Title | Tratamento da Obesidade |
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Author | Ana Emrich |
Course | Unidade Endócrino-Nutricional |
Institution | Universidade de Caxias do Sul |
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TRATAMENTO DA OBESIDADE
Ainda não existe um tratamento ideal para a obesidade. Orientar o paciente quanto aos objetivos reais do tratamento. O “peso dos sonhos” não deve ser o objetivo central. Levar em conta as limitações e as necessidades de cada paciente. Objetivo principal da terapia antiobesidade é a redução global de risco. O paciente obeso não necessariamente precisa atingir o peso ideal para reduzir o risco de doenças associadas. 5-10% de perda de peso já é bastante efetivo para diminuir o risco de DCV e DM. A obesidade: É considerada uma doença crônica e multifatorial Tem elevada morbi-mortalidade (DM, HAS, AVC,...)
1. OBJETIVOS DO TRATAMENTO 1) Redução de peso em pelo menos 5-10% do peso anterior, em uma taxa de 0,51kg por semana. 2) Manter o peso após a perda, de preferência indefinidamente. Após 2-3 anos de peso mantido, a tendência de engordar torna-se menor, pela “reestruturação” do controle metabólico. Para dar certo, a terapia ser multidisciplinar (endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos, etc) e deve SEMPRE incluir: Modificação do estilo de vida, visando uma mudança de hábitos: Dieta hipocalórica, por orientação nutricional Exercícios físicos regulares, para aumentar o gasto calórico Terapia comportamental Os maiores problemas quanto à essa mudança: pouca resposta ou adesão ao tratamento; grande parte dos pacientes volta aos hábitos anteriores; cerca de 3035% recuperam o peso perdido em 1 ano.
2. DIETA PARA O OBESO Dieta hipocalórica, visando provocar um balanço negativo calórico de + 500-1000 kcal/dia, gerando a perda de peso pretendida. Para isso, uma dieta contendo 1200-1400 kcal/dia é o suficiente. Dietas com maior restrição calórica ou maior restrição de algum tipo de nutriente (ex.: dietas sem carboidratos, dietas sem gorduras, etc) podem auxiliar para uma perda de peso mais acentuada. Entretanto, aumentam muito mais a chance de “reganhar” esse peso novamente em um curto espaço de tempo (efeito sanfona). Além disso, podem provocar arritmias e déficits nutricionais graves.
Para uma boa adesão à dieta, deve haver uma reeducação alimentar.
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Adequar a dieta aos hábitos de vida do paciente ex.: pedreiros que recebem marmitas só comem o que lhes é oferecido. Disciplinar o horário das refeições Evitar pensamentos autodestrutivos Sentar-se à mesa para comer, concentrando-se na refeição e evitando distrações como conversas e televisão. Fazer compras no supermercado quando já estiver alimentado Evitar repetir o prato e as sobremesas, etc. Atentar-se à qualidade dos alimentos preferir alimentos com baixo índice glicêmico (integrais, com fibras), que mantém a saciedade por mais tempo por liberarem ou quebrarem a glicose aos poucos, etc.
3. EXERCÍCIOS FÍSICOS Não pode haver exercício sem dieta nem dieta sem exercício! Devem ser feitas sempre em conjunto! A principal função do exercício físico, principalmente o aeróbico, é evitar o ganho de peso futuro, ajudando a perder e manter o peso. O exercício deve ser, preferencialmente aeróbico (caminhadas, corridas, natação, ciclismo, etc.), sendo realizado pelo menos 150 min/semana (se moderado) e 75 min/semana (se vigoroso), distribuídos em várias ocasiões. Variar o exercício conforme o paciente! ICC, artrite, dificuldades de locomoção, tempo, disponibilidade, etc. 4. TERAPIA MEDICAMENTOSA É um método adjuvante, e sempre deve ser acompanhado de dieta e exercícios. Somente ajudam a aumentar a aderência dos pacientes a mudanças nutricionais e comportamentais. NÃO CURA A OBESIDADE! Quando se para com o medicamento, pode ocorrer o reganho de peso. Alguns estudiosos defendem o uso crônico desses medicamentos, mas os seus efeitos a longo prazo ainda não são conhecidos. Os critérios para iniciar com tratamento farmacológico são: IMC > 30 kg/m² IMC > 25 kg/m² na presença de comorbidades, que tenham falhado com as estratégias de dieta e atividade física. Falha em perder peso somente com o tratamento não farmacológico Em casos especiais. EX.: paciente com IMC de 25, mas que precisa emagrecer pois tem uma prótese de quadril. Medicamentos anti-obesidade oficiais e disponíveis para tratamento no Brasil: 1) Sibutramina Inibidor da receptação de serotonina e noradrenalina no SNC Efeito sacietógeno (saciedade com pouca alimentação) e anorexígeno (reduz a vontade de comer) Ajuda a não reganhar o peso perdido. Redução média de peso = 7% (em média, 6kg)
