia, etc. • Eosinofilia familiar. • Doenças de pele: escabiose, Herpes, psoríase. • Doenças do Sistema Hematopoiético. • Alguns agentes químicos ou medicamentosos. • Após irradiação. • Após a cura de muitos processos infecciosos. Eosinopenia: Ocorre em quase todas as moléstias infecciosas agudas e em reagudizações de processos crônicos: • Estados tóxicos endógenos ou exógenos: coma diabético, uremia, hemólise aguda. • Nas intervenções cirúrgicas graves. • Na anemia perniciosa e outras insuficiências graves da medula óssea. • Após administração de hormônios e medicamentos. • Durante condições estressantes como infecções agudas, traumatismos, etc. Basofilia: Não apresenta grande importância clínica. Pode ser encontrada nas seguintes condições: leucemias mielóides, Policitemia Vera, tumores ósseos, algumas leucocitoses, acromegalia, varíola, etc. Basopenia: Tem sido pouco estudada pelo número escasso de basófilos no sangue. Pode ocorrer durante os processos infecciosos agudos sendo, porém, menos sensível que a eosinopenia.
Monocitose: Pode ocorrer nas seguintes condições: infecções por protozoários, doença de Hodkins, tifo, endocardite, leucemias monocíticas, tumores cerebrais, etc. Monocitopenia: Pode ocorrer na fase aguda de processos infecciosos e na falta de reação por parte do sistema mononuclear fagocitário (caquexia e desnutrição). Linfocitose: Consiste no aumento dos linfócitos que pode ser relativo ou absoluto. A linfocitose absoluta é, em geral, rara, enquanto que a relativa é freqüente, ocorrendo mais comumente por diminuição dos neutrófilos. A linfocitose pode ocorrer nas seguintes condições: infecções agudas (gripe, viroses, toxoplasmose, infecções crônicas, leucemias linfáticas, rubéola, etc). Nas viroses de modo geral, aparecem linfócitos atípicos que são células de grande tamanho e foram classificados por Downey. Linfopenia: Ocorre na fase aguda das moléstias infecciosas. Quanto maior a linfocitopenia no início da moléstia infecciosa aguda, mais sombrio é o diagnóstico. Podem ser também observada a linfocitopenia, na cirrose hepática, caquexia, neoplasias, linfosarcoma, reticulosarcoma e blastomicose generalizada. Considerações gerais: O exame minucioso do esfregaço sangüíneo bem feito pode fornecer importantes informações para o diagnóstico clínico. A contagem diferencial não deve ser realizada com a objetiva de 40X, pois muitos detalhes importantes para o diagnóstico passarão despercebidos. O ideal é a utilização da objetiva de 100X para o estudo. Um esfregaço sangüíneo feito sob condições ótimas e analisado por profissional competente, constitui o melhor meio para estudar as alterações das hemácias, plaquetas, leucócitos e presença de parasitas no sangue. Questões práticas: Como fazer o controle de qualidade interno das contagens diferenciais?...