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Pode ser usada em adolescentes > 12 anos. 10-15mg/dia Efeitos colaterais: xerostomia (boca seca), cefaleia e insônia são os mais comuns. Pode acarretar has, irritabilidade, ansiedade, taquicardia, elevação da fc. Deve ser usada com cuidado em pacientes com irc leve-moderada, disfunção hepática, doenças psiquiátricas, glaucoma, etc. Contraindicações: hipersensibilidade à sibutramina, anorexia ou bulimia nervosas, has não controlada, AVE, DAC, arritmias, ICC, etc. ESTUDO SCOUT: mostrou que a sibutramina aumenta em cerca de 16% o risco relativo para desfechos cardiovasculares não fatais (AVC e IAM) em pacientes com alto risco CV prévio. Por isso, é utilizada principalmente em jovens hígidos. Provocou a suspensão da droga na Europa, EUA e Canadá. No Brasil, ainda é utilizada, mas é CONTRAINDICADA em pacientes com risco CV elevado (incluindo diabéticos com pelo menos um fator de risco).
2) Orlistat (Xenical) Age somente a nível intestinal não queima gordura, não faz o paciente comer menos, etc. Somente age eliminando o excesso de gorduras ingeridas. É um potente inibidor das lipases pancreáticas (que catabolizam a quebra dos triglicerídeos em AG livres e monoglicerides) Reduz a hidrólise dos TGS ingeridos, reduzindo em 30% a absorção de gorduras. O excesso é eliminado nas fezes. 120mg antes das refeições (café, almoço e jantar) Pode ser usado em adolescentes > 12 anos Além da perda de peso, é eficaz na melhora do perfil lipídico, da glicemia de jejum na diminuição da incidência de DM. EFEITOS COLATERAIS: esteatorréia, diarreia, flatos com descarga, desconforto abdominar, urgência fecal.
Os medicamentos não-oficiais (off label) A indicação para uso, a faixa etária, a dose e a via de administração não são aprovadas.
1) Topiramato Usado para tratamento de epilepsia e como profilático para enxaqueca. Age nos centros hipotalâmicos que regulam o apetite e que levam à anorexia. o Aumenta a sensibilidade à leptina nos neurônios hipotalâmicos, o que diminui a ingestão alimentar o Reduz a vontade de “beliscar” entre as refeições. Também tem ação periférica, aumentando a queima de gordura (efeito termogênico – “aumenta” a quantidade de tecido adiposo marrom) Perda de peso média de 5kg
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Começa-se aos poucos, mas a dose final é de 100mg. Alguns pacientes respondem bem a doses menores. Efeitos colaterais: parestesias (pontas de dedo e ao redor da boca, reduzem conforme o tempo de uso aumenta), alterações no paladar, sonolência e letargia, constipação, teratogênico em grávidas, nefrolitíase
2) Bupropiona Inibidor da receptação de dopamina e norepinefrina Perda de peso de 5-10%. Utilizado primariamente para o tratamento da depressão e para cessar o tabagismo 3) Anfetaminas Reaprovada para comércio no Brasil em 2014. Medicação barata, mas que deve ser usada com cuidad. Altera os neurotransmissores da dopamina e serotonina, tornando os usuários mais alertas e com sensação de bem-estar. Consequentemente, fazem mais atividades físicas, comem menos, aumentam o metabolismo. Efeitos colaterais: aumento FC, aumento PA, arritmias, diarreia, gastrite, tremor fino de mãos, boca seca, irritabilidade. 5. CIRURGIA BARIÁTRICA Método mais eficaz para a redução do peso em obesos e redução da mortalidade. Pode-se usar medicação após. Deve ser feita uma terapia comportamental em conjunto (paciente com a “mente” obesa). Agem de duas formas para a perda de peso: Restrição da acomodação gástrica, por redução do estômago (saciedade precoce) e redução da absorção intestinal de nutrientes A eficácia é medida em termos do percentual de redução do excesso de peso, que vaira de 50-60% após 1 a 2 anos de acompanhamento. Indicações: IMC > 40, sem comorbidades. IMC > 35 com uma ou mais comorbidades associadas (DM, HAS, dislipidemia, apnéia do sono grave, etc.) Resistência a tratamentos conservadores realizados por pelo menos 2 anos (dietoterapia, psicoterapia, tto farmacológico, atividade física, etc.) Motivação, aceitação e conhecimento sobre os riscos da cirurgia (mortalidade de 3%, reposição permanente de vitaminas, gastos com medicações, etc.) Contra-indicações: Risco anestésico classificado como ASA IV – doença grave com risco cirúrgico elevado ou baixa expectativa de vida) Hipertensão portal com varizes esofágicas Dependência de álcool ou drogas Psicoses, transtorno bipolar, bulimia que não estejam devidamente tratadas (CI temporária)
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a) By-pass gastrico em y de roux Representa 90% das cirurgias bariátricas no Brasil. Tem uma maior segurança e uma perda ponderal mais expressiva. Tem fator restritivo (mecânico) e desabsortivo. Ocorre uma redução da grelina, um estimulador da fome. Perda de peso esperada em 1218 meses é de 75-85% do excesso de peso (época de maior peso dos pacientes gastrectomizados) O cirurgião divide o estômago, ligando uma alça intestinal em Y-de-Roux no remanescente gástrico proximal de pequena capacidade (menos de 30 ml). O delgado é seccionado a cerca de 30-50 cm distal ao ângulo de Treitz Deficiencias nutricionais:ferro, vitamina B12, cálcio, vitamina A, D, E, K, Tiamina, folato, vitamina B1 (sua deficiência pode causar beribéri – neuropatia com acometimento cardíaco, encefalopatia de Wernicke – encefalopatia, disfunção oculomotora e ataxia de marcha, encefalopatia de Korsakoff, Síndrome de Wernicke – encefalopatia subaguda necrotizante: ataxia, disartria, arreflexia, atrofia e fraqueza.
b) Banda gástrica ajustável: Restritivo puro, via laparoscópica. Se coloca um anel (“banda”) de silicone no estômago superior. Esse anel é ligado a um dispositivo subcutâneo que pode ser acessado por uma agulha. Vantagem: a constrição ;e ajustável Desvantagem: o paciente pode voltar a engordar pela ingestão de líquidos calóricos Complicações precoces: obstrução estomacal aguda, infecção da banda, perfuração gástrica, hemorragia, broncopneumonia, esvaziamento gástrico retardado, tromboembolismo pulmonar (morte precoce) Complicações tardias: erosão da banda, deslocamento do anel (parecido com a acalasia), esofagite, etc. 1/3 dos pacientes necessitam de revisão cirúrgica ou remoção da banda.
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c) Gastrectomia em manga (Sleeve) perda pouco menor de peso, mas tem menos complicações (fator só mecânico, não há perda de absorção intestinal). Tubo vertical através da retirada da grande curvatura do fundo gástrico. Essa restrição é feita a partir de 7 cm do piloro até o ângulo de His, deixando um estomago com volume de 150 e 200 ml. Diminui níveis de grelina Complicações: sangramento, estenose e fístulas d) Balão intragástrico Restritivo, endoscópico. Balão permanece na câmara gástrica, preenchido com solução salina Alto índice de falha após 1 ano Principal indicação: perda ponderal antes de cirurgia bariátrica em pacientes superobesos IMC>50 e) Gastroplastia de bandagem vertical (cirurgia de Manson): procedimento restritivo puro, no qual a porção superior do estômago é dividida no sentido vertical por um grampeadortem sido substituída pela banda gástrica ajustável complicações: deiscência da linha de grampeamento, obstrução, maior ocorrência de vômitos e refluxos gastroesfágicos. Falha pela ingestão de líquidos hipercalóricos f) Derivação biliopancreática com gastrectomia distal (cirurgia de Scopinaro) Cirurgia disabsortiva. Consiste em gastrectomia parcial + gastroileostomia com um longo segmento de Y-de-Roux levando até o remanescente gástrico Principal complicação: desnutrição proteica g) Derivação biliopancreática com “switch”duodenal (cirurgia de Hess-Marcean) Gastrectomia vertical, criando um estomago de volume aproximado de 100ml, o duodeno é dividido por meio de grampeamento 4 a 5 cm distal ao piloro; e depois o intestino delgado é dividido em 3 partes: alça biliopancreática, alça alimentar e alça comum. h) Marcapasso hipotalâmico implante de um eletrodo no centro hipotalâmico que estimula esse local, a fim de provocar um aumento do metabolismo basal e fazer com que o paciente passe a gastar mais calorias. Ainda está na fase inicial de implementação.
